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terça-feira, 23 de outubro de 2007

A Última Palestra

Pessoal:
Para que ainda não ouviu falar, Randy Pausch é um Dr. em Realidade Virtual da Carnegie Mellon, diagnosticado com um Câncer terminal e que tem apenas mais seis meses de vida. Essa é a última palestra dele, na qual ele fala de suas realizações, sonhos e lições de vida. Tudo com muito bom humor e uma visão positiva, que passa longe de qualquer sentimentalismo barato.

Website:
http://www.cs.cmu.edu/~pausch/
Última Palestra : http://wms.andrew.cmu.edu/001/pausch.wmv

O vídeo tem aproximadamente uma hora e meia, mas é simplesmente obrigatório. Vale a pena deixar de ver a novela ou a um jogo de futebol para assistir. Infelizmente não encontrei nenhuma versão legendada.
Abraços da Tribo do Mouse

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Proposta Irrecusável


“Arnaldo, vamos com calma” falou Bolívar, dirigindo-se ao centro da sala. Ele percebeu que a situação não era boa e teria que agir para não enfrentar um motim. Precisava tirar a razão de Arnaldo para diminuir a clara influência que ele estava impondo sobre os outros membros do time. Pensou um pouco e falou:

- Vocês continuem o trabalho. Não faria o menor sentido 17 pessoas se mobilizarem em uma situação dessas. Eu vou ligar para o hospital e ver o que podemos fazer pelo Anderson. Enquanto isso, mantenham o foco em colocar a fábrica de volta no ar. Não quero ninguém fazendo burrada.

Pensamentos voltaram a percorrer a mente das pessoas da sala. A maioria voltou à sua zona de conforto. Realmente, a abordagem do Bolívar parecia ser a mais sensata, não adiantaria nada sair correndo sem nem saber se poderiam mesmo ajudar o Anderson. Voltar ao trabalho era mais fácil.

Mas Arnaldo continuava de sangue quente. Mais uma vez ele estava vendo na sua frente a clássica situação do gerente que de vez em quando corre atrás para solucionar um problema que ele mesmo criou em primeiro lugar. Bolívar havia esfriado os ânimos do time com aquela atitude, mas Arnaldo sabia que o acidente de Anderson era apenas a gota d’água. Ele não aguentava mais aquele gerente que não protegia sua equipe, fazia tudo o que o cliente pedia – no sentido mais negativo da expressão, e vivia afastando a equipe das tarefas mais importantes, elencando prioridades que beneficiavam apenas a ele mesmo. Será que aquelas pessoas achavam que aquele ambiente de trabalho era normal? Será que apenas porque trabalhavam com informática era normal virar quase todo final-de-semana e viver correndo atrás das datas de entrega? Não existiria uma maneira de serem apenas funcionários normais como o restante da empresa?

Para Arnaldo, a resposta era obviamente sim. E isso passava necessariamente por Bolívar. A sua incompetência e amargura haviam levado a equipe até ali. Ele tinha que agir. Tinha que aproveitar a situação. Os ânimos tinham que continuar quentes. Levantou-se e foi até a mesa de Bolívar.

- Bolívar, estou saindo. Vou no hospital ver como o Anderson está.
- Arnaldo, já falei que vou cuidar disso. Já consertou o problema da fábrica? Aposto que não. Volte ao trabalho e pare de bancar o herói.
- Acho que você não ouviu direito. Eu disse que estou saindo. Não pedi a sua opinião. De agora em diante gostaria que você me tratasse como um adulto. O problema na fábrica não exisiria não fosse por você. O erro acontece na funcionalidade que você quis “dar de presente” para o pessoal da fábrica na última quinta-feira. Provavelmente por termos codificado aquilo na correria do final-de-semana e entregue sem testar suficientemente, a aplicação deve estar cheia de bugs. Mas isso você já deve saber, duvido que seja tão burro.
- Voce está louco de falar comigo assim Arnaldo!?! Quer ser demitido, é isso?

Àquela altura, toda a sala já assistia ao espetáculo.

- Me demita. Sem mim para arrumar as coisas pra você talvez fique claro para a empresa o tamanho da sua incompetência, e com sorte você também levará um belo chute no traseiro em breve.

Arnaldo virou as costas e foi embora. Quase não ouviu os aplausos dos integrantes do time e também perdeu a cara incrédula de Bolívar. Rumou para o hospital, onde seu amigo Anderson estava internado.

