sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Hora de Sair

Em primeiro lugar, queria me desculpar com o leitor pelo atraso na postagem. A conexão internet que tenho em casa caiu desde ontem de noite e não voltou até agora (maldita NET). Trouxe o post pronto para o serviço em um Memory Card, mas Murphy estava presente e o cartão não teve jeito de ser lido.

Enfim, desculpem-me o atraso na postagem e segue post.

Um bom final de semana.
--

Estava sendo expulsa dali, tinha certeza absoluta. O pior é que não fizera nada errado. Sentia-se completamente traída. Depois de tanto tempo naquele lugar, tinha certeza que sua adaptação seria mais do que dolorosa - e não se sentia pronta para aquilo.

A pressão era tanta para que ela se retirasse que não estava conseguindo mais resistir. Mesmo assim, não ia ajudá-los nessa tarefa em nada. Se quisessem tirá-la, teria que ser pela força bruta.

Sentiu muito medo - mais do que em qualquer outra situação que já havia vivido. Talvez o medo estivesse amplificado devido à forma com que levava a vida: estava sempre sozinha, sem contato com praticamente ninguém. Para dizer a verdade, para ela aquilo era muito mais do que um lugar para passar 8 horas por dia. Era a sua vida. Só se sentia amada e querida ali.

Pensou novamente nas chances de ficar bem ali com tantas pessoas querendo a sua saída. "Certamente nenhuma", pensou. O auto-conhecimento e a constatação desse fato foram suficientes para que ela então decidisse ir embora por conta própria.

Olhou uma última vez à sua volta. Iria tentar sair sem ninguém perceber. Abaixou a cabeça e começou a se dirigir à saída. Ia tentar se movimentar da forma mais rápida possível. Sabia que essa decisão iria mudar completamente sua vida. Mas tinha que estar preperada.

"Será que estou ouvindo pessoas comemorarem?", "Será que estão percebendo que estou saindo para nunca mais voltar?". Não, não pode ser. Estou ouvindo coisas... Nem se deu ao luxo de parar para pensar muito nessas coisas, pois já tinha tomado a sua decisão. Doa o que doesse, sabia que o seu tempo lá tinha se esgotado.

Chegando perto da saída, sentiu uma forte dor no peito. Estava com dificuldade para respirar. Sentia-se tonta. Prestes a perder o controle, alguém lhe segura e lhe ajuda a sair.

Tenta abrir os olhos mas não consegue enxergar nada. Só vê um clarão muito forte. Embora esteja confiante da decisão, sente muito medo do seu futuro.

Mesmo sabendo que tudo o que fez foi correto, talvez por puro desespero, começa a chorar copiosamente. Mal ela sabe que talvez tenha sido a melhor e mais difícil decisão de sua vida.

"É uma menina. Se todos os partos fossem assim, nós, médicos, estaríamos pobres. Pelo jeito ela é bem decidida. Se virou e praticamente fez o parto sozinha!"

E foi assim que Francesca, que mais tarde se tornaria CEO da Vale, nasceu.

E você com medo das mudanças quando sair da sua empresa, né!? Tsc, tsc.

Dr. Zambol
--