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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Pergunta Que Todo Empreendedor Deve Se Fazer


Na última quinta-feira eu estive em Londres participando do Business Startup 2009, uma feira sobre empreendedorismo. A agenda era bastante cheia, muita gente interessante para conversar. Mas desde o momento em que me registrei eu sabia que havia um evento em particular em que eu precisava estar presente: a palestra de Doug Richard. Eu sabia que tiraria alguma lição da palestra dele, por mais curta que fôsse.

Doug Richard não é muito conhecido no Brasil, mas no Reino Unido ele é o cara. Ele ficou famoso por essas bandas por participar de um programa de TV campeão de audiência na BBC chamado "Dragons' Den" (ou "Cova dos Dragões"). No programa, empreendedores inscritos e selecionados previamente têm alguns minutos para apresentar seus empreendimentos a um painel de investidores. Os investidores então questionam o empreendedor nos mais variados aspectos do negócio e decidem eventualmente se estão interessados em investir ou não. O programa é famoso porque é muito bom. Os empreededores selecionados em geral apresentam idéias muito interessantes, mas os investidores dão um show à parte. São todos grandes empreendedores, com larga experiência no mundo dos negócios, e com uma habilidade única de identificar pontos positivos e negativos nos empreendedimentos com base em não mais do que alguns minutos. Pois bem, Doug Richard participou das duas primeiras séries do programa, e marcou o seu nome no painel de investidores por seu perfil de negociação agressivo e por sua capacidade de identificar falhas cruciais em idéias aparentemente geniais.

Ninguém sabia qual o tema da palestra de Doug, e ele rapidamente esclareceu que estava ali para divulgar sua iniciativa de educação de empreendedores chamada "School for Startups". Ele mencionou que o mercado estava pedindo uma alternativa mais consistente para formação de empreendedores, fugindo da abordagem orientada a planos-de-negócios que se encontrava em todos os lugares (lhe soa familiar?). Ele então apresentou a sua idéia de formação, baseada em 20 perguntas que todo empreendedor deve fazer sobre o seu negócio antes de seguir em frente. Ele disse que falaria apenas sobre a 1a pergunta durante a palestra, porque segundo ele seria a pergunta mais importante e a que mais os empreendedores falham em responder ao iniciar um negócio.

A primeira pergunta que todo empreendedor deve se fazer segundo Doug Richard seria:

"Eu estou construindo algo que as pessoas precisam / querem?"

Pode parecer uma pergunta óbvia, mas ela separa claramente a noção de uma boa idéia (que muito frequentemente confunde a cabeça do empreendedor) com uma idéia que efetivamente tem mercado. Ele ilustrou a importância da pergunta com um caso que aconteceu no próprio "Dragons' Den". Um empreendedor surgiu em frente ao painel com um produto realmente inovador: um cobertor que não adquire odor. Ele explicou a ciência e a química por trás do produto e apresentou um negócio que tentaria comercializar o tal cobertor para donos de animais, principalmente cachorros. Qual dono de cachorro afinal não tem o tal "paninho" do fiel companheiro que está sempre cheirando mal? Porém, Doug entendeu que o que cheirava mal era outra coisa naquela história e começou então a questionar o empreendedor:

- Quais os seus competidores? - questionou Doug Richard.
- Não existem. Ninguém domina essa tecnologia, é totalmente inovadora. Estou em um mercado ainda intocado - respondeu o empreendedor confiante.
- Pois eu lhe digo que tenho um competidor seu lá em casa. Sou dono de um Labrador que toda semana fica fedendo, aquele maldito. Minha mulher fica louca. E sabe o que faço? Coloco o cobertor dele na máquina de lavar, jogo ele e meus dois filhos para dentro do banheiro dos fundos, e no final do processo eu tenho um cobertor cheiroso, um cachorro cheiroso e duas crianças imundas. Dura mais ou menos uma semana. E funciona para mim. Qual o problema você vê nisso?
- Você está fazendo piada do meu produto. Meu cobertor simplesmente não adquire cheiro portanto você não precisa lavar ele nunca - respondeu o empreendedor meio indignado.
- Mas meu cachorro continua fedorento e isso você não pode mudar. Não acredito que as pessoas queiram ou precisem do seu produto.
- Bom, eu tenho um bocado de gente que ficou boquiaberta com o meu produto.
- Quem? - indagou Doug incisivamente.
- Meus amigos e meus familiares que acompanharam o desenvolvimento do cobertor.
- Claro, eles nunca lhe diriam que não é uma idéia boa. Você conhece a chamada síndrome do bebê feio? Se você vê um bebê feio nunca dirá que é feio. Essas pessoas não tiveram coragem de lhe dizer que seu produto não tem utilidade nenhuma. Eu não tenho nenhuma relação com você e por isso posso lhe dar o feedback mais isento: ninguém precisa do seu produto e portanto eu não estou interessado em investir.

Realmente Doug Richard havia acertado o alvo em cheio. Às vezes o empreendedor fica cego com uma grande idéia que cai no seu colo. Principalmente porque se é uma boa idéia todos ao seu redor vão lhe dar um feedback parecido. Mas é importante separar uma grande idéia de uma idéia que tem mercado, e por isso é tão importante o empreendedor estar em contato com o seu público-alvo. Muitas vezes aquela grande idéia simplesmente não é o que o mercado está pedindo.

Infelizmente Doug não compartilhou as outras 19 perguntas que todo empreendedor deve se fazer. Elas fazem parte do curso dele que obviamente é pago, e bem pago. Mas voltei para casa satisfeito. Se eu como empreendedor passar da primeira pergunta de Doug Richard, já terei andado um longo caminho.

Reggie, the Engineer.
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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Semana da Tribo - 27/11

Pessoal:
A semana foi agitada aqui na Tribo, confira um resumo do que rolou:

- Segunda: Parte Final do Guia Prático de Empreendedorismo do Reggie, simplesmente obrigatório.
- Terça: Conclusão do Podcast Especial sobre Empreendedorismo com as feras Luiz Gheller e Henrique Vedana
- Quarta: Mais uma do Pampeador de Projetos, um Gerente de Projetos como você nunca viu igual, falando de escopo e negociação em projetos.
- Quinta: Zambol conta a história comovente do sujeito que ficou "trancado por dentro". Uma lição sobre Destino, Inconformismo e Superação.

