Manual do Empreendedor - eBook Gratuito

Dicas e Técnicas para você transformar suas idéias em um Empreendimento de Sucesso

Guia Especial - Gestão

Uma coleção de textos sobre tópicos fundamentais em Gestão nos dias de hoje

O Melhor do Humor no Escritório

eBook Gratuito que compila os melhores textos de humor de Jack DelaVega

Guia Especial - Planejamento de Carreira

Tudo que você precisa saber para fazer um bom planejamento de carreira e atingir os seus objetivos pessoais e profissionais

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Noite Feliz?

A neve caía forte quando o administrador chegou a sala do bom velhinho. Estava preocupado como nunca e precisava avisar ao chefe dos problemas da empresa. Não fossem seus cabelos brancos de longa data se diria que branquearam de uns dias para cá. Depois de um longo suspiro ele começou num tom apreensivo:
- As coisas não vão bem.
- Como assim não vão bem? - indagou Papai Noel com o sorriso usual.
- Estamos vivendo uma crise sem precedentes.
Papai Noel desdenhou.
- Já vivemos problemas assim no passado. Você vai ver, é tudo passageiro.
- Mas dessa vez é diferente, dessa vez é mais complicado.
Finalmente Noel começou a demonstrar o interesse que o assunto requeria.
- Complicado como?
- O Dinheiro, grande parte do dinheiro da empresa estava aplicado em opções cambiais. A virada do Dólar nos deixou praticamente quebrados.
- Opções Cambiais?
- Era uma alternativa de investimento interessante, potencializamos assim os lucros da empresa.
- Mas isso não é o nosso negócio. O nosso negócio é montar e distribuir brinquedos, não é operar no mercado financeiro.
- Pois é, mas o senhor nunca reclamou disso quando eu apresentava bons lucros nos nossos balanços para os acionistas.
Papai Noel ficou preocupado.
- Está tudo errado, tudo errado. Deveríamos estar investindo em eficiência operacional, inovação.
- Ãhh.
- O que?
- Sejamos honestos Papai Noel, nosso modelo não é nada inovador. Entregamos brinquedos da mesma maneira, na mesma época, a mais de Duzentos anos. Nem as renas nós trocamos. Só depois de muito custo consegui convencer o senhor de que devíamos aceitar a lista de presentes também por e-mail ao invés de carta.
Mas Papai Noel não se convenceu.
-Mesmo assim, ainda somos líderes de mercado, nosso processo produtivo ainda é eficiente.
O Duende balançou a cabeça em desacordo.
- Na verdade não. Os chineses são muito mais eficientes do que a gente. São mais baratos e mais produtivos. As leis trabalhistas que protegem os Duendes nos amarram demais. O senhor sabia que os Duendes tem direito a 30 dias de férias por ano? E que temos que pagar hora extra para eles?
Papai-Noel fechou o rosto resignado.
- Então a situação é mesmo grave mesmo. Quais são as nossas opções.
- Ajuda do Governo.
- Ajuda do Governo?
- Vamos buscar um financiamento público, segundo meus cálculos algo em torno de 34 Bilhões de dólares é o suficiente para nos tirar do buraco.
- Mas será que o Governo vai nos ajudar?
- É claro que sim! O senhor já parou para pensar que somos um símbolo para as pessoas. Se o Papai Noel quebrar que tipo de esperança sobra para os outros? Não quero nem pensar o que vai ser do Coelhinho da Páscoa. Além do mais vai ser fácil conseguir aprovar isso no congresso, o senhor tem a lista de todos os que não se comportaram durante o ano, e tenho certeza que a maioria dos políticos está nela.
- Não sei não, você acha que vai dar certo?
- Claro, o único risco é encontrarmos algum Grinch, na bancada de oposição. Afinal, o senhor sabe, os Grinchs são todos Neo-Liberais.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Aberto para Balanço

Último post de 2008. Bom, normalmente no final do ano entramos em recesso, re-publicação, aquela coisa. Então, post mesmo, novo em folha, é o meu último. Sempre faz ser escrito de maneira diferente.

Olho para o meu primeiro post de 2008. Uma descontraída para quem acabava de voltar das férias. Nem quero pensar nisso, mal me falta uma semana para 'entrar' em férias. O ano começou com sensações diferentes, Tribo, carreira. Na Tribo estávamos à todo vapor, produzindo como nunca. Na carreira, era um período complicado. O tal período de incubação de um expatriado ainda estava vigente, a saudade batia forte, e os obstáculos para mais um estrangeiro no escritório pareciam intransponíveis. Que nada, foi uma barbada. Depois que embalou, peguei gosto de novo, não adianta, quem gosta do que faz é assim, pode enjoar um pouco, pedir água, mas assim que o chamado é feito a gente está pronto novamente para atendê-lo.

E tudo acabou passando muito rápido, como sempre, e como nunca. O trabalho esse ano foi como nunca eu tinha experimentado em termos de volume. A Tribo que o diga, atrasei vários posts por causa disso. Bom saber que eu ainda aguento pancada. Responsabilidade também, como eu nunca havia tido. Que bom, não é? Sempre é mais recompensador. Parece ironia mas um ano tão bom profissionalmente será antecessor de um que pode ser um desastre. É isso mesmo. Aqui na Europa, quem não se comportou vai ganhar do bom-velhinho um lay-off de presente em 2009. Redundância, chamam eles. Nada que se pudesse imaginar no início de 2008. Não, a 'crise' então parecia algo tão distante... Tomara que para os meus amigos no Brasil não aconteça o mesmo.

Perdi cabelos, mas ainda não ganhei nenhum branco. Fiquei um pouco mais rico. Fiz novos amigos, mas deixei de ver e bater um papo com inúmeros outros. Emagreci e engordei, soma zero. Pratiquei 2 novos esportes. Não fui disciplinado em ambos. Aprendi a assistir rugby na TV. Também, do jeito que o meu time de futebol me frustra, não tem muita opção. Acho que não ofendi ninguém esse ano no blog, o que é lucro. Acho que também não tive que tirar nenhum post do ar. Melhor ainda! Ah, esqueci de dizer: não fui promovido, mais uma vez. Mas a minha esposa foi. Ela agora gerencia a unidade aqui de Dublin. E tem um mentor espetacular, vai longe. É o novo orgulho da casa. A banca paga e recebe.

O saldo é sempre positivo. Ainda mais quando a gente lê um comentário como esse do Fernando. Nossa, isso vale um emprego e meio. Esse prazer eu tenho certeza que continuarei tendo em 2009, a Tribo não pára. Quem sabe não aparece o tal do livro, hein?

Forte abraço a todos, bom Natal e um 2009 cheio de minhocas na cabeça.

Reggie, the Engineer.
--

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Existem Heróis Hoje em Dia?

"Um herói é qualquer pessoa que possui a capacidade de superar de forma excepcional um desafio ou problema de dimensão épica."

Será que existem heróis hoje em dia?

Esses dias me deparei com a pergunta acima. Como as ações de um herói são sempre atribuídas ao sucesso, no meio do meu pensamento comecei a me perguntar por que algumas pessoas têm sucesso e outras, mesmo buscando-o incessantemente, nunca o alcançam. Parecia que precisava responder a essa pergunta antes de seguir adiante...

A pergunta em si já é muito difícil de ser respondida. Não podemos fazer uma análise minimalista e dizer que uma pessoa tem sucesso simplesmente porque tem sorte; muito menos podemos dizer que uma pessoa tem sucesso única e exclusivamente devido ao seu esforço. Está claro que ambos os fatores estão envolvidos - e uma pitada de sorte, destino ou seja lá como você chama (alguns dizem que o apelido de Deus é "Coincidência") é essencial para que uma pessoa tenha sucesso.

Se pensarmos bem, tudo começa no nascimento. Se eu tivesse nascido em um país com guerra civil e em uma familha pobre, talvez hoje estaria subnutrido, analfabeto e quem sabe com alguma cicatriz de guerra já. Aí está. Tudo então começa com o fator sorte...

Quando uma pessoa consegue uma posição boa em uma empresa, talvez até exista o fator sorte, mas manter-se na posição exige esforço e comprometimento do indivíduo. Se não fosse assim, certamente a pessoa seria desmascarada rapidamente. Veja bem, isso não tem nada a ver com competência. Ela pode ser incompetente aos seus olhos, mas ela faz alguma coisa bem, que talvez você não faça, para manter-se naquela posição.

Mas depois de conseguir chegar na conclusão acima, percebi que, na verdade, não tinha avançado em nada na minha resposta. Afinal, o sucesso para algumas pessoas é completamente diferente do sucesso de outras. Como tinha tempo livre, não me contentei com esse "pequeno empecilho" e decidi então generalizar para conseguir minha resposta.

"Sucesso para uma pessoa é o que faz ela se sentir bem com ela e com o mundo"

O problema com a filosofia é que sempre tem um nível a mais. E a sentença "se sentir bem com ela e com o mundo" pode ter milhares de conotações e sentidos diferentes para um grupo de pessoas.

Quando estava prestes a desistir, percebi que o problema acima certamente era um problema de dimensões épicas, o que me levou a definição de herói novamente (vou repeti-la abaixo):

"Um herói é qualquer pessoa que possui a capacidade de superar de forma excepcional um desafio ou problema de dimensão épica."

Não seria então "herói" aquela pessoa que entende exatamente o que é sucesso para si e que não se quebra diante de qualquer desafio que o desvie do seu caminho para alcançar o sucesso?

Um herói nos dias de hoje então não seria o trabalhador que entende exatamente o que lhe faz feliz, sabe exatamente as suas convicções e segue sua ética e valores independentemente do ambiente e da empresa onde está?

