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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Continuem com Fome. Continuem Bobos.

Para ser sincero, nunca fui muito fã de Steve Jobs, mas ele é realmente um gênio. E é dos gênios que tiramos grandes lições.

Abaixo, está a transcrição do discurso que ele fez na formatura de uma turma de Stanford em 2005. Aproveite a leitura. Ela é realmente sensacional!

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Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura.

Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos

Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais dezoito meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei?Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: "Apareceu um garoto. Vocês o querem?" Eles disseram: "É claro." Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades.

Depois de 6 meses, eu não podia ver valor naquilo. Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria OK. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes.Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida.

Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo. Muito do que descobri naquele época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço.Vou dar um
exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante. Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou.
E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse. Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para a frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa - sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.

Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação - o Macintosh - e eu tinha 30 anos. E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício]. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo.

Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa. Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple. E Lorene e eu temos uma família maravilhosa.Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam.

Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último". Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?" E se a resposta é "não" por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.

Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.

Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de 3 a 6 semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas - que é o código dos médicos para "preparar para morrer". Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus. Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.

Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar.
E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui.
Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: "Continue com fome, continue bobo". Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês.

Continuem com fome. Continuem bobos.

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É o que também desejo para você, leitor da Tribo.

Dr. Zambol
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Leia Mais:
- Texto do Discurso em Inglês
- Vídeo com o discurso no YouTube

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Os Silva

O Pai do Mauro era Silva, como o filho. Colega na faculdade e sócio na minha primeira empresa, Mauro era um sujeito muito simpático, característica, que fui descobrir mais tarde, herdou do pai. Nossas famílias eram parecidas, nos valores e na classe social. A espremida classe média que sofria nos tempos de inflação com os dessabores dos inúmeros planos econômicos. Mas diferente de meu pai, que se valia de um pequeno comércio para garantir o sustento da família, o Silva era representante de vendas, emprego que garantiu a comida na mesa e a educação dos quatro filhos.

Foi durante o plano Cruzado, que aqueceu a economia brasileira durante alguns meses em 1986, que a classe média viu um esboço de sonho se concretizar. Lembro do meu pai, trocando de carro, a nossa velha Brasília por uma Belina, também usada, é claro, mas bem mais nova. Na família Silva a situação era semelhante, e o pai do Mauro realizou o seu sonho, trocou o Chevette por um Opala, um Opalão quase novinho, com poucos meses de uso. E como na música do Camisa de Vênus a familia inteira celebrou:

"Um dia me pai chegou em casa,
nos idos de 86
E da porta ele gritou orgulhoso,
Agora chegou nossa vez
Eu vou ser o maior, comprei um
Simca Chambord (ou um Opalão)"

Porém a felicidade do Silva não durou muito, por um motivo que ele jamais suspeitaria. Ao chegar nos clientes com o carro novo começou a ouvir comentários:
- E aí Silva, tá ganhando bem ein? Carro novo! Deve estar forrando os bolsos.
Mês a mês ele viu os pedidos minguarem. Os clientes agora evitavam comprar do Silva porque se ele estava com um carro "daqueles" devia estar tirando vantagens nos preços. Além do mais, quem dirige um Opala não deve precisar tanto assim de uma venda. A solução doeu no coração, mas Silva teve que vender o Opala e voltar para o Chevette, esse mais velho ainda que o anterior. E como num passe de mágica a reação nas vendas foi praticamente imediata:
- Aí Sílva, o houve com o Opala?
- Pois é, as vendas estavam fracas, não tive como manter o carro.
- Entra aí então que hoje eu vou te ajudar. Estou precisando de algumas encomendas para repor o estoque.
- Pô Silva, não deu pra manter o carro? Te falei que um carro desses gasta pra caramba. Mas entra aí que tenho que fazer alguns pedidos.

Estou lendo Sway:The Irresistible Pull of Irrational Behavior e lembrei imediatamente da história descrita acima. O livro fala do quanto nossos comportamentos sociais são motivados por fatores irracionais, como raiva ou inveja, nos levando a situações onde preferimos perder, contanto que o outro perca também. Leitura obrigatória para quem gostou do Blink e do Freakonomics.

