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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Valores Acima de Tudo

Sempre admirei muito aquelas pessoas que colocam alguns valores acima de qualquer outra coisa. E quando digo acima de qualquer outra coisa, isso inclui a vida. Para mim, esse é um conceito um pouco difícil de entender às vezes, principalmente porque estou longe de ter certeza que vou ter uma vida após a morte – seja ela no céu, em outro corpo ou como um espírito zanzando por aí. E se a vida acaba com a morte, o que poderia ser mais importante do que a vida? Talvez porque me criei jogando xadrez desde pequeno, onde vale todo e qualquer sacrifício para proteger o rei, tenho a sensação que nada vale mais do que o rei no jogo da vida – nossa própria existência.

Mesmo assim, ainda admiro pessoas que tem a coragem de se sacrificar em prol de uma causa maior para a humanidade, como a luta pela liberdade da sua tribo ou facção ou a luta pelo fim do racismo. No fundo, gostaria de ter a coragem e a grandiosidade de saber que, para o mundo, minha vida vale menos do que isso, o que trocaria o “rei” de lugar, sendo a pessoa então um mero peão no tabuleiro.

E o que venho falar hoje é exatamente um exemplo de valores que superaram a vida. O pior é se passou em um jogo de futebol, embora o que estava em jogo era muito mais do que o resultado. O jogo ficou mundialmente conhecido como Jogo da Morte. A Wikipedia em inglês conta a história bem com alguns sites em português. O site aqui linkado tem uma boa descrição dos fatos com diversos detalhes interessantes, se o leitor se interessar.

Resumidamente, na cidade de Kiev (capital ucraniana), no tempo que havia ocupação nazista, um padeiro de origem alemã era uma das poucas pessoas da cidade com liberdade de trabalhar e dar emprego, exatamente porque tinha origem alemã. Num dia, enquanto andava pela rua, viu que o mendigo que estava deitado na rua era o goleiro do Dínamo (famosa equipe de futebol). Como era fã do time, contratou o goleiro para trabalhar em sua padaria. Não muito tempo depois, saiu à procura dos outros jogadores e, um a um, foi os contratando como “funcionários da padaria”.

Algum tempo depois, com o time completo, começaram a jogar partidas com o nome de FC Start. Começaram a derrotar todos os adversários por grandes goleadas. Como o time estava ganhando popularidade, os nazista preparam o melhor time que podiam conseguir – tão bom que na época era usado como propaganda nazista: o Flakelf. Surpreendentemente, foram derrotados por 5 a 1.

Mas a derrota do maior time de Hitler levantou suspeitas e, após algumas investigações, descobriam o que havia acontecido. Como a superioridade ariana no esporte fazia parte do pacote “obsessão nazista”, decidiram não apenas matar o time todo. Queriam vencer a partida e depois matá-los.

Depois de anunciar a revanche na mídia e em panfletos (a figura acima é uma imagem do panfleto original), deixaram claro para o time que, se deixassem o time alemão ganhar, poderiam ter uma chance de sair com vida. Se ganhassem, iriam ser torturados e massacrados.

Como o que estava em jogo ali era muito mais do que um jogo, e mesmo com todo o nervosismo pela pressão que estavam sofrendo, ganharam o jogo por 5 a 3, e ainda desdenharam o time alemão. Todos foram torturados e mortos mais tarde – incluindo o padeiro.

Realmente, alguns valores podem ter mais importância do que a própria vida. Entregar a partida seria uma decepção muito grande para aquele povo sofrido e os tornaria apenas marionetes.

E mesmo com tantos exemplos, ainda vejos pessoas deixando valores como felicidade, altruísmo e ética devido ao trabalho. Valores esses que nem precisariam do sacrifício da vida para serem defendidos...

Dr. Zambol
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Curtas sobre Motivação

* Acredito que é impossível motivar alguém a fazer alguma coisa. Motivação é um processo interno, que depende exclusivamente do indivíduo. Mesmo assim, faz parte do papel do gestor munir as pessoas com as informações corretas, ampliando os horizontes e provendo melhores condições para cada um tomar a decisão que lhe parecer correta. Na escola o papel do professor é fazer com aluno queira aprender, mostrando a aplicabilidade dos tópicos ministrados. Na empresa o papel do líder é fazer com que o funcionário queria trabalhar, para tanto deve prover as informações certas.

