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quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Pampeador e o Trovador

Paulo Gentille era uma assumidade em gerenciamento de projetos. Havia sido responsável por alguns dos mais complexos projetos do país. Era consultor, doutor, pesquisador, em suma, um grande entendido do assunto. Foi convidado para participar de uma mesa redonda sobre o tema em um congresso que acontecia em Gramado, na serra Gaúcha. O evento teria um sabor especial para Gentille, nos últimos anos seu título de melhor Gerente de Projetos da América Latina vinha sendo questionado. Rumores de um GP vindo lá do sul ganhavam força e o mito do tal Pampeador de Projetos ameaçava a sua hegemonia. Pois o tal Pampeador fazia parte da mesa de debates hoje, em poucas horas o mundo assistiria ao confronto dos dois maiores gerentes de projetos, mas apenas um sagraria-se vencedor. E Paulo tinha certeza do resultado.

Encontraram-se já na tribuna, em frente a um auditório com mais de mil pessoas. Gentille impecavelmente vestido em um de seus ternos de consultor e o Pampeador, de bota, bombacha e lenço vermelho. Na primeira fila sentava Sinval, assistente do Pampeador, ou como ele mesmo preferia chamar, seu Capataz de Projeto. O rapaz tentava se acertar com uma filmadora digital de última geração. Percebendo a confusão do jovem, Erci não perdoou:
- Ô guri! Tu filma direito esse negócio que eu não quero aparecer mais feio do que eu já no YoúTúbe.

Os debatedores falaram por trinta minutos, depois disso abriram para perguntas. Foi quando a coisa começou a esquentar:
- Vocês podem comentar os projetos mais difíceis que já gerenciaram?
Gentille adiantou-se a responder:
- Sem dúvida, o projeto da Urna Eletrônica foi um dos mais difíceis que eu já gerenciei, dada a complexidade do escopo e o tempo exíguo para a execução.
A resposta do Pampeador veio a altura:
- Olha, o que complica mesmo um projeto são os viventes. E quando mistura bugre de tribo diferente então é muito pior. Eu não sou de contá vantage, mas já toquei projeto que tinha uns cento e vinte indiano, três argentino, um padre e um canguru. O bicho pulava longe, mas quem deu mais trabalho foram os argentino mesmo. E prá piorar eles ainda torciam para o Boca.

O auditório caiu na risada. Gentille percebeu que estava perdendo terreno e resolveu lançar mão de seu super trunfo, seu recurso derradeiro.
- Mas não podemos falar de projetos grandes e complexos, sem lembrar de Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo, com milhares de trabalhadores envolvidos. Pois eu tive a oportunidade de ser o gerente desse projeto. 
A platéia parou em silêncio, aguardando a resposta do Pampeador. Esse olhou para o Sinval e tranquilizou baixinho:
- Pode deixar que o primeiro milho é dos pinto!
Em seguida disparou a resposta:
- Tenho que concordar contigo, esse foi grande mesmo. Eu conheço bem aquelas banda, já toquei projeto lá, mas foi bem antes da construção da usina.
Gentille estufou o peito para dar a estocada final no adversário:
- Mas antes da usina não tinha nada lá, que diabo de projeto foi esse?
Foi quando o Pampeador devolveu a rasteira:
- E quem tu acha que cuidou do projeto das catarata pro véinho lá de cima?


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Outras do Pampeador:

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Jack DelaVega

terça-feira, 27 de abril de 2010

Liderança, Foco no Cliente, e o Jurídico


Foi difícil, mas estou de volta.

Depois de algumas semanas de férias, exatamente quando planejava voltar para casa, acontece o tal problema do vulcão Islandês. Se já era pequeno o número de pessoas que sabia apontar a Islândia no mapa, muito menos eram os que sabiam que existiam vulcões por lá. A verdade foi que o bicho causou uma das maiores e mais esquisitas crises aéreas que se tem notícia. Mas mesmo de uma tragédia dessas, que causou dor de cabeça e prejuízo para um bocado de gente, dá para se tirar algumas lições. Quer ver?