Se realmente for, o herói de hoje às vezes é demitido por fazer a coisa certa; por ter seus valores morais acima de qualquer valor corporativo. O herói de hoje é aquela pessoa que entende que está naquela posição não somente por seu próprio mérito, mas pela sorte de ter nascido naquela familha, naquele país e pela sorte de ter tido um caminho que o levou onde ele está. Por isso mesmo, nunca despresa as outras pessoas.

O herói de hoje entende que no seu caminho para o sucesso, o trabalho é um mero meio e, por assim ser, deve ser desdenhado quando não lhe convém mais. O herói hoje é feliz no trabalho e em casa, porque entende a sua condição e suas limitações, mesmo sempre tentando superá-las. O herói de hoje é aquele que perdoa, pois sabe que o seu próprio caminho é cheio de falhas.

O herói de hoje, pode ser você...

"Dê a um homem tudo o que ele deseja e ele, apesar disso, naquele mesmo momento, sentirá que esse tudo não é tudo". Kant, em conversa com o historiador russo Nikolai Karamzin.

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Inovação e o Fim da Escravidão

Demorou um pouco para a gente colocar um vídeo aqui na Tribo, mas não preconceito, é que somos extremamente criteriosos com o que a gente publica aqui. E se for para colocar um urso brigando por cerveja prefiro publicar um dos meus posts, mesmo que não seja dos melhores.
Mas o vídeo de hoje foge à regra da mediocridade na rede. São apenas 5 minutos nos quais o consultor de empresas Waldez Ludwig faz uma síntese genial sobre trabalho e inovação nos dias de hoje. Simplesmente obrigatório.




Espero os comentários.
[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Desejos de um Líder para 2009

Final de ano chegando, tempo para olhar para trás, fazer o balanço e planejar (ou pelo menos 'desejar') as coisas para 2009. Deixo abaixo então para os líderes (ou candidatos a líderes) entre nossos leitores, algumas sugestões de desejos para o ano que está chegando.

  • Desejo que em 2009 eu possa manter a calma quandos todos ao meu redor já a tiverem perdido.
  • Que no próximo ano eu consiga continuar acreditando em mim e na minha equipe quando todos os outros duvidarem.
  • Desejo que eu possa continuar sonhando e contaminando minha equipe com meus sonhos, e ainda assim não me tornar apenas um sonhador.
  • Que eu possa tratar o sucesso e o fracasso de meus projetos com a mesma tranquilidade, sem deslumbramento ou desespero.
  • Que em 2009 eu, como líder, tenha força para, ao ver tudo o que acredito pisoteado e contestado, mobilizar mundos e ter força para colocar tudo no lugar novamente.
  • Que eu não me apegue às vitórias do passado, e ao invés disso continue arriscando sempre em busca do melhor.
  • Desejo que eu consiga motivar a minha equipe de maneira a persistir sempre, mesmo quando toda a esperança tiver se perdido.
  • Que em 2009 eu possa almoçar com meus comandados e tratar eles como iguais. Que eu possa conviver com meus superiores e não perder a humildade.
  • Que eu possa olhar para trás no final do ano, e concluir que aqueles 365 dias foram plenos, e que eu consiga dizer 'Valeu à pena!'.

Para quem conhece o grande escritor britânico Rudyard Kipling, os desejos acima certamente soam familiares. O poema 'If' ('Se'), de sua autoria, é um dos mais famosos da língua inglesa, e certamente um dos meus preferidos. Tomei a liberdade de adaptar o poema ao nosso contexto. Espero que tenha sido útil.

Reggie, the Engineer.
--

Versão original (em inglês) do poema 'If', de Rudyard Kipling.


Uma das versões em português do poema acima, disponível na Web:

Se és capaz de manter a calma quando
Toda a gente ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De acreditares em ti quando todos duvidam
E para esses no entanto encontrares uma desculpa;
Se és capaz de esperares sem desesperares,
Ou enganado, não mentires ao mentiroso,
Ou sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não pareceres bom demais ou pretensioso;

Se és capaz de pensares, sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratares da mesma forma esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de veres mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas por que deste a vida estraçalhadas,
E refazê-las com o bem ainda pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única jogada,
Tudo quanto ganhaste na tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, voltares ao ponto de partida;
De forçares o coração, nervos, músculo, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: ”Persiste”,

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perderes a naturalidade,
E, de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo que existe no mundo
E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Who Wants to Live Forever...

Connor era um programador experiente. Na verdade, muito experiente. Já tinha sido vice-presidente de TI da coca-cola, diretor de informática da Microsoft e gerente de informática no Google. A pressão e a vida incerta tinham-lhe feito fazer um downgrade radical em sua carreira.

Agora, era programador Java em uma pequena empresa de offshore em Campinas. Ninguém ali sabia, mas Connor tinha muita experiência como programador também. Tinha iniciado em assembly de mainframes e alguns anos depois já programava COBOL como ninguém.

Sua volta às origens tinha despertado nele um sentimento de melancolia muito forte. Lembrou-se dos tempos que a única forma de se realizar um cálculo mais rápido era através de um ábaco. Ele já usava esse tipo de instrumento desde 1278. “Nossa, já se vão mais de 700 anos que comecei em informática se contar a minha experiência com ábacos”, lembrou saudosamente. Sim, Connor era um highlander e estava vivo a mais tempo do que gostaria.

Por ter tanto tempo na área, sua vivência era algo que saltava aos olhos. Por onde quer que passava, ele intimidava as pessoas com comentários que seriam muito além do que se esperaria de alguém naquela posição. E seus colegas atuais não eram diferentes. Por isso mesmo, mais uma vez, o isolaram do grande grupo com medo que fosse promovido ante de todos. Era nessas horas que Connor lembrava como o ser-humano era o mesmo de dois mil anos atrás – não tinha evoluído nada. Quando se sentia ameaçado, valia qualquer coisa para se proteger.

Mas a vantagem de se ter mais de dois mil anos de idade é exatamente a capacidade e a maturidade de superar os desafios de forma muito tranqüila. Sempre dizia para si mesmo quando via alguém reclamar que “queria ver é essas pessoas como escravas em plantações de bárbaros na idade média”. E realmente, tinha um pouco de razão.

O problema é que estava completamente farto da vida. Já havia se casado mais de 10 vezes e tinha visto todas as suas esposas envelhecerem e morrerem. Estava farto de ser isolado devido a sua capacidade. Estava farto da vida...

Mas aquele emprego tinha lhe motivado como já não se sentia há mais de cem anos. Mesmo sendo uma pequena empresa, sem nenhum plano de cargos e salários, e com um chefe considerado extremamente boçal e hostil por todos, se sentia esperançoso ali – se sentia bem, não sabia exatamente bem porquê.

- Ele vem vindo aí pessoal. Cuidado!

Após esse grito, vindo do colega do lado e dirigido para todos da sala, entrou o gerente de desenvolvimento, a pessoa mais odiada naquela empresa.

- Pessoal, soube que estamos atrasados mais uma vez! Infelizmente, vou ter que convocar todo mundo para um mutirão nesse fim-de-semana. E como sempre, quem não vier, terá sua cabeça cortada!

Connor sorriu.

"Ah, se os outros soubessem da minha motivação...", pensou em voz alta, enquanto olhava o desconforto de todos à sua volta.

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sono de Criança

Acordo às 3:30 da madrugada com o choro do bebê. No começo acho que é manha dele, toda a criança é assim. Deixo ele resmungar no berço por alguns minutos, mas o choro não para. E hoje é a minha noite na escala. Pego ele no colo e, depois de embalar um pouco, percebo que perdeu o sono. Fazê-lo dormir novamente vai levar mais tempo do que eu esperava. Vamos para sala, assistir a TV me distrai, e parece que a ele também.

Enquanto o embalo pela sala, faço uma revisão do meu dia.
Métricas, métricas, métricas.
Levo 15 minutos entre a cama e a cozinha, já passando pelo banheiro. Sou um daqueles sujeitos que não toma banho pela manhã. Não é falta de higiene, mas cada minuto de sono pela manhã é precioso. Também não tomo café da manhã, no máximo um leite com Nescau. Mais 15 minutos dirigindo para o trabalho. Chegando lá, ligo o notebook, começo a ler os e-mails e levanto para pegar o primeiro cafezinho. Ao todo são pelo menos 4 ao longo do dia. Isso quando a coisa não complica, nesse caso passo fácil dos 6 copinhos. E aí começam as reuniões, uma atrás da outra, sem trégua. Ao meio dia um almoço rápido, 45 Minutos no máximo. Fast-Food, Junkie-Food, o que seja. O sujeito que inventou isso certamente trabalhava demais. De volta ao escritório segue a rotina. Mais reuniões, mais café. Lá pelas 5:30 a coisa começa a acalmar, mas então tenho que enfrentar novamente a minha caixa postal. Já são quase 100 mensagens pedindo, implorando para serem lidas.

Depois de mais de meia hora com os olhos abertos ele começa a piscar. E nessa hora ele resmunga, joga a chupeta fora, luta contra o sono que vem chegando. Eu embalo mais forte e tento lembrar da melhor canção de ninar que conheço, o que não ajuda muito devido ao meu repertório limitado e voz de taquara rachada. Enquanto isso retorno para o meu dia-a-dia.

Ontem na volta do almoço passei pelo colégio que fica perto do serviço. As crianças se divertem. Lembro do meu tempo de guri e de como as coisas eram mais fáceis:
- Beleza Pedrinho
- Beleza.
- Tu trouxe a bola?
- Que bola? Hoje não era o meu dia, quem ficou de trazer a bola foi o Marquinho.
- Eu não, hoje era o teu dia.
- Não era!
- Assim não dá, como é que a gente vai jogar bola hoje? Estragou o recreio Pedrinho. Não dá mesmo para confiar em ti pra nada.
Esse era o meu pior dia na escola, tudo na vida é uma questão de perspectiva.