* Como professor da PUC tive a oportunidade lecionar para alunos do PROUNI. Para quem não sabe o PROUNI (Programa Universidade para Todos) é uma iniciativa do governo federal que dá bolsas de estudos em universidades privadas a bons alunos do ensino público que não tem condições de pagar faculdade. Dentro da PUC os alunos do PROUNI se diferenciavam dos outros por duas razões: pelo jeito de vestir e pela vontade de aprender. Destoavam da crowd de mauricinhos e patricinhas da universidade e não perdiam uma aula, uma explicação. Sabiam que o PROUNI era a oportunidade que teriam para mudar o rumo das suas vidas. Eram motivados porque entendiam claramente onde seus atos iriam os levar. A clara relação de causa/consequência é um dos componentes chave da motivação.

* Na GP Investimentos, um dos maiores fundos de investimentos do Brasil, a meritocracia é levada ao extremo, fazendo os funcionários a trabalhar praticamente 24hs. É claro que a contrapartida financeira existe, uma vez que os contracheques com os gordos bônus podem chegar à casa dos milhões. Nesse caso, o que motiva os funcionários a trabalhar tanto é a perspectiva de enriquecimento rápido. Um fenômeno interessante desse ambiente é que quase não existem demissões, isso porque aqueles que não recebem o bônus entendem o recado e "Pedem para Sair".

* Um amigo empreiteiro me contou uma história sobre motivação. No último verão ele estava com seus pedreiros erguendo uma parede debaixo de sol a pino. Como a turma trabalhava sem camisa comprou protetor solar e deixou a disposição da equipe, coisa que ninguém deu muita atenção. Ao perceber o fato ele pediu ao Mestre de Obras aplicar o protetor solar nas costas de cada um. Detalhe, o Mestre em questão é um senhor afro-brasileiro com 2 metros de altura e mais de 100 quilos, com mãos que mais parecem torniquetes. Passado o constrangimento desse primeiro dia todos prontamente começaram a usar protetor solar.

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Jack DelaVega

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Inovação - Esse monstro de 7 cabeças

Inovação é mais um tópico que veio à tona com força conforme a crise econômica mundial avança. "As empresas mais inovadoras conseguirão suportar a crise", já li em alguns jornais. Ahã, sei. Acho que se alguém tivesse a fórmula para suportar a crise já estaria fazendo bastante dinheiro. Aqui entre nós: inovação é um monstro de 7 cabeças para a maioria das organizações.

Muita gente acha que inovação é sinônimo de idéias geniais. Apple, Amazon, Google, e até exemplos mais próximos da gente, são sinônimos de inovação. É produto da cabeça de pessoas com inteligência acima da média, trabalhando em alguma empresa 'cool' e ganhando rios de dinheiro para ficar pensando em iPods, web sites e coisas do gênero enquanto jogam video-game e comem M&M's. Bom, se tem uma coisa que a tal crise vai acabar rapidinho é com video-game e M&M's.

Para começar existem várias escalas diferentes quando o assunto é inovação. Inovação de produto, de processo, de modelo de negócio, enfim, depende de onde você quer introduzir inovação na organização, e das oportunidades que você enxerga. Inovar em grande escala, no nível de modelo de negócio, não é para qualquer um e não é do dia para a noite. Gosto do livro dos caras do INSEAD sobre esse assunto: "A Estratégia do Oceano Azul". Se o seu interesse é criar novos mercados, e portanto trabalhar sem concorrência, é um bom começo.