No domingo, dia 18 de abril, eu embarquei de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, sabendo que meu vôo para Paris havia sido cancelado. Ali, no balcão da Air France, eu fui avisado de que os vôos do dia seguinte também estavam cancelados, não me restando outra opção a não ser dormir na cidade-maravilhosa. Mais ou menos ao mesmo tempo, um Boeing 747 decolava de Londres, mesmo com o fechamento do espaço aéreo comercial. O avião era da British Airways, e seu objetivo era sobrevoar a Cornuália, o País de Gales e o Mar Irlandês - regiões cobertas pela nuvem de cinza expelida pelo vulcão. A bordo do avião apenas uma pequena tripulação composta de experientes pilotos. Olhando curioso por sobre os ombros dos pilotos estava a bordo também Willie Walsh, CEO da British Airways. Quieto, ele acompanhou o desenrolar do vôo de teste com extrema atenção, até que o mesmo pousou com segurança em Cardiff umas 3 horas depois, seguindo direto para o galpão de manutenção da empresa. Começava o movimento das companhias aéreas pela re-abertura do espaço aéreo comercial.

Na terça-feira, depois de acompanhar as notícias de que a situação havia melhorado significativamente nos aeroportos Europeus, rumei novamente para o aeroporto do Rio. Eu e mais 3.500 passageiros. A notícia era que a Air France voaria naquela tarde, e ninguém queria ficar de fora. Fui informado que, por orientação do Departamento Jurídico da empresa, os passageiros daquele dia teriam prioridade sobre os que estavam esperando por um vôo desde quinta-feira. Perguntei qual o racional para tal decisão, e me informaram que "os contratos ainda em vigência deveriam ser cumpridos". Quem me disse isso foi a Cristina, supervisora de atendimento ao cliente, que estava lá no meio do saguão, incansável, escutando e conversando com praticamente todos os passageiros. Graças a Deus ainda temos, de vez em quando, a Cristina.

Logo percebi que o processo de check-in não estava exatamente seguindo a direção do Departamento Jurídico. Os atendentes faziam uma triagem informal. Havia uma lista de espera onde o motivo da viagem e o número de dias / condições de espera eram anotados. Passageiros do dia, em viagem de férias, eram fortemente (fortemente mesmo) aconselhados a não viajar. "Como você sabe se vai chegar ao seu destino?" perguntavam os atendentes. "Você tem dinheiro para pagar hospedagem em euros se ficar preso por lá?", completavam. Aos poucos, o pessoal com bom-senso foi desistindo. E assentos foram liberados para serem ocupados por famílias que há 3 dias zanzavam pelo Rio de Janeiro, loucas para irem embora para casa. Acabamos partindo mais de 2 horas depois do previsto. Tudo porque aqueles atendentes, liderados pela Cristina, fizeram de tudo para ocupar cada um dos 416 assentos disponíveis, e agradar o maior número de clientes possível. Obrigado Cristina.

Uma crise mostra de fato a cara das pessoas e das empresas. Pessoas como Willie Walsh, mais do que um CEO, um líder de fato. Há quem diga que ele arriscou a vida planejando e embarcando naquele vôo teste. Mas quando o líder demonstra esse tipo de comprometimento com o objetivo, todos embarcam atrás. Não tenho dúvida que aqueles pilotos voariam com ele até onde fôsse necessário. Willie foi responsável pelo início do final da crise aérea. Enquanto muitos falavam, ele foi lá e fez. Cristina liderou o seu time de atendimento ao cliente em uma situação para muitos insustentável. Cerca de três mil pessoas na porta do seu balcão, reclamando de maneira ostensiva sobre algo que você nem tem culpa não é nada agradável. Mas Cristina não perdeu a calma, foi extremamente bem-educada e encaminhou a situação da melhor maneira possível. Ela tinha a responsabilidade de gerar a melhor lista de passageiros para aquele vôo. E assim ela fez. Não usando princípios comerciais - a despeito da direção da companhia, mas sim princípios válidos em situação emergencial, como era o caso.

Liderança e foco no cliente. Pelo menos os meus 4 dias de espera para chegar a Dublin serviram para me lembrar desses dois pilares fundamentais. Ah, e também serviu para lembrar que o Departamento Jurídico raramente serve para alguma coisa. Como bem diria o Pampeador de Projetos: "beleza não me impressiona; conheço muito campo feio que dá boa aguada...".

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tribo no TEDxSudeste

Pessoal:
Confiram e votem no vídeo de Jack DelaVega para o desafio do TEDxSudeste e ajudem a Tribo do Mouse a participar desse evento e compartilhar a nossa história com mais pessoas.