Um grande Abraço (Jack, Reggie e Zambol)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Destino às Vezes é Apenas uma Palavra Usada como Desculpa

Jean-Dominique, em seus ávidos 43 anos, editor de uma grande revista de moda, na volta para casa passa mal e desmaia. A ambulância é chamada, que o leva para o hospital. Vítima de um grave AVC, entra em coma. Vinte dias mais tarde ele acorda, e descobre incrédulo que está com a raríssima síndrome de locked-in. A síndrome de locked-in é uma das coisas mais horripilantes na área da medicina: o paciente encontra-se plenamente consciente, com total capacidade mental, mas não consegue mexer nenhum músculo fora os olhos. A síndrome tem esse nome porque a pessoa está presa dentro do próprio corpo - não consegue se mexer, não consegue se comunicar, não consegue nada. Apenas consegue piscar os olhos. É muito pior que a tetraplegia.

Essa história é real. Ela ocorreu com Jean-Dominique Bauby, editor da revista Elle.Eu li essa história há muitos anos atrás, na revista Seleções, na sessão de livros. Essa semana, com a intenção de comprar o livro do assunto, pesquisei na internet e me lembrei de alguns detalhes do que havia lido. A história é simplesmente fascinante.

Como desgraça pouca é bobagem, Jean-Dominique em pouco tempo desenvolve um problema no olho direito e perde-o. Portanto, se antes possuía dois olhos para realizar uma comunicação primitiva com o mundo exterior através de piscadelas, agora só possui o olho esquerdo.

Decidido em continuar a achar um sentido para sua vida, com a ajuda de uma fonoaudióloga, que recita as letras do alfabeto francês na ordem que mais ocorrem e espera a piscadela dele indicando que aquela é a letra que ele quer utilizar, Jean-Dominique escreve um livro inteiro, publicado no Brasil com o nome de O Escafandro e a Borboleta, contando a experiência de se manter encarcerado dentro de seu próprio corpo.

Existem várias lições que podemos tirar da história de Jean-Dominique. Mas destaco duas que têm tudo a ver com o ambiente corporativo.

A primeira é a mais batida: persistência e perseverança diante de dificuldades hercúleas. Mesmo batida, é vendo casos como o de Jean-Dominique que nos damos conta o quanto às vezes nos deixamos vencer por problemas relativamente simples. O segredo é mais do que claro: achar a motivação para superar o problema a ser enfrentado. No caso de Jean-Dominique, a superação da situação que se encontrava foi motivada pela chance de contar ao mundo o que uma pessoa sente ao ficar encarcerado em seu próprio corpo; pela chance de se comunicar com o mundo inteiro mesmo tendo grandes dificuldades de se comunicar com a sua esposa ao seu lado. É esse tipo de atitude que diferencia os vencedores das pessoas comuns. No livro Outliers, de Malcolm Gladwell, o autor faz uma relação bastante interessante do quanto as pessoas que vencem na vida demoram na média duas a três vezes mais para desistir de um problema do que uma pessoa comum. A explicação é mais do que lógica: no processo de insistir na solução do problema, você não apenas estimula o cérebro e cria novas conexões, mas também aprende exponencialmente muito mais do que quem desiste no início dos problemas.

A segunda lição foi não aceitar o encarceramento, prisão, ostracismo ou seja lá que nome você queira dar. É muito comum nos pegarmos reclamando de nosso emprego: "não tem mais como aguentar mais isso - é uma empresa ridícula" ou "eles nos tratam como palhaços!". Se você realmente pensa desse modo, adivinhe!? Você tem duas pernas e um cérebro plenamento funcional. Então pare de reclamar e mude logo de emprego! Mas tenha certeza que você se sente realmente assim e não é apenas uma reação exagerada, o que também é muito comum.

Seja como for, o que não é aceitável é estar infeliz onde se trabalha. O trabalho não foi feito para ser um fardo. Passamos mais tempo no trabalho do que em qualquer outra atividade da vida. Portanto, ser infeliz no trabalho significa necessariamente ser infeliz na vida. Não deixe isso acontecer. Batemos sempre nessa tecla aqui na Tribo do Mouse . E continuaremos batendo porque parece que o óbvio continua sendo visto apenas como um sonho, um ideal: "felicidade no trabalho".

Jean-Dominique realmente não aceitou a situação. Tentou se livrar de todas as formas de sua prisão, fazendo o máximo de coisas que lembrassem uma vida normal. Quando chegou ao seu limite de tentativas e viu que não teria jeito, decidiu "sair do seu emprego", pois aquilo já não lhe bastava. Infelizmente para ele, "sair do emprego" significava morrer. Mas decisão difícil era fichinha para ele. Pela leitura do livro,vê-se que, embora não completamente convencido, a decisão de desistir foi consciente - e morrer foi o seu prêmio.

Você que está agora no seu trabalho lendo esse post, lembre-se que para você mudar os rumos das coisas em sua vida felizmente não implica em desistir da vida. Basta uma pitada de entendimento do que se realmente quer do futuro, outra pitada de entendimento do que lhe faz feliz e uma grande porção de coragem e amor-próprio. Ninguém vai tomar essa decisão por você. Se realmente você está infeliz ou em algum lugar que não condiz com seus planos de futuro, monte agora mesmo um plano para sair dessa prisão que você mesmo se meteu e execute o primeiro passo nessa semana.

E faça logo antes que a vida decida por você que é tarde demais.