Sentamos no sofá, ele finalmente cai no sono. Antes de adormecer eu penso: Espero que ele possa aproveitar a infância do mesmo jeito que eu aproveitei a minha. É difícil encarar a vida adulta sem boas lembranças do passado.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Como você trata um garçom?

Ufa, diazinhos complicados, ontem e hoje. O post acabou atrasando. Bom proveito!

---

O projeto está atrasado. Os consultores vêm tentando melhorar o sistema há várias semanas. A última demonstração deixou um pouco a desejar, mas havia uma pessoa particularmente irada. Bom, na verdade o Sr. P estava quase que constantemente irado.

O Sr. P é um tipo estranho. Maluco por trabalho. Chega às 7:00 e sai às 20:00. Bom, isso no passado. Agora ele trabalha 70% do tempo de casa. Imagino que deva trabalhar mais horas ainda por dia quando está em casa. O Sr. P odeia férias. Ficou furioso com sua esposa da última vez que ela o obrigou a passar uma semana inteira longe do trabalho.

Os consultores estavam claramente tentando agradar o Sr. P.

- Veja, aplicamos aquela sua sugestão.
- Ahã... mas o sistema ainda está muito lento. Essa tela aqui - falou apontando para o monitor - por que está demorando tanto?

E mais uma vez ali ficaram, o Sr P e os pobres consultores monopolizando a reunião. Já estava sendo assim por semanas a fio.

- Ok, quem sabe então encerramos a reunião por aqui e nos reunimos com você, Sr. P, para tentarmos fechar esse ponto? - questionou um dos consultores, tentando colocar um fim naquilo.
- Ah, o que seja. Vocês sempre tomam meu tempo mesmo, mais uma hora ou duas não faz diferença. Ah, e podemos ter um especialista presente dessa vez? Já vi que não estamos andando na velocidade necessária, acho que vocês precisam de ajuda.

Silêncio na sala. Todos os outros apenas olhavam aqueles pobres consultores sendo esculhambados. "Especialista"? O Sr. P havia acabado com a reputação técnica dos caras na frente de seus clientes.

- Tem que tratar assim esses caras, senão só nos cobram e não fazem nada - confidenciava o Sr. P aos outros membros da equipe.

O estranho era que o Sr. P tratava a todos assim.

---

Uma vez acho que li o Jack Welch concordando com aquele ditado que diz que "se pode dizer bastante sobre uma pessoa pela maneira que ela trata um garçom". Será que o ditado se aplica somente a garçons? Outro dia o Jack estava falando sobre motivação e as diferentes técnicas envolvidas. Tem muita gente que faz uso do coeficiente 'cagaço' aplicado à motivação. Eu acho que às vezes ele cabe. Mas não pode virar regra. Não tenho certeza onde pessoas como o Sr. P acabam na vida profissional, mas não pode ser em um lugar legal. Porque naquela reunião, naquele dia, as pessoas acabaram tendo o seu foco movido da análise crítica do sistema para a briguinha particular do Sr. P. E isso não deve ser bom para empresa nenhuma.

Reggie, the Engineer.
--

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Valores Acima de Tudo

Sempre admirei muito aquelas pessoas que colocam alguns valores acima de qualquer outra coisa. E quando digo acima de qualquer outra coisa, isso inclui a vida. Para mim, esse é um conceito um pouco difícil de entender às vezes, principalmente porque estou longe de ter certeza que vou ter uma vida após a morte – seja ela no céu, em outro corpo ou como um espírito zanzando por aí. E se a vida acaba com a morte, o que poderia ser mais importante do que a vida? Talvez porque me criei jogando xadrez desde pequeno, onde vale todo e qualquer sacrifício para proteger o rei, tenho a sensação que nada vale mais do que o rei no jogo da vida – nossa própria existência.

Mesmo assim, ainda admiro pessoas que tem a coragem de se sacrificar em prol de uma causa maior para a humanidade, como a luta pela liberdade da sua tribo ou facção ou a luta pelo fim do racismo. No fundo, gostaria de ter a coragem e a grandiosidade de saber que, para o mundo, minha vida vale menos do que isso, o que trocaria o “rei” de lugar, sendo a pessoa então um mero peão no tabuleiro.

E o que venho falar hoje é exatamente um exemplo de valores que superaram a vida. O pior é se passou em um jogo de futebol, embora o que estava em jogo era muito mais do que o resultado. O jogo ficou mundialmente conhecido como Jogo da Morte. A Wikipedia em inglês conta a história bem com alguns sites em português. O site aqui linkado tem uma boa descrição dos fatos com diversos detalhes interessantes, se o leitor se interessar.

Resumidamente, na cidade de Kiev (capital ucraniana), no tempo que havia ocupação nazista, um padeiro de origem alemã era uma das poucas pessoas da cidade com liberdade de trabalhar e dar emprego, exatamente porque tinha origem alemã. Num dia, enquanto andava pela rua, viu que o mendigo que estava deitado na rua era o goleiro do Dínamo (famosa equipe de futebol). Como era fã do time, contratou o goleiro para trabalhar em sua padaria. Não muito tempo depois, saiu à procura dos outros jogadores e, um a um, foi os contratando como “funcionários da padaria”.

Algum tempo depois, com o time completo, começaram a jogar partidas com o nome de FC Start. Começaram a derrotar todos os adversários por grandes goleadas. Como o time estava ganhando popularidade, os nazista preparam o melhor time que podiam conseguir – tão bom que na época era usado como propaganda nazista: o Flakelf. Surpreendentemente, foram derrotados por 5 a 1.

Mas a derrota do maior time de Hitler levantou suspeitas e, após algumas investigações, descobriam o que havia acontecido. Como a superioridade ariana no esporte fazia parte do pacote “obsessão nazista”, decidiram não apenas matar o time todo. Queriam vencer a partida e depois matá-los.

Depois de anunciar a revanche na mídia e em panfletos (a figura acima é uma imagem do panfleto original), deixaram claro para o time que, se deixassem o time alemão ganhar, poderiam ter uma chance de sair com vida. Se ganhassem, iriam ser torturados e massacrados.

Como o que estava em jogo ali era muito mais do que um jogo, e mesmo com todo o nervosismo pela pressão que estavam sofrendo, ganharam o jogo por 5 a 3, e ainda desdenharam o time alemão. Todos foram torturados e mortos mais tarde – incluindo o padeiro.

Realmente, alguns valores podem ter mais importância do que a própria vida. Entregar a partida seria uma decepção muito grande para aquele povo sofrido e os tornaria apenas marionetes.

E mesmo com tantos exemplos, ainda vejos pessoas deixando valores como felicidade, altruísmo e ética devido ao trabalho. Valores esses que nem precisariam do sacrifício da vida para serem defendidos...

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Curtas sobre Motivação

* Acredito que é impossível motivar alguém a fazer alguma coisa. Motivação é um processo interno, que depende exclusivamente do indivíduo. Mesmo assim, faz parte do papel do gestor munir as pessoas com as informações corretas, ampliando os horizontes e provendo melhores condições para cada um tomar a decisão que lhe parecer correta. Na escola o papel do professor é fazer com aluno queira aprender, mostrando a aplicabilidade dos tópicos ministrados. Na empresa o papel do líder é fazer com que o funcionário queria trabalhar, para tanto deve prover as informações certas.

* Como professor da PUC tive a oportunidade lecionar para alunos do PROUNI. Para quem não sabe o PROUNI (Programa Universidade para Todos) é uma iniciativa do governo federal que dá bolsas de estudos em universidades privadas a bons alunos do ensino público que não tem condições de pagar faculdade. Dentro da PUC os alunos do PROUNI se diferenciavam dos outros por duas razões: pelo jeito de vestir e pela vontade de aprender. Destoavam da crowd de mauricinhos e patricinhas da universidade e não perdiam uma aula, uma explicação. Sabiam que o PROUNI era a oportunidade que teriam para mudar o rumo das suas vidas. Eram motivados porque entendiam claramente onde seus atos iriam os levar. A clara relação de causa/consequência é um dos componentes chave da motivação.

* Na GP Investimentos, um dos maiores fundos de investimentos do Brasil, a meritocracia é levada ao extremo, fazendo os funcionários a trabalhar praticamente 24hs. É claro que a contrapartida financeira existe, uma vez que os contracheques com os gordos bônus podem chegar à casa dos milhões. Nesse caso, o que motiva os funcionários a trabalhar tanto é a perspectiva de enriquecimento rápido. Um fenômeno interessante desse ambiente é que quase não existem demissões, isso porque aqueles que não recebem o bônus entendem o recado e "Pedem para Sair".

* Um amigo empreiteiro me contou uma história sobre motivação. No último verão ele estava com seus pedreiros erguendo uma parede debaixo de sol a pino. Como a turma trabalhava sem camisa comprou protetor solar e deixou a disposição da equipe, coisa que ninguém deu muita atenção. Ao perceber o fato ele pediu ao Mestre de Obras aplicar o protetor solar nas costas de cada um. Detalhe, o Mestre em questão é um senhor afro-brasileiro com 2 metros de altura e mais de 100 quilos, com mãos que mais parecem torniquetes. Passado o constrangimento desse primeiro dia todos prontamente começaram a usar protetor solar.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Inovação - Esse monstro de 7 cabeças

Inovação é mais um tópico que veio à tona com força conforme a crise econômica mundial avança. "As empresas mais inovadoras conseguirão suportar a crise", já li em alguns jornais. Ahã, sei. Acho que se alguém tivesse a fórmula para suportar a crise já estaria fazendo bastante dinheiro. Aqui entre nós: inovação é um monstro de 7 cabeças para a maioria das organizações.

