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Guia Especial - Gestão

Uma coleção de textos sobre tópicos fundamentais em Gestão nos dias de hoje

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eBook Gratuito que compila os melhores textos de humor de Jack DelaVega

Guia Especial - Planejamento de Carreira

Tudo que você precisa saber para fazer um bom planejamento de carreira e atingir os seus objetivos pessoais e profissionais

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Tango Tango

Conversa de louco.

Estou nessa ligação a mais de 3 horas, quase dez pessoas tentando descobrir o que há de errado com o sistema. Mais uma vez, gente de todas as nacionalidades, globalização. É bom e barato, fundamental para a sobrevivência nas empresas, mas às vezes tenho a impressão que o off-shore tem o simples propósito de levar o trabalho para os locais onde as pessoas falam o pior inglês possível. Como uma grande brincadeira, como se o malvado Grich que trocou os presentes de natal tivesse planejado isso tudo.

- WVXT334.

- Não encontrei nada, esse pedido não existe.

- WVST334.

- Ah bom, entendi X ou invés de S.

Alguém tem a brilhante idéia de utilizar o alfabeto militar:
- Whiskey, Victor, Sierra, Tango, 3, 3, 4.

Caramba, onde eu fui me meter? Logo eu que escapei do serviço militar.
Ok, meu emprego só existe por causa disso. E, apesar do nosso mercado interno ser relativamente grande, o Brasil está tentando se posicionar como um dos players de exportação de serviços de TI. Ou seja, a coisa só vai piorar. Mas não é fácil. E não precisamos trabalhar somente com Americanos, tem Chineses, Russos, Indianos, semana passada tive que acordar um cara da Malásia para pedir uma aprovação. Aposto que ele não entendeu nada do que eu disse, mas eu também não entendi o que ele respondeu. No final deu empate.

Alguém sabe me dizer que fim levou o Esperanto? Analisando com mais frieza até que não era uma má idéia.
[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Preste Atenção aos Dentes

Ele veio para minha área como um presente. De princípio achei que eu fosse um gerente abençoado, que, mesmo em épocas em que as áreas se matavam por recursos, tinha ganho um desenvolvedor sênior. Praticamente de graça, era só usar.

Mas na primeira conversa com ele fiquei desconfiado, e muito. Ele nunca tinha ouvido falar de patterns, Java era um grande problema e a lógica parecia não se encaixar direito. Entretanto, “cavalo dado não se olha os dentes”, pensei.

Inseri o novo desenvolvedor em um projeto com um líder experiente. Queria minimizar o possível dano e sabia que, para isso, precisava de alguém realmente experiente “na cola” dele. Alguns dias depois o óbvio ocorreu. Até os desenvolvedores mais inexperientes do projeto vieram me procurar reclamando que estavam odiando ter que explicar tudo para uma pessoa que ganhava 3 vezes o que eles ganhava e produzia 3 vezes menos.

Não sou um gênio em matemática, mas sei muito bem multiplicar 3 e 3 e saber que não conseguiria suporta esse número 9 por muito tempo.

Reunião marcada com a equipe. Entro e peço um apoio de todos. Explico que todos podem ter um início ruim e queria que toda a equipe desse atenção total e ele. Se um dia trocassem de emprego, certamente iam querer ao menos uma segunda chance.

Não quero me estender aos detalhes, mas nada deu certo. E para piorar a situação, ele era protegido por pessoas influentes. Para demiti-lo, muito trabalho e muita dor de cabeça – documentando cada detalhe no processo.

Depois daquele dia voltei para casa com uma lição aprendida. Se ao menos tivesse levantado os lábios do meu “presente”, veria que os dentes estavam podres. Daquele dia em diante, cada dia de manhã, nem os meus dentes passam desapercebidos.

Dr. Zambol.
--

quinta-feira, 17 de maio de 2007

XP e o Notebook mais barato do mundo

O meu primeiro emprego foi como programador em uma empresa quase pública. Que na verdade só tinha a parte ruim do serviço público, politicagem e a morosidade para efetuar mudanças, salários e benefícios que é bom, nada. Eu trabalhava em um núcleo que fazia software de prateleira, liderado por um cara muito gente boa, um daqueles idealistas sem estômago para o Corporate Game. Apesar da gurizada não saber direito o que estava fazendo já tínhamos sete pacotes desenvolvidos, com mais de mil e quinhentas cópias distribuídas, resultado interessante para algo que começou como projeto de pesquisa.

Um belo dia um gerente de outro setor veio nos procurar. Ele havia se comprometido a entregar um software de Banco de Questões, o projeto já estava acabando e os caras não tinham nem começado. Um dos nossos pacotes era justamente um Banco de Questões e para atender os requisitos dele precisávamos desenvolver apenas uma funcionalidade adicional. Fizemos uma estimativa conservadora e o custo em horas acabou ficando em R$ 7.000. Como não podíamos receber dinheiro, pois estávamos na mesma empresa, meu chefe negociou um notebook em troca do trabalho, que custava na época aproximadamente o valor que estimamos.
E lá fui eu codificar.