Dr. Zambol
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Pampeador, o Negociador

O Gerente de Projeto entrou esbaforido na sala do Diretor:
- Seu Nestor, o fornecedor avisou que não vai entregar o resto do projeto.
- O que? Por que isso agora?
- Ele disse que o escopo já mudou tanto que ele não tem mais como arcar com os custos sem repassar para a gente. Falou que sem negociação não mexe mais um dedo.
- Só faltava essa, o prazo estourando e o sujeito me vem com uma dessas. Não tem jeito, manda chamar o Erci.
O Gerente titubeou, como se estivesse ouvido o nome errado, resolveu confirmar.
- O senhor está falando do Erci, Erci? O...
Seu Nestor falou sério, quase solene:
- Ele mesmo, manda chamar o Pampeador de Projetos, só ele pode nos ajudar agora.

Pouco tempo depois, ouviram um barulho estranho no estacionamento, uma discussão se formava. Foram ver, era o Pampeador montado no seu cavalo, argumentando com o segurança:
- Mas vivente, tu não vai deixar eu amarrar o Gan-thê (cavalo nomeado em homenagem ao famoso gráfico) junto ali das motoca?
Depois da intervenção do seu Nestor a situação foi resolvida e o Gan-thê "estacionado" confortavelmente junto das motos. Quando chegaram na sala, lá estavam o fornecedor e o Gerente de Projetos em uma discussão pra lá de acalorada. Antes de se colocar a par do assunto o Pampeador tirou a térmica de água quente e a cuia com o chimarrão da mochila, e disse:
- Nada melhor para resolver um conflito que uma boa roda de mate.
Depois de se inteirar ele virou para o Gerente de Projetos, passou a cuia e começou:
- Me diz uma coisa tchê, tu gosta de churrasco?
- Claro, acho que todo mundo gosta de churrasco. Tirando os vegetarianos, mas essa turma é complicada mesmo, melhor não comentar.
- Então vou explicar pra ti nos termos do churrasco. Tu me pede para fazer um churrasco, o que eu preciso saber?
- Quantas pessoas.
- Claro, óbvio, eu tenho que comprar a carne, ou melhor, mandar carnear um boi. Todo mundo sabe que é diferente fazer um churrasco para cinco bugres do que fazer para vinte, ou para cem.
O Pampeador continuou:
- O que mais eu preciso? Preciso saber do teu orçamento, tem churrasco para todo o tipo de guaica, desde a velha costela, passando pelo Vazio, Maminha, até a Picanha. Agora, imagina se tu pede para o vivente um churrasco de costela para quatro pessoas e no meio do caminho reclama que não tem picanha para os outros oito que chegaram? Complicado. Como é que o índio vai conseguir te atender assim?
Salomônico, ele prosseguiu a explicação:
- Agora, do outro lado, se a carne queima a culpa é de quem? Sempre do assador, quem mandou ele tirar o olho do fogo. Portanto, a pergunta aqui é: Chegou mais gente para o churrasco ou a carne que queimou?
Fornecedor e Gerente de Projeto se olharam e concordaram com a cabeça:
- Pois é Pampeador, agora pensando bem, acho que foi um pouco dos dois.
E deliberou:
- Se foi assim mesmo os dois tem que dividir o prejuízo.
O Diretor interveio:
- Mas Pampeador, isso só resolve o problema em parte, o lançamento do produto é em duas semanas, agora não vai dar tempo para terminar tudo.
O Pampeador concluiu com um sorriso:
- Não vai ter carne pra todo mundo, manda avisar a jararaca da tua sogra para ela não vir pro churrasco e não trazer as irmãs. 
__________________________________________________________________________________
Outras do Pampeador:
- A Volta do Pampeador de Projetos
- A Lenda do Pampeador de Projetos

[]s
Jack DelaVega



terça-feira, 24 de novembro de 2009

Tribuna da Tribo - Empreendedorismo Parte 2


Essa é a continuação do programa especial focado em Empreendedorismo, quando conversamos com dois jovens empreendedores, Luiz Gheller e Henrique Vedana. Abaixo você confere os assuntos dessa parte final e um pouco da biografia dos entrevistados:

Assuntos da Parte 2: Ecossistema para Empreendedorismo no Brasil: The Hub, Incubadoras. Lições aprendidas e erros a serem evitados. Plano de Negócios: Mitos e Verdades. Comentários Finais


Link para a primeira parte do programa.


Mini-Bio dos Participantes:
Luiz Felipe Gheller é Mestre em Sistemas de Informação pela UFRGS, abriu sua empresa, a Squid, logo que saiu da faculdade. A empresa ganhou até prêmio da Câmara Americana de Comércio do RS, mas ainda assim quebrou, e por muito tempo ficou sendo um empreendedor de meio-período, atuando como analista de sistemas em paralelo. Em 2006, casou e foi para Barcelona, onde foi analista na Everis e posteriormente diretor de operações do Infojobs Brasil, portal de empregos que pertence ao grupo espanhol Anuntis. Voltou ao Brasil para fundar o Vakinha.com.br.


Henrique Vedana já morou na Europa, América do Norte e Ásia. Estudante de Computação, fez uma mudança de carreira para gestão de empresas, trabalhou por dois anos na gestão de uma ONG em São Paulo, seguido de trabalho como consultor no ABN AMRO Bank na Holanda. Nos últimos três anos, como parte dos estudos em empreendedorismo na escola de negócios Kaospilots, na Dinamarca, se envolveu em trabalhos relacionados ao desenvolvimento comunitário, juventude, educação e energias renováveis. Retornou ao Brasil em Agosto, a frente de uma start-up para Internet. Seu plano de negócios foi vencedor de uma competição global promovida pela Fundação Artemisia agora em Outubro.


Envie sua crítica, sugestão de tópico ou comentário para contato@tribodomouse.com.br
um abraço Jack, Reggie e Zambol.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 4


Esse é o quarto e último post de uma série que escrevi sobre empreendedorismo. Trata-se de um guia prático que eu preparei a partir das minhas experiências e do vasto material que se encontra disponível na Internet hoje em dia. São anotações e observações que eu reuni durante algum tempo para mim mesmo, mas compartilho aqui com vocês porque acho que pode ajudar mais pessoas a alcançarem o sonho de ter o seu próprio negócio. O guia completo você encontra aqui.

Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 4
Em Busca do Sucesso

Bom, eu guardei para esse último capítulo do guia um conjunto de pequenas dicas em torno do tema empreendedorismo que eu venho coletando ao longo dos anos. São dicas que eu acredito serem importantes para ajudar o empreendedor a ter sucesso na sua jornada, o que quer que isso signifique para cada empreendedor individualmente.

  • Defina o seu estilo de empreendedor - Existe um bocado de material na Web hoje em dia fornecendo dicas para empreendedores. Mas a verdade é que o contexto de cada empreendedor é único, e portanto ele deve criar o seu próprio conjunto de dicas, de princípios em que ele acredita, de estratégias com as quais ele concorda. Eu por exemplo gosto de seguir o pessoal do Saia do Lugar, mas também mantenho a minha própria lista de dicas com base nos caras que eu admiro, como o Jason Fried e o David H. Hansson da 37signals, Seth Godin, Aaron Patzer, Eric Ries, entre outros. Isso sempre ajuda a manter uma perspectiva para quando você enfrentar um grande problema como empreendedor, simplesmente por exemplo perguntando-se "o que o Jason Fried faria nesse caso?".

  • Tenha uma gaveta com idéias - Acho que foi o que Jack que me contou que uma vez o Woodie Allen falou em uma entrevista que ele mantém uma gaveta cheia de idéias. Cada vez que ele tem uma idéia sobre um filme, ele anota em um papel e joga dentro de uma gaveta. Quando ele quer fazer um filme, ele simplesmente abre a gaveta e analisa o que está lá dentro. Eu faço isso a algum tempo (OK, eu não uso uma gaveta, mas o OneNote) e realmente funciona. A última que eu anotei foi a seguinte: "Windows 7 tem API nativa para localização geográfica". Foi uma coisa que li outro dia, me interessou, e embora eu não tenha nenhuma aplicação imediata para essa idéia, tenho certeza que quando eu precisar pensar em um novo empreendimento, em um novo produto / serviço, ou qualquer outra coisa parecida, essas idéias vão me ajudar. Com o tempo você percebe que você começa a pré-classificar essas idéias (como se houvessem diferentes gavetas), ou seja, você anota a idéia e coloca ela junto com outras idéias sobre "sustentabilidade", ou "mídias-sociais", ou algo do tipo. Naturalmente você cria os seus próprios centros de interesse e quando você precisar terá um bocado de material para criar algo inovador.

  • KISS (Keep-it-simple-Stupid) - Essa aqui é muito velha, mas eu sou um fiel seguidor. Como eu falei no primeiro ponto, tudo depende do que você acredita. A simplicidade é um dos pilares do estilo de empreendedorismo em que eu acredito, é uma das minhas filosofias. Cabe a você decidir se acredita nisso também, ou não. A verdade é que existem um sem-número de problemas extremamente simples lá fora, esperando para serem resolvidos. E problemas simples normalmente têm soluções simples. Muitos empreendedores no entanto sonham construir o próximo Twitter, ou o próximo Google Wave, ou qualquer outra solução über-cool para um problema que nem existe ainda. Tudo bem , é questão de escolha. Notem: em geral é bem mais complicado trabalhar com o mercado consumidor do que com, digamos, o mercado empresarial. Mais ainda: em geral vai ser mais fácil trabalhar com um produto ou serviço que tem como público-alvo pequenas empresas do que um outro direcionado a grandes corporações. A escolha de onde mirar é sua. Muitos dirão que isso é pensar pequeno, que ninguém fica milionário pensando assim. Mas a verdade é que se você cobra, digamos, R$ 40 pela assinatura mensal de um determinado serviço, tudo o que você precisa para ser dono de um negócio milionário são 2.000 clientes. Dois mil. Não dois milhões. Dois mil. Você sabe quantas pequenas empresas existem no Brasil? Não parece mais tão difícil assim, parece? KISS.

  • Você só valoriza aquilo que mede - Essa eu aprendi em uma empresa em que trabalhei. Se você diz que valoriza seus clientes e não tem boas métricas a respeito deles, então é mentira. Se você tem um blog e não sabe quantos leitores tem, então não passa de um hobbie. Se você está preocupado em oferecer um serviço de qualidade, então saiba exatamente o que seus clientes pensam sobre ele. Enfim, a importância de qualquer coisa no seu empreendimento está diretamente ligada aos números que você tem sobre o assunto. Seja obcecado por números. Tenha eles na cabeça e você saberá para onde você está indo.

  • Fale sobre o que você faz - Aqui na Tribo a gente comenta muito a questão dos pavões e tal, mas a verdade é que você tem que falar sobre as suas qualidades, do contrário ninguém fica sabendo. Com um empreendedor, o objetivo é um pouco diferente. O caráter social da Internet atual permite que o José, micro-empreendedor, possa ser tão ou mais "famoso" do que o João, mega-empresário, simplesmente pelo fato de usar efetivamente os canais existentes. Isso faz uma enorme diferença, afinal, quem, ou qual empresa / produto / serviço, os consumidores irão escolher? Hoje em dia, muitos empreendimentos são conhecidos muito mais por causa de seus empreendedores do que qualquer outra coisa. Eu não consigo evitar mencionar o caso do Loic LeMeur, um francês radicado no Vale do Silício, e dono da Seesmic. Quem era a Seesmic há três anos atrás? Ninguém se lembra, e eu posso dizer para vocês que não era nada parecido com o que é hoje (tinha outra estratégia e outros produtos). Mas Loic, através de seu blog, marcou seu nome como "grande empreendedor de Internet", a tal ponto que qualquer coisa que ele tentasse vender teria mercado. Ele tem seguidores, ele conseguiu formar a "Tribo" que o Seth Godin fala, e hoje o Seesmic é um dos principais clientes de Twitter no mercado. Faça o mesmo, escreva sobre o que você faz, sobre o que você acredita. Mostre a sua paixão por seus produtos. Compartilhe suas idéias, suas experiências. Tudo o que você oferecer aos outros trará algum benefício em contrapartida. Outra perspectiva interessante nessa dica é o elemento imprensa. Nós utilizamos muito pouco a imprensa com o objetivo de divulgar iniciativas empreendedoras no Brasil, e isso é algo que podemos consertar. A imprensa é um elemento importantíssimo para a existência de um real ecossistema para empreendedorismo. Felizmente (novamente por causa da Internet) temos um monte de gente boa querendo falar sobre isso (Startupi, ReadWriteWeb Brasil, ResultsOn), então mexa-se e use esses canais.
Enfim, obviamente existe um número infinito de obstáculos que um empreendedor brasileiro enfrenta durante a sua caminhada (ou maratona como falei anteriormente). Não há como cobrir todos eles, não há faculdade, não há curso que o faça. Como o Gheller comparou no nosso podcast especial sobre empreendedorismo, é igual a namorar, você só aprende fazendo, e principalmente errando.