Muita gente acha que inovação é sinônimo de idéias geniais. Apple, Amazon, Google, e até exemplos mais próximos da gente, são sinônimos de inovação. É produto da cabeça de pessoas com inteligência acima da média, trabalhando em alguma empresa 'cool' e ganhando rios de dinheiro para ficar pensando em iPods, web sites e coisas do gênero enquanto jogam video-game e comem M&M's. Bom, se tem uma coisa que a tal crise vai acabar rapidinho é com video-game e M&M's.

Para começar existem várias escalas diferentes quando o assunto é inovação. Inovação de produto, de processo, de modelo de negócio, enfim, depende de onde você quer introduzir inovação na organização, e das oportunidades que você enxerga. Inovar em grande escala, no nível de modelo de negócio, não é para qualquer um e não é do dia para a noite. Gosto do livro dos caras do INSEAD sobre esse assunto: "A Estratégia do Oceano Azul". Se o seu interesse é criar novos mercados, e portanto trabalhar sem concorrência, é um bom começo.

Mas eu tenho certeza que a maioria está mais interessada no básico, que normalmente tem a ver com inovação de produto ou serviço. Claro que isso sempre pode ser ajudado por idéias geniais, mas o básico por trás do processo de inovação não tem nada de especial não. Tudo começa com as idéias, a geração de possibilidades. Mas nenhuma empresa via criar inovação só com idéias. Ela tem que ser boa em priorizar e financiar essas idéias. E depois, obviamente, tem que ser boa em converter as idéias em produtos. Muita gente fala do Google e em como eles geram produtos e serviços fantásticos um atrás do outro. Claro que boa parte disso são aqueles 20% de tempo que os engenheiros têm para trabalhar nas suas idéias. Mas eu diria que o Google inova com tanta frequência principalmente porque tem um canal extremamente azeitado para, a partir de uma idéia, rapidamente introduzir um novo produto e capitalizar em cima dele. A mesma coisa para a Apple e empresas do tipo.

Simples, não? Nem precisa de video-game e M&M's...

Reggie, the Engineer.
--

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Desejos para 2009

É quase fim de ano. Hora de todos reverem alguns valores, conceitos e metas. Bom, é claro, hora também de definir os desejos para o próximo ano - pois sem sonho a vida não tem graça.

Como todo mundo pensa sempre em desejos profundos de felicidade, paz mundial, harmonia e outras coisas grandiosas, decidi fazer uma lista daquelas coisas que ninguém chega a desejar, pois sempre existem tantos itens mais importantes antes, que esses acabam sendo sempre esquecidos. Hoje não. Hoje eles terão a sua vez de serem desejados. E melhor. Publicamente, em um post.

1. Desejo que a caixa do Zaffari tenha autorização de multiplicar. É sério. Você já percebeu que toda vez que compra uma caixa de leite a operadora chama o supervisor? Pois bem. Um dia não contive a minha curiosidade e perguntei por que ela não podia fazer aquilo ela mesma. "É que só supervisor tem senha de multiplicação - nós só podemos passar os itens individualmente". Achei tão absurdo aquilo que não tive resposta, apenas emiti um som "ahhhh". Não consigo imaginar qualquer coisa diferente de um processo falho e podre que exija que isso seja assim. Além de tornar mais lento o processo, exige provavelmente mais supervisores.

2. Desejo que as empregadas domésticas compareçam às entrevistas. Estou procurando uma empregada doméstica e já se foram duas entrevistas marcadas e nenhum comparecimento. Vai entender porquê. Agora contratei uma agência. Só quero ver o que vai ser... Na verdade, para tornar meu desejo mais genérico, desejo que as pessoas consigam cumprir com seus compromissos e que as pessoas consigam as empregas domésticas ideais para o seu caso. Pronto. Esse desejo ficou bem melhor agora.

3. Desejo que os diretores dirijam e os gerentes gerenciem. Se diretor tivesse que fazer as coisas com suas próprias mãos, ia ser chamado de fazedor, não de diretor. O que eu vejo às vezes é diretor querendo controlar e não conseguindo dar direção - daí é que nada funciona. E os gerentes devem dar espaço para o seu time trabalhar, se envolver no dia-a-dia (com moderação) e facilitar para que a direção supostamente dada aconteça. Se isso não ocorre, os fazedores reais ficam só dando status e andando em círculos - um desastre.

4. Desejo que eu não seja demitido em meio à essa crise econômica mundial que estamos. É isso aí. Desejo egoísta mesmo. Se não fosse, estaria na lista dos desejos grandiosos. E não vale comentário dizendo que esse desejo é muito pobre. É pobre porque não lhe afeta. Mas tenha certeza que é muito importante para mim.

5. Desejo que o pessoal da área de negócio entenda que a área de TI não é formada por pai-de-santos e milagreiros e que, assim como eles, precisam de tempo e espaço para conseguir resolver os problemas. O ideal seria que nesse desejo tivesse uma cláusula para que, a cada vez que eles ligassem para a área de TI gritando coisas como "O sistema caiu! Não podemos ficar assim. Isso tem que ser resolvido agora!", o vice-presidente lhes chamasse para uma reunião e dizesse que não entende como eles não venderam ainda toda a cota, que ainda falta 20 milhões em venda, que exije que a cota seja fechada em duas horas e que não importa que ele esteja falando isso às 5 horas quando as lojas estão perto já de fechar.

6. Desejo que as metas definidas para o ano que vem dentro das empresas sejam (1) reais, (2) factíveis e (3) inteligíveis. Já vi metas sem dois desses atributos. Chegava a ser ridículo. Ninguém sabia o que a meta queria dizer e, os poucos que achavam que a entendiam, juravam que era impossível cumprí-la.

7. Desejo que os leitores da Tribo do Mouse indiquem o site para mais 5 pessoas, e que as 5 pessoas que receberam a indicação façam a mesma coisa com outras 5 pessoas - e assim por diante. Em pouco tempo, teríamos milhões de leitores. Não seria legal? Você pode ajudar esse desejo se realizar, não?

Bom, vou parando por aqui. E você, já fez a sua listinha para o ano que vem?

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Vendendo um lugar no céu

Eu estava visitando a nossa agência de publicidade quando um dos Marketeiros começou uma interessante comparação entre religiões. A conversa foi  mais ou menos assim: As religiões Judaica e Cristãs vendem um futuro promissor, um lugar no céu. Em linhas gerais essas doutrinas pregam que se você viver uma vida segundo certos princípios terá o seu lugar no paraíso garantido no pós-morte. E tenho que concordar que essa estratégia funciona, em parte porque até hoje ninguém voltou de lá para desmentir o prometido.

Já as religiões pentecostais, cujo nosso exemplo mais ilustre é a Igreja Universal do Reino de Deus, utilizam uma estratégia totalmente oposta de "venda". Nesse caso os promotores da religião são os próprios fiéis que divulgam a igreja com depoimentos como o abaixo descrito:

"Eu era um bêbado, drogado, libertino, jogador, mulherengo, não parava em emprego, brigava com todo mundo, até o meu cachorro mijava em mim. Depois que eu entrei para a igreja minha vida mudou. Hoje sou dono de comércio, bem-sucedido, pai de duas filhas lindas e um pônei que é uma graça. Freqüento a igreja semanalmente e garanto: Tudo que eu entrego ao dízimo volta em dobro para mim. A igreja me salvou, me fez encontrar o caminho."

Perceberam? Enquanto uma vende a salvação depois da vida, a outra vende a salvação agora. Assim fica fácil entender o crescimento exponencial desse tipo de igreja, afinal não tem mesmo muito o que comparar, o ser humano é imediatista. Prefiro me salvar depois de morto ou me salvar agora? Ãhh, deixa eu pensar?

Quem discorre sobre um tema semelhante é o economista Eduardo Giannetti no livro O Valor do Amanhã. Giannetti apresenta o conceito de "Trocas Intertemporais", escolhas que todos nós fazemos no dia-a-dia. Por exemplo: A decisão de comer um mouse de chocolate após uma refeição. A escolha é feita entre o prazer proporcionado pelo mouse(presente) ou os benefícios que uma dieta balanceada traz para saúde ou estética(futuro). Fazemos esse tipo de escolha mesmo sem perceber, junto dinheiro para comprar um carro ou financio o veículo para usufruir do bem agora, pagando juros por isso.

A teoria das Trocas Intertemporais me ajudou a explicar um comportamento que a tempos venho tentando entender. Por que algumas pessoas tratam os seus funcionários como lixo, desrespeitando-os e criando um ambiente de trabalho desagradável? A resposta, óbvia, é que a  pressão, o grito, o chingamento, funcionam. E os problemas geralmente são resolvidos de um jeito ou de outro. Com a seguinte ressalva, funcionam no presente. Nesse caso a troca intertemporal compromete a manutenção e a capacidade de entrega no futuro, afinal quem em sã consciência gosta de trabalhar para um chefe assim?  Só mesmo quem acredita em pagar os seus pecados na terra para usufruir do paraíso no além-vida.

[]s
Jack DelaVega

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Liberté, Égalité, Fraternité

Esses dias fiquei impressionado com o quão pouco evoluído ainda somos. Minha impressão é que o foco foi tão grande para a liberdade sexual, que outras coisas ficaram para trás. Aliás, esses dias me senti mal por ser heterossexual. Quase tive que me desculpar para um grupo de pessoas e dizer que estava num psicólogo me tratando para ver porque não era homossexual ainda. Mas que diabos! Tava tudo invertido!

