Manual do Empreendedor - eBook Gratuito

Dicas e Técnicas para você transformar suas idéias em um Empreendimento de Sucesso

Guia Especial - Gestão

Uma coleção de textos sobre tópicos fundamentais em Gestão nos dias de hoje

O Melhor do Humor no Escritório

eBook Gratuito que compila os melhores textos de humor de Jack DelaVega

Guia Especial - Planejamento de Carreira

Tudo que você precisa saber para fazer um bom planejamento de carreira e atingir os seus objetivos pessoais e profissionais

quarta-feira, 31 de março de 2010

Minutos Finais

O relógio da parede marcava exatamente vinte três horas e doze minutos da noite de terça-feira. Douglas não sabia a razão daquele relógio pendurado ali. Ora, se fosse para manter as pessoas trabalhando até tarde ele preferia não saber o horário, como em um cassino ou algo parecido. Pegou mais um café e voltou para o computador. Pelo menos eles dispunham de uma máquina de expresso. "Todo o café que você conseguir beber" era o lema.

Ano após ano, o fechamento contábil era essa correria, mas dessa vez a coisa estava ainda mais complicada, nenhum dado batia. Douglas precisava fechar o trabalho até o final da noite, pois o processamento levava pelo menos oito horas. Amanhã pela manhã, antes do diretor chegar, tinha que estar tudo pronto. Para piorar as coisas, o diabo do diretor, contrariando a regra, gostava de chegar cedo.

O primeiro gole do café não desceu bem, algo estava errado. Sentiu uma pressão desconfortável na altura do peito que em poucos segundos espalhou-se para os ombros e pescoço. Mas, foi apenas quando a tontura lhe bateu à cabeça, que ele percebeu o que realmente estava acontecendo. Estou sofrendo um ataque cardíaco!

Se dar conta de um ataque cardíaco é tão, ou mais perturbador, do que o ataque em si. E agora? O que vou fazer? Será que vou morrer aqui, nesse escritório vazio? É estúpido as coisas que passam pela cabeça da gente essa hora. Pensou no Bruce Banner, se transformando no Hulk, as mãos contraídas sobre o tórax, os olhos trocando de cor, as roupas estourando... Não, não, preciso me concentrar, pensar em um jeito de sair dessa.

A dor apertou, juntamente com a tontura. Caiu de joelhos. Tentou alcançar o celular, sem sinal. Sem sinal? Isso parece mais o roteiro de um filme ruim. Preciso de um... Qual o nome mesmo? Desfibrilador, isso preciso de um desfibrilador. O James Bond tem um no carro, como é que a gente não tem isso aqui no escritório? Jack Bauer desmontaria o carregador do notebook e enfiaria os fios desencapados no peito. 

Foi se encolhendo mais e mais tentando suportar a dor, mas acabou caindo de costas no carpete, respirando com dificuldade. Dali, conseguia ver as luzes fluorescentes do teto, com seu brilho monótono. Não ande para a luz, não ande para a luz, não é a assim que eles dizem? Será que é hoje que os anos de obesidade e sedentarismo virão cobrar o seu preço? Começou a ver a vida passar em frente aos olhos. Os amores que não teve, as viagens que não fez, os amigos que deixou na mão por conta desse trabalho. Tudo por quê? Pra quê? Para morrer sozinho jogado em um carpete velho e cheio de ácaros? Nada disso vale a pena, se eu sair dessa vou mudar minha vida, fazer tudo diferente. A dor apertou mais ainda, achou que iria desmaiar.

Então, súbito, tudo passou, como se um peso de trezentos quilos tivesse sido removido de cima do seu peito. Levantou devagar, conferiu o corpo, nada, a dor sumiu tão repentinamente quanto surgiu. Sentiu o coração se enchendo de alegria, não seria esse o dia da sua morte. Então, olhou para a tela do computador e lembrou. Sentou novamente em frente ao teclado resignado, o maldito do diretor chegava cedo.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 30 de março de 2010

Entrevista com o Reggie sobre o Manual do Empreendedor

Pouco mais de uma semana atrás, a Tribo do Mouse lançou o Manual do Empreendedor - um e-book com várias dicas para quem está pensando em abrir (ou para quem está começando) o próprio negócio. Como se trata da primeira investida da Tribo nesse tipo de iniciativa, surgiram várias perguntas de nossos leitores. A seguir o Reggie tenta responder algumas delas.


1. O que motivou você a escrever o Manual?

No início de 2009 eu intensifiquei a busca por informações sobre empreendedorismo - em parte porque trata-se de um tema que tenho certeza interessa ao público da Tribo, mas também porque o meu momento profissional me levava naturalmente para esse lado. E a verdade é que a partir desse estudo cristalizou-se para mim a facilidade com que se pode iniciar um empreendimento nos dias de hoje (comparada à experiência anterior que eu tinha de mais de 10 anos atrás). Não que os fundamentos econômicos tenham se modificado, ou que alguma mágica tenha surgido para fazer você ter sucesso trabalhando apenas quatro horas por semana ;) Não, o ponto é que nunca tivemos tanta informação disponível para o potencial empreendedor. E nunca foi tão barato iniciar um negócio próprio, caso a Internet seja a plataforma escolhida. Então eu resolvi anotar o que fui descobrindo ao longo do caminho. Com o tempo surgiram os posts sobre empreendedorismo na Tribo, e então a idéia de publicar o Manual. Eu queria realmente compartilhar com mais pessoas o que eu descobri e o que eu penso sobre o assunto.


2. A que público se destina?

Eu não gosto de definir público quando o assunto é empreendedorismo. Não acredito que exista o chamado "perfil empreendedor", acho que toda e qualquer pessoa com as rédeas de sua vida profissional é um empreendedor "hibernando", esperando o seu momento. Tem muita gente por aí que enche a figura do empreendedor de adjetivos apenas para formar no imaginário coletivo esse grupo seletíssimo de pessoas - os "Empreendedores" - um clube inacessível para nós meros mortais. Eu prefiro acreditar que qualquer pessoa criativa, com paixão pelo que faz, e com motivação e esforço suficientes pode se tornar dona do seu próprio nariz. Acho injusto e elitista dizer que não. Se você acredita que é sub-utilizado em seu emprego, o Manual pode ser para você. Se você odeia quando suas férias acabam e você tem que voltar para o escritório, o Manual pode ser para você. Se você não aguenta mais ganhar dinheiro para os outros, o Manual pode ser para você. E por aí vai.