O importante é não ter medo de errar, de falhar. Não ter medo das críticas. Não ter medo de ser tachado de louco ou megalomaníaco. No momento em que você pensar que pode investir seu tempo e dinheiro em um negócio, fracassar, e ainda assim sentir-se bem consigo mesmo, você está pronto para empreender.

Se eu consegui motivar uma pessoa que seja com esse guia, me dou por satisfeito.

Eu estou interessado em saber a sua opinião sobre o valor desse guia prático de empreendedorismo. Use a nossa seção de comentários abaixo, é fácil, não requer registro e você ainda pode usar sua conta de Twitter ou Facebook.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Apertar o Gatilho Dura Bem Menos Que Um Segundo... - Reedição

Muito interessante o texto do Jack sobre o mau-humor. Muito bem escrito, me fez lembrar de uma discussão interessante que tive com uma psicóloga há alguns anos atrás sobre mau-humor versus falta de paciência.

A psicóloga defendia que as duas não devem ser confundidas, pois uma é mais ligada a uma questão temporal (estou com mau-humor agora), com conseqüências muito parecidas com as destacadas no texto do DelaVega. A outra é mais ligada a uma situação crônica (faz algum tempo que não tenho paciência para nada), que pode evoluir a quadros patológicos graves. Aliás, nunca vi uma classe profissional que goste tanto da palavra "patológico" como os psicólogos. Tenho a sensação que eles desejam usar até onde ela não se encaixa: "Hmmm, que almoço patológico esse"; "Não sei Sr. Mecânico, o motor falha toda hora, acho que é patológico". Mas enfim, não é esse o foco do texto hoje.

Embora possa até concordar com ela em termos de diferenciação (temporal x crônico), para mim, as duas coisas podem levar exatamente ao mesmo fim, que, dependendo do caso, pode ser catastrófico. Portanto, os mesmos cuidados devem ser tomados nas duas situações.

Deixe-me explicar. A questão toda baseia-se no passar uma determinada linha ou não. Se você me xinga e eu lhe aponto uma arma, nada aconteceu: tive apenas uma reação desproporcional que pode ser remediada facilmente. Agora, se eu for mais ao extremo ainda e, como reação ao seu xingamento, além de apontar a arma, atirar em você, nunca mais terá volta. Aquele centésimo de segundo que separa o apontar a arma do dispará-la muda completamente uma vida (na verdade ao menos duas vidas nesse exemplo). E se uma pessoa descontrolada já teve a reação de apontar uma arma devido a um simples xigamento, talvez cometa a burrice de ir mais longe e pressionar o gatilho, mesmo sem razão alguma.

Um conto apócrifo, muito bonito, conta que pai e filho estavam em um banco em frente a residência onde o pai morava. O pai, já com 80 anos, se encontrava um pouco senil. O filho, com seus 50, tentava ler um romance. O pai, após ouvir um som estranho, indaga:

- O que foi isso, filho?
- É só um pássaro pai, responde o filho, percebendo que um pássaro com um canto não muito comum estava nas redondezas.

Passam-se alguns segundos e o pai pergunta novamente:
- O que é isso, filho?
- Pai, já lhe falei, é só um pássaro!

Mais alguns segundos se passam e o pai volta-se novamente para o filho:
- Mais o que é isso filho?

Completamente irritado por não conseguir ler nenhuma linha do seu romance, o filho dirigi-se ao pai aos berros, já completamente fora de si:
- PAI, JÁ FALEI QUE É UM PÁSSARO. PÁ-SSÁ-RO. ENTENDA! PÁ-SSA-RO! QUE MERDA!

O velho levanta da cadeira lentamente e vai em direção a sua casa, desolado. O filho, ciente que passou a linha, fica chateado, não sabe bem o que fazer. Um minuto se passa e o pai volta, senta-se ao lado do filho e lhe entrega um caderno velho aberto em uma determinada página e pede para que o filho leia. Este, sem entender muito, começa a ler em voz alta:

"Hoje estou no parque com meu filho que acaba de fazer aniversário de 4 anos Ele me perguntou 21 vezes 'o que é aquilo', apontando para um pássaro que estava perto de nós. Nas 21 vezes respondi com paciência e bom-humor o que era e como ele se movimentava. A cada vez que respondia, abraçava meu filho e dizia que o amava muito. Foi um lindo final de dia, pois aprendi muito sobre paciência e bom-humor."

O filho, após ler a passagem, com lágrimas nos olhos, olha para seu pai, buscando perdão.

No escritório, uma única pisada na bola, um único estouro, pode significar a ruína de uma grande história de sucesso. E ninguém vai querer saber se é mau-humor, falta de paciência ou TPM, pois simplesmente isso não importa. O que importa é que há uma corpo estendido no chão; se você berrou com os colegas e perdeu o controle, o gatilho foi pressionado e o estrago está feito.

O escritório é um ambiente de competição, de troca de idéias e de stress, mas nunca, nunca de desrespeito. Aquele centésimo de segundo que separa o apontar a arma do dispará-la pode salvar uma carreira.

O mais seguro, é nem andar armado no escritório...

Dr. Zambol
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Farol da Solidão


- Acorda para cuspir!
Era assim que o meu pai me tirava da cama quando eu ainda era pequeno. Confesso que ainda hoje não entendo bem essa expressão. Naqueles dias lentos de verão levantava-mos às cinco da manhã para ir pescar. Era o melhor programa do mundo para um garoto de doze anos. Mas, ainda que houvesse se tornado rotina esse tipo de passeio, aquele seria um dia especial. Depois de um rápido café da manhã, partiríamos de Quintão, um balneário da classe média(baixa) do Rio Grande do Sul, em direção ao Farol da Solidão.