Mas eu tenho certeza que a maioria está mais interessada no básico, que normalmente tem a ver com inovação de produto ou serviço. Claro que isso sempre pode ser ajudado por idéias geniais, mas o básico por trás do processo de inovação não tem nada de especial não. Tudo começa com as idéias, a geração de possibilidades. Mas nenhuma empresa via criar inovação só com idéias. Ela tem que ser boa em priorizar e financiar essas idéias. E depois, obviamente, tem que ser boa em converter as idéias em produtos. Muita gente fala do Google e em como eles geram produtos e serviços fantásticos um atrás do outro. Claro que boa parte disso são aqueles 20% de tempo que os engenheiros têm para trabalhar nas suas idéias. Mas eu diria que o Google inova com tanta frequência principalmente porque tem um canal extremamente azeitado para, a partir de uma idéia, rapidamente introduzir um novo produto e capitalizar em cima dele. A mesma coisa para a Apple e empresas do tipo.

Simples, não? Nem precisa de video-game e M&M's...

Reggie, the Engineer.
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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Desejos para 2009

É quase fim de ano. Hora de todos reverem alguns valores, conceitos e metas. Bom, é claro, hora também de definir os desejos para o próximo ano - pois sem sonho a vida não tem graça.

Como todo mundo pensa sempre em desejos profundos de felicidade, paz mundial, harmonia e outras coisas grandiosas, decidi fazer uma lista daquelas coisas que ninguém chega a desejar, pois sempre existem tantos itens mais importantes antes, que esses acabam sendo sempre esquecidos. Hoje não. Hoje eles terão a sua vez de serem desejados. E melhor. Publicamente, em um post.

1. Desejo que a caixa do Zaffari tenha autorização de multiplicar. É sério. Você já percebeu que toda vez que compra uma caixa de leite a operadora chama o supervisor? Pois bem. Um dia não contive a minha curiosidade e perguntei por que ela não podia fazer aquilo ela mesma. "É que só supervisor tem senha de multiplicação - nós só podemos passar os itens individualmente". Achei tão absurdo aquilo que não tive resposta, apenas emiti um som "ahhhh". Não consigo imaginar qualquer coisa diferente de um processo falho e podre que exija que isso seja assim. Além de tornar mais lento o processo, exige provavelmente mais supervisores.

2. Desejo que as empregadas domésticas compareçam às entrevistas. Estou procurando uma empregada doméstica e já se foram duas entrevistas marcadas e nenhum comparecimento. Vai entender porquê. Agora contratei uma agência. Só quero ver o que vai ser... Na verdade, para tornar meu desejo mais genérico, desejo que as pessoas consigam cumprir com seus compromissos e que as pessoas consigam as empregas domésticas ideais para o seu caso. Pronto. Esse desejo ficou bem melhor agora.

3. Desejo que os diretores dirijam e os gerentes gerenciem. Se diretor tivesse que fazer as coisas com suas próprias mãos, ia ser chamado de fazedor, não de diretor. O que eu vejo às vezes é diretor querendo controlar e não conseguindo dar direção - daí é que nada funciona. E os gerentes devem dar espaço para o seu time trabalhar, se envolver no dia-a-dia (com moderação) e facilitar para que a direção supostamente dada aconteça. Se isso não ocorre, os fazedores reais ficam só dando status e andando em círculos - um desastre.

4. Desejo que eu não seja demitido em meio à essa crise econômica mundial que estamos. É isso aí. Desejo egoísta mesmo. Se não fosse, estaria na lista dos desejos grandiosos. E não vale comentário dizendo que esse desejo é muito pobre. É pobre porque não lhe afeta. Mas tenha certeza que é muito importante para mim.

5. Desejo que o pessoal da área de negócio entenda que a área de TI não é formada por pai-de-santos e milagreiros e que, assim como eles, precisam de tempo e espaço para conseguir resolver os problemas. O ideal seria que nesse desejo tivesse uma cláusula para que, a cada vez que eles ligassem para a área de TI gritando coisas como "O sistema caiu! Não podemos ficar assim. Isso tem que ser resolvido agora!", o vice-presidente lhes chamasse para uma reunião e dizesse que não entende como eles não venderam ainda toda a cota, que ainda falta 20 milhões em venda, que exije que a cota seja fechada em duas horas e que não importa que ele esteja falando isso às 5 horas quando as lojas estão perto já de fechar.