É preciso explicar que sou do tempo que se fazia programação em pares por necessidade, a empresa não tinha micro para todos forçando duas pessoas a dividir o teclado de vez em quando. Analisando agora, acho que essa prática acabou por compensar inúmeras das nossas deficiências técnicas de início de carreira, sendo um dos fatores de sucesso do setor.

Sentei na frente do micro com um colega ao lado. De início ele uma grande idéia para codificar o requisito e meia hora depois o código estava pronto. Mais meia hora para compilar e testar, e tudo terminado.

Recebemos um notebook por uma hora de trabalho. Nada mal para um bando de estagiários. Estava na hora de trocar de emprego.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 15 de maio de 2007

O Politicamente Correto Incorreto

Todos exigem que você seja rápido, tenha um desempenho incrível – muito acima da média. Entretanto, na hora que você precisa ser direto...bem, aí você não pode, pois iria ferir muitos egos e muitas regras.

E é nessas horas que começo a pensar se já não passamos o limite do “politicamente correto” e estamos criando burocracia. Se você ainda não sabe bem do que estou falando, é só pensar naquele rapaz incompetente do setor de suporte. Ele tenta, e muito, mas na hora de olhar porque a aplicação congelou, não faz nada - simplesmente liga para um de seus desenvolvedores e pergunta o que pode estar errado.

- Você já olhou o log? Pegunta o desenvolvedor, como sempre desconfiado.
- Que Log? Responde o inepto.
- O arquivo “MeAbraEmCasoDeErro.Log”, que está no diretório “Obvios\EntreAqui”
- Ah, não sabia disso.

Pois é, talvez se tivesse aberto o arquivo de procedimentos, amplamente divulgado e que deveria ser a primeira tarefa que ele deveria fazer, talvez soubesse.

Agora tente falar com o chefe dessa pessoa para que ela, depois de repetir o mesmo procedimento OProblemaNuncaÉMeu, seja advertida ou promovida para o mercado. É exatamente disso que estou falando. É muito difícil fazer isso – geralmente porque a empresa está engessada na estrutura de gerências diferentes ou porque não se possa mais ser direto, quase nunca.

Não estou sendo melodramático não. Chamar alguém de incompetente pode gerar uma reclamação formal do RH em algumas empresas. Você tem que usar palavras diferentes, ser menos direto. “Está tudo errado, pára agora!” então – nem pensar. Mesmo que o desenvolvedor tenha incluído GOTOs no meio do código e criado o projeto em VB6 ao invés de C#. Você tem que sentar com ele numa sala, sem ninguém olhando, e explicar lentamente que VB6 é bem diferente de C#.

Que fique bem claro. Ser direto é muito diferente de ser estúpido - não é disso que estou falando. Estou apenas dizendo que passamos do limite porque não conseguimos mais ser diretos, produtivos. Chamam isso de ser politicamente correto, mas muitas vezes são regras criadas por incompetentes para proteger outros incompetentes.

Que não me ouçam, mas ser politicamente correto às vezes é uma merda.

Dr. Zambol.
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quarta-feira, 9 de maio de 2007

Estratégia em TI: construir ou comprar?

Recentemente me envolvi em uma discussão sobre o que seria melhor: construir seu próprio software ou comprar software pronto. Fico normalmente indignado com esse tipo de debate, porque ele normalmente não leva a lugar algum. Obviamente cada caso é um caso e fico impressionado como as pessoas não conseguem ter bom senso.

Dentro de uma organização de TI, a qual está inserida em um contexto maior, a opção entre comprar ou desenvolver um software deveria ser analisada para cada necessidade de maneira individual. Existem casos em que comprar um software pronto ajuda a aumentar a eficiência operacional. Nos casos de grandes pacotes de software (ERPs, etc), é comum que a implantação dos mesmos ajude a organização a ter seus processos de negócio mais alinhados com as práticas de mercado. Por outro lado, um software bem desenvolvido internamente pode oferecer vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Ele pode ser mais aderente ao modelo de negócio.
O que me deixa chateado é que encontrar pessoas com esse tipo de bom senso na hora de escolher como automatizar um conjunto de processos de negócio dentro de uma organização parece ser cada vez mais como encontrar uma mosca branca. Comprar ou desenvolver software, seja qual for a sua escolha, não pode virar uma moda, um jargão, um lema dentro da empresa. Esse tipo de decisão deveria fazer parte de uma estratégia maior. Confesso que me motivei a escrever esse post depois de perceber que eu teria que projetar o 4o aplicativo de arquivamento de dados (database archiving) da minha vida. Que vantagem competitiva eu posso oferecer à organização ao desenvolver esse software quando poderia comprá-lo? Exatamente que processos de negócio eu estaria impactando positivamente ao construir esse software? Como eu falei, às vezes temos pouquíssimas pessoas fazendo essas perguntas dentro de um setor de TI.