A Tribo agradeçe
Um abraço Jack, Reggie e Zambol.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Será o fim de Maslow?

Quem nunca ouviu falar de Maslow atire a primeira pedra. A sua teoria da pirâmide de necessidades está embutida em 99% de todas as teorias motivacionais, cursos de liderança e de desenvolvimento pessoal e profissional que hoje existem.

Se você não se lembra exatamente a teoria de Maslow, é aquela que se define que as necessidades das pessoas segue uma hierarquia e que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto, ou seja, elas são atingidas em uma ordem específica. A pirâmide ao lado representa os 5 níveis da teoria de Maslow. No nível mais baixo estão as necessidades fisiológicas, como comida. Ninguém consegue pensar em segurança e estima se não tiver fatores tão básicos resolvidos. E por aí segue. O segundo nível é o da segurança, que significa tanto segurança na vida como segurança no emprego.

Ainda segundo Maslow, as necessidades fisiológicas, de segurança a algumas sociais são fatores desmotivacionais ou higiênicos. Ninguém consegue motivar alguém suprindo essas necessidades, mas certamente a falta gerará desmotivação. Todos os outros níveis já são considerados fatores motivacionais.

Pois bem, técnicas modernas de estudo do cérebro estão destruindo com algumas bases de Maslow. Na Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla), algumas pessoas foram submetidas a um jogo eletrônico enquanto tinham seu cérebro monitorado. O jogo, apelidado de Cyberball, consiste de três avatares que jogam bola entre si. Você controla um dos avatares. O interessante do experimento é que, no meio do jogo, os outros dois avatares simplesmente começam a ignorar o seu avatar e jogar bola somente entre si, não passando mais para o seu avatar. O sentimento de exclusão e de raiva gerado pelo ostracismo dentro do jogo foi mapeado no cérebro na mesma zona da dor física, ou seja, o sentimento de exclusão provoca no cérebro a mesma reação que a dor física. A conclusão do estudo é que a "dor social" e a dor física podem causar no ser-humano sentimentos e reações muito análogas.

Os cientistas envolvidos na experiência justificam a reação do cérebro alegando que, para um mamífero, estar conectado socialmente com quem fornece carinho é essencial para a sobrevivência.

A conseqüência do estudo é incrível. Em uma empresa, se uma pessoa sente-se excluída, traída ou não reconhecida pode estar sofrendo tanto quando um soco na boca do estômago. Pessoas já habituadas no ambiente de escritório podem até estar mais habituadas a essa dor, mas continuam sentindo a mesma dor, afinal, ninguém consegue se isolar da dor de um beliscão no pescoço. Junto com a resignação a dor social, entretanto, a restrição da atuação e o conformismo geral vêm de arrasto, fazendo o profissional para de pensar fora da caixa e tendendo a agir mais mecanicamente do que qualquer outra coisa.

Estudos anteriores e até parte do estudo de Maslow, baseiam-se no fato das prioridades que o cérebro dá a certas ameaças - externas e internas. Por exemplo, quando estamos com fome o cérebro considera a falta de alimento algo que deve ser respondido como prioridade número 1 e, conforme o nível da ameaça, seqüestra a amígdala para agir de forma rápida mas também emocionalmente devastadora. Até aí, tudo bem. As duas teorias se juntam.

Onde o novo estudo da Ucla entra em conflito com Maslow é exatamente na área social, que na pirâmide de Maslow situa-se parte na faixa do "Relacionamento" e parte na faixa da "Estima". Segundo o estudo, o cérebro trabalhará contra a ameaça de exclusão, humilhação e outros tipos de dores sociais da mesma forma que a dor física ou fome. Ou seja, dependendo do nível, pode inclusive seqüestrar a amígdala e fazer a pessoa agir de forma praticamente irracional para solucionar o problema.

Com base nesse estudo e em outros que descobriram como nosso cérebro reage a dores e ameaças sociais, cinco qualidades foram enumeradas como essenciais para qualquer executivo ou líder de empresa aprender a lidar e ter na cabeça para minimizar a resposta à ameaça e facilitar a resposta à recompensa. A sigla para essas cinco qualidades em inglês é SCARF (status, certainly, autonomy, relatedness e fairness). Em português, foram traduzidas para status, segurança, autonomia, conexões e justiça. O modelo é de David Rock.