3. Qual a sua principal referência em empreendedorismo?

O pessoal da 37signals - Jason Fried e David H. Hansson. Acabei de ler o último livro deles - Rework (ainda não disponível em português), e fiquei procurando onde eu podia assinar no final, porque realmente concordo com noventa e muitos por cento do que eles pregam quando se trata de gerenciar o próprio negócio. Gosto de alguns princípios deles como: não deixe seu emprego para iniciar seu próprio negócio, comece trabalhando de noite e aos finais de semana - minimize o risco; faça o simples: entregue um produto que alguém se interesse, COBRE por ele, e aproveite o lucro; não busque investimento de risco; não perca tempo planejando o imprevisível, etc.



4. Qual a dica que você dá para quem está começando agora?

Comece pequeno. Não tente inventar o próximo Google - existem inúmeros problemas simples esperando para serem resolvidos lá fora. Procure resolver algo que é um problema para você - assim você já tem o primeiro potencial cliente à disposição. Cobre pelo seu produto ou serviço - é a melhor maneira de medir se ele realmente tem valor ou não. Aprenda a dizer 'não' - é um dos "poderes" mais bacanas do empreendedor. E não espere pelo amanhã - está mais do que na hora do Brasil deixar de ser o eterno país do futuro, e isso só acontecerá com o suor dos nossos empreendedores.


Faça você também o download do Manual do Empreendedor da Tribo do Mouse, totalmente de graça. E espalhe a notícia.


Reggie, the Engineer.
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quinta-feira, 25 de março de 2010

Mercado de Trabalho: Encontrando seu Lugar ao Sol - Parte 2

Essa é a continuação da primeira parte do post "Mercado de Trabalho: Encontrando seu Lugar ao Sol", que começa com a definição de mercado de trabalho e a visão que o mercado tem de você. Friamente falando, o mercado vê você como um produto em uma prateleira cheia de outros produtos. Se você não se diferenciar de forma clara, se não deixar suas qualidades bastante evidentes, talvez você passe desapercebido.

O Brasil é um país imenso, em plena expansão. Em 2010, chegou aos 191 milhões de habitantes, a quinta maior população do mundo. A taxa de fecundidade (o número média de filhos por mulher) é de 1,89 - o que é menor que a taxa de reposição populacional, de 2,1 filhos por mulher (2 para repor os pais e 0,1 para compensar as mulheres que morrem antes de atingir a idade reprodutiva). Entretanto, como ainda temos muitas mulheres em plena idade reprodutiva, a população ainda deve subir nos próximos anos. As projeções falam que o Brasil deve chegar em 2050 com uma população de 259 milhões de pessoas. Como uma economia informal que pode chegar a 40%, e com a transformação cada vez maior de empregos informais em empregos formais, o PIB brasileiro tende a ter um aumento estratosférico, não só pelo crescimento do país, mas pela contabilização dos "novos" empregos que virão da economia informal.

Se não fui bem claro ainda, que fique o resumo aqui: você é apenas um no meio de um mar de pessoas. O mercado de trabalho não é injusto, ele é apenas prático - vai escolher os profissionais mais preparados para o processo de seleção, não necessariamente para o trabalho em si. Então, prepare-se! Mas como?

Jason Rich, autor do livro "Job Hunting for the Utterly Confused", dá uma dica essencial: "Para ter sucesso na busca de um bom emprego, se promova da mesma forma que uma empresa promove um produto". O primeiro passo para isso é exatamente definir sua paixão e suas meta-paixões, como já explicamos no post "Premissa para o Sucesso: Paixão pelo Trabalho".

Outra dica essencial é ser organizado. Vencer o mercado e encontrar o emprego que você quer pode tornar-se um trabalho longo e complexo. Para tanto, tenha um caderno ou alguma forma eletrônica de armazenar itens que lhe ajudarão nessa caminhada. Uma idéia de coisas importantes a serem mantidas vem do livro "Organize Your Job Serach", de Ronni Eisenberg. A lista proposta inclui itens como:
  1. Uma lista de tarefas a fazer que lhe ajudarão a conseguir o emprego que você deseja
  2. Uma seção com suas metas de carreira, documentando o que você gostaria de fazer para alcançá-los. Inclua na lista suas metas de longo-prazo
  3. Uma lista de todas as pessoas que podem ajudá-lo em sua campanha
  4. Empresas que provavelmente possuem o emprego que você procura
  5. Uma seção "Enviado para", com cópias de todas as cartas e currículos que você já enviou. Atrás de cada um deles, escreva impressões que você teve quando falou com pessoas daquela empresa ou quando foi entrevistado
Lembre-se sempre que seus sonhos não estão à venda. Como falamos anteriormente sobre paixão no serviço, o dinheiro não pode ser o motivo principal do seu emprego. A remuneração deve ser levada em conta, sem sombra de dúvida, mas nunca, nunca mesmo, ser o motivo principal de sua escolha ou você acabará frustrado pelo resto de sua vida. Oito a dez horas por dia infeliz é a receita de uma vida infeliz. Nenhum dinheiro no mundo paga isso.

Algumas dicas importantes dos passos seguintes são dadas por uma das maiores autoridades mundiais no campo de caça-talentos: Alan Schonberg, chairman da maior empresa em recrutamento de executivos do mundo, a Management Recruiters International, em seu livro "Headhunters Confidential!". As dicas a seguir valem ouro e vêm de alguém que fez isso sua vida inteira:

  • Rejeite qualquer pensamento de rejeição .O medo paralisa qualquer um. Na procura de um emprego, é comum ser rejeitado no processo por uma ou mais empresas e deve-se ter na cabeça que a rejeição é para aquele emprego naquele momento - apenas isso. A confiança é contagiosa e se você realmente acredita em si mesmo, os outros tendem a acreditar muito mais facilmente em você. Henry Ford demitiu Lee Iacoca porque não gostava dele. Mesmo devastado, ele persistiu e fez a Chrysler a potência que é hoje.
  • Um escoteiro está sempre preparado. Você também deve estar preparado para transformar sua entrevista em uma proposta de emprego. Faça seu tema de casa. A primeira pergunta pode ser "O que você sabe da nossa empresa?". Estude a empresa, sua cultura, seus valores e suas metas principais. Você deve saber muito bem porque você seria um bem valioso para a empresa e porque você tem interesse na posição. Se a posição for executiva, tente também descobrir quem lhe entrevistará e faça uma pesquisa sobre a pessoa também.
  • O currículo. Currículos são usados para desqualificar um candidato. Um excelente currículo não lhe garantirá emprego, mas um currículo medíocre lhe garantirá exclusão do processo antes mesmo de ser entrevistado.
  • O headhunter é seu amigo. Novamente, aqui a dica vale mais para cargos gerenciais, mas o uso de headhunter no início de carreira, se possível, também lhe garantirá muitos frutos. O headhunter tem mais contatos que você imagina. Além disso, pode lhe dar dicas preciosas para o cargo em questão e advogará a seu favor. Tente desenvolver um relacionamento com um headhunter antes de necessitar de um emprego.
  • A Entrevista. A entrevista não é o elemento principal. Ela é tudo. Esteja preparado para ela. É a única forma de você se diferenciar dos milhares de outros "shampoos" que estão na prateleira. Trataremos da entrevista separadamente, em um post específico do assunto.
Se você "vencer" o mercado de trabalho, as entrevistas se transformarão em uma proposta de trabalho. Quando chegar esse momento, tenha muita paciência. Resista a tentação de dizer "Sim, eu aceito!" instantâneamente sem pensar. Esta é a hora de você negociar os termos de sua contratação. Agora, quem está com a vantagem é você. Faça mais perguntas sobre sua nova posição, da remuneração, dos benefícios e do bônus. Lembre-se que quanto mais experiente você é, mais especializados são seus skills, e maiores são as chances do seu salário possível ter uma boa banda de negociação. Não se preocupe em pedir um tempo para decidir. Não será isso que fará você perder o emprego. Nesse tempo, não apenas avalie a remuneração. Eis algumas perguntas que faço sempre que me encontro nessa situação:
  1. Esse emprego me deixará feliz?
  2. Quantos outros onde estou com processo de seleção em andamento podem ser melhores que esse para a minha carreira?
  3. A empresa tem os mesmo valores que eu? Eu me encaixarei na cultura da empresa?
  4. Quais os principais riscos envolvidos em eu não aceitar esse emprego se ele realmente não for exatamente o que eu quero? Quanto tempo consigo me manter bem e continuar procurando um emprego que me satisfaça completamente?
  5. As pessoas que me entrevistaram e as outras que conheci pareciam amigáveis?
  6. Esse emprego tornará minha vida melhor?
  7. Quão rápido eu consigo crescer na empresa agora que sei a posição que estão me oferecendo e com mais detalhes sobre o emprego?
Se está com dúvidas sobre o salário, vá para a Internet e faça algumas pesquisas básicas. Diversos sites publicam a faixa salarial - é um meio seguro de você saber se a remuneração é justa em relação ao mercado.

Em decidindo aceitar a proposta, peça tudo por escrito, em um formulário assinado e saia para celebrar sua conquista. E não subestime sua vitória. Em um país de 191 milhões de habitantes, ser escolhido em um emprego que você quer e que lhe satisfaça, vale ouro.

Lembram do meu shampoo? A embalagem era bonita, o preço era bom, mas o produto não muito. Só depois de umas 4 ou 5 idas ao super-mercado que acabei escolhendo o shampoo que uso até hoje. E olha que não sou nada exigente com o produto (quem me conhece sabe que sou quase careca).

O mesmo vale para você: ser escolhido é apenas o primeiro passo. Você deve continuamente estudar e melhorar em sua carreira. De nada adianta um planejamento e um esforço grandes para entrar na empresa e achar que a missão está completa. Isso logo fará você se tornar pior que um candidato externo - sinal que a você para a empresa vale menos e ganha mais, ou seja, é completamente dispensável. Mas o avanço e evolução em sua carreira será mais natural que você imagina se você escolheu o que realmente ama fazer.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 24 de março de 2010

Lições de um Velho Bodegueiro

Todo o ano era a mesma ladainha:
- Por que esse governo não dá. O povo nunca esteve tão miserável, ninguém tem dinheiro para nada. Hoje à tarde, por exemplo, não vendi nada no bar.

O bar e mini-snooker, cuidado pelo meu pai e minha avó, era o que dava o sustendo para a nossa família. Pagou a minha educação e a do meu irmão. Não éramos ricos, longe disso, fazíamos parte da tradicional classe média que foi ficando cada vez mais espremida durante os anos de inflação. Mas, lembro com saudades daqueles tempos e tenho o orgulho de dizer que nunca me faltou nada em casa. 

Porém, para o meu pai, a culpa era sempre dos outros, governo em cima de governo, os militares, a direita, a esquerda, nada fazia diferença para ele. Analisando rapidamente é fácil concluir que ele não possuía um perfil empreendedor, mas o problema era uma pouco mais profundo do que isso. O fato é que o velho detestava o que fazia e, se para quem gosta do que faz as coisas já não são fáceis, imagina para quem não gosta.

Lamentava-se, dizendo que suas opções profissionais foram podadas pelo pai. Queria ser jogador de futebol, chegou a ser aceito no juvenil do Grêmio, mas foi proibido de seguir carreira. 
- Futebol é coisa de vagabundo. - Dizia meu avô.
Depois disso, encantou-se pela carreira militar. Tinha planos de seguir para as Agulhas Negras e tornar-se oficial. Mas essa escolha também foi barrada, pois implicava em mudança de cidade.
- Quem vai cuidar da tua mãe quando eu não estiver mais aqui?
Resignou-se, então, como dono de bar, mas nunca gostou da opção que lhe sobrou.

Se por um lado essas frustrações limitaram as opções de carreira, ele fez o que qualquer um de nós faria: buscou as realizações através dos filhos. Não abriu mão de que eu e meu irmão tivéssemos um curso superior. De fato, eu fui o primeiro da minha família inteira a conseguir um diploma, não que isso seja muita coisa nos dias de hoje. Contudo, frustrei parcialmente as expectativas do velho. Pela rigidez da hierarquia, nunca vi graça na carreira militar e, por sorte, não gostava de futebol. Sou um dos poucos sujeitos destros com a mão e canhotos com o pé. Meu futebol se restringe a correr sem a bola ou ficar parado com a bola, nunca consegui fazer os dois juntos.