Enfim, esses tempos li uma tirinha do Dilbert na qual o CEO da empresa explicava a um subordinado o que era estratégia. Ele basicamente dizia que estratégia era centralizar tudo caso as coisas estivessem distribuídas, ou distribuir tudo caso as coisas estivessem centralizadas. Por incrível que pareça, tem gente que aborda decisões importantíssimas como comprar ou construir um software com a seriedade do Scott Adams.

Reggie, the Engineer.
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terça-feira, 8 de maio de 2007

Pai Rico, Filho Nobre, Nerd Pobre

Você certamente conhece a história: pessoa altamente inteligente, que resolve problemas difíceis como ninguém. Indispensável para qualquer equipe. Entretanto, está lá - empacado em sua carreira. Não saiu e nem tem muitas chances de sair da carreira de desenvolvedor. Às vezes nem sênior é. Assim o será para sempre...

Há algum tempo atrás meu amigo Reggie postou sobre os Pavões. Pavões são aquelas pessoas que só se vendem e, na real, são ocos. E quando têm conteúdo, são podres.
Pois bem, Nerds geralmente tem a característica oposta. Tem um conteúdo intelectual incrível, que chega a transbordar do seu corpo. Entretanto, como geralmente são introvertidos e anti-sociais, acabam sendo penalizados, e muito, pelo jeito de ser.

O que me assusta é que cada vez vejo mais nerds empacados e mais pavões subindo de cargo. Onde será que estamos errando?

Não tenho a resposta correta, mas sei de dois pontos que merecem atenção.

O primeiro é a carreira Y. Por que talentosos desenvolvedores têm que se distanciar de seu dom para conseguir um salário melhor? Na carreira Y, desenvolvedores podem subir mais e mais na carreira técnica, ganhando tanto quanto gerentes ou até mesmo tanto quando diretores. Nos EUA isso é comum. Conheço um arquiteto cujo salário é invejado por qualquer gerente. E pasmem. Às vezes eles são gerenciados por pessoas que ganhem menos do que eles. Por que não? Cada um tem a sua responsabilidade e meta.

O segundo ponto é relativo a Soft Skills: liderança, resolução de conflitos e oratória, entre outros. Porque não investimos no treinamento de Soft Skills em Nerds? Mesmo uma carreira técnica necessita, e muito, de habilidades como essa. Além de cursos, uma solução é expor a pessoa introvertida a palestras. Às vezes a simples exposição e toda preparação necessária faz com que a introversão como um todo comece a acabar. Acredite, o nerd que vos fala tem muito a agradecer ao seu primeiro chefe no serviço federal de processamento de dados por isso. Desde lá, acabei me tornando um rato de dar palestras e cursos.

Talvez eu esteja falando o óbvio. Mas é só quando se grita o óbvio, bem alto, é que você acaba sendo ouvido – inclusive pelos gerentes cafetinos.

Dr.Zambol.
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segunda-feira, 7 de maio de 2007

Aldeia Global

A sala está lotada.

Do meu lado um indiano, gerente de projetos de TI, trabalha no Dubai. Ao lado dele um gerente de programa da Boeing, divisão militar da Companhia, confesso que não sabia que eles também trabalhavam para o governo americano. Mais a esquerda, outro cara de TI, dessa vez um australiano cujo foco são projetos de Infra-estrutura. Seguindo na mesa, um consultor Texano, trabalha com projetos de Petróleo, um ex Chief Security Officer da Nasa que agora ministra treinamentos, um engenheiro de plantas nucleares, americano também, mas que parece saído de Chernobyl, e mais um gerente de projetos, agora da Lockheed Martin, ele até podia me falar dos projetos dele, mas teria que me matar depois. Para completar um belga, trabalha numa startup da bay area de São Francisco e tem um sotaque de vilão dos filmes do Wesley Snipes.

A discussão é sobre riscos de projeto, e essa é uma das coisas legais de fazer parte de uma organização global do tipo do PMI. Me sinto pequeno perto dessa turma toda, mas é reconfortante saber que em um mundo tão complexo os problemas ainda são muito parecidos. Às vezes parece até que trabalhamos na mesma empresa. E no meio de toda a discussão o cara da NASA vem com essa:

“Vocês acham complicado manter os sistemas de vocês rodando 24x7? Na NASA quando a gente fazia uma cagada alguém ficava preso na Lua!”

E eu achando que tenho que lidar com pressão no meu trabalho. Tem sempre alguém pior que a gente.

[]s
Jack DelaVega