O status está lá por ser uma necessidade. Pessoas podem ter um aumento grande em seu salário, mas se não forem valorizadas e respeitadas no dia-a-dia em relação aos seus pares, tudo pode ir por água abaixo. O feedback, por exemplo, uma ferramenta hoje espalhada em todas as organizações, é um grande instrumento para diminuir o status se não usado com grande cautela. Entender o papel do status na organização é essencial para qualquer líder para evitar comportamentos automáticos e contraproducentes.

A segurança é também essencial em qualquer ambiente produtivo. Você já foi para o trabalho e, ao chegar lá nem sabia como tinha chegado lá, pois nem pensou em mudar marchas e muito menos o caminho que seguiu? Pois bem, o cérebro, à frente de uma situação de segurança, baseia-se em conexões fortemente estabelecidas, guarda energia e libera o resto do cérebro para pensar em outras coisas. É claro que a zona de desconforto é necessária, pois é aí que desafios e novas conexões são criadas. Entretanto, entender a forma que o cérebro age à segurança e a sua importância para a produtividade é fundamental para qualquer um.

A autonomia é interessante. Basicamente, os estudos comprovaram que a capacidade de se tomar decisões sem muita supervisão faz com que o estresse permaneça sob controle. Na prática, estamos falando de empowerment, prioridade número 1 em qualquer gerência ágil.

Ter conexões significa ter um grupo de pessoas e sentir-se parte do mesmo grupo social. Todos de uma certa forma sabemos disso por experiência própria. Quando uma nova pessoa nos é apresentada, pensamos, consciente ou inconscientemente, em diversas coisas para saber se consideramos a nova pessoa amiga ou inimiga. Se ela for percebida como diferente, o cérebro fará com que a informação viaje por um caminho associado a sentimentos desconfortáveis. O corolário para se manter as conexões é que não se deve colocar uma pessoa diferente em um grupo aleatoriamente, pois afetará a produtividade. A inclusão deve ser cuidadosa e pensada como uma estratégia.

A justiça é uma qualidade que fala por si. Ela é tão poderosa que pode gerar reações ainda mais extremas que a do status, ou seja, pode fazer as pessoas agirem fora da racionalidade, com sua amígdala totalmente seqüestrada.

Não devemos esquecer a pirâmide de Maslow, de forma alguma. Ela ainda tem o seu valor. O que é importante nessa grande descoberta é o quão crítico a dor social é para as pessoas. Usar o modelo SCARF não é opcional para líderes e executivos e, assim como Maslow, será inadmissível daqui a poucos anos não saber o modelo SCARF e não tomar ações pensando nas cinco qualidades para manter a sua equipe motivada, focada e com sede de novos desafios.

Dr. Zambol
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quinta-feira, 15 de abril de 2010

3 Anos de Tribo do Mouse!

1095 dias. Essa é quantidade de dias em 3 anos. Esse é o tempo que a Tribo do Mouse existe. Sim, estamos completando 3 anos essa semana.

Durante esse tempo, junto com meus amigos Jack e Reggie, criamos em torno de 450 textos. Publicamos um livro. Criamos algumas dezenas de podcasts. Pagamos campanhas publicitárias. Fizemos parcerias com diversos sites. Conseguimos mais de 1100 seguidores no Twitter. Aprendemos muito.

A lista acima poderia continuar por muitos outros parágrafos. Mas as coisas que mais me orgulham quando olho para trás é saber que temos leitores fiéis que nos acompanham desde o início e que cada um de nós hoje é uma pessoa melhor do que seria se a Tribo não existisse. A parceria, a geração de idéias, a rotina de sentar semanalmente e escrever um texto e a leitura de excelentes textos dos outros autores não mexeram só na minha vida profissional. Sinto orgulho de dizer que mudei. E mudei porque aprendi muito, seja quando estava pesquisando para escrever um texto, seja quando lia os textos dos outros autores, seja quando discutíamos estratégias de crescimento, tratando a Tribo do Mouse como uma pequena empresa na qual todos amam o que fazem.

Nesse grande marco da Tribo gostaria de agradecer aos meus colegas Jack DelaVega e Reggie The Engineer - pessoas que admiro muito além do âmbito do blog - por serem essas pessoas auto-motivadas, com índole intocável e que sempre demonstraram, em qualquer circunstância, uma atitude coerente e uma empatia de dar inveja.