O Farol, situado a sessenta quilômetros de Quintão, era uma espécie de santuário secreto da pesca, um lugar onde os papa-terras ofereciam-se aos anzóis da mesma maneira que os salmões aos ursos, durante a migração rio acima. O trajeto só podia ser feito pela beira da praia, um verdadeiro desafio para a Belina de meu pai, que certamente não fora projetada para esse tipo de terreno. A vantagem disso era curtir o sol nascendo ao mar à medida que nos aproximávamos mais e mais do nosso destino.

Depois de quase uma hora o Farol finalmente surgia impávido, como o único ponto de referência de uma região desolada. Para minha tristeza, passamos dele sem mesmo parar. Meu pai agora reduzia a velocidade procurando os "buracos", prática que ele me explicava como a seriedade de um mestre Zen:
- Júnior, o segredo é encontrar o buraco certo, o local onde os papa-terras costumam ficar, entre o banco de areia e a segunda arrebentação. Aí é só jogar o anzol.

Um ensinamento que certamente poderia ser levado para o resto da minha vida: "O sucesso depende de se encontrar o buraco certo".

Finalmente satisfeito, ele parou o carro. Descarregamos e montamos os caniços. Um balde cheio de mariscos, recolhidos na tarde anterior, garantia que não faltariam iscas. Com pouco vento e mar claro, coisa raríssima no litoral gaúcho, aquele era mesmo um dia perfeito. Não tardou os papa-terras começarem a beliscar os anzóis com profusão nunca vista. Chegávamos a tirar de dois, até três peixes por arremesso, em um ritmo de fazer inveja a pescadores profissionais. Seguimos assim até perto do meio dia, quando o sol começou a castigar. Resumo do dia: eu havia pego sessenta e cinco papa-terras e a conta de meu pai beirava os cem. Exaustos  e com a sensação do dever cumprido, retornamos para casa.

Frequentemente, lembro-me daquele dia, de como tudo funcionou como devia funcionar, mas o fato é que depois dele eu perdi o gosto pela pesca. No início pensei que fora o início da adolescência e a descoberta pelo sexo oposto, mas não, em meu coração fiquei com a sensação de que jamais conseguiria superar aquele dia perfeito. É esse objetivo que persigo incansavelmente na minha vida profissional, encontrar um dia perfeito. Mas sempre torcendo para que ele nunca aconteça.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Tribuna da Tribo - Especial Empreendedorismo Parte 1


O programa dessa semana é um especial focado em Empreendedorismo. Conversamos com dois jovens empreendedores, Luiz Gheller e Henrique Vedana. A conversa foi tão boa que tivemos que quebrar o programa em dois blocos que serão publicados em dias distintos. Abaixo você confere a primeira parte seguida de um pouco da biografia das feras:

Assuntos da Parte 1: Existe um perfil de Empreendedor? Talento nato ou adquirido? O que os motivou a seguir o caminho do Empreendedorismo? Processo de criação, da idéia ao empreendimento. Supervalorização das idéias. Empresas Disruptivas. O que é empreender no Brasil?


Mini-Bio dos Participantes:
Luiz Felipe Gheller é Mestre em Sistemas de Informação pela UFRGS, abriu sua empresa, a Squid, logo que saiu da faculdade. A empresa ganhou até prêmio da Câmara Americana de Comércio do RS, mas ainda assim quebrou, e por muito tempo ficou sendo um empreendedor de meio-período, atuando como analista de sistemas em paralelo. Em 2006, casou e foi para Barcelona, onde foi analista na Everis e posteriormente diretor de operações do Infojobs Brasil, portal de empregos que pertence ao grupo espanhol Anuntis. Voltou ao Brasil para fundar o Vakinha.com.br.


Henrique Vedana já morou na Europa, América do Norte e Ásia. Estudante de Computação, fez uma mudança de carreira para gestão de empresas, trabalhou por dois anos na gestão de uma ONG em São Paulo, seguido de trabalho como consultor no ABN AMRO Bank na Holanda. Nos últimos três anos, como parte dos estudos em empreendedorismo na escola de negócios Kaospilots, na Dinamarca, se envolveu em trabalhos relacionados ao desenvolvimento comunitário, juventude, educação e energias renováveis. Retornou ao Brasil em Agosto, a frente de uma start-up para Internet. Seu plano de negócios foi vencedor de uma competição global promovida pela Fundação Artemisia agora em Outubro.


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um abraço Jack, Reggie e Zambol.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 3


Esse é o terceiro post de uma série que escrevi sobre empreendedorismo. Trata-se de um guia prático que eu preparei a partir das minhas experiências e do vasto material que se encontra disponível na Internet hoje em dia. São anotações e observações que eu reuni durante algum tempo para mim mesmo, mas compartilho aqui com vocês porque acho que pode ajudar mais pessoas a alcançarem o sonho de ter o seu próprio negócio. O guia completo você encontra aqui.


Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 3
Construindo um Negócio

Fazem algumas semanas foi disputada a Maratona de Dublin, e a largada / chegada ficava a poucos metros aqui de casa, então resolvi dar uma olhada. Uma frase estampada pela Adidas em uma grande faixa me chamou a atenção, e volta e meia me vejo pensando nessa frase novamente. Dizia mais ou menos assim:

"A maioria das pessoas passa uma vida inteira imaginando como deve ser correr uma maratona. Eu vou passar o resto da minha vida me lembrando como foi fantástico chegar ao fim de uma."

Corredor anônimo

Então você tem a ideia para o seu negócio, está infinitamente motivado, falta apenas agora colocar a mão na massa para transformar a tal ideia em um real empreendimento, correto? Falar é fácil, mas a verdade é que a construção do negócio é obviamente a etapa mais complicada da jornada de um empreendedor. É durante esse período que as suas habilidades serão testadas ao extremo, e todas as probabilidades jogarão contra você. Por isso mesmo é fundamental durante essa etapa o empreendedor ter plena consciência do que deve ser feito e manter-se motivado e energizado como um corredor prestes a iniciar uma maratona.