[]s
Jack DelaVega

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Começar de Novo

“Larry estava ansioso. Na semana seguinte, mudaria de área dentro da empresa, algo que ele há muito tempo aguardava. Precisava respirar ares novos, conhecer gente diferente, o ambiente atual estava muito consolidado e ele não tinha mais espaço para crescer.

Júlio seria o novo gerente de Larry. Tratava-se provavelmente do gerente mais jovem do departamento, e Larry estava ‘com uma pulga atrás da orelha’ por causa disso. Larry foi até seu amigo Rodrigo e perguntou:

- E aí, como é esse Júlio?
- Olha, o cara se puxa* – respondeu Rodrigo.

Já na primeira reunião com Júlio, Larry percebeu que realmente tratava-se de um gerente diferente dos que ele havia conhecido até então. Júlio perguntava, ouvia, queria saber, deixava falar.

Trabalhar com Júlio sempre foi bacana, porque nunca se tinha certeza sobre o próximo passo. Como Randy Pausch define, o dia-a-dia ao lado de Júlio era repleto de ‘head fake learning’, ou situações das quais você participa e sem perceber acaba aprendendo alguma coisa. A mais memorável dessas situações foi uma ocasião em que Júlio pediu a Larry e mais dois colegas que trabalhassem em um treinamento técnico para a empresa. Larry nunca aprendeu tanto em tão pouco tempo. Mas mais importante, aprendeu coisas aparentemente não relacionadas com o treinamento em si, como a importância da interação e colaboração dentro de um ambiente profissional, a importância de falar bem sobre o que você faz tanto quanto fazer bem o que você faz, como liderar e influenciar pessoas sem a formalidade de um cargo, entre outras coisas.

E aquele ano acabou sendo um dos mais produtivos da carreira de Larry. Talvez não tanto do ponto de vista de progressão ou ganhos financeiros (que é como a maioria ainda mede seu sucesso profissional). Mas sim do ponto de vista pessoal, de maturidade, de entendimento das coisas que são e das que parecem ser, e principalmente das coisas que podem ser. Júlio sabia identificar os talentos das pessoas e transformar isso em performance, como dita o manual do bom gerente.”


Tem muita gente que reclama de mudança no ambiente profissional. Eu adoro mudança, na verdade já percebi que a minha tolerância à falta de mudança atualmente está ao redor de 6 meses. Preciso de objetivos diferentes, de interações diferentes, fazer coisas diferentes a cada ciclo. Goste você ou não, a mudança sempre nos dá a chance de aprender. Talvez aí esteja a explicação para o meu gosto: sou viciado em aprender. Portanto preste atenção às possibilidades de mudança em sua carreira, por mais insignificantes que pareçam. Você pode topar com um Júlio da vida e isso pode mudar totalmente o rumo das coisas.


Em tempo, sucesso ao Júlio em sua nova empreitada. O resultado eu não tenho dúvida de qual será, a questão é: como continuar aprendendo com ele?


Reggie, the Engineer


* A expressão “se puxa” vem do gauchês “se puxar” que significa surpreender, quebrar a banca, arrebentar a boca do balão, ou qualquer outra bobagem assim.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Contrate Certo ou Morra Tentando


19 Agosto de 2008, 20:42

Paulo tenta se mover mas não consegue. A faca cravada em suas costas atingiu algum órgão vital. Sente sua visão turva. Será que ninguém consegue lhe ver naquele estacionamento? Ninguém irá lhe socorrer? Sua voz falha, não consegue gritar por socorro...

19 de Agosto de 2008, 19:56

Paulo está prestes a entrar no carro e recebe uma golpe nas suas costas. Sente uma dor lancinante e se vira para ver quem lhe deu um soco.

- Sem ressentimentos. Afinal, faz parte da vida. Às vezes se ganha, às vezes se perde. Não é Paulo?

Paulo percebe que Gustavo está completamente transtornado. Nunca tinha o visto daquela maneira antes. Quando Paulo percebe que não foi um soco, mas sim uma faca, tenta reagir, mas não consegue se mexer direito. Sente-se meio tonto. Cambaleia e fica de joelho.