6. Desejo que as metas definidas para o ano que vem dentro das empresas sejam (1) reais, (2) factíveis e (3) inteligíveis. Já vi metas sem dois desses atributos. Chegava a ser ridículo. Ninguém sabia o que a meta queria dizer e, os poucos que achavam que a entendiam, juravam que era impossível cumprí-la.

7. Desejo que os leitores da Tribo do Mouse indiquem o site para mais 5 pessoas, e que as 5 pessoas que receberam a indicação façam a mesma coisa com outras 5 pessoas - e assim por diante. Em pouco tempo, teríamos milhões de leitores. Não seria legal? Você pode ajudar esse desejo se realizar, não?

Bom, vou parando por aqui. E você, já fez a sua listinha para o ano que vem?

Dr. Zambol
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Vendendo um lugar no céu

Eu estava visitando a nossa agência de publicidade quando um dos Marketeiros começou uma interessante comparação entre religiões. A conversa foi  mais ou menos assim: As religiões Judaica e Cristãs vendem um futuro promissor, um lugar no céu. Em linhas gerais essas doutrinas pregam que se você viver uma vida segundo certos princípios terá o seu lugar no paraíso garantido no pós-morte. E tenho que concordar que essa estratégia funciona, em parte porque até hoje ninguém voltou de lá para desmentir o prometido.

Já as religiões pentecostais, cujo nosso exemplo mais ilustre é a Igreja Universal do Reino de Deus, utilizam uma estratégia totalmente oposta de "venda". Nesse caso os promotores da religião são os próprios fiéis que divulgam a igreja com depoimentos como o abaixo descrito:

"Eu era um bêbado, drogado, libertino, jogador, mulherengo, não parava em emprego, brigava com todo mundo, até o meu cachorro mijava em mim. Depois que eu entrei para a igreja minha vida mudou. Hoje sou dono de comércio, bem-sucedido, pai de duas filhas lindas e um pônei que é uma graça. Freqüento a igreja semanalmente e garanto: Tudo que eu entrego ao dízimo volta em dobro para mim. A igreja me salvou, me fez encontrar o caminho."

Perceberam? Enquanto uma vende a salvação depois da vida, a outra vende a salvação agora. Assim fica fácil entender o crescimento exponencial desse tipo de igreja, afinal não tem mesmo muito o que comparar, o ser humano é imediatista. Prefiro me salvar depois de morto ou me salvar agora? Ãhh, deixa eu pensar?

Quem discorre sobre um tema semelhante é o economista Eduardo Giannetti no livro O Valor do Amanhã. Giannetti apresenta o conceito de "Trocas Intertemporais", escolhas que todos nós fazemos no dia-a-dia. Por exemplo: A decisão de comer um mouse de chocolate após uma refeição. A escolha é feita entre o prazer proporcionado pelo mouse(presente) ou os benefícios que uma dieta balanceada traz para saúde ou estética(futuro). Fazemos esse tipo de escolha mesmo sem perceber, junto dinheiro para comprar um carro ou financio o veículo para usufruir do bem agora, pagando juros por isso.

A teoria das Trocas Intertemporais me ajudou a explicar um comportamento que a tempos venho tentando entender. Por que algumas pessoas tratam os seus funcionários como lixo, desrespeitando-os e criando um ambiente de trabalho desagradável? A resposta, óbvia, é que a  pressão, o grito, o chingamento, funcionam. E os problemas geralmente são resolvidos de um jeito ou de outro. Com a seguinte ressalva, funcionam no presente. Nesse caso a troca intertemporal compromete a manutenção e a capacidade de entrega no futuro, afinal quem em sã consciência gosta de trabalhar para um chefe assim?  Só mesmo quem acredita em pagar os seus pecados na terra para usufruir do paraíso no além-vida.

[]s
Jack DelaVega

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Liberté, Égalité, Fraternité

Esses dias fiquei impressionado com o quão pouco evoluído ainda somos. Minha impressão é que o foco foi tão grande para a liberdade sexual, que outras coisas ficaram para trás. Aliás, esses dias me senti mal por ser heterossexual. Quase tive que me desculpar para um grupo de pessoas e dizer que estava num psicólogo me tratando para ver porque não era homossexual ainda. Mas que diabos! Tava tudo invertido!