Não é nada justo criticar as posições de alguém que, a despeito de não gostar do que fazia, nunca deixou de colocar comida na mesa, não é esse o meu objetivo aqui. Mas não posso de tentar aprender um pouco com os comportamentos dele, dos quais tiro duas lições:
- O Sucesso, não restrito apenas a esfera profissional, só pode ser obtido quando temos paixão pelo que fazemos.
- Quando não estamos satisfeitos com nós mesmos o mais fácil sempre é jogar a culpa nos outros.

Foi ele mesmo que me ensinou isso na ocasião que pedi demissão de uma multinacional, sem nada em vista (fato descrito nesse texto). Todos me acharam louco, meus amigos, minha namorada e futura esposa, meu pai foi o único a me dar razão:
- Filho, tu está certo, não dá mesmo para trabalhar em um lugar que a gente não gosta.
Sábias palavras, que levo comigo até hoje.

[]s
Jack DelaVega

quinta-feira, 18 de março de 2010

Mercado de Trabalho: Encontrando seu Lugar ao Sol - Parte 1

Agora que você sabe qual sua paixão pelo trabalho, está na hora de ir para o Mercado de Trabalho. E não considere esse um exercício que você fará uma vez só na vida ou que você já fez e está livre. Você pode e deve repetir a busca por novas oportunidades constantemente durante sua vida profissional. Portanto, não importa se você está bem empregado já ou ainda no início de uma carreira: a busca deve ser constante.

Mercado de Trabalho é um termo para definir a relação entre aqueles que procuram emprego e aqueles que oferecem emprego. O sistema que rege o mercado de trabalho é bastante conhecido e não deve ser novidade para ninguém: a lei da oferta e da procura. O "bem" em jogo aqui é o trabalho que você está prestando, e é ele que sofre variação caso a demanda seja muito alta (por exemplo, advogados tributaristas em tempos de caça às bruxas para quem deve impostos) e a oferta reduzida (ou seja, poucos advogados especialistas no assunto prontos para prestarem esse tipo de serviço). O preço do bem (o salário e os benefícios dos advogados tributaristas) nesse caso ficará mais alto. O inverso também é verdade: se há muitos advogados tributaristas mas ninguém procurando seus serviços, a remuneração média desses profissionais sofrerá uma redução.

Esqueça agora por um segundo o mercado de trabaho e vamos ao super-mercado. A sua tarefa é simples: escolher um shampoo. Uma parede de uns 50 mestros de comprimento repleta de produtos de diversas cores, que falam coisas muito parecidas (anit-caspa, anti-queda, controle de volume, etc) estão à sua frente. Qual escolher? Espero que você já tenha passado por essa situação. Quando me divorciei, como era minha ex-esposa que sempre comprava produtos de banheiro e de cozinha, tive que escolher meu shampoo e fiquei praticamente uma hora naquele corredor. Li diversos rótulos, instruções, composição e...não consegui chegar a nenhuma conclusão clara - nenhum tinha um diferencial grande. Levei para casa um dos mais baratos, que tinha uma embalagem apresentável.

Agora voltemos ao mercado de trabalho. A oferta de profissionais é tão grande atualmente para a grande maioria das áreas que ou você tem um diferencial que salte aos olhos ou você será apenas um entre uma montanha de outros shampoos. E não adianta o shampoo ser excelente se ninguém conseguir identificar pela embalagem ou se a embalagem não for bastante clara sobre as vantagens do produto.

Entender o que move o mercado de trabalho, saber que ele escolherá o produto depois de uma análise apenas superficial (uma ou duas entrevistas) das qualidades do produto e saber que a sua embalagem é constituída basicamente do seu currículo, da sua postura do seu comportamento e da sua apresentação já é o primeiro passo para o sucesso.

O segundo passo é entender que estamos em um mercado em plena mutação, onde as mudanças estão se acelerando diariamente. Há apenas 20 anos atrás, o normal era ficar a maior parte da vida no mesmo emprego. Hoje, o trabalhador está em seu trabalho há apenas 4 anos. Uma pessoa que está se formando agora deve esperar ter em média 12 empregos em 5 carreiras distintas. Daqui a 10 anos, metade dos trabalhadores estará em empregos que ainda não existem no dia de hoje.

Saiba as conseqüências disso e outras características essenciais do mercado de trabalho na segunda parte desse post, a ser publicado na semana que vem.

Dr. Zambol
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Manual do Empreendedor da Tribo do Mouse

Todo grande negócio começa com uma inspiração.

Todas as pessoas deveriam ser encorajadas a iniciar seu próprio negócio. Ter uma empresa não deveria ser algo destinado apenas a esse ilustre grupo de indivíduos o qual chamamos "empreendedores".

Há muita gente lá fora com uma enorme paixão pelo que faz, e com vontade de ganhar dinheiro com isso. Gente que tem idéias, confia em si mesmo, mas precisa de um pequeno empurrão para dar o próximo passo.

Pois o Manual do Empreendedor da Tribo do Mouse está aqui para lhe dar esse empurrão.

Nesse e-book recheado de dicas e informação, você vai entender como buscar motivação para montar seu próprio negócio, vai conhecer métodos e técnicas para ajudar a transformar suas idéias em empreendimentos, e você ainda vai ter acesso a um grande número de ferramentas essenciais para os estágios iniciais do seu negócio. Tudo isso absolutamente de graça.

Todo grande negócio começa com uma inspiração. Busque a sua aqui.





terça-feira, 16 de março de 2010

O que é um empreendedor? (Re-edição)

Muita gente tem vontade de empreender, mas reluta em seguir esse caminho. Muitos acabam adiando  permanentemente a decisão por não ter certeza se têm o perfil certo para empreender. Mas afinal o que é um empreendedor? Não quero entrar no mérito de habilidades e talentos porque isso de certa forma nos distancia da imagem das pessoas. Prefiro uma descrição mais informal. Portanto, se fôssemos descrever um empreendedor, como seria essa descrição?