Os americanos chamam essa etapa de construção do negócio de "garage phase" e é muito importante entender os pilares que devem ser desenvolvidos durante esse período: produto, cliente e modelo de negócios. Note que dependendo do tipo de empreendimento fará sentido uma maior ou menor ênfase em alguns dos pilares. Por exemplo se você estiver abrindo um restaurante talvez não exista muito o que se trabalhar em termos de modelo de negócio. Em geral, quanto mais inovador for o empreendimento, maior será o trabalho para se desenvolver cada um dos pilares.

O seu principal objetivo com desenvolvimento de produto é construir um protótipo. Geralmente durante essa etapa do empreendimento você estará trabalhando com um capital bastante limitado, então seja  econômico. A moda hoje em dia é ser ágil, e a mesma idéia se aplica a desenvolvimento de produto. Começando do zero, trabalhe em uma lista de funcionalidades ou características que o seu produto ou serviço deve ter. E então pergunte-se "qual é a próxima funcionalidade mais importante que meu produto ainda não tem?". Construa aquela funcionalidade rapidamente e pare para avaliar o progresso, aprender com o que aconteceu e aplicar ajustes para os próximos passos. Isso vai lhe ajudar a estabelecer prioridades e a enxergar que você já pode ter um produto na mão mesmo sem todas aquelas firulas que você imaginava. Eric Ries tem uma ideia muito interessante nesse aspecto, que ele chama de MVP - Minimum Viable Product (ou produto mínimo viável). Ele define o MVP como sendo a versão de um produto que lhe permite aprender o máximo com seus clientes aplicando o menor esforço possível. É um pouco mais complicado do que parece, mas a idéia básica é trabalhar com uma visão mínima de produto, ao mesmo tempo explorando ao máximo o feedback que você pode coletar de potenciais clientes e agindo em resposta a esse feedback. É uma atividade até certo ponto complexa porque o empreendedor deve ter em mente que nem tudo o que um potencial cliente (ou qualquer pessoa que esteja avaliando o seu protótipo) sugere deve ser adotado. O empreendedor mais do que ninguém sabe onde quer chegar com seu negócio e deve ser capaz de dizer não para um pedido de funcionalidade sempre que entender necessário. O importante é aprender durante o processo. O que nos leva ao segundo pilar.

Tão ou mais importante do que o desenvolvimento do seu produto ou serviço é o que está sendo chamado de desenvolvimento de clientes. A verdade é que hoje em dia, com todas as ferramentas sociais disponíveis na Internet, nunca foi tão fácil encontrar e interagir com seus (potenciais) clientes antes mesmo de você ter um produto ou serviço. É fundamental que o empreendedor se atente para essas oportunidades e use essas ferramentas efetivamente, porque desenvolver clientes não é nada fácil. Você deve começar pelo básico, descobrindo potenciais clientes e contactando alguns deles para conversar sobre o domínio do problema em que você está trabalhando. Use esses momentos para validar as suas "hipóteses" e seja flexível o suficiente para que todas elas possam ser questionadas. Quando você tiver um protótipo à disposição, repita esses encontros com esses mesmos clientes, e observe a reação deles. Complemente perguntando se eles usariam o produto ou serviço, se eles pagariam por aquilo e quanto pagariam. Converse com amigos, use sua rede de contatos, mas foque em contactar pessoas 100% estranhas a você - o feedback tenderá a ser mais verdadeiro. Converse com tantas pessoas quanto necessário. Quando você sentir que a resposta das pessoas ao seu produto / serviço começar a convergir para um lugar-comum, é bem provável que você encontrou o seu mercado. É importante lembrar que esse processo deve ser o mais formal possível, você deve documentar as conversas, os feedbacks, as lições de cada interação. Apenas assim você conseguirá mensurar algum progresso.

O terceiro pilar, igualmente importantíssimo, é o desenvolvimento do modelo de negócios. É a definição da sua estratégia como empreendedor levando em conta o seu produto e o seu mercado consumidor. Como, afinal de contas, você vai ganhar dinheiro com o seu empreendimento? Quanto, como e quando seus clientes irão pagar pelo seu produto / serviço? Quais são seus custos? Que relações de parceria você vai ter que estabelecer? Quanto você vai lucrar por transação ou por cliente quando o negócio estiver funcionando? Qual o tamanho do mercado e como você vê o seu ganho de escala no tempo? Existem uma série de inovações em andamento em termos de modelos de negócio. A Internet como plataforma introduziu algumas novas maneiras de se fazer negócio e ganhar dinheiro. Mas tente concentrar o seu potencial criativo no desenvolvimento de seu produto e de seus clientes. Meu conselho: em termos de modelo de negócio, keep it simple. Se você conseguir provar que consegue lucrar a cada transação / cliente novo que conseguir, e se provar que existe um mercado razoável para o seu produto / serviço, você tem tudo o que precisa. Nem se preocupe em fazer grandes projeções - a não ser que você seja motivado por números no papel. Na maioria dos casos aquelas projeções nunca se confirmam como imaginamos. Agora se você tem um modelo lucrativo e com potencial de escala, basta manter-se energizado e motivado. Basta seguir correndo a maratona.