Mas enfim, não é sobre isso que quero falar. Toquei nesse ponto porque a pessoa que está pintando minha casa me comentou que de forma alguma trabalharia para uma senhora que ambos conhecemos. Eu perguntei o porquê disso. Afinal, negar serviço nunca é boa coisa.

- Ela é completamente estúpida. Sempre que ocorre alguma coisa, tenta me humilhar e diz que estou querendo roubar ou enganá-la.

- Mas ela fala isso do nada? Perguntei, achando muito estranho aquilo.

- Sim, basta alguma coisa sair um pouco do que ela tinha imaginado que ela começa com esse tipo de comportamento, dizendo que foi gerente e sabe bem como são pessoas do meu tipo.

Entendeu porque eu disse no início desse post que às vezes fico impressionado com o quão pouco evoluído ainda somos?

Infelizmente, são pouquíssimas as pessoas que sabem tratar bem as classes mais baixas do que a sua. E já vi muito mais vezes do que gostaria pessoas tentarem humilhar deliberadamente pessoas com menos acesso à educação.

É uma falta de empatia absurda. Será que essas pessoas acham que a pessoa está limpando o chão porque gosta? Será que elas acham que em um certo momento da vida ela virou para sua mãe e disse: "Mãe, não quero mais ser diretora de marketing. Decidi seguir minha paixão. Vou ser faxineira".

Ou então será que pensam que a pessoa não teve estudo porque era preguiçosa e não porque teve que trabalhar desde muito cedo e não tinha um bom exemplo em casa? Seja como for, considero muito mais mal-educada a pessoa que teve acesso à informação e age dessa forma mesquinha. Sinceramente, isso não tem desculpa.

Havia um tempo que eu pensava o quanto ia ser bom eu ter tanto dinheiro como o Ronaldinho - o quanto eu ia ser mais feliz. Depois que me dei conta que mesmo que estejamos falando de cifras gigantescas, a diferença entre o meu salário e o do Ronaldinho não pode ser comparada a diferença do meu salário com uma pessoa que vive do salário mínimo, por exemplo. Eu sei que consigo comprar todas as coisas básicas que preciso e algumas coisas extras. O que ganharia com o salário do Ronaldinho são apenas luxos. Na comparação com quem vive com o salário mínimo, isso é bem diferente. Faltam as coisas básicas. Daí em diante, já não tem sentido em continuar com qualquer outro dado nessa comparação.

Embora a maioria de nós no escritório trabalhe com pessoas bem mais próximas do seu nível social, ainda a empatia - esse dom de se colocar no lugar das pessoas e tentar olhar com os olhos dela, faz toda a diferença do mundo.

E acreditem. Empatia pode ser apreendida. Sou um exemplo vivo de uma pessoa que não tinha senso algum em relação a isso e hoje consigo navegar razoavelmente com os olhos da outra pessoa. Líder de equipe sem empatia não se sustenta. Gerente de pessoas sem empatia não é nada...

Dr. Zambol
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

1+1+1 = 5


Trabalho em equipe faz parte do dia-a-dia das nossas corporações. Já virou pergunta padrão das entrevistas de emprego e currículo básico de qualquer curso de graduação. Porém, tenho a impressão que não sabemos claramente quais são os objetivos do trabalho em equipe. Porque afinal temos que nos juntar com outras pessoas, algumas das quais nem gostamos, para executar uma determinada tarefa?

O primeiro e mais óbvio motivo está relacionado à necessidade de se realizar trabalhos complexos, que seriam impossíveis ou inviáveis de ser realizados por uma pessoa só. Certa vez visitei uma igreja do interior de Minas que teve o seu interior totalmente esculpido em madeira por um Padre-Artesão. O trabalho era realmente impressionante, mas levou 35 anos da vida do sacerdote para ser concluído. E pensar que eu já fico impaciente quando um texto fica como rascunho por mais de uma semana.