Chegando lá, constatou que Anderson, apesar da gravidade do seu estado, felizmente já havia saído do estado de coma. Estava consciente e conversava com dificuldade. Conversaram um pouco e Anderson logo se mostrou preocupado por estar com o pager.

- A propósito, se a fábrica está parada, como o Bolívar liberou você para vir aqui? – perguntou Anderson.
- Digamos que eu me inspirei no Don Corleone. Fiz-lhe uma proposta que ele não pôde recusar.

Reggie, the Engineer.
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quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Mau Tempo à Vista...

Bolívar convoca todo o time para uma reunião urgente.

- Pessoal, temos um grande problema. A fábrica de remédios L2 está parada devido a um problema no módulo de Shipping. E finalmente descobri onde está o Anderson: no hospital. O que nos leva a um problema maior ainda. Estamos sem Pager. Quero uma linha aberta com a fábrica agora e a atenção de todos até a solução do problema.

- Como assim no hospital? O que houve? Pergunta Arnaldo, o melhor amigo de Anderson.

- Não tenho maiores detalhes e, para ser sincero, não temos tempo para isso agora. Todos de volta ao trabalho!

O cérebro humano funciona de uma forma muito estranha. E todas as 17 pessoas daquela sala percorreram pensamentos diferentes. A maioria se colocava no lugar de Anderson, que havia ficado até mais tarde na noite passada e havia dirigido naquele estado – depois de ter virado duas noites seguidas. É, a maioria sentia medo. Medo da situação que aquele clima havia criado. Um clima onde o resultado o esforço não valia nada e a falta de planejamento fazia com que nunca se alcançasse algo bom. É claro que na hora que pensavam em si mesmos naquela situação, as experiências pelas quais cada um havia passado na vida alteravam em muito o sentimento, que variava desde a culpa até uma saudade do pai.

Uma pequena parte daquele grupo levou seu pensamento para outro lado: o da indiferença. Fosse momentânea ou não, a indiferença nessas pessoas fazia com que elas se focassem exclusivamente no trabalho que precisava ser feito. “O que ocorreu eu não posso mudar. Tenho que cuidar do que precisa ser feito. Agora não há tempo para nada”. Bolívar ficaria extasiado se conseguisse ler o pensamento deles. Era desse tipo de profissional que ele precisava.

Arnaldo não. Estava em outra categoria e fase de pensamentos. Estava com ódio. Depois de ligar para o Hospital, descobriu que Anderson estava com traumatismo craniano e se encontrava em coma. O estado dele era “estável”, segundo os médicos. Ódio do que era submetido naquela empresa. Ódio por ter que explicar 20 vezes a mesma coisa para Bolívar, que por sua vez não fazia nada para ajudar a equipe – muito pelo contrário, só atrapalhava retirando e incluindo escopo sem organização alguma. Ódio de se dar conta só agora que aquilo não valia a pena. Os últimos 6 meses tiveram apenas dois fins-de-semana livres.

Sabia que era seu dever fazer alguma coisa. Sabia que era hora de fazer alguma coisa. Olhou em volta e todos já haviam voltado aos seus lugares, uns pensativos, outros nem tanto. Bolívar, por sua vez, estava em seu aquário tradicional.

- Pessoal, falou em voz alta para todos, não sei se todos conhecem essa história, mas vou contar igual. Pesquisadores da Rússia decidiram fazer uma pesquisa junto a pacientes terminais. Era para ser algo simples – os pesquisadores deveriam entrevistar os pacientes que tinham os dias contados e fariam perguntas sobre a vida. Entre as perguntas, estavam coisas como “Do que você mais se arrepende na vida?”, “O que você faria se descobrisse que não irá morrer em breve?”, “Você estava pronto para ouvir uma notícia com a que seu médico lhe deu?”. Nenhuma das pessoas que se encontravam naquela situação falou do trabalho – nem bem, nem mal. Entre as coisas que mais se arrependiam estava não ter abraçado mais o seu filho. Viajar e amar estavam entre as respostas do que elas iriam fazer se descobrissem que não iriam morrer. E praticamente nenhuma pessoa estava pronta para morte, principalmente porque havia arrependimentos e coisas a ser resolvidas ainda. Mas ninguém tocou em trabalho, nem para reclamar. Parece que era algo muito insignificante para ser lembrado naquele momento.

Enxugou a lágrima que começava a escorrer de seus olhos e continuou.