Mas enfim, não é sobre isso que quero falar. Toquei nesse ponto porque a pessoa que está pintando minha casa me comentou que de forma alguma trabalharia para uma senhora que ambos conhecemos. Eu perguntei o porquê disso. Afinal, negar serviço nunca é boa coisa.

- Ela é completamente estúpida. Sempre que ocorre alguma coisa, tenta me humilhar e diz que estou querendo roubar ou enganá-la.

- Mas ela fala isso do nada? Perguntei, achando muito estranho aquilo.

- Sim, basta alguma coisa sair um pouco do que ela tinha imaginado que ela começa com esse tipo de comportamento, dizendo que foi gerente e sabe bem como são pessoas do meu tipo.

Entendeu porque eu disse no início desse post que às vezes fico impressionado com o quão pouco evoluído ainda somos?

Infelizmente, são pouquíssimas as pessoas que sabem tratar bem as classes mais baixas do que a sua. E já vi muito mais vezes do que gostaria pessoas tentarem humilhar deliberadamente pessoas com menos acesso à educação.

É uma falta de empatia absurda. Será que essas pessoas acham que a pessoa está limpando o chão porque gosta? Será que elas acham que em um certo momento da vida ela virou para sua mãe e disse: "Mãe, não quero mais ser diretora de marketing. Decidi seguir minha paixão. Vou ser faxineira".

Ou então será que pensam que a pessoa não teve estudo porque era preguiçosa e não porque teve que trabalhar desde muito cedo e não tinha um bom exemplo em casa? Seja como for, considero muito mais mal-educada a pessoa que teve acesso à informação e age dessa forma mesquinha. Sinceramente, isso não tem desculpa.

Havia um tempo que eu pensava o quanto ia ser bom eu ter tanto dinheiro como o Ronaldinho - o quanto eu ia ser mais feliz. Depois que me dei conta que mesmo que estejamos falando de cifras gigantescas, a diferença entre o meu salário e o do Ronaldinho não pode ser comparada a diferença do meu salário com uma pessoa que vive do salário mínimo, por exemplo. Eu sei que consigo comprar todas as coisas básicas que preciso e algumas coisas extras. O que ganharia com o salário do Ronaldinho são apenas luxos. Na comparação com quem vive com o salário mínimo, isso é bem diferente. Faltam as coisas básicas. Daí em diante, já não tem sentido em continuar com qualquer outro dado nessa comparação.

Embora a maioria de nós no escritório trabalhe com pessoas bem mais próximas do seu nível social, ainda a empatia - esse dom de se colocar no lugar das pessoas e tentar olhar com os olhos dela, faz toda a diferença do mundo.

E acreditem. Empatia pode ser apreendida. Sou um exemplo vivo de uma pessoa que não tinha senso algum em relação a isso e hoje consigo navegar razoavelmente com os olhos da outra pessoa. Líder de equipe sem empatia não se sustenta. Gerente de pessoas sem empatia não é nada...

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

1+1+1 = 5


Trabalho em equipe faz parte do dia-a-dia das nossas corporações. Já virou pergunta padrão das entrevistas de emprego e currículo básico de qualquer curso de graduação. Porém, tenho a impressão que não sabemos claramente quais são os objetivos do trabalho em equipe. Porque afinal temos que nos juntar com outras pessoas, algumas das quais nem gostamos, para executar uma determinada tarefa?

O primeiro e mais óbvio motivo está relacionado à necessidade de se realizar trabalhos complexos, que seriam impossíveis ou inviáveis de ser realizados por uma pessoa só. Certa vez visitei uma igreja do interior de Minas que teve o seu interior totalmente esculpido em madeira por um Padre-Artesão. O trabalho era realmente impressionante, mas levou 35 anos da vida do sacerdote para ser concluído. E pensar que eu já fico impaciente quando um texto fica como rascunho por mais de uma semana.

O segundo motivador, normalmente esquecido quando se trabalha em equipe, é a qualidade. É esperado que o resultado do time seja superior ao do trabalho do indivíduo. Uma equipe deve  buscar um "Comportamento Emergente", conceito desenvolvido na zoologia. Um exemplo de comportamento emergente é uma colônia de abelhas, uma estrutura extremamente complexa, dezenas de vezes mais "inteligente" do que os indivíduos que a compõem. Um grupo afinado apresenta esse tipo de comportamento, onde o todo é maior do que a soma das partes.

A pergunta é: Como se obtém tal resultado quando se trabalha em grupo? A resposta passa novamente por um dos motivadores do grupo. Cada indivíduo tem que contribuir ativamente para o resultado, deve trazer alguma coisa para a mesa, ensinar além de aprender. E é aí que a coisa realmente aperta. A equação do trabalho em equipe fica desbalanceada quando não está claro para os participantes o que cada um está trazendo para a mesa (agregando) e levando para si (aprendendo).

Cito como exemplo o nosso trabalho aqui na Tribo. Cada um de nós aqui poderia criar um site, publicar textos, até mesmo escrever um livro sozinho. Porém, pelo menos para mim, fica a certeza de que a qualidade do que a Tribo produz é maior do que eu faço isoladamente. Essa sensação de que estou "ganhando" quando trabalho com essa equipe é, por si só, um grande motivador econômico para a nossa parceria. Claro, que todas as partes tem que ver as coisas da mesma maneira, senão a mágica não funciona.

São perguntas a se fazer no quando for trabalhar em equipe: O que estou trazendo para a equipe? O que estou aprendendo? A equipe é melhor que a soma das partes?

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Networking

Eu sei, muita gente odeia esse tema. Até porque ele raramente é tratado com a seriedade que merece. Mas em tempos de crise econômica mundial, demissões e concorrência acirrada, nada melhor do que voltar ao caderninho de contatos e cuidar dele com mais carinho.

Eu mesmo tenho que admitir que deveria cuidar melhor das minhas redes de contato. Mas admito que é difícil, e em um mundo onde cada vez temos mais coisas para fazer, essa é uma das coisas que normalmente relegamos a um segundo plano. Mas não adianta, mesmo que você não goste do tradicional "schmoozing", pare um segundo para pensar nas movimentações de carreira que você já fez, nos objetivos pessoais que alcançou - sempre estará lá a figura do "contato", aquela pessoa que lhe ajudou, em maior ou menor grau, a chegar lá. Como os especialistas dizem, "o que você sabe é quem você conhece" ("what you know is who you know").

Então vamos falar sério sobre o assunto. Existem basicamente 3 tipos de redes de contatos que você deveria manter no sentido de beneficiar a sua vida ou carreira. A primeira delas é a sua chamada rede de contatos operacional. Manter essa rede de contatos significa cultivar relacionamentos com pessoas das quais você precisa para fazer o seu trabalho. Envolve obviamente os seus colegas imediatos e subordinados, mas também a menina do RH, o cara do financeiro, aquele seu cliente, seus fornecedores, etc. Essa rede de contato é a mais fácil de ser mantida porque faz parte do seu dia-a-dia (eu diria que qualquer um com o mínimo de sucesso em sua vida profissional é capaz de cultivar bons relacionamentos desse tipo). Então faça a sua lista (ela será bastante extensa) e tenha certeza de tratá-la com bastante carinho.

A segunda seria a sua rede de contatos pessoais. E aqui a maioria dos profissionais já começa a falhar. Essa rede inclui pessoas do seu círculo social, gente que provavelmente compartilha do mesmo nível intelectual que você, e que você conhece por algum motivo que não necessariamente profissional. São seus ex-colegas de curso, seus parceiros do clube de tênis, o pessoal da academia, etc. Ah, você não faz academia? Tudo bem. Você não joga tênis? Futebol de repente? Natação? Bom, deve haver algum tipo de evento social que ocupa pelo menos algumas horas da sua semana, certo? Não? Aí é que está o problema. Muita gente acomoda-se com o "pessoal do trabalho" e deixa de cultivar contatos fora dessa rede. O problema? Bom, o problema é exatamente quando você quer deixar o seu emprego por outro (ou quando querem fazer isso por você ;) ). A rede de contatos pessoal normalmente está ligada às mudanças de carreira que você executou ou quer executar. Pense se não é assim. Ela é quem vai nos permitir enxergar fora dos limites do nosso emprego atual, ampliando nossos horizontes e abrindo portas que não enxergaríamos de outra forma.

A terceira seria a sua rede de contatos estratégicos. Essa é a rede mais difícil de cultivar, mas é a mais importante a longo prazo. Se pensarmos que em determinado momento de nossas carreiras estaremos cercados de gente com o mesmo nível de inteligência e o mesmo histórico de sucesso (tomara!), o que então fará a diferença? O que pode fazer a diferença é aquele seu conhecido que é vice-presidente de uma empresa na sua área de atuação e pode lhe dar um conselho no momento decisivo, ou aquele consultor sênior de RH que você ajudou a se enturmar com seu grupo no clube de tênis. São pessoas que vão podem lhe ajudar estrategicamente frente a uma encruzilhada no futuro. São contatos difíceis de manter, pois normalmente você irá buscá-los com algum interesse em mente (claro, a não ser que tenha sorte!) e deverá estar sempre pronto a trocar favores. É aqui que networking recebe a sua reputação ruim, pois é evidente que ninguém a priore gosta de encontrar pessoas tendo um interesse por trás. Mas trata-se de uma habilidade que deve ser desenvolvida, afinal conforme você sobe na carreira, o seu papel passa a ser cada vez menos o de quem executa alguma tarefa, mas sim o de quem mobiliza pessoas no sentido de executarem tarefas.

As coisas andam difíceis (economicamente falando) para todo mundo, nunca se sabe como será o amanhã. Então reserve um tempo essa semana, faça as suas 3 listas, tire a chuteira do armário e vá encontrar aqueles seus amigos para um chopp. Eles estarão sempre lá para lhe auxiliar com seu próximo passo profissional.