O segundo motivador, normalmente esquecido quando se trabalha em equipe, é a qualidade. É esperado que o resultado do time seja superior ao do trabalho do indivíduo. Uma equipe deve  buscar um "Comportamento Emergente", conceito desenvolvido na zoologia. Um exemplo de comportamento emergente é uma colônia de abelhas, uma estrutura extremamente complexa, dezenas de vezes mais "inteligente" do que os indivíduos que a compõem. Um grupo afinado apresenta esse tipo de comportamento, onde o todo é maior do que a soma das partes.

A pergunta é: Como se obtém tal resultado quando se trabalha em grupo? A resposta passa novamente por um dos motivadores do grupo. Cada indivíduo tem que contribuir ativamente para o resultado, deve trazer alguma coisa para a mesa, ensinar além de aprender. E é aí que a coisa realmente aperta. A equação do trabalho em equipe fica desbalanceada quando não está claro para os participantes o que cada um está trazendo para a mesa (agregando) e levando para si (aprendendo).

Cito como exemplo o nosso trabalho aqui na Tribo. Cada um de nós aqui poderia criar um site, publicar textos, até mesmo escrever um livro sozinho. Porém, pelo menos para mim, fica a certeza de que a qualidade do que a Tribo produz é maior do que eu faço isoladamente. Essa sensação de que estou "ganhando" quando trabalho com essa equipe é, por si só, um grande motivador econômico para a nossa parceria. Claro, que todas as partes tem que ver as coisas da mesma maneira, senão a mágica não funciona.

São perguntas a se fazer no quando for trabalhar em equipe: O que estou trazendo para a equipe? O que estou aprendendo? A equipe é melhor que a soma das partes?

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Jack DelaVega

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Networking

Eu sei, muita gente odeia esse tema. Até porque ele raramente é tratado com a seriedade que merece. Mas em tempos de crise econômica mundial, demissões e concorrência acirrada, nada melhor do que voltar ao caderninho de contatos e cuidar dele com mais carinho.

Eu mesmo tenho que admitir que deveria cuidar melhor das minhas redes de contato. Mas admito que é difícil, e em um mundo onde cada vez temos mais coisas para fazer, essa é uma das coisas que normalmente relegamos a um segundo plano. Mas não adianta, mesmo que você não goste do tradicional "schmoozing", pare um segundo para pensar nas movimentações de carreira que você já fez, nos objetivos pessoais que alcançou - sempre estará lá a figura do "contato", aquela pessoa que lhe ajudou, em maior ou menor grau, a chegar lá. Como os especialistas dizem, "o que você sabe é quem você conhece" ("what you know is who you know").

Então vamos falar sério sobre o assunto. Existem basicamente 3 tipos de redes de contatos que você deveria manter no sentido de beneficiar a sua vida ou carreira. A primeira delas é a sua chamada rede de contatos operacional. Manter essa rede de contatos significa cultivar relacionamentos com pessoas das quais você precisa para fazer o seu trabalho. Envolve obviamente os seus colegas imediatos e subordinados, mas também a menina do RH, o cara do financeiro, aquele seu cliente, seus fornecedores, etc. Essa rede de contato é a mais fácil de ser mantida porque faz parte do seu dia-a-dia (eu diria que qualquer um com o mínimo de sucesso em sua vida profissional é capaz de cultivar bons relacionamentos desse tipo). Então faça a sua lista (ela será bastante extensa) e tenha certeza de tratá-la com bastante carinho.

A segunda seria a sua rede de contatos pessoais. E aqui a maioria dos profissionais já começa a falhar. Essa rede inclui pessoas do seu círculo social, gente que provavelmente compartilha do mesmo nível intelectual que você, e que você conhece por algum motivo que não necessariamente profissional. São seus ex-colegas de curso, seus parceiros do clube de tênis, o pessoal da academia, etc. Ah, você não faz academia? Tudo bem. Você não joga tênis? Futebol de repente? Natação? Bom, deve haver algum tipo de evento social que ocupa pelo menos algumas horas da sua semana, certo? Não? Aí é que está o problema. Muita gente acomoda-se com o "pessoal do trabalho" e deixa de cultivar contatos fora dessa rede. O problema? Bom, o problema é exatamente quando você quer deixar o seu emprego por outro (ou quando querem fazer isso por você ;) ). A rede de contatos pessoal normalmente está ligada às mudanças de carreira que você executou ou quer executar. Pense se não é assim. Ela é quem vai nos permitir enxergar fora dos limites do nosso emprego atual, ampliando nossos horizontes e abrindo portas que não enxergaríamos de outra forma.