- Queria ao menos uma vez fazer a coisa certa. Não tem sentido a gente trabalhar se não for para construir algo bom. E esse algo bom pode ser feito agora. Fiquei sabendo que o Anderson tem sangue AB+. Ele é receptor universal. E precisa muito de sangue. Todos aqui podem colaborar. Se não for para doar sangue, que seja para ajudar com alguma despesa. Ele sempre foi um cara legal, um bom líder. Não queria deixar ele à sorte do destino. Poderia ser qualquer um de nós, sabemos disso. Esses dias quase bati o carro voltando para casa depois de ficar 20 horas seguidas trabalhando aqui, nessa mesma sala em que estamos. Se todos sairmos juntos, não há como ninguém nos culpar. Quem pode ser culpado, sou eu, e estou pronto para isso.

O silêncio sepulcral representava o sentimento presente naquela sala. E a cara de incredulidade de Bolívar, que havia escutado boa parte do discurso, entregava que estava ainda em choque, não conseguia acreditar naquilo.

É. O cérebro humano pode até trabalhar de maneira estranha. Mas às vezes funciona, e bem.

Dr. Zambol.
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segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Mais uma tranquila manhã de Segunda Feira

Bolívar já estava sem paciência. Nove e meia da manhã e nada do sujeito. Ligou para o celular, nada, desligado. Ficou sabendo que eles ficaram trabalhando no fim de semana para deixar as coisas em ordem para Segunda Feira, mas como ele mesmo gostava de dizer:
- Não quero saber se o pato é macho, eu quero é ovo.
Se vocês querem trabalhar no fim de semana para botar em dia o trabalho que deveriam ter feito durante a semana, por mim tudo bem. Mas na segunda quero todo mundo aqui as oito.
Onde já se viu? Passam o dia na internet, por isso não terminam o trabalho. Cambada de vagabundos!!
No meu tempo, lembrou, não tinha isso. Primeiro que sempre entregava minha parte em dia, foi por isso que virei gerente. E se tivesse que trabalhar fim de semana, azar. Sábado é dia útil e Domingo é ponto facultativo já dizia seu antigo chefe.
Procurou o resto do time. Estavam todos lá, uns com olheiras, com cara de sono.
- Vocês sabem do Anderson? - A pergunta não foi dirigida para ninguém em especial.
- Olha, a última vez que eu falei com ele foi ontem de madrugada, saímos daqui por volta das duas, mas ele ficou um pouco mais para terminar a parte dele.
Só falta agora eles quererem que eu fique com pena, pensou.
- Deixa eu conferir o celular dele, porque ele não está atendendo. Pelo que eu sei, ele está com o pager essa semana, se der algum problema como é que a gente faz? Vocês tem que ter mais responsabilidade, isso aqui não é brincadeira.
Pensou em começar um discurso, mas olhou no Blackberry, já estava quase na hora da sua próxima reunião. Tentou mais uma vez o celular, a última chance. Se for pra chegar depois das dez é melhor que nem venha mais.

Anderson deixou o escritório por volta das quatro e quinze da manhã de Segunda Feira. Mais um daqueles longos fim de semana trabalhando. Tudo para deixar o sistema funcionando para quando o pessoal chegar. Foi sofrido, é verdade, mas bem feito. Mesmo que as coisas não tenham ocorrido 100% como planejado, tudo deve estar ok para a manhã seguinte.
Ele entrou na Freeway em direção a sua casa pouco depois das quatro e quinze. A pista estava escura e tranquila, totalmente diferente do tráfego louco dos fins de tarde. O rádio alto para ajudar na luta contra o sono, tocava Metálica, o álbum preto. E, talvez por uma ironia do destino, foi justamente quando tocava "Mr. Sandman" que aconteceu.

Foi tudo muito rápido, em um segundo ele estava contando as listras da estrada e acompanhando a batida da música, e num piscar de olhos depois, descendo o barranco que separa as pistas e batendo o carro contra a árvore. Antes de perder a consciência, seu último pensamento foi:
- Se der algum problema, quem vai cuidar do pager amanhã de manhã?