Reggie, the Engineer.
--

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Hora de Sair

Em primeiro lugar, queria me desculpar com o leitor pelo atraso na postagem. A conexão internet que tenho em casa caiu desde ontem de noite e não voltou até agora (maldita NET). Trouxe o post pronto para o serviço em um Memory Card, mas Murphy estava presente e o cartão não teve jeito de ser lido.

Enfim, desculpem-me o atraso na postagem e segue post.

Um bom final de semana.
--

Estava sendo expulsa dali, tinha certeza absoluta. O pior é que não fizera nada errado. Sentia-se completamente traída. Depois de tanto tempo naquele lugar, tinha certeza que sua adaptação seria mais do que dolorosa - e não se sentia pronta para aquilo.

A pressão era tanta para que ela se retirasse que não estava conseguindo mais resistir. Mesmo assim, não ia ajudá-los nessa tarefa em nada. Se quisessem tirá-la, teria que ser pela força bruta.

Sentiu muito medo - mais do que em qualquer outra situação que já havia vivido. Talvez o medo estivesse amplificado devido à forma com que levava a vida: estava sempre sozinha, sem contato com praticamente ninguém. Para dizer a verdade, para ela aquilo era muito mais do que um lugar para passar 8 horas por dia. Era a sua vida. Só se sentia amada e querida ali.

Pensou novamente nas chances de ficar bem ali com tantas pessoas querendo a sua saída. "Certamente nenhuma", pensou. O auto-conhecimento e a constatação desse fato foram suficientes para que ela então decidisse ir embora por conta própria.

Olhou uma última vez à sua volta. Iria tentar sair sem ninguém perceber. Abaixou a cabeça e começou a se dirigir à saída. Ia tentar se movimentar da forma mais rápida possível. Sabia que essa decisão iria mudar completamente sua vida. Mas tinha que estar preperada.

"Será que estou ouvindo pessoas comemorarem?", "Será que estão percebendo que estou saindo para nunca mais voltar?". Não, não pode ser. Estou ouvindo coisas... Nem se deu ao luxo de parar para pensar muito nessas coisas, pois já tinha tomado a sua decisão. Doa o que doesse, sabia que o seu tempo lá tinha se esgotado.

Chegando perto da saída, sentiu uma forte dor no peito. Estava com dificuldade para respirar. Sentia-se tonta. Prestes a perder o controle, alguém lhe segura e lhe ajuda a sair.

Tenta abrir os olhos mas não consegue enxergar nada. Só vê um clarão muito forte. Embora esteja confiante da decisão, sente muito medo do seu futuro.

Mesmo sabendo que tudo o que fez foi correto, talvez por puro desespero, começa a chorar copiosamente. Mal ela sabe que talvez tenha sido a melhor e mais difícil decisão de sua vida.

"É uma menina. Se todos os partos fossem assim, nós, médicos, estaríamos pobres. Pelo jeito ela é bem decidida. Se virou e praticamente fez o parto sozinha!"

E foi assim que Francesca, que mais tarde se tornaria CEO da Vale, nasceu.

E você com medo das mudanças quando sair da sua empresa, né!? Tsc, tsc.

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Executivos

Roger tem uma agenda lotada. A semana começa em São Paulo, depois Londres e uma passada no Canadá antes do merecido descanso em Angra dos Reis no Domingo. A semana de Luciano também é corrida. Ainda que não viaje muito a negócios, ele passa o tempo todo de lá para cá. Sua empresa demanda muita supervisão, principalmente para um executivo recém promovido como ele. Seu dia não começa muito cedo, mas não tem hora para acabar.

Há algum tempo no cargo, Roger já comemora inúmeras vitórias. Em suas mãos a empresa cresceu muito, dobrou de faturamento e fez a felicidade dos acionistas. Bom, isso até a crise gerada pelo Subprime, que nos últimos meses tem dado muita dor de cabeça para Roger. O negócio de Luciano, por incrível que pareça, anda de vento em popa. Como depende exclusivamente do mercado interno, ainda não sentiu o impacto da crise. Pelo contrário, o nervosismo do mercado só aumentou sua demanda. É claro que ele sofre com a alta do dólar, como todo negócio que envolve importações. Mas essa é a hora de expandir, de consolidar a sua posição de mercado.

As empresas dos dois não poderiam ser mais distintas. Roger coordena uma operação gigantesca, talvez uma das mais complexas do país. Já a estrutura de Luciano é bem mais enxuta, mas dele dependem milhares de pessoas. Famílias que tem a vida afetada pelo complexo ecossistema alimentado pela sua companhia. As diferenças prosseguem no que diz respeito a suas formações, ainda que ambos tenham chegado ao cargo em função de seus méritos, Roger teve berço e educação. Os dois são considerados executivos linha dura. Roger é o que chamam de chefe difícil, perfeccionista espera o mesmo dos seus liderados.  A administração de Luciano é marcada pela meritocracia, só verdadeiros sobreviventes conseguem chegar ao topo da sua organização.

Uma coisa que ambos tem em comum é a preocupação com a questão da violência urbana. Transitam o tempo todo com seguranças responsáveis por sua proteção.

Roger Agnelli é o presidente da Vale, a maior empresa privada do pais e o executivo mais admirado do Brasil de acordo com uma pesquisa recente. Luciano Pezão é o marginal que chefia o tráfico no complexo de favelas do alemão, onde residem mais de 90 mil pessoas. É o maior traficante em atividade no país, o homem de confiança de Fernandinho Beira-Mar.

É uma vergonha que um meliante como Pezão goze da mesma liberdade que eu, você, e o Agnelli, dando margem a comparação do texto acima. Meu consolo é que sujeitos como ele não costumam durar muito, independente do quão esperto sejam. A má notícia, para todos nós, é que a área de "Recrutamento e Seleção" funciona muito bem no Narcotráfico e existe uma fila de gente qualificada para ocupar o lugar de Pezão quando ele partir.

[]s
Jack DelaVega

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Curtas das Férias


  • A foto acima é real. A placa estava fixada na parede do hotel que eu estava hospedado. Para não comprometer ninguém, distorci o rosto e apaguei o nome. Mas o que importa aqui é que essa simples placa não me deixou tirar o cochilo da tarde em paz naquele dia. "Funcionário Padrão do Mês". Que diabos é isso? Eles querem incentivar que as pessoas tenham comportamentos padrão? Será por isso que meu quarto, mesmo sendo em um hotel 5 estrelas, está mal conservado no padrão da idade do hotel (bem velho por sinal)? Será por isso que, mesmo estando no auge da era da informação eu ainda tenha que trafegar com papel de um lado para outro(e guardar todos os recibos até o fim para dar baixa) para qualquer requisição que eu queira fazer? Será também que é devido a isso que as chaves ainda são as de metais, comuns, e não aquelas codificadas e mais seguras? Afinal, isso iria sair do padrão atual - qual seria a motivação de alguém sugerir isso? Imagine esse prêmio na área técnica ou de vendas: "muito bem, João, você ainda está utilizando Visual Basic 2.0 dentro dos padrões da nossa empresa. Seu bônus será alto esse ano".

  • Se as ações da empresa X estão em 10 reais e baixam para 5, a queda foi de 50%. Para voltar ao valor de 10 reais, as ações terão que subir 100%, ou seja, o dobro percentual que teve na queda. A matemática é simples, mas não tinha parado para pensar que parte do meu dinheiro iria ficar enterrado por tanto tempo. Gostaria de ter feito essa "descoberta" fora das minhas férias. Diabos!

  • Talvez uma das maiores preocupações que tenho na vida é de ser demitido - não por incompetência, mas por qualquer mudança de rumo internacional ou crise financeira. Isso me tira o sono mesmo - de verdade. Sendo gerente de desenvolvimento off-shore, não sou exatamente estável como um juiz: qualquer mudança de custo ou de estratégia pode fazer meu cargo desaparecer. Nessas férias fui para João Pessoa. A Dra. Zamba, depois de se deliciar de um excelente almoço em uma cabaninha na praia de Coqueirinhos, falou calmamente: "você já viu que as pessoas vivem das coisas mais simples e, mesmo ganhando pouco, têm uma felicidade estampada no rosto?". Não, não tinha visto. Mas não é que é verdade? Isso me abriu a cabeça para uma verdade única: se acredito ser competente, mesmo que seja demitido no meio de uma crise financeira grande, onde o emprego na área de informática esteja escasso, ainda tenho todo o leque possível de qualquer outro empreendimento. Posso vender o carro, usar minhas economias, apertar o cinto e, se necessário, recomeçar. Pode paracer ridículo, mas essa simples constatação me tranquilizou no meio a esse quadro instável. Espero que sirva para você.

  • Em quase qualquer país do mundo (incluindo o Brasil), existe o crime por ação e por omissão. Quando ouvi o comandante do GATE dizer que não matou o suspeito porque se atirasse no Lindenberg (o seqüestrador que ficou 5 dias com a estudante que acabou assassinada) a imprensa ia dizer que a polícia é má e não dialoga, deveria ser processado por omissão resultando em assassinado. Nas empresas, como se bem sabe, a omissão é quase tão ruim como uma ação errada. É uma prática comum a responsabilidade por omissão - às vezes até levando a demissão. Por que não se usa a lógica ou se faz cumprir a lei?