Há algum tmepo atrás, o pessoal do SeedCamp entrevistou vários nomes importantes da área para tentar buscar algumas respostas. Você se identifica com alguma das definições abaixo? Quem sabe esse não é o combustível que faltava para você tomar a decisão por tornar-se um empreendedor.


"O empreendedor é o pirata dos dias modernos. Você está lá, buscando o ouro. Você quer ganhar um bocado de dinheiro. Você também quer mudar o mundo, você quer notoriedade. Mas há uma motivação pelo lucro por trás de tudo. E você sabe que tem chances muito pequenas de sucesso. Mas sabe que se chegar lá, a vitória será grande."

Michael Arrington - TechCrunch


"Visão. Um empreendedor vê as coisas de maneira diferente. Mas mais do que isso, ele faz algo a respeito. Ele não apenas tem uma idéia. Ele tem a força, a coragem para de fato ir lá e transformá-la em realidade."

David Rajan - Oracle



"São pessoas tentando encontrar um lugar para elas no mundo. E construir uma empresa é construir esse lugar. E eles então habitam esse lugar. E comandam ele, e tentam fazê-lo crescer. Algumas vezes eles têm sucesso, outras vezes eles fracassam. Empreendedores são pessoas com um tremendo desejo por fazer a diferença."


Martin Varsavsky - Fon


"Um empreendedor é uma pessoa que tem uma visão de algo que poderia ser diferente. E também tem a paixão para perseguir essa visão. É uma pessoa que não dorme bem à noite, conformado com o status quo, caso exista uma maneira melhor de se fazer alguma coisa."

Sean Park - 6th Paradigm


"Existe muita besteira escrita sobre o que uma pessoa deve fazer para tornar-se um empreendedor. Existe uma coisa que uma pessoa deve fazer para tornar-se um empreendedor: seguir em frente. Se você não seguir em frente, se não persistir, não chegará a lugar algum. O maior obstáculo que as pessoas enfrentam é na verdade dar o primeiro passo e seguir em frente. Se você não fizer isso, nunca saberá se irá fracassar ou não."

Matthias Mitschke - Stardoll


Segue abaixo o vídeo completo do pessoal do SeedCamp sobre o que é um empreendedor, com as descrições acima e algumas outras (em inglês).




Caso você não consiga visualizar o vídeo acima, clique aqui.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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sexta-feira, 12 de março de 2010

Esqueça o que te disseram sobre Motivação

Pessoal:
Estou lendo o livro Drive: The Truth About What Motivate Us (ainda sem tradução para o português). O livro é fantástico e derruba inúmeras suposições que temos sobre motivação, propondo um novo modelo para empresas e sociedade. Na próxima semana vou escrever um texto sobre o assunto, mas por enquanto fiquem com o uma palestra do autor no TED sobre o assunto (com legendas em portugûes). Simplesmente imperdível!




Leia o review do livro no texto Motivação 3.0.

[]s
Jack DelaVega

quarta-feira, 10 de março de 2010

Difícil é Quem Acha a Outra Pessoa Difícil...

- Chefe, não aguento mais o Mário! Ele é muito lento e nunca bate o martelo em nenhuma decisão. Precisamos demiti-lo e contratar alguém no seu lugar.

- Roger, essa briga com o Mário já se prolonga há mais de 2 meses. Você tentou mudar a abordagem como a gente conversou na última vez?

- Sim, já fiz de tudo!

- Deixe-me ver, você já entendeu porque ele está agindo dessa forma?

- Hmmm. O que você quer dizer com isso?

- Todas nossas ações, certas ou erradas, são movidas por expectativas e intenções que temos naquele momento. Você já ouviu falar do famoso gráfico das quatro intenções, do Dr. Rick Brinkman?

- Não.

- Deixe eu lhe mostrar. Estava com ela em algum aqui...Ah, aqui está (imagem abaixo).

- Pois veja só. Pelo que conheço de você e devido à cobrança que estou fazendo para que esse projeto saia no tempo certo, você está agora com foco na tarefa, trabalhando agressivamente para que isso ocorra. Se você olhar no gráfico, você verá a intenção "finalizar a tarefa" entre "foco na tarefa" e "agressividade". Você sabe mais? Pessoas com essa intenção, quando não conseguem realizá-la, tornam-se mais controladores e mais agressivas, assumindo responsabilidades muitas vezes irresponsáveis - pensando que irão andar mais rápido.

- Entendo. Me tornei muito controlador mesmo nos últimos tempos.

- O Mário é um excelente técnico, mas sua personalidade é passiva. Há alguns meses atrás, ele claramente tinha o foco na tarefa. Se olhar no gráfico, entre "Passivo" e "Foco na Tarefa" está a intenção de fazer a coisa certa. Era o que ele tinha. Lembra que era sempre ele que achava as falhas no planejamento?

- Sim, ele realmente nos salvou de umas boas, mas era também bastante pessimista, tentando encontrar falhas onde não havia.

- Exatamente, faz parte do perfil dessa intenção. Uma pessoa ali é geralmente vista como "o pessimista", "o reclamador". Mas uma coisa muito interessante aconteceu que me dei conta agora enquanto falava com você. O Mário, depois de muita pressão e discussão, sentiu-se inseguro e começou a mover seu foco da tarefa para as pessoas. Sendo passivo como é, a intenção dele mudou para "integrar-se com as pessoas". Sabe o que uma pessoa nessa área do gráfico faz? Ela torna-se uma pessoa "talvez" ou "uma pessoa "sim", para agradar as outras pessoas à sua volta. E o pior é que quanto mais se bate em alguém com essa intenção, mais insegura ela fica e...

- Mais "talvez" ela fica. Puxa! É o Mário enquadrado!

- Exatamente. Agora que você sabe porque ele está agindo assim, deixe-lhe falar rapidamente os quatro passos para se lidar com pessoas difíceis: 1. Entender a Mim Mesmo, 2. Gerenciar a Mim Mesmo, 3. Entender a Outra Pessoa e 4. Fazer algo para Mudar o Relacionamento com a Pessoa. Parece que o passo (3) temos claro, correto?

- Sim.