Existem outros três pontos que eu acredito serem muito importantes nessa fase de construção do negócio. O primeiro deles é que o empreendedor tenha consciência de que ele precisa ser um agente social. Eu conheci pessoas geniais que falharam como empreendedores por não possuírem habilidades de relacionamento, por não serem "people-persons". Como empreendedor, você não chegará muito longe sozinho. É fundamental que você entenda desde cedo que você deve ser um vértice de uma rede extremamente bem amarrada. O segundo ponto é a questão da flexibilidade. A maioria dos empreendimentos começa com uma determinada ideia de para onde vai, e acaba evoluindo de maneira totalmente diferente. Esteja atento para esses momentos, esteja alerta para quando um feedback de um cliente lhe apontar para um produto / serviço ligeiramente diferente do que você tinha pensado, mas igualmente interessante. O empreendedor deve ser apaixonado pelo que faz e deve acreditar nos seus princípios, mas não pode ficar cego frente a um produto que ele idealizou com tanto carinho e que agora precisa mudar. Esteja de cabeça aberta quando essas oportunidades aparecerem. O terceiro e último ponto é a persistência. É até clichê falar nisso, mas todo empreendedor vai lhe citar essa característica importante. Não se trata de não desistir nunca, mas sim de percorrer o caminho inteiro. Não desistir nos obstáculos intermediários, que serão muitos, e seguir em frente enquanto houverem indicativos de que há valor no seu negócio.

Se você apenas acompanhou o final de uma maratona pela televisão, eu recomendo que você assista ao final de uma ao vivo quando puder. Eu fiquei por algumas horas assistindo da linha de chegada o final da maratona de Dublin desse ano. É impressionante o desgaste que a corrida imprime sobre os corredores, você tem que ver para crer. É quase desumano. Mas igualmente impressionante é a satisfação com que cada um cruza a linha de chegada, independente do tempo marcado no relógio. Pense nisso. Quem sabe não é o tipo de coisa que você está procurando.


Próximo capítulo: Em busca do Sucesso.


Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sem Alicerce a Casa Cai

Estou na Índia a trabalho nessa semana. Minha decepção só não foi maior porque já tinha ouvido muitas pessoas falarem experiências nada agradáveis do país.

Imagine-se numa grande favela de uma cidade qualquer do Brasil. Agora coloque prédios gigantes e vistosos no meio da favela. Aumente e asfalte umas 2 ou três ruas principais - o resto deixe tudo como está. Adicione agora muitos carros e motos, buzinando o tempo todo. Adicione então vacas, muitas vacas, sendo algumas ordenhadas no meio da rua. Se você não pensou em uma favela muito suja, jogue algumas toneladas de lixo pelas ruas. Coloque agora pessoas cultas e com dinheiro no meio da favela e torne os todos os outros habitantes calmos e educados. Como último toque, faça-os falar um português que praticamente ninguém em portugal consiga entender direito.

Pronto! Agora você consegue ter uma idéia real do que é a Índia.

Embora nunca tivesse vindo pra cá, já trabalho com indianos há um bom tempo, e falo quase que semanalmente com pessoas daqui. Por experiência própria, afirmo sem medo de errar que existe muita gente boa e capacitada, com excelentes idéias e habilidades. Até então, antes de pisar aqui, acreditava piamente que o país seria uma das maiores potências do mundo logo, logo.

O que vi entretanto, me lembrou muito das preocupações que tenho com o Brasil: nosso país nunca será um país de primeiro mundo se não resolver o problema da violência, que impede que bares abram de noite, que por sua vez impede que pessoas circulem à noite, que por sua vez não aquece o mercado, que por sua vez traz menos investidores, que por sua vez... Sim, é uma bola de neve.

Na Índia, não existe uma violência nem parecida com a do Brasil. O problema é a falta de vontade política de criar as bases para o desenvolvimento. Segundo os próprios moradores, os políticos estão fazendo o que lhes dá dinheiro mais fácil (trazer empresas para o país) e esquecendo de cuidados básicos com o povo. Embora tenham segurança, não dão as condições mínimas de infraestrutura. A falta de cuidado com a limpeza e as estradas (incluindo um lugar para as pessoas caminhar fora das faixas) faz com que as pessoas demorem quase 2 horas para chegar ao trabalho, que faz com que as pessoas queiram sair mais tarde pela manhã, que faz com que lojas comecem abrir as 11 horas da manhã, que assusta muitos investidores, pois precisam enfrentar isso todas as vezes que têm que visitar as instalações do seu call-center (já ouvi mais de um empresário falar que tem idéia de tirar o time que contratou do país somente pela incomodação que causa para ele: "prefiro reduzir meus lucros e não me estressar tanto cada vez que viajo").

Como se não bastasse, outras coisas que o mundo ocidental considera básico, como condições pessoais de higiene e uma comida que não queime a boca nem cause congestão depois de dois dias seguidos, são coisas nada comuns. O ocidental se sente completamente perdido no país.

Atrair investimentos foi uma grande jogado do governo - um golpe de mestre (e, é claro, uma grande forma dos políticos encher os próprios bolsos) . Mas o mesmo governo esqueceu ou simplesmente não teve vontade de cuidar da base para que isso ocorra. Sair de onde está agora exigirá um grande planejamento e provavelmente uma redução proposital de crescimento para possibilitar a criação dos alicerces. Sem ela, a casa pode desmoronar em pouco tempo.

Fico imaginando se a Índia tivesse a infraestrutura do Brasil. Certamente já seria uma potência muito maior do que é hoje.

Imagine então o Brasil com um plano de desaceleração proposital durante um período para arrumar o problema da segurança e a vontade política que o governo indiano tem de atrair investidores para o pais, com subsídio de longo prazo para cursos de inglês para as classes C e D, por exemplo. Não teria pra ninguém.

Infelizmente, enquanto nossos políticos forem financiados e financiarem a criminalidade, estaremos no mesmo lugar, no mesmo buraco, vendo a banda passar, sendo sempre o país do futuro - nunca do presente.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Quer uma idéia para uma Startup 2


Ok, o Reggie é o cara do empreendedorismo, não pretendo roubar esse título dele. Mas isso não me impede de também dar pitaco no assunto. Principalmente, porque o empreendedorismo se tornou fundamental para os profissionais nos dias de hoje. Mesmo que você não tenha planos de ter uma empresa, de se tornar um empreendedor propriamente dito, são justamente as características de empreendedores de sucesso que fazem a diferença na carreira de qualquer indivíduo (ex: Sam e o Condado). Pois bem, no texto Quer uma idéia para uma Startup? o Reggie ressalta as oportunidades de mercado para empresas que trabalham com tecnologias limpas e meio ambiente, porém, tenho uma resposta diferente para