Com a voz rouca devido ao ferimento, balbuceia:

- Mas Gustavo, isso é um absurdo, por que fez isso?

Mas não adianta mais, Gustavo já está caminhando para longe, sem nem olhar para trás.

19 de Agosto de 2008, 17:20

- Pois é Gustavo. Infelizmente, não temos o que fazer. Tentamos de tudo, mas realmente parece que não estamos tendo melhorias significativas da sua parte. Essa é a sua carta de demissão.

- Mas Paulo, estou há 6 meses melhorando um pouco a cada dia. Sei que consigo chegar lá. Só tenho alguma dificuldade com a lógica de banco de dados ainda...

- Lamento Gustavo. Sei que é difícil, mas tínhamos falado antes sobre isso. Faz parte da vida. Às vezes se ganha e às vezes se perde. Talvez não seja a posição correta para você, só isso...

Gustavo se levanta e sai da sala. Paulo o segue para tentar finalizar a conversa, mas ele o empurra. Simplesmente pega as suas coisas e sai pela porta da frente, chorando.

10 de Junho de 2008, 10:01

- Gustavo, queria lhe lembrar que mais uma vez você pisou na bola. É inaceitável colocar uma coisa em produção sem um teste intensivo antes. A sua consulta simplesmente travou todo o banco.
- Mas Paulo, nosso ambiente de teste não tinha tantos dados. Como eu iria saber?
- Isso não importa. Você tem que analisar estatísticas e ...
......

12 de Fevereiro de 2008, 17:42

Arnaldo, chefe de Paulo e diretor da área de TI da empresa, entra na sala às pressas.

- Paulo, como foi a entrevista com o Gustavo?
- Não dá para contratá-lo. Ele não tem perfil para a vaga.
- Mas é a quinta entrevista! Estamos sendo pressionados a ter uma pessoa para começar o trabalho. Vamos perder o contrato assim!
- Mas podemos perder o contrato igual se contratarmos a pessoa errada.
- Mesmo assim, preciso de alguém agora. Vamos dar crédito para ele. Se em algumas semanas ele não render, o demitimos.
- Mas eu tenho certeza que ele não vai render. Não adianta dar algumas semanas para se saber do óbvio. Ele não tem lógica...
- Olha Paulo, precisamos desse contrato. Preciso que tu faça o certo para a empresa agora. Contrata esse Gustavo e acompanha ele de perto. O skill correto não pode ser tratado como uma questão de vida ou morte! Preciso contratar alguém para não perder tudo o que já conquistamos nesse projeto.

19 de Agosto de 2008, 20:56

Paulo sente-se completamente sem força. Não consegue nem mesmo balbuciar por socorro. Seus olhos se fecham e seu corpo cai, atrás do seu carro.

Pena. Paulo e Arnaldo poderiam ter percebido que contratar certo pode realmente ser uma questão de vida ou morte...

Dr. Zambol
--

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Recolocação - Parte 2

- Mas me diga Júlio, qual foi o maior desafio que você já enfrentou em sua vida profissional?

Pergunta clássica de entrevistas de emprego, Júlio mesmo gostava de perguntar isso aos profissionais que entrevistava. Junto com essa vinha normalmente aquela:

- Você pode me dizer três pontos fortes e três oportunidades de melhoria?

Se nos pontos fortes todo mundo se dá bem, a coisa complica na oportunidades de melhoria. Afinal, ninguém pode dizer em uma entrevista de emprego que é fofoqueiro, tem pouca paciência com gente burra, e não gosta de se incomodar. Melhor mesmo é falar que às vezes é duro demais nas críticas que faz aos outros, espera a excelência das pessoas e fica frustrado quando isso não acontece, e procura evitar o conflito quando possível.