Também gostaria de agradecer, é claro, à grande razão de existir da Tribo: os leitores. Alguns desse leitores estão conosco desde o primeiro dia. Alguns outros enviaram textos criticando e discordando de pensamentos ali expostos. Outros ainda enviaram e-mails e comentários dizendo que um texto específico lhe havia feito ver um problema que estavam passando apenas como um desafio necessário. Outros leram silenciosamente diversos textos, reclamando para alguns colegas do lado quando o texto era considerado ruim e enviando links para seus amigos quando o texto era considerado bom.

De uma forma ou de outra, saiba que você leitor é a razão de existir da Tribo do Mouse. E acredite que, pelos comentários e sugestões, confesso em nome dos três autores que temos orgulho em escrever para um público tão brilhante. É o que nos mantém motivado. É o que mantém a chama da Tribo acesa.

Se ao menos uma pessoa se tornar melhor lendo a Tribo, nosso objetivo foi cumprido.

Obrigado pela companhia. Esse ano, teremos muitas surpresas, entre elas nosso novo livro sobre desenvolvimento pessoal e como se tornar um grande profissional.

Dr. Zambol
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terça-feira, 13 de abril de 2010

Três Anos

Pessoal:
Essa semana a Tribo do Mouse faz três anos. Em comemoração, estamos re-publicando o post que o Reggie escreveu no nosso primeiro aniversário. É um texto que fala um pouco do nosso começo, nossas motivações e principalmente sobre paixão pelo trabalho. Espero que gostem.


Três anos de Tribo, mas ela sempre esteve lá

Passou rápido. Ainda parece mês passado. Me lembro de estar em Porto Alegre, se não me engano na Cachaçaria Água Doce, tomando uma cerveja e comendo uns petiscos. Estavam eu, Dr. Zambol, Jack DelaVega e mais alguns amigos do trabalho. Discutíamos alguns ocorridos recentes, coisas que haviam nos deixado mais uma vez indignados com o tal Corporate Game, a facilidade com que a falsidade e interesses menores se sobressaem em um ambiente de escritório, levando você junto. Se bem me lembro, alguns dias depois, o Jack publicou o primeiro post da Tribo (que naquela época não se chamava assim ainda), nos convidando para fazer parte dessa jornada.

Mas eu não vejo a Tribo nascendo ali. Para mim ela já existia há muito mais tempo. No meu caso ela vem desde a época em que eu ajudava meu pai a preparar as suas palestras sobre mudança organizacional. Quando ele pescava mensagens em discursos de filmes e fazia uma analogia com a vida no escritório, que para ele era uma indissociável extensão da nossa vida pessoal, feliz e infelizmente. A Tribo estava comigo quando comecei no meu primeiro emprego e quando pela primeira vez fiquei indignado com o meu chefe. Tenho certeza que ela estava lá quando ingenuamente eu fui usado em briguinhas menores no escritório, e também quando percebi que as pessoas são usadas no dia-a-dia muito mais facilmente do que eu pensava.


Não tenho como falar pelo meu amigo Dr. Zambol, mas acredito que a Tribo já estava com ele quando alguém duvidou da sua capacidade pela primeira vez, e ele provou que estavam errados. Percebi o espírito da Tribo nele quando trabalhamos sentando lado-a-lado durante poucos meses, num dos períodos mais gratificantes da minha curta vida profissional (nunca eu tive tanta vontade de acordar e ir trabalhar como quando sentava com os “Galáticos”). E tive certeza de que fazíamos parte da mesma Tribo quando ele me deu um dos mais fantásticos feedbacks que já recebi, na frente de um enorme grupo de pessoas em um treinamento de liderança.


Também não poderia falar pelo meu amigo Jack DelaVega, mas imagino que a Tribo também já estivesse com ele há muito tempo atrás. Acredito que a sua trajetória profissional sempre ascendente deve ter sido acompanhada de enormes questionamentos, principalmente para um cara que gosta tanto do que faz. Me lembro claramente de perceber o espírito da Tribo nele quando conversamos pela primeira vez, uma conversa que me fez imediatamente descartar um monte de bobagens que tinha ouvido a respeito dele. Ali estava um cara com quem eu iria aprender. E não demorou muito, acho que aprendemos juntos muitas coisas, como quando vivenciamos um “pequeno” conflito ético no trabalho, ou como quando ele sem pedir nada em troca me ajudou a galgar posições na minha carreira.