- Os passos (1) e (2) podemos tratar um outro dia com mais calma, pois levariam bastante tempo para serem cobertos. Para o passo (4), quero apenas lembrar algumas dicas de Dale Carnigie, famoso pelo seu livro de "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas".
  • Comece com um elogio e uma apreciação sincera
  • Fale sobre seus próprios erros antes de criticar os da outra pessoa
  • Chame a atenção para os erros da outra pessoa de uma maneira indireta
  • Elogie o menor progresso e elogie cada progresso
  • Torne as faltas fáceis de corrigir
  • Faça a outra pessoa sentir-se feliz fazendo o que você sugere
- Puxa chefe, não tinha visto o assunto sob esse ângulo.

- Gostaria que você começasse hoje mesmo com isso. Se não houver melhora significativa em uma semana, falamos novamente, ok? Ah, mas a data permace inalterada, ok?

- Ai, ai, ai. Pô chefe, tem alguma dica sobre como lidar com datas apertadas?

- Tenho, saia já daqui e volte a trabalhar agora!

Dr. Zambol
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Mas... O que eu faço para ser promovido?

Vinícius foi um dos melhores técnicos com quem trabalhei. Possuía conhecimento profundo da área que atuava, extrema facilidade de relacionamento e aquela curiosidade típica dos grandes profissionais. Ele havia atingido o teto do seu paygrade quando foi transferido para a minha equipe. Apresentava bom desempenho e grande potencial, ambos pré-requisitos para uma promoção. No entanto, o seu trabalho não tinha visibilidade com os demais gerentes. Explico, em grandes empresas as promoções dependem não apenas pelo superior direto, normalmente, o chefe do chefe, o RH e demais gerentes são envolvidos no processo. Ele chegou para mim explicando a sua frustração:
- Cara, não sei mais o que fazer. Me ralo trabalhando, tenho excelentes resultados, mas ano após ano sou protelado em minha promoção.
- Vinícius, eu não vou vir com cascata para cima de você. O fato é que eu não consigo te promover sozinho, preciso da aprovação de mais pessoas no processo.
- Eu entendo, mas o que a gente pode fazer?
- Você tem que me ajudar. Como você mesmo disse, ano após ano vem sido protelado nas promoções. Agora eu pergunto: O que você tem feito diferente? Um dos sintomas da insanidade é fazer a mesma coisa esperando obter resultados diferentes.
Ele se resignou.
- Pois é, eu sei que você tem razão. Mas como a gente vira esse jogo?
- Antes disso, deixa eu te falar uma coisa: Sabe o que me deixa louco? 
- Não?
- Por que diabos você se mata de trabalhar, tem resultados excelentes nos seus projetos, e eu só ouço falar do tal de Amílcar?
- Não sei, nunca me dei conta disso. Acho que ele ganha mais exposição, sei lá. É um pouco de estilo, gosto de fazer o meu trabalho e ficar quieto no meu canto.
- Não me entenda errado, não estou desmerecendo o trabalho dele. Pelo contrário, sei que o sujeito é competente, mas isso você também é. Meu ponto é que ele é um exemplo a ser seguido.
Ele não gostou da idéia:
- Peraí, mas não vou deixar de fazer o meu trabalho só para fazer "marketing" tentando ser promovido.
- Vamos deixar as coisas bem claras entre a gente. Se você fizer isso, eu te demito.
Ele sorriu e entendeu o meu ponto. Continuei:
- Cara, promoção depende de três coisas: estar preparado, existir espaço na organização e as pessoas acreditarem que você está preparado. O mais difícil você já fez que é estar preparado, a empresa está crescendo, portanto, existe espaço. Só falta agora trabalharmos na percepção dos outros sobre você.
- Então qual é plano?
- Primeiro temos que mapear o terreno. Vamos desenhar você aqui no meio desse grafo. Os círculos ao redor representam as pessoas que têm influência na sua promoção. Está comigo até aqui?
- Sim. 
- Agora, dentro de cada um dos círculos vamos colocar a letra "A" para aqueles que acreditamos que aprovariam a sua promoção. A letra "R" para os que reprovariam, e a letra "I" para os indiferentes. 
Em cinco minutos completamos o exercício. Pela cara ele não ficou muito satisfeito com a quantidade de Is e os Rs
- Agora o trabalho consiste em ganhar exposição com as pessoas que marcamos com "I" e  "R". Como? Fazendo com que mais gente dentro da organização conheça você. Participando de grupos de trabalho com eles, ganhando visibilidade em reuniões. Lembra da proposta de melhoria de processo que você apresentou na nossa reunião de equipe? Que tal reprisá-la para todo o departamento?
- Acho que entendi.
- Então mãos a obra, não vai ser legal termos essa mesma conversa daqui a seis meses.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 8 de março de 2010

A Bruxa (Reedição)


O dia da Bruxa começava sempre igual. Chegava ao trabalho precisamente às 7h45min. Gostava de chegar cedo, chegar antes dos outros. Sentava, lia os e-mails e ficava esperando o resto do pessoal chegar. Por volta das 8h30min o movimento já era intenso no escritório. Então ela saía para fazer a ronda. Caneca de café na mão, presente da sobrinha, cheia. Sem açúcar, é claro, quem gosta de café docinho é a vovozinha.

A Bruxa ganhara o apelido por conta das suas posições fortes e por um profissionalismo ferrenho, digno de lembrança pelos chefes e ódio por colegas. Com relação aos subordinados as opiniões eram divididas. Alguns não suportavam o seu estilo, mas os que gostavam não trocavam por nada. Diziam:
- A Bruxa é o que é. Dura, às vezes fria, mas transparente. Quer algo melhor que isso? 
E era terrivelmente eficiente, conhecia o seu negócio como ninguém. A verdade é que a maioria dos seus detratores era formada por incompetentes que cruzavam o seu caminho. Com esses tinha pouca paciência mesmo. Em reuniões a coisa era mais ou menos assim:
- E então o projeto está correndo de acordo com o cronograma, exceto o relatório do departamento X que ainda não recebemos.
Sinal de Alerta, o departamento X era o seu departamento. As sobrancelhas se eriçaram por detrás dos óculos, que mais serviam de charme, dando-lhe um ar de professora universitária. A bruxa enxergava e ouvia muito bem. E a menção do seu departamento a fez voltar para a entediante reunião e deixar o trabalho infinitamente mais produtivo de responder e-mails para trás.
- Hrmm, hrmm. Raul?
Raul sentiu o nó da gravata apertando no pescoço. Acabara de se arrepender por cruzar o caminho da Bruxa.
- Por acaso, você está se referindo ao relatório de rentabilidade das franquias?
- Sim, esse mesmo.
- Engraçado, eu enviei para você esse relatório no último dia 18, exatamente a uma semana atrás. Entregamos na data, mesmo depois de você mudar de idéia duas vezes sobre as informações que precisava.
O filete de suor correu pela testa de Raul. Tentava não gaguejar na resposta.
- Hmm, estranho, não recebi. Devo estar com um problema no meu e-mail. Vou reclamar para o pessoal de TI.
- Pode ser... De qualquer maneira eu continuo recebendo sua lista de piadas sobre loiras diariamente. Deve ser algum problema no nosso firewall, de qualquer jeito estou enviando novamente.
Era fato, ninguém ganhava da bruxa. 