[]s
Jack DelaVega

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

A Vida de Pablo – Capítulo Final


Capítulo anterior disponível em: http://www.tribodomouse.com.br/2007/10/vida-de-pablo-captulo-3.html

Eram 8:50 da manhã. Faltavam 10 minutos para a reunião semanal com o time do projeto. León, como líder da equipe, conduzia a reunião, mas Victor, sendo o gerente da área, acompanhava as coisas de perto. A reunião começou e Pablo estava ansioso, queria mostrar o que havia feito nas últimas duas semanas, deixando claro que estava em um nível diferente dos demais e preparando o terreno para a conversa das 10:00 com Victor.

Pablo tinha tido muito pouco tempo para pensar na conversa com Victor. Mas sabia de coração o que dizer. Pretendia falar sobre a sua visão de como organizar e liderar um time. A situação atual não podia estar certa. Gente fazendo que trabalha, gente fazendo que cobra, gente fazendo que planeja. Funcionários sem tarefas mas sendo cobrados por chegar no horário. Funcionários com imenso potencial sendo sub-aproveitados. Incompetentes liderando e sendo promovidos. Decisões sendo tomadas sem envolver o time. Informações sendo ocultadas. Desmotivação geral. Queria apontar essas coisas erradas que via na empresa e se colocar à disposição para ajudar a melhorá-las.

- “Pablo!?”, a voz de León interrompeu bruscamente os pensamentos de Pablo, que já voavam altos.
- “Hã? Sim?”, respondeu Pablo gaguejando.
- “Falei com você! Pode nos falar sobre o status da sua tarefa que deveria ser entregue hoje?”, resmungou León.
- “Ah sim, claro. Terminei tudo já na quarta-feira, então fiquei revisando os requisitos com a Jocasta, fiz alguns testes a mais e mostrei para ela. Acho que estamos com as telas em um nível bem bacana, posso enviar para o time de testes e acho que não teremos problemas”, concluiu Pablo, confiante.

“Tenho só um comentário”, manifestou-se Xinsun, depois de um breve silêncio. Xinsun era outra figura clássica de uma organização. Um programador muito bom, mas que dava um dedo para apontar os defeitos dos outros, sempre na última hora. Chinesinho chato ele. “Ontem eu vi seu código no repositório, então resolvi revisar. Vi que você usou Ajax em todas as telas. Acho que isso foge do nosso padrão, não estávamos usando Ajax nesse tipo de tela. É só um comentário”, concluiu Xinsun, sempre sorrindo.

- “Não podemos fazer nada fora do padrão”, vociferou León. “Você vai ter que refazer tudo, e por isso vamos atrasar mais ainda o projeto. Pessoal, vamos ter mais cuidado, parece que vocês gostam de trabalhar no final-de-semana”.
- “Mas você que me disse para usar Ajax, León”, murmurou Pablo, bastante irritado pela situação mas meio trancado pela sua introspecção.
- “Eu lhe disse para seguir o padrão, esperava que você tivesse maturidade para procurar os outros colegas de equipe. Bom, paciência pessoal. Mais uma vez não atingiremos a entrega e vocês como time estão agora a 10 meses sem atingir as metas”, respondeu León.

Pronto, com essa frase de León, Pablo agora era o carrasco do time. “Que maldito líder de equipe esse!”, pensava Pablo. “Parece que fez de propósito para me testar! E agora, com que cara fico na frente do Victor? Com que moral vou falar com ele agora?”. Pablo estava muito abalado.

“Pessoal, antes de encerrarmos a reunião, quero fazer um comunicado”, falou Victor, quando todos já se levantavam. “Como vocês sabem, desde que o Rick saiu eu estou de gerente de vocês, mas isso era temporário. Quero comunicar oficialmente hoje que o León está assumindo a gerência da área, e o Xinsun é o nosso novo líder de projeto. Uma salva de palmas para eles!”.

Que alegria. Era tudo o que Pablo precisava ouvir agora.

Pablo ficou lá, sentado na cadeira, pensando sobre a sua vida, sobre os seus ideais, sobre o seu futuro, sobre a sua felicidade...

- “Sr. Pablo?”, a voz o interrompeu. “Deseja parar a entrevista por alguns instantes? Fiz-lhe uma pergunta mas o senhor ficou pensativo...”, questionou a voz feminina.
- “Ah, sim, vamos parar um pouco. De repente me vieram lembranças do passado, coisas que me aconteceram e me ajudaram a forjar os valores que hoje faço questão de implantar e manter vivos na empresa”, respondeu Pablo.
- “Bom, então certamente são coisas que contribuíram para que o senhor ganhasse esse prêmio de empresário do ano. Vamos fazer um break e depois falamos mais sobre isso”, completou a entrevistadora.

Pablo hoje é um empresário de sucesso, eleito empresário do ano. Dono de uma grande empresa na área de Tecnologia da Informação, ele ficou famoso nos últimos anos pelas mudanças que promoveu no ambiente de trabalho. Sua empresa esta a três anos no topo da lista das melhores para se trabalhar. Ele acredita fundamentalmente nas pessoas e em dar condições para que elas exercitem o melhor de si dentro da organização. Sem espaço para “bullshit”. Ele é casado com Gloria (lembram dela?) desde os tempos da Bogus e tem 2 filhos.

Para Pablo, não há nada como um dia após o outro.

Reggie, the Engineer.
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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

A Vida de Pablo - Capítulo 3

Capítulo anterior disponível em: http://www.tribodomouse.com.br/2007/09/vida-de-pablo-captulo-2.html

Aquilo tinha sido demais. “Micro-management” era algo que Pablo já estava até esquecendo que existia. Mas León, além de ser grosseiro, arrogante e aparentemente não ter conhecimento técnico suficiente para ser líder de projeto na Bogus, agora ia micro-gerenciar as tarefas da equipe. Aí já era demais.

Pablo tinha perdido 10 minutos para se livrar das perguntas de León a respeito da situação das tarefas e detalhes da implementação, e não faziam nem 2 horas que ele havia lhe passado o trabalho. Isso era ridículo.

Uma semana mais tarde, Pablo estava perto de finalizar o trabalho. Era apenas quarta-feira e o prazo final era sexta-feira, portanto haveria tempo suficiente para revisar e garantir que tudo estava certo, e ainda por cima para tomar uns cafés na cozinha e fazer umas fofocas. Pablo havia se virado com León na base do “enrolation”, ou melhor dizendo, devido à sua boa capacidade de comunicação. Aliás, essa cena é comum: o pseudo-gerente-supervisor-lead-ou-seja-lá-o-que-for faz de conta que está cobrando o time e mantendo todos na linha, e os membros da equipe fazem de conta que reportam status corretamente e que suas tarefas ocupam realmente a quantidade de tempo esperada. É uma coisa fantástica, um jogo de faz-de-conta em que um é mais cara-de-pau do que o outro. Mas ninguém põe fim ao jogo, é uma regra tácita e o mais júnior dos funcionários aprende ela em segundos. Pablo odiava esse tipo de situação imatura, mas tinha que jogar o jogo por força do ambiente.

Aliás, por falar em força do ambiente, àquela altura Pablo já havia identificado direitinho algumas figuras clássicas dentro da equipe. O Jones era o incendiário. Xingava a empresa e os superiores constantemente. Fazia fofoca de todo mundo, era preciso ter cuidado com ele. Dizia toda semana que estava procurando coisa melhor para ele, que não ia ficar em uma empresa dessas muito tempo. Mas já estava ali faziam 5 anos. Ele mesmo havia motivado muita gente a sair com aquele papo todo. Mas Jones virava um gatinho na frente da gerência. Fazia elogios, comentários construtivos, era interessado nas reuniões de time. Depois, só entre nós, era puro veneno. Que figura.

A Jocasta era o pavão do time. Estava sempre falando dela mesmo e de como ela já tinha feito isso na vida, de como já tinha estudado aquilo, de como tinha experiência. Na hora de fazer mesmo, de colocar a mão na massa, passava o trabalho para os outros. Era boa mesmo no Powerpoint, embora seu inglês fosse meia-boca-de-baixo. Mas ela tinha estudado em Londres, tá? Nem preciso dizer quem era a queridinha dos gerentes...

Naquela sexta-feira, dia da entrega de sua tarefa, Pablo estava um pouco cheio daquele ambiente e resolveu que ia fazer alguma coisa. Procurou Victor, seu gerente desde a saída de Rick (e também gerente de León) e pediu para conversar a sós. Victor concordou e marcou uma conversa para às 10:00, depois da reunião de time.

Pablo começou a montar sua estratégia: “na reunião de time eu apresento a minha tarefa pronta, mostro o meu bom trabalho e preparo o terreno para a conversa com o Victor, daí meto a boca no trombone e mostro que posso contribuir em escopo maior”.

“É a minha chance”, pensou Pablo, confiante.

* Confira o capítulo final na próxima sexta-feira.

Reggie, the Engineer.
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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Recrutamento de profissionais em TI recebe críticas

Hoje foi um dia de críticas contra processos de recrutamento na área de TI. Em um artigo publicado no Baguete, o estudante Eduardo Tomedi critica o uso de estagiários de TI como mão-de-obra barata.

“Atualmente o que vejo nas empresas de RH, é muitas (SIC) vagas em que o candidato precisa ter experiência de no mínimo um ano, ou que domine totalmente uma linguagem de programação…”

“…exigem que o estagiário seja um profissional completo, são as que têm a remuneração mais baixa de acordo com a função. Estas empresas usam o estágio como forma de ter mais um funcionário, mas este sem encargos tributários, se o mesmo tivesse carteira assinada…”

“…Existem várias empresas nessa situação, e muitos estudantes sem conseguir seu espaço no mercado devido a essa prática errada das empresas de ter mão de obra barata...”


Veja o artigo na íntegra aqui http://www.baguete.com.br/artigosDetalhes.php?id=359 .

No mesmo Baguete, o colunista Mauricio Renner fala de um leitor que lhe escreveu um e-mail reclamando de práticas de contratação de empresas do setor.

“…Meu leitor, que preferiu o anonimato, diz que apesar de jovem, já tem cinco anos de experiência como gestor de projetos, inglês fluente, visto de negócio para os Estados Unidos e experiência com documentações da Sarbannes-Oxley. Toda essa qualificação foi obtida no atendimento de uma multinacional americana, com direito a viagens a Nova Iorque e tudo…”

“…A queixa do meu hiper-qualificado missivista é que as empresas grandes nem recebem ele para uma entrevista, pois ele ainda não terminou a faculdade…”

Confira a coluna na íntegra aqui http://www.baguete.com.br/colunasDetalhes.php?id=2546 .

Acreditem, nós entendemos vocês... por isso estamos aqui.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Ouvindo a Si Mesmo

Olho pro lado. Vejo se ninguém nota minha cara. Não sei. O faxineiro passou por aqui e me olhou com uma cara de pena. Mas não dá nada. Não é ele que não pode saber que estou completamente desmotivado. É minha equipe.

Sento-me quieto, com a cabeça baixa. Tenho algumas tarefas para despachar. Tento me manter o mais isolado possível. Num momento de turbulência como esse, o melhor a fazer é continuar focado no seu trabalho diário – coisa que estou tendo muita dificuldade nas últimas duas semanas.

Dizem que será a maior reestruturação da empresa em toda a sua história. Minha preocupação aumenta a cada dia. Meu futuro aqui dentro parece bastante incerto.

De repente, o que eu mais temia acontece.

- Zambol, tem um tempinho? Queria falar contigo.

- Mas é claro – digo energicamente, tentando não transparecer meu desânimo.

Quanto entramos na sala, Marcão fala:

- Estou inseguro. Tem algum perigo nessa reorganização de eu trocar de posição? Sair do país? Ser demitido?

- Eu queria, antes de qualquer coisa, te dizer que pouco sei do que está ocorrendo. Está tudo ainda no nível de vice-presidente – não chegou nada em mim ainda. Trocar de posição é uma possibilidade, não vou te dizer que não. Mas não esquece que somos as únicas pessoas com conhecimento no mundo para suportar essa aplicação. Sair do país e ser demitido, sinceramente, são opções que descarto. Não posso te dar uma certeza de 100%, pois estaria mentindo, mas te garanto que a lógica joga completamente contra essas opções.

Tomo um ar e continuo.

- Mas não te preocupa. És um cara de valor – não só pra companhia, mas para a tua equipe e para mim. Vem fazendo consistentemente um bom trabalho. Tenho certeza que continuará agregando valor para a empresa em qualquer situação, qualquer lugar que tu fores aqui dentro. E não te preocupa com coisas que estão fora do teu controle. Além de não fazer bem, não resolve nada – só atrapalha o teu dia-a-dia.

Não sei quanto ao Marcão. Mas no fim daquele papo, eu estava muito mais leve.

Será que o cara da faxina mandou o Marcão me perguntar aquilo?

Dr. Zambol.
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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Pesquisa Salarial

Pessoal:
Segue o link para uma pesquisa salarial da área de TI, divulgada pelo IDG. É sempre bom analisar o mercado.

http://idgnow.uol.com.br/carreira/2007/05/16/idgnoticia.2007-05-15.0155019574/

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Tribo do Mouse