  • Estou lendo um livro sobre educação. Ele diz que a grande maioria dos pais hoje em dia considera que criar os filhos é muito mais difícil do que era antes, devido a mídia, os jogos, o acesso facilitado às drogas e, principalmente, porque as crianças já não escutam os pais como antigamente. Leia o texto abaixo e tente adivinhar de quem é:


"
As crianças de hoje amam a luxúria; elas são malcriadas, desafiam a autoridade; desrespeitam os mais velhos e adoram conversar durante os exercícios. As crianças de hoje são más, e não servas de seus lares. Elas não se levantam mais quando os velhos entram na sala. Elas contradizem os pais, conversam diante das visitas, devoram doces à mesa, cruzam as pernas e debocham de seus professores
"

Já sabe de quem é? Pense um pouco mais...


...


...

Pois bem, o texto é de Platão - escrito centenas de  anos antes de Cristo.

Por que será que o ser-humano tende a sempre pensar que as coisas que ocorrem com ele são as mais difíceis e mais prejudicias?

Você nunca ouviu seu colega dizer algo como "só ocorre isso comigo" ou "tô sempre atolado de serviço - sou quem mais trabalha aqui".

Pois é... Até Platão caiu nessa.

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Voando Alto

Todo ano era a mesma coisa e todo ano era bom demais. Meus pais nos levavam para passar o ano novo na praia. Eles voltavam para trabalhar em Janeiro e eu ficava com as minhas avós. Em Fevereiro eles trocavam, as avós partiam e os pais voltavam. Isso me dava pelo menos dois meses de férias. E o melhor, meus primos também veraneavam na mesma praia, aí era aquela festa. Mas naquele verão trazia novidades. Meu primo apareceu com uma pandorga feita pelo tio dele.

É claro que eu queria uma também, todo o menino quer uma pandorga, e lá fui eu incomodar o meu pai. Verdade seja dita, o velho não tinha lá muitos talentos manuais e, depois de quase um dia, me entregou um quadrado pequeno, coberto com plástico, que, apesar dos fortes ventos do litoral gaúcho, teimava em não sair do chão. Fiquei arrasado, motivo de chacota pelo resto da turma com a minha pandorga que ganhou o singelo apelido de papa-terra.

Porém não me deixei abalar. No outro dia começaria o meu aprendizado como construtor de pandorgas. Depois da seleção dos materiais, uma boa taquara, um canivete, fio de náilon (que dava um trabalho danado para amarrar mas eu não tinha barbante) e sacos de lixo. É importante explicar que o litoral gaúcho, com ventos que em média ultrapassam os 40Km/h   não comportam pandorgas feitas de papel encerado e outras frescuras. 

Dois dias depois nascia a Voyager, feia, verdade, mas totalmente funcional. O saco de lixo azul lembrava a bandeira do Grêmio e o rabo cinzento, feito com os restos de panos de chão da minha avó, completava a aeronave. Mas a bichinha voava, como voava. Emocionado com os resultados logo, logo, nascia a Discovery, essa maior, com rabo duplo. Tamanha a sua robustêz chegou a ser requisitada pelos pescadores da rua para colocar o espinhel em alto-mar. E eu não iria parar por aí, meu projeto definitivo foi a Enterprise, essa uma pandorga caixão, o Rolls-Royce das pipas. Mas exagerei nas especificações pois quando ganhou os céus quase levou o meu irmão menor junto com ela.

Ainda lembro da minha frustração com a papa-terra, porém não posso imaginar nada melhor do que a falha em meu pai na sua construção. Tivesse a papa-terra voado eu jamais aprenderia a fina arte da construção de pipas, e a Enterprise nunca teria existido. Meu pequeno está quase fazendo um ano, mas num instante ele terá a idade para pedir uma pandorga. E meu presente para ele será o mesmo que meu pai me deu, a santa ignorância paterna.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Perdendo o Trem

Roberto estava em uma encruzilhada em sua carreira. Era gerente sênior de vendas de uma grande empresa e naquele mês completava 5 anos no cargo. Ele sabia que 5 anos era uma marca importante, e não estava satisfeito com o andamento das coisas.

Roberto sempre foi muito ambicioso, e sua carreira havia andado conforme seus agressivos planos até ali. Mas agora sentia-se estagnado, não havia mais terreno a cobrir. Com 34 anos, seu plano de tornar-se diretor antes dos 35 já era praticamente uma miragem. Ele refletia sobre tudo aquilo enquanto pensava em como voltar para Frankfurt. Havia recém perdido o último trem direto partindo de Colônia, e agora precisava planejar passo a passo o trajeto.

Enquanto embarcava rumo a Koblenz, o primeiro destino de uma viagem de 4 paradas, lembrou-se de quando foi promovido à gerente, e de como tudo parecia estar perfeitamente "nos trilhos". Mas havia se dado conta de que planejar a carreira deveria envolver pontos de checagem mais frequentes. A verdade é que ele havia se acomodado, e agora, perto de não alcançar um objetivo intermediário, era muito tarde para corrigir qualquer coisa. O plano teria necessariamente que mudar.

Olhou no relógio, eram 23:10. Não chegaria a tempo em Limburg para pegar o próximo trem, e assim teria que re-planejar os trechos novamente. Nenhum exercício podia ser mais apropriado para o momento. Lembrou-se de sua encruzilhada. Por que diabos afinal precisava ser diretor antes dos 35? Pensando bem, estava em um momento tão bom no seu cargo atual. Por que não aproveitar um pouco mais aquele período e alterar os planos? Muita gente acha que um plano alterado é um plano que falhou, mas a beleza da coisa está em justamente abraçar as mudanças. Re-planejar conforme a execução ocorre e a maturidade vem à tona.

A noite ia ser longa. Sabia apenas que seu destino final era Frankfurt. Quando chegaria lá? Não sabia ao certo. Deveria planejar e executar um a um os trajetos e ver onde acabaria. Mas com certeza, sabia que aproveitaria a viagem.

Reggie, the Engineer.
--

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O Cozinheiro


Em "Força em Alerta", um filme pra lá de safado, Steven Segal interpreta, se é que podemos classificar o trabalho dele de interpretação, o Cozinheiro de um navio tomado por Mercenários querendo roubar uns mísseis nucleares para fazer a festa. O problema é que Casey Ryback (papel de Segal) é um ex-marine, casca grossa pra caramba, que resolve sair no braço com os duzentos mercenários, salvando assim o navio, a mocinha, os Estados Unidos e, por que não, o mundo.
*Nota: Para quem não viu esse filme, imagine Casey Ryback como uma mistura de Jack Bauer com Chuck Norris, pegando o pior dos dois.

Tudo bem que estamos falando de Cinema, onde tudo é possível. Mas digamos que eu aceite toda a cachaça de super-soldado que enfrenta um exército com a mão nas costas, a pergunta que não quer calar é:

Por que diabos Ryback resolveu virar Cozinheiro?

Num dia ele está na selva, caçando traficantes e matando javalis a dentada. No outro ele acorda e decide: Cansei dessa vida! Vou procurar alguma coisa mais tranqüila, quem sabe fazer crochê ou aprender culinária. Minha pergunta é se sujeitos como esse conseguem realmente se acomodar? É possível viver sem adrenalina? Será que ele encontra a mesma realização torcendo o pescoço das galinhas para o risoto do que no tempo que ele torturava terroristas? Será que não existe carreira em Y para boinas-verdes, o que levou Ryback a se perguntar se tudo isso vale a pena? Porque convenhamos, eu não acho que salário de cozinheiro seja tão diferente do de Boina-Verde. Se é para trocar seis por meia dúzia, que seja pela segurança então. E por mais arriscado que seja a profissão de cozinheiro na marinha, não é todo dia que temos um navio invadido por mercenários.

Levo essa discussão mais adiante, imagina o que sofre o chefe do Ryback. Como desafiar e motivar um sujeito assim. Seguinte Ryback, hoje você vai preparar o feijão, mas para fazer o toicinho você vai ter que caçar o porco na selva.

Tem sido um tópico recorrente dos nossos textos a questão: “Será que vale a pena?”. Seja para abrir uma pizzaria, trabalhar no serviço público, ou simplesmente morar na ilha do Lost, volta e meia cogitamos alternativas ao dia-a-dia sofrido do escritório. Mas, falando sério, será que pensamos mesmo nessas opções? Sinceramente, eu acho que não falamos sério. Eu conheço poucas pessoas que deixaram essa vida e olha que eu conheço muita gente talentosa que poderia fazer qualquer outra coisa no mundo. Não, guerreiros não se entregam assim. Só mesmo nos filmes, só em Hollywood.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Conheça o Seu Negócio

Estou fazendo um curso de especialização, e vez que outra discutimos um caso real, o que sempre é interessante. Muito mais interessante ainda é ver como 100 pessoas dentro de um anfiteatro podem reagir de maneira totalmente diferente frente a um problema empresarial (e como muitas podem reagir de maneira totalmente absurda).

O caso era o seguinte, em resumo. Uma empresa fabricante de móveis e equipamentos musicais para Igrejas estava indo muito mal. Faziam 3 trimestres seguidos que eles estavam perdendo dinheiro. Tratava-se de uma empresa pequena, sediada no interior da Alemanha, seu ponto forte era a qualidade incomparável de seus produtos (estavam no mercado há nada menos do que 80 anos). Há alguns anos, eles estavam enfrentando competição de um concorrente chinês, que obviamente tinha um custo absurdamente mais baixo. Eles tinham uma infra-estrutura de sistemas de informação praticamente nula, um processo de fabricação bastante artesanal, e uma idéia muito vaga de sua estrutura de custos. Eis que chega então o filho do dono, voltando de seus estudos na America. Ele apresenta um projeto para colocar a empresa de volta nos trilhos, e a idéia central é efetivar uma parceria com um fornecedor de componentes eletrônicos para equipamentos musicais que ele conheceu nos EUA. O objetivo da parceria seria viabilizar a introdução de um novo produto, um inovador órgão para igrejas com sistema de configuração eletrônico, podendo inclusive ser configurado remotamente. A idéia não havia sido bem recebida pela equipe gerencial, afinal inovação e informática não era algo com o qual eles estavam acostumados.