O mundo corporativo não tem muito apreço por mulheres duras e eficientes. É certamente mais complacente com os homens assim. A sociedade espera que uma mulher se comporte como mãe e os estereótipos são normalmente extensíveis ao ambiente de trabalho. Em um cenário tão competitivo a diversidade é um diferencial para as empresas. E diversidade se constrói com bruxas, e também fadas. É importante lembrar isso, especialmente no dia internacional da mulher (08/Mar). Parabéns a todas as nossas leitoras.

[]s
Jack DelaVega

sexta-feira, 5 de março de 2010

Tele-Amigo (Reedição)

Tem certas coisas que, honestamente, não consigo entender. Toda vez que alguém me fala da política de sua empresa em restringir acessos, sites ou coisas do gênero, faço a mesma pergunta sempre:

- Então eles não têm controles, é isso?
- Pelo contrário, eles restringem o acesso para mostrar que têm controle.
- Negativo! Se tivessem controle, iriam confiar nos funcionários, ter relatórios automáticos de discrepância e cobrar e exigir ações de determinadas pessoas quando saíssem da linha.

Você já viu alguma empresa que proíbe o uso do telefone fixo porque as pessoas podem ligar para o “Tele-Amigo”? Ou então o diretor de RH comentar que “percebeu que havia pessoas ligando para o Fale-Comigo-Pelada e decidiu então restringir o acesso a números desse tipo, tendo contratado uma consultoria que investigou quais os números mais discados desse gênero e proibiu todos”.

Obviamente não! E por uma razão óbvia. Quando se dá um telefone para uma pessoa, assume-se que ela é suficientemente inteligente e responsável para não ligar para o tele-amigo ou para o Fale-Comigo-Pelada (acho que vou patentear esse nome, ficou interessante).

Por que isso não é igual para outras tecnologias como celular, sites internet, e-mail pessoal e o Twitter? Meu ponto é: se confiamos no funcionário e o tratamos como adulto, não vejo problemas se ele tiver que acessar, por exemplo, o Orkut em um dia qualquer por alguns minutinhos. Talvez aqueles cinco minutos de acesso ao Orkut façam com que ele trabalhe mais feliz e produza muito mais. Se ele estiver se aproveitando da situação e estiver utilizando o site por muito tempo, não vou fechar o Orkut para a empresa inteira, mas simplesmente avisá-lo que não está produzindo o suficiente e, se for o caso, demiti-lo. Aliás, se existe uma lista de sites "proibidos", pode-se facilmente ter um relatório de acessos as esses sites e o número de minutos que cada funcionário passou nele. O relatório pode então ser enviado mensalmente para o funcionário e ao seu gerente. Quando há uma discrepância e o funcionário utilizou um determinado site muito acima da média, o e-mail vai já dizendo isso no início e com importância alta, para que essa discrepância seja facilmente identificada.

É claro que certos sites, como os de pornografia, podem ser exceção e serem trancados pelo simples fato de às vezes surgirem “do nada” quando se está navegando inocentemente num site de fraldas de bebê, por exemplo – e isso pode evitar situações constrangedoras. Fora isso, sinceramente não vejo porque proibir nada. Quer ler e-mail pessoal? Sem problemas, confiamos que você é adulto o suficiente para fazer uso racional disso, mas saiba que será penalizado, inclusive com a demissão, caso utilize de forma irresponsável o recurso.

Se for para desconfiar e tratá-lo como criança, não coloque nem telefone em sua mesa, pois uma pessoa pode, realmente, ficar o dia inteiro com o tele-amigo ou falando com a sua namoradinha nova o que, na verdade, é a mesma coisa que dizer que ele está sem fazer nada produtivo.

No final das contas queremos avaliar o funcionário pelo desempenho e não pelas horas-bunda (horas que ele passa sentado no serviço), correto? Ademais, se ele não fez nada de produtivo e o gerente não percebe...hmmmm, talvez haja mais pessoas não fazendo o seu serviço...

“Trate as pessoas como crianças que elas certamente agirão como crianças”

Dr. Zambol
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quarta-feira, 3 de março de 2010

Molho Especial

Tenho que confessar, sou louco por hambúrgueres. E o tempo que passei nos Estados Unidos só fez esse vício piorar. Depois de muito degustar concluí que o hambúrguer perfeito tem, além da carne bem passada, queijo suíço e cogumelos caramelizados. Junkie food à parte, é difícil não lembrar do McDonnald's quando se fala nesse assunto. E, ainda que o sabor não seja o ponto forte da rede, é inegável a força do marketing que eles tem. Junto com McDonnald's vem à cabeça o seu sanduíche mais famoso, o Big Mac. E qual é o segredo do sucesso do BigMac? Fácil, o Molho Especial.

O Molho Especial tem uma fórmula tão protegida quanto a coca-cola e, apesar de tratar-se de um molho rosê temperadinho, é ponto chave na estratégia de marketing do sanduíche. O Molho Especial é o diferencial do BigMac. Costumo usá-lo como metáfora para empresas, através das seguintes perguntas:
- Qual é o diferencial da nossa empresa? O que fazemos de uma maneira única que leva os clientes a nos procurarem? Qual é o nosso Molho Especial?