A terceira seria a sua rede de contatos estratégicos. Essa é a rede mais difícil de cultivar, mas é a mais importante a longo prazo. Se pensarmos que em determinado momento de nossas carreiras estaremos cercados de gente com o mesmo nível de inteligência e o mesmo histórico de sucesso (tomara!), o que então fará a diferença? O que pode fazer a diferença é aquele seu conhecido que é vice-presidente de uma empresa na sua área de atuação e pode lhe dar um conselho no momento decisivo, ou aquele consultor sênior de RH que você ajudou a se enturmar com seu grupo no clube de tênis. São pessoas que vão podem lhe ajudar estrategicamente frente a uma encruzilhada no futuro. São contatos difíceis de manter, pois normalmente você irá buscá-los com algum interesse em mente (claro, a não ser que tenha sorte!) e deverá estar sempre pronto a trocar favores. É aqui que networking recebe a sua reputação ruim, pois é evidente que ninguém a priore gosta de encontrar pessoas tendo um interesse por trás. Mas trata-se de uma habilidade que deve ser desenvolvida, afinal conforme você sobe na carreira, o seu papel passa a ser cada vez menos o de quem executa alguma tarefa, mas sim o de quem mobiliza pessoas no sentido de executarem tarefas.

As coisas andam difíceis (economicamente falando) para todo mundo, nunca se sabe como será o amanhã. Então reserve um tempo essa semana, faça as suas 3 listas, tire a chuteira do armário e vá encontrar aqueles seus amigos para um chopp. Eles estarão sempre lá para lhe auxiliar com seu próximo passo profissional.

Reggie, the Engineer.
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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Hora de Sair

Em primeiro lugar, queria me desculpar com o leitor pelo atraso na postagem. A conexão internet que tenho em casa caiu desde ontem de noite e não voltou até agora (maldita NET). Trouxe o post pronto para o serviço em um Memory Card, mas Murphy estava presente e o cartão não teve jeito de ser lido.

Enfim, desculpem-me o atraso na postagem e segue post.

Um bom final de semana.
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Estava sendo expulsa dali, tinha certeza absoluta. O pior é que não fizera nada errado. Sentia-se completamente traída. Depois de tanto tempo naquele lugar, tinha certeza que sua adaptação seria mais do que dolorosa - e não se sentia pronta para aquilo.

A pressão era tanta para que ela se retirasse que não estava conseguindo mais resistir. Mesmo assim, não ia ajudá-los nessa tarefa em nada. Se quisessem tirá-la, teria que ser pela força bruta.

Sentiu muito medo - mais do que em qualquer outra situação que já havia vivido. Talvez o medo estivesse amplificado devido à forma com que levava a vida: estava sempre sozinha, sem contato com praticamente ninguém. Para dizer a verdade, para ela aquilo era muito mais do que um lugar para passar 8 horas por dia. Era a sua vida. Só se sentia amada e querida ali.

Pensou novamente nas chances de ficar bem ali com tantas pessoas querendo a sua saída. "Certamente nenhuma", pensou. O auto-conhecimento e a constatação desse fato foram suficientes para que ela então decidisse ir embora por conta própria.

Olhou uma última vez à sua volta. Iria tentar sair sem ninguém perceber. Abaixou a cabeça e começou a se dirigir à saída. Ia tentar se movimentar da forma mais rápida possível. Sabia que essa decisão iria mudar completamente sua vida. Mas tinha que estar preperada.