A nossa tarefa então era bem simples: simplesmente debater a situação da empresa e concluir qual era o melhor conselho para eles.

As opiniões que ouvi durante as 2 horas que se seguiram dariam um livro. Uns querendo a cabeça do filho do dono da empresa. Outros propondo que a empresa fechasse as portas, afinal quando os chineses entram na brincadeira, não tem volta. Um grupo propôs um plano bastante estruturado, e por isso ganhou bastante tempo para explanação. Eles não seguiriam em frente com a parceria e com o novo produto, pois isso custaria muito agora e a empresa não poderia arcar com novos custos. A sugestão deles, ao contrário, era propor uma espécie de re-engenharia dos processos da empresa. Isso viria seguido da implantação de um software administrativo que centralizaria as informações da empresa (financeiro, logística, manufatura, RH, etc) e ajudaria a cortar custos. Adivinha de que área eles eram...

O que me chamou a atenção foi a falta de capacidade da maioria de olhar o problema como um todo. Pessoas com background financeiro tentaram atacar a parte financeira, pessoas com background de TI tentaram implantar sistemas, etc. Nada mais normal, certo?

Certo. Esse é um problema bem comum, eu vejo isso quase todo dia. A alta especialização tem esse efeito colateral, as pessoas cavam tanto o buraco das suas habilidades que quando precisam olhar para o lado, nao vêem nada. Outro dia eu ouvi um cara criticar um colega meu porque "ele fica só na visão de 10.000 metros de altura, não entende nada especificamente, não domina nenhuma tecnologia". Bom, acontece que esse cara entende do negócio da nossa organização como nenhum outro, sabe como fazemos marketing, como vendemos, como produzimos, como entregamos, como suportamos, e como mantemos o ciclo se renovando. Óbvio que ele não tem tempo para ficar entendendo como funciona o sistema A ou a tecnologia B, ele já está bem ocupado ganhando mais dinheiro do que a maioria para dar conselhos aos diretores sobre qual o próximo problema a resolver.

E você, conhece o seu negócio? Conseguiria ir para um quadro branco e desenhar os processos de mais alto nível da sua organização? Conseguiria depois indicar quais os mais importantes? Quais os mais caros? Quais os que fazem a empresa jogar mais tempo ou recursos fora?

Quanto ao estudo de caso, é óbvio que eu apoiaria o desenvolvimento do novo produto.

Reggie, the Engineer.
--

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Teoria do Caos e a Carreira

Todos já conhecem o ditado: "o simples bater das asas de uma borboleta pode causar um furacão no outro lado do mundo". Basicamente, o que se quer dizer com isso é que pequenos eventos no mundo, mesmo sem intenção ou conhecimento, podem mudar completamente a ordem de eventos e a história do mundo.

Se isso é verdade para coisas tão distantes, imagine a importância de decisões que você toma ou que tomam por você para a sua carreira. Esses dias comecei a pensar nisso e quase fiquei louco. Gostaria de compartilhas as principais com o leitor:

- Meu pai um dia foi no Macro Atacado (um super-mercado aqui do sul) e viu uma caixa. "É um computador. É o que tem de mais moderno hoje", disse o vendedor para o meu pai. Meu pai sentiu que poderia ser útil para a educação dos filhos e comprou um CP 200. Eu tinha apenas 12 anos de idade, mas daquele dia em diante, me tornei um nerd, passando mais do que 8 horas por dia em cima do computador: jogando, usando editores de texto e de gráfico e programando em VB e em Assembly. Tenho certeza que se meu pai tomasse uma decisão diferente aquele dia, eu seria um advogado, médico ou qualquer outra coisa. Não sei se mais feliz ou mais triste - só sei que seria uma outra vida, com outros amigos, outros colegas e outra cabeça.

- Aos 14 anos, devido ao meu bom desempenho no campeonato Porto-Alegrense de Xadrez,
pensei em ser enxadrista profissional. Depois de não conseguir uma vaga no campeonato brasileiro, devido a derrota no torneio gaúcho e também devido à minha fascinação por computador e as evidências que minha familia me mostrava dizendo que isso não ia ser bom,
decidi desistir da idéia e continuar ganhando dinheiro destravando jogos de CP 400 para uma loja no centro. Provavelmente outra sábia decisão para minha carreira.

- Já na faculdade de computação da UFRGS, me deparei com um cartaz que falava de um concurso para o SERPRO. Descobri o que era SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados) e fiz o concurso só para ver como era. Passei e fiquei 4 anos lá. Uma grande escola. Onde eu estaria sem aquele concurso? E se o cartaz não estivesse naquele lugar?

- Sabendo do salário bem mais alto do que ganhava na época, me inscrevi no concurso de Auditor Fiscal (AFTN). Foi o único concurso na minha vida que estudei bastante. E o único que não fiquei entre os que foram chamados. Tenho certeza que se tivesse sido chamado, estaria bem mais infeliz hoje, fazendo algo que não gosto talvez só para manter a estabilidade e um salário razoável. Não é maravilhoso fracassar às vezes?

- Eu ja era gerente em Santa Cruz do Sul e vi um anúncio no jornal de uma companhia multinacional recrutando pessoas. Decidi fazer um downgrade em minha carreira, ganhar menos, em um cargo inferior, mas ter capacidade de crescer e aprender mais. Largar o emprego estável em Santa Cruz e ganhar menos pode ter sido uma decisão difícil, mas foi uma das decisões mais inteligentes que já tomei.

- A decisão de me separar da minha ex-esposa, há alguns anos atrás, me fez crescer de uma forma que nem cinco mil livros iriam fazer. Não cresci apenas como gerente, mas como pessoa - e não tenho dúvidas que esse crescimento foi essencial na minha promoção. Estranho decisões desconexas fazerem tanta diferença na vida profissional, não?

- O simples e-mail de Jack propondo a criação desse blog, mudou completamente a minha vida. A "obrigação" de criar um texto a cada semana, me fez não apenas uma pessoa que lê mais, mas que pensa melhor e de forma mais organizada. O leitor pode imaginar a influência disso no meu dia-a-dia. Não consigo imaginar como seria o Zambol hoje sem a Tribo. Só sei que seria bem diferente, provavelmente, pior.

Essas e outras diversas decisões me levaram para onde estou hoje. Posso não ter o emprego mais estável do mundo hoje, mas me sinto feliz onde estou. Continuo aprendendo bastante e estou de bem com a vida (o que, no fim, é o que importa).

E você? Já pensou nas pequenas coisas que moldaram você como é hoje? Pense nisso:
elas podem ajudá-lo a entender melhor o seu próximo passo, com certeza.

Dr. Zambol
--

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Vê se não dorme muito tarde

A nova versão do software deveria estar instalada na segunda-feira. Os trabalhadores da fábrica chegariam pela manhã e passariam a utilizar o sistema como faziam todos os dias, sem saber que ali atrás estava o resultado de 9 meses de trabalho intenso de Joe e seu time.

Eram 9h da noite do domingo e Joe ainda estava envolvido com a instalação. Estavam com um problema e não haviam conseguido resolver durante todo o final de semana. Mas agora finalmente pareciam ter encontrado a causa, e Joe só precisava da ajuda de algumas pessoas. Ligou então para seu chefe:

- Alô, Paulo, desculpe ligar agora, mas acho que encontramos o problema. Porém, preciso de alguém do time do Marcos para auxiliar, só eles podem resolver.
- Ok, boas notícias enfim, Joe. Vou ligar para o Marcos e ver quem pode nos ajudar.
- Legal, obrigado Paulo.

Em pouco tempo, alguém do time de Marcos entrou em contato com Joe e eles começaram a tentar resolver o problema. "Pelo menos o Paulo faz alguma coisa", pensou Joe. Sempre que acontecia do time trabalhar no final de semana, era a mesma história. Paulo muito pouco fazia (afinal, era o chefe), importunava um bocado o time, e ainda chegava na segunda-feira bradando para todos que havia "trabalhado" o final-de-semana inteiro, ufa, estava cansado, e acabava por sair mais cedo.

Eram 11:45 da noite de domingo quando o celular de Joe tocou. Era Paulo.

- Diga, Paulo.
- E aí, como estamos?
- Bom, o pessoal do Marcos está trabalhando com a gente, mas ainda não sabem como resolver o problema.
- Claro que estão trabalhando com a gente, depois que eu dei um aperto né? Não adianta, eu tenho que entrar para resolver essas coisas...
- Ahã... pois é...
- Mas e daí, alguma previsão?
- Não, como falei, eles estão investigando, ainda não sabem como resolver.
- Mas já são 11:45 da noite!
- Eu sei, infelizmente, não há nada que eu possa fazer. É tudo com eles agora.
- Sei... bom, eu preciso ir agora, não posso mais ficar aqui para vocês. Como é que vai ser?
- Eu acho que conseguimos nos virar sem você, Paulo...
- Ok então. Bom, vê se não dorme muito tarde, amanhã será outro dia daqueles, primeiro dia de sistema novo, sabe como é.
- Sei, até mais.

Joe ficou paralisado por alguns instantes. "Vê se não dorme muito tarde", ficou repetindo para si mesmo... O que Paulo queria dizer com aquilo? Que ele podia ir dormir agora e resolver os problemas amanhã? Ou que ele tentasse resolver tudo em 15 minutos com um passe de mágica para poder ir dormir em seguida?

"Gerentes...", pensou Joe. E voltou para o seu computador. Alguém tinha que fazer aquela fábrica funcionar no outro dia.

Reggie, the Engineer
--