A Tribo sempre esteve lá, nós só a traduzimos em palavras. Ela está com cada um de vocês que se angustia, se frustra, ri, chora, tem vontade de xingar o chefe e bater um papo com o colega. Estará sempre com quem percebe que o trabalho é realmente uma extensão indissociável da nossa vida. Com quem escolhe fazer a coisa certa. Com quem nunca desiste de seus sonhos. Com quem não perde a capacidade de indignação. Com quem é honesto, ético, com quem trabalha duro. Com quem acima de tudo é apaixonado pelo que faz.

Espero que nesse tempo o seu trabalho tenha lhe dado mais alegrias do que normalmente, mesmo que tenha sido apenas quando você leu o post da Tribo. Estaremos por aqui por mais algum tempo, trabalhando para que isso aconteça. 

Abraços, 
Reggie, the Engineer.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sucesso é uma Jornada Contínua

Pessoal:
Esse é um vídeo curto do TED que fala da jornada para obtenção do sucesso profissional e de como fazemos escolhas erradas ao longo do caminho. São quatro minutos de valiosas lições.



[]s
Jack DelaVega

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Distância do Poder, Sucesso e Desastres Aéreos - Reedição

O IDP (Indice de Distância de Poder), mede quanto que pessoas menos poderosas em uma organização ou empresa esperam que o poder seja distribuído uniformemente. Geralmente está ligado a uma cultura.

Em culturas com altos índice de distância de poder (altos IDPs), as pessoas menos poderosas nas empresas aceitam relações de poder autocráticas e paternalistas. Em culturas com baixos IDPs as as pessoas esperam relações de poder consultivas e democráticas.

Os países com IDPs mais altos são a Malásia, a Guatemala e o Panamá. Os países com IDP mais baixo são Áustria, Israel e Dinamarca. Descobri esse índice na leitura do livro Outliers, de Gladwell. O índice foi criado pelo psicólogo Geert Hofstede enquanto trabalhava na matriz européia da IBM.

O que mais me impressionou não foi o fato do Brasil ter um IDP alto - já sabia disso. O que mais me impressinou foi uma segunda pesquisa, feita com pilotos, que mede a distância de poder existente na cabine de um avião. O Brasil, nesse caso, teve o IDP mais alto de todos, mais alto inclusive que as culturas orientais.

Os efeitos disso em uma empresa podem ser devastadores. Um diretor, gerente ou qualquer sujeito em posição de liderança em uma empresa não é nada sem o apoio inteligente do time. E apoio inteligente significa criticar construtivamente quando a posição do líder não faz sentido, necessita correção ou apenas pode ser otimizada. As razões disso são óbvias: nenhum ser-humano no mundo está sempre certo e certamente um grupo de pessoas tende a ter respostas mais acertadas que um único sujeito.

O vôo 052 da Avianca, de Bogotá a Nova Iorque, em 1990, acabou em desastre devido ao alto IDP dos pilotos, que consideraram os controladores de vôo de Nova Iorque, conhecidos por sua arrogância, superiores a eles. Devido as situações climáticas e do forte tráfego aéreo, os controladores requisitaram ao piloto para dar voltas à espera do momento certo de aterrisar. Depois de, polidamente, tentar avisar diversas vezes aos controladores que estavam ficando sem combustível, declararam apenas que queriam prioridade para aterrisagem, mas nunca declararam emergência. Na caixa-preta, a gravação indica que piloto e co-piloto acreditavam que os controladores estavam zangados com eles - razão pela qual não reclamaram ostensivamente - mesmo tendo perigo de vida. Falaram de forma tão polida que os controladores não entenderam que era uma emergência. Naquela noite, 73 pessoas morreram, quando o combustível finalmente terminou no meio de uma das "voltas" requisitadas pelos controladores.

Em outro acidente aéreo, o co-piloto e o engenheiro de vôo tentaram avisar insistentemente, mas novamente de forma absurdamente polida, devido ao alto grau de IDP da Coréia, que o piloto estava errado e não havia pista alguma em frente, e que ele estava sim indo em direção a uma montanha. O piloto, por não entender que estavam dizendo que ele estava errado (e creia, nem eu entendi que eles estavam falando isso depois de ler a transcrição da caixa-preta, tamanha era o cuidado que eles tinham para não contrariar o piloto), seguiu o curso normal, que fez com que o avião se chocasse no monte Nimitz, matando 228 das 254 pessoas a bordo.