"Será que estou ouvindo pessoas comemorarem?", "Será que estão percebendo que estou saindo para nunca mais voltar?". Não, não pode ser. Estou ouvindo coisas... Nem se deu ao luxo de parar para pensar muito nessas coisas, pois já tinha tomado a sua decisão. Doa o que doesse, sabia que o seu tempo lá tinha se esgotado.

Chegando perto da saída, sentiu uma forte dor no peito. Estava com dificuldade para respirar. Sentia-se tonta. Prestes a perder o controle, alguém lhe segura e lhe ajuda a sair.

Tenta abrir os olhos mas não consegue enxergar nada. Só vê um clarão muito forte. Embora esteja confiante da decisão, sente muito medo do seu futuro.

Mesmo sabendo que tudo o que fez foi correto, talvez por puro desespero, começa a chorar copiosamente. Mal ela sabe que talvez tenha sido a melhor e mais difícil decisão de sua vida.

"É uma menina. Se todos os partos fossem assim, nós, médicos, estaríamos pobres. Pelo jeito ela é bem decidida. Se virou e praticamente fez o parto sozinha!"

E foi assim que Francesca, que mais tarde se tornaria CEO da Vale, nasceu.

E você com medo das mudanças quando sair da sua empresa, né!? Tsc, tsc.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Executivos

Roger tem uma agenda lotada. A semana começa em São Paulo, depois Londres e uma passada no Canadá antes do merecido descanso em Angra dos Reis no Domingo. A semana de Luciano também é corrida. Ainda que não viaje muito a negócios, ele passa o tempo todo de lá para cá. Sua empresa demanda muita supervisão, principalmente para um executivo recém promovido como ele. Seu dia não começa muito cedo, mas não tem hora para acabar.

Há algum tempo no cargo, Roger já comemora inúmeras vitórias. Em suas mãos a empresa cresceu muito, dobrou de faturamento e fez a felicidade dos acionistas. Bom, isso até a crise gerada pelo Subprime, que nos últimos meses tem dado muita dor de cabeça para Roger. O negócio de Luciano, por incrível que pareça, anda de vento em popa. Como depende exclusivamente do mercado interno, ainda não sentiu o impacto da crise. Pelo contrário, o nervosismo do mercado só aumentou sua demanda. É claro que ele sofre com a alta do dólar, como todo negócio que envolve importações. Mas essa é a hora de expandir, de consolidar a sua posição de mercado.

As empresas dos dois não poderiam ser mais distintas. Roger coordena uma operação gigantesca, talvez uma das mais complexas do país. Já a estrutura de Luciano é bem mais enxuta, mas dele dependem milhares de pessoas. Famílias que tem a vida afetada pelo complexo ecossistema alimentado pela sua companhia. As diferenças prosseguem no que diz respeito a suas formações, ainda que ambos tenham chegado ao cargo em função de seus méritos, Roger teve berço e educação. Os dois são considerados executivos linha dura. Roger é o que chamam de chefe difícil, perfeccionista espera o mesmo dos seus liderados.  A administração de Luciano é marcada pela meritocracia, só verdadeiros sobreviventes conseguem chegar ao topo da sua organização.

Uma coisa que ambos tem em comum é a preocupação com a questão da violência urbana. Transitam o tempo todo com seguranças responsáveis por sua proteção.

Roger Agnelli é o presidente da Vale, a maior empresa privada do pais e o executivo mais admirado do Brasil de acordo com uma pesquisa recente. Luciano Pezão é o marginal que chefia o tráfico no complexo de favelas do alemão, onde residem mais de 90 mil pessoas. É o maior traficante em atividade no país, o homem de confiança de Fernandinho Beira-Mar.

É uma vergonha que um meliante como Pezão goze da mesma liberdade que eu, você, e o Agnelli, dando margem a comparação do texto acima. Meu consolo é que sujeitos como ele não costumam durar muito, independente do quão esperto sejam. A má notícia, para todos nós, é que a área de "Recrutamento e Seleção" funciona muito bem no Narcotráfico e existe uma fila de gente qualificada para ocupar o lugar de Pezão quando ele partir.

[]s
Jack DelaVega