É seguro afirmar que 90% dos processos corporativos derivam de boas práticas de mercado. A eficiência na execução pode variar de empresa para empresa, mas são nos outros 10% que está o verdadeiro diferencial estratégico. Até aí nada de novo, faça bem o que outros também fazem e muito bem o que apenas você sabe fazer. Mas existe uma outra aplicação da metáfora do Molho Especial, nesse caso a indivíduos. Vamos refazer as perguntas agora para o nível pessoal:
- Qual é o seu diferencial enquanto profissional? O que você faz de maneira única que leva as pessoas a procurarem o seu trabalho? Qual é o seu Molho Especial?

Em um mercado cada vez mais competitivo, diferenciação é a palavra de ordem. Responda essas perguntas com sinceridade e você estará no caminho certo para carreira de sucesso. Se a resposta não o satisfizer, não desanime, isso deve servir de incentivo para buscar conhecimentos e experiências que façam com que você se destaque na multidão. É claro que existem premissas a serem atendidas, grandes profissionais tem paixão pelo que fazem, acreditam nos projetos que estão trabalhando e tem um bom relacionamento interpessoal. Mas, além desses pré-requisitos é preciso buscar a sua marca pessoal. Dentro da sua linha de formação busque uma especialização, algum conhecimento ou característica única que o defina como profissional. Às vezes, isso não vem da formação tradicional, mas do que chamamos de formação complementar, por exemplo: aquele sujeito que fala Mandarin, morou na Turquia ou é faixa preta de Aikidô. 

Se por um lado muitos profissionais buscam constantemente a diferenciação, são poucos aqueles que divulgam as suas qualidades de maneira efetiva. Corro o risco de perder uma centena de leitores aqui, mas vou falar mesmo assim: 
- Marketing Pessoal é fundamental! 

Imagine o que seria do BigMac se o molho especial fosse apenas "Molho Rosê", se ninguém soubesse que se trata de um "Molho Especial". Marketing Pessoal, essa expressão que já se tornou quase um palavrão no mundo empresarial, não é algo pejorativo. Marketing pessoal consiste unicamente na divulgação das suas realizações. Afinal, o que a há de errado nisso?

Resumindo, para mostrar o seu valor na empresa você precisa descobrir e desenvolver os seus diferenciais e divulgar os resultados positivos que você obtém com eles. Na próxima semana vou apresentar uma história de sucesso relacionada a esse tópico. Fique com a gente.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 2 de março de 2010

Mitos em Emprendedorismo: "Está no Sangue"

Semana passada o Jack me enviou o link para um artigo do Vivek Wadhwa no TechCrunch entitulado "Can Entrepreneurs be Made?" ("É Possível Forjar Empreendedores?"). Me parece incrível que um tema como esse ainda seja tão polêmico, mas enfim. Dei uma rápida olhada no material sobre empreendedorismo que temos na Tribo e percebi que ainda não havíamos escrito sobre isso. É mais um dos tantos mitos da área.

O que você acha? Os empreendedores nascem como tal ou são "formados"? Empreendedorismo está no sangue?

O tal artigo do Vivek, na minha opinião, acerta na resposta. Acho bobagem dizer que existem empreendedores natos. A verdade é que é extremamente difícil traçar o chamado perfil empreendedor - inúmeras pesquisas já tentaram e o resultado parece sempre ser um punhado de características abstratas (persistência, coragem, visão, etc). Talvez não exista mesmo o tal perfil, simplesmente porque a escolha desse estilo de vida está relacionada ao ambiente externo e a um sem-número de possíveis motivações.

Eu gosto de comparar essa busca pelo perfil empreendedor a uma área na qual possivelmente exista mais estudo, historicamente falando: criminalidade. Através da literatura percebe-se que as ciências humanas nos proporcionam uma idéia razoável dos fatores que levam um determinado indivíduo à criminalidade - mas ainda assim é difícil traçar-se o chamado perfil criminoso. Mais ainda, dificilmente alguém em sã consciência defenderá a idéia de que alguém nasce criminoso, ou de que o crime "esteja no sangue".

Ora, se não vale para o crime, por que haveria de valer para o empreendedorismo?

Existem alguns livros divisores de água, que nos fazem ver o mundo de outra forma, e um dos que me fez acreditar menos ainda no chamado "empreendedor nato" foi o livro "Fora de Série: Outliers", de Malcolm Gladwell. O estudo que ele fez para esse livro deixa muito pouca margem para se duvidar que a combinação de ambiente, oportunidade, trabalho, e muitas vezes sorte, é o que efetivamente leva às pessoas a um determinado destino - e não qualquer aspecto genético. Como o Dr. Zambol já havia mencionado nesse post sobre sucesso, Gladwell mostra que muitas vezes o fator-chave no sucesso de um grande jogador de Hockey no Canadá é a sua data de nascimento - algo nada romântico, ou mesmo genético.

Porque haveria de ser diferente para empreendedorismo?

Alguns investidores de risco americanos afirmam estar obtendo sucesso acima da média ao investir em empreendedores jovens, praticamente saídos das fraldas, com perfil hacker e arrogância acima do normal. Como os resultados têm sido bons, a busca pelo padrão continua a se repetir, e alguns defendem ter encontrado a fórmula para o tal "empreendedor nato". O que eles não entendem é que estão apontando uma provável falsa causa para o tal sucesso. A verdade é que uma outra variável também mudou. O modelo de investimento está migrando para a criação de um ecossistema ao redor dos empreendedores selecionados, com o uso de mentores, ambientes compartilhados, dinheiro e apoio em termos de "know-how".

Ora, talvez o sucesso que os investidores estejam obtendo se deva ao modelo, e não aos empreendedores. Como o próprio Gladwell defenderia, se eu matriculasse o cachorro do Zambol em um ecossistema desses, após alguns anos ele provavelmente teria uma chance maior de ter sucesso no seu empreendimento do que muitos de nós.

É o ambiente. São as oportunidades. É o trabalho duro. É até mesmo sorte. Não é genética. Não é perfil.

Não se deixe levar pela idéia de que você não deve empreender porque não tem o perfil, porque não "nasceu para isso". Talvez você não tenha nascido para isso, ainda. Empreendedorismo pode perfeitamente ser inspirado, pode ser apreciado, pode ser estudado e aperfeiçoado. Um brinde à diversidade de empreendedores.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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