Você já parou para pensar no que isso signifca em uma empresa? Se mesmo perto da morte as pessoas ainda mantém essa distância e o medo do comandante e do líder , quem dirá no dia-a-dia de uma empresa, onde certamente não há risco real de vida?

Você, como líder de sua organização, tem o dever não apenas de incentivar a comunicação, mas formalmente exigir opiniões conflitantes e idéias de melhoria ao plano apresentado. Quem está no dia-a-dia da operação muitas vezes possui atalhos e visões às vezes muito difíceis de serem percebidas para quem não está próximo da operação.

Desconfie quando todos concordam com você. Desconfie ainda mais quando há muito silêncio. Opiniões conflitantes são a maior arma que um líder pode ter. Sem elas, você pode acabar batendo de cara no monte Nimitz, sem nem perceber que estava indo na direção errada.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Estância de Projetos

Juvenal andava atucanado. De quinze em quinze minutos tinha alguém parado na sua mesa. 
- Ôoo Juvenal, como é que anda aquele projeto para o Comercial?
- Fala meu amigo Juvenal, e o projeto dos coletores para a área de Operações, tá saindo?
- Juvenas...
Juvenas? Juvenas é dose!
- Juvenas, se não sair até amanhã vou reclamar para o chefe.
Sentia-se trabalhando em uma padaria. Pior, uma pizzaria, pois cada um queria um sabor diferente e nenhum deles estava no cardápio. Estava a ponto de ter um colapso naquele final de sexta-feira quando um amigo fez o convite:
- E aí Juvenal, vamos fazer um churrasco na fazenda de um amigo meu, topas?
Ele aceitou na hora, tudo que precisava era uma cerveja e uma boa picanha para tira o stress e relaxar um pouco.

O churrasco correu tranquilo, como todo bom churrasco deveria correr. Erci, o dono da fazenda era no mínimo pitoresco, um sujeito que misturava grossura com erudição. Ficou surpreso ao descobrir que ele trabalhava como consultor em Gerenciamento de Projetos e que era conhecido no meio como o "Pampeador", tamanha a facilidade que tocava seus projetos. Depois do almoço, foram matear embaixo de uma figueria e, por sugestão do amigo, Juvenal decidiu compartilhar seus problemas com o ilustre Pampeador:
- Pois é Pampeador, a coisa está complicada lá na empresa. Sou um gerente de projetos, mas o problema é que sou um só,  por mais que tente não consigo me desdobrar em dez. 
- Vivente, isso não é previlégio da tua empresa. Todo o lugar é assim, tem sempre mais trabalho do que gente disponível para o batente. Mas, não podemos se entregar, é como falava o meu pai: "Não tá morto quem peleia, dizia um lambari no meio de quarenta baleia." Ou como dizia o meu avô: "Não tá morto quem labuta, gritava um marinheiro no meio de quarenta p..."
- Entendi, entendi, não precisa completar a rima Pampeador. Mas o que eu faço?
- Tu precisa organizar o chinaredo. A solução é implantar uma Estância de Projetos.
- Estância?
- Isso, os metido por aí chamam de PêÊmÔu (PMO), ou Escritório de Projetos, mas eu prefiro chamar de Estância mesmo. Afinal, a estância é o lugar onde o projeto se cria, desde de quando ainda mandinho. Tá vendo aquela granja lá no fundo do pátio?
- Sim.
- Lá é a mesma cousa. Não dá para alimentar todos os garnizé do mundo. Mas os que entram na granja tem que se criar. A empresa que não gerencia por projetos tenta fazer de tudo, mas não consegue fazer nada bem. É muito garnizé pra pouco milho, não tem como os bichinos se desenvolvê. O papel da Estância de Projetos é discutir, priorizar e aprovar com a Diretoria Executiva da empresa quais projetos serão executados. É escolher bem os garnizé e garantir ração para eles.
- Entendi, o negócio é organizar o chinaredo com uma Estância de Projetos. Quero ver eu vender pro chefe essa idéia.
- Explica pra ele a história dos garnizé. Ah, e muito importante, tá vendo aquela cerca ali em volta da granja?
- Sim
- É pra não deixar os graxain entrá.

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Outras do Pampeador:

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Jack DelaVega