A rotina de quem está à procura de emprego é algo interessante. Longe do circuito de entrevistas há algum tempo, Júlio comparava aos encontros do seu tempo de solteiro. Lembrava do comediante Jerry Seinfeld, que dizia que um encontro é como uma entrevista de emprego cujo o objetivo é ver a outra sem roupa. Brincadeiras à parte, Júlio tinha um bom currículo, experiência em várias empresas, boa formação acadêmica, cursos de extensão e certificações. Mas sabia que o sucesso de uma entrevista consistia principalmente em dar as respostas que o entrevistador quer ouvir. E nesse jogo tudo conta pontos. O aperto de mãos, firme e olhando nos olhos, a postura ao sentar, a entonação da voz. Não se trata de mentir ou enganar o entrevistador. Mas como em um jogo de sedução, o objetivo é deixar a outra pessoa interessada em você, de tal modo que ela esteja disposta a lhe fazer uma proposta. Nesse caso uma proposta profissional. Quando isso acontece, quando o entrevistado consegue despertar o interesse do entrevistador, o jogo de forças da entrevista se altera, passando para o entrevistado o direito de perguntar, e para o entrevistador a tarefa de dar as respostas corretas.

- E com é trabalhar nessa empresa? Quais são os desafios? Eu gostaria de saber sobre os planos de carreira e políticas de RH?

Esse ainda não é o momento de falar de dinheiro, afinal eles ainda não fizeram a proposta. É o momento de sentir o terreno e pegar toda a informação que puder para decidir se a empresa vale a pena. Mais do que isso, Júlio lembrava das palavras do seu consultor de Outplacement:

- Lembre-se que você também é avaliado por suas perguntas. Evite questões como: Qual é a carga horária? Se trabalha muito nessa empresa? Um sujeito que fala de dinheiro cedo demais pode ser avaliado negativamente. Não que dinheiro não seja importante, mas um bom profissional deve avaliar o projeto como um todo, e como este está alinhado com seu plano de carreira. Já vi gente muito boa trocar de emprego para ganhar menos em um primeiro momento, para atingir seus planos de carreira mais adiante.

Realmente, Júlio precisava praticar mais. Depois de anos de um lado da mesa fazendo as perguntas agora era a sua hora de respondê-las.

[]s
Jack DelaVega
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Leia Mais:

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Uma Homenagem a Randy Pausch

No último dia 25 de julho, no momento em que eu saía para 2 semanas de férias, morria nos Estados Unidos o professor Randy Pausch. Randy ficou famoso nos últimos meses pela sua condição. Tratava-se de um grande professor na área de computação gráfica da Carnegie Mellon University, que há mais ou menos 2 anos foi diagnosticado como tendo câncer no pâncreas. Em setembro de 2007, após cirurgias e tratamentos paliativos, os médicos detectaram uma dezena de tumores em seu fígado e outras partes do corpo, e lhe foram dados de 3 a 6 meses de expectativa de vida saudável.

Randy então ministrou o que ficou conhecido como “A Última Palestra”, uma tradição em algumas universidades americanas, onde um grande professor passa ao público ensinamentos e lições vivenciadas em sua carreira. Obviamente, para Randy seria mesmo a última palestra, então a repercussão foi bastante grande.

Cheia de clichés e frases de efeito, a palestra de Randy não é nenhuma obra de arte. E também Randy não foi a primeira nem será a última pessoa boa a ser sentenciada por uma doença incurável como essa.

Mas no contexto aqui da Tribo, onde falamos muito sobre carreira, aspirações e a intersecção entre vida e trabalho, a mensagem de Randy é imperdível. A síntese da palestra, criada originalmente como um legado para os filhos de Randy, é que a capacidade que temos de sonhar e ajudar outras pessoas a realizarem seus sonhos são algumas das coisas mais incríveis que podemos fazer na vida.

Como eu falei, entre as suas lições estão clichés como “seja grato às pessoas que lhe ajudam”, “não reclame”, “seja bom em alguma coisa”, “trabalhe duro”, “não desista quando enfrentar obstáculos”, pois eles estão ali para obstruir as pessoas que não desejam lutar com tanta força pelos seus objetivos, etc. Todas coisas muito importantes ao longo da vida pessoal e profissional de qualquer um, mas que apesar de aparentemente óbvias são esquecidas no dia-a-dia pela maioria de nós.

Enfim, hoje é sexta-feira. Espere o fim do dia. Reserve por volta de 75 minutos (pule o noticiário sobre as Olimpíadas hoje), ponha os fones e assista à palestra. Faça a sua reflexão. Quais eram seus sonhos quando criança? Quais deles você já realizou? Quantas pessoas você já ajudou a realizar sonhos? E se fosse a sua última palestra, qual seria o seu legado?

Link para vídeo com a “Última Palestra” de Randy Pausch (em inglês), e aqui a versão com legenda em português, tradução de Ernesto Costa.

Reggie, the Engineer.
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Leia mais:

- Randy Pausch na Wikipedia
- Página pessoal de Randy Pausch
- Versão textual da palestra (em inglês)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Avaliação = Percepção

José me contactou esses dias. Estava muito triste. Sua equipe anterior lhe havia avaliado mal, mesmo ele achando que havia feito o melhor pelo time, em todos os momentos que via isso possível.

- José, se isso for realmente verdade, você tem que trabalhar na percepção do seu time, disse-lhe em nossa reunião por telefone.
- Mas aí é que está. A diferença de percepção é muito grande! Conheço outros gerentes que não estão nem aí para o seu time, só vendem que estão fazendo o bem, e foram muito melhores.
- É triste, mas em avaliação, as percepções valem muito mais do que a realidade.

O papo seguiu um rumo razoavelmente bom, onde tentei explicar o que havia aprendido a duras penas: que a percepção do time era responsabilidade dele. Portanto, culpa dele do resultado ter saído ruim. Além do mais, se a percepção foi tão ruim, provavelmente existe um ou mais itens que realmente ele estava deixando a desejar. Culpar só a percepção não resolve nada.

Embora muita gente não goste de usar a palavra "culpa", uso-a de propósito em momentos como esse: ressaltam e resumem muito mais do que palavras "politicamente corretas". Aliás, esse movimento do politicamente correto às vezes além de chato é non-sense. Já vi vice-presidentes usando termos como "centro de alto-custo e de alto-valor" ao invés de usar "centros de alto-custo e de baixo-custo". Ora, se é centro de baixo-custo mesmo, que problema tem em falar isso? E causa confusão, pois algumas pessoas vieram me perguntar o que eram os centro de alto-valor. Tive que explicar que era um sinônimo para centro de baixo-custo.

Mas minha frase "em avaliações, a percepção vale mais do que a realidade" voltou à minha cabeça alguns dias mais tarde. Fiquei pensando se era realmente sempre verdade. E o ruim é que não consegui achar nenhum caso onde não fosse. Afinal, quando você avalia alguém, avalia com os dados que você possui na sua cabeça naquele momento, ou seja, com a sua percepção.

Algumas pessoas usam isso a seu favor e, com o pensamento de "os fins justificam os meios", usam a percepção única e exclusivamente para se promoverem, fazendo muitas vezes um trabalho mediocre em relação ao time. Algumas vezes são bastante anti-éticos, mas ao passar uma idéia distorcida que estão fazendo o melhor para o time, conseguem manipular o time e tirar proveito disso para si.

José fez diferente, acreditava piamente estar fazendo o correto e sendo o mais justo para o time. Como o conheço pessoalmente, sei que sempre trabalhou da forma mais justa que julgava. Mas isso de nada adiantou na avaliação porque seu time tinha outra percepção do seu trabalho. E como disse anteriormente, isso não absolve José, pois tudo o que se passa em seu time é responsabilidade dele.

É fácil se desvirtuar em discussões como essa e achar então que a melhor maneira é trabalhar exclusivamente na percepção. Lula é o mestre disso. Com uma roubalheira indiscriminada à sua volta continua sempre dizendo que não sabe de nada e indo contra as pessoas que são pegas, mesmo que sejam antigos aliados de partido e de golpe. E continua sendo muito bem avaliado pelo povo.

E é isso que ficou na minha cabeça aquele dia. Será que pesquisas como essa forçam as pessoas a se distanciar do time e começar a se focar na política das organizações?

Não tenho resposta nem uma amostragem grande o suficiente para ter uma opinião formada, mas, infelizmente, tenho muitos exemplos a favor disso.

Sinceramente, espero que não, senão as pessoas próximas do time e honestas sempre terão uma avaliação pior do que os políticos. Como todos sabem, todo mundo, quando olhado bem de perto, tem muitos defeitos.

Espero que os conselhos que dei a José não o levem para esse caminho. Espero que eu também nunca siga essa trajetória. Na verdade, espero que isso seja fruto apenas da minha percepção errada do assunto...

Dr. Zambol
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P.S.: A imagem acima não está se movendo. É só sua percepção!

Leia Mais:
- Meu Post Vomitando em Público: Vendendo Idéias que Você Não Compra
- Post do Jack Posso Te Dar um Feedback?
- Meu Post O Gerente e o Cafetino
- Post do Reggie O que Forja um Bom Time

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Recolocação

Júlio decidiu que era hora de trocar de emprego. Gostava do seu emprego atual, mas já estava na hora de mudar. Queria trabalhar em uma empresa nova, aprender coisas diferentes, conhecer outras pessoas. Como de costume, começou analisando as suas opções:
  • Anúncios de Jornal: Passou a acompanhar os anúncios todo o domingo, ainda que soubesse que raramente os bons empregos eram publicados em classificados de jornal.
  • Sites de Emprego: Havia funcionado para o seu emprego atual, a diferença é que naquela ocasião estava desempregado. Se seguisse por esse caminho corria o risco que os seus empregadores atuais soubessem dos seus planos antes da hora, portanto descartou essa opção.
  • Networking: Detestava Networking, ainda que entendesse a sua importância para recolocação profissional. Mesmo assim, atualizou o seu perfil no LinkedIn e no FaceBook e tratou de revisar a sua lista de contatos em busca daqueles que poderiam ajudá-lo a encontrar um novo emprego.
  • Consultorias de Outplacement: Não tinha experiência com esse tipo de empresa, mas estava inclinado a tentar. Sabia que as boas posições, as posições de ouro, estavam nas mãos dos HeadHunters. Como não conhecia nenhum HeadHunter, talvez precisasse do suporte de quem conhece. Ouviu dos colegas histórias de sucesso de quem conseguiu um bom emprego através de uma consultoria. Por outro lado, sabia que o mercado estava cheio de empresas que prometem mundos e fundos e não conseguem cumprir nem mesmo parte do combinado.
Decidiu então procurar uma empresa de Outplacement. Depois de alguns contatos chegou em uma que lhe pareceu séria. A conversa com o diretor dessa empresa foi mais ou menos assim:

- Olha Júlio, se você procurar por aí vai encontrar opiniões variadas sobre o trabalho da maioria das consultorias de Outplacement. Tem muita gente satisfeita, e bastante gente insatisfeita também. Vou ser honesto contigo, o meu trabalho é vender um produto, que nesse caso é você. Quando tenho um bom produto nas mãos, que tem demanda de mercado, meu trabalho é muito fácil. Quando tenho um bom produto, cujo mercado não tem demanda, a coisa é mais difícil, tenho que avaliar caminhos alternativos, outras carreiras, outras cidades, mas é para isso mesmo que sou pago afinal. Finalmente, quando o produto não é bom não tenho muito o que fazer. Nesse caso, me resguardo o direito de não aceitar o cliente, o que, felizmente, não é o seu caso.

O sujeito pareceu sensato, e continuou.
- Além disso, temos que analisar o teu momento profissional, que convenhamos, é bastante favorável. Tu estás bem empregado, em uma boa empresa e com um bom salário. Procurar emprego em uma situação como essa é bem diferente de procurar emprego quando se está desempregado. No teu caso precisamos fazer antes de mais nada um planejamento de carreira, pensando, pelo menos, nos próximos dois passos. Não é interessante para ninguém que tu sejas recolocado em uma empresa, apenas para trocar novamente daqui a seis meses. Quando começarmos a analisar as posições disponíveis temos que pensar se elas estão alinhadas com esse plano. Onde tu pretendes estar daqui a cinco anos? Será que uma determinada empresa ou posição é a melhor opção para te levar até lá?

A conversa convenceu Júlio, que fechou um contrato de um ano com essa empresa. Começava ali uma jornada que mudaria a sua vida, mas ele ainda não sabia disso.

Continua...

[]s
Jack DelaVega

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Nosso Poder de Superação

Nesses tempos de Olimpíadas, vale lembrar que nosso trabalho, assim como qualquer coisa nesse mundo, requer esforço, dedicação e sofrimento - ao menos se quisermos ter sucesso. Qualquer atleta sabe que sem esses três ingredientes básicos ele não consegue nada. Por que para os assalariados iria ser diferente?

É claro que os sofrimentos são diferentes, mas não é possível alguém ir muito longe no ambiente de escritório sem penar um pouco. Aposto que você nunca viu um arquiteto Java surgir do nada, não é? É claro que, assim como no esporte, genética e dom ajudam muito (Jack já escreveu um pouco sobre isso no post Mazaropi versus Taffarel). Mesmo assim, chega-se num ponto que o esforço é necessário: leitura, provas de certificação, cursos à noite e artigos são exemplos do que uma pessoa tem que passar para dar aquele pulo que nos leva ao próximo nível - talvez o pulo equivalente que um atleta dá quando consegue uma marca sul-americana, por exemplo, nos 100m rasos.

Uma de minhas cenas preferidas de todas as Olimpíadas é quando o nadador Eric Moussambani, da Guiné Equatorial, entra nas eliminatórias dos 100m livres das Olimpíadas de Sidney (em 2000), completa o percurso em quase 2 minutos (o recorde mundial está em 47,50 segundos!), quase se afogando ainda no final, de tão mal que nadava. Devido ao esforço, ele foi ovacionado pelo público. Ele havia aprendido a nadar apenas 6 meses antes, num país que conta com apenas uma piscina de 25 metros. O espírito olímpico é isso mesmo, consagra quem merece. E nesse caso, ele realmente merecia ser ovacionado. Você pode ver uma reportagem e o vídeo completo no Youtube.

Mas o caso mais incrível que já vi na minha vida foi o caso da suiça Gabriele Andersen Scheiss, na primeira vez que as mulheres puderam competir em uma marotona olímpica, em Los Angeles, 1984. Aposto que ninguém lembra quem venceu a primeira maratona olímpica feminina - que deveria ser um grande feito - mas todos lembram de Gabriele. O calor e a exaustão fizeram com que parte do seu corpo ficasse paralisado. Naquele tempo, se um médico atendesse alguém durante a corrida, era desclassificado na hora. Por isso mesmo, Gabriele impediu que qualquer médico chegasse perto dela. Aliás, essa regra foi revista devido ao caso Gabriele. Hoje, atendimento médico não desclassifica o corredor.

Não uma, nem duas, mas mais de um punhado de pessoas morreram durante maratonas. Mas isso pareceu não assustar Gabriele. Ela tinha que terminar o percurso. O esforço e a capacidade de superação do ser-humano é algo inacreditável. Você pode assistir um vídeo do Youtube com a chegada dela aqui em 37o. lugar.

O esforço conta muito também no ambiente corporativo, acredite. Há alguns anos atrás, se tivesse que escolher entre um Taffarel (o que tem dom) e um Mazzaropi (o esforçado), escolheria de olhos fechados o Taffarel. Hoje, já pensaria duas vezes, tendendo na escolha do Mazzaropi, a não ser que o Taffarel em questão fosse dedicado. O tempo me ensinou que só o dom não produz muito sem ao menos um mínimo de esforço (ou você não se lembra do Romário?).

Mas o que queria destacar hoje é o poder de superação do ser-humano. Em uma avaliação de desempenho do seu time, não desista tão facilmente de uma pessoa. Acredite nela. Com uma boa supervisão, ela pode chegar onde você nem imaginaria. E uma lição de superação em um time, não muda apenas a pessoa, mas o time inteiro.

Uma boa Olimpíada de Pequim para você!

Dr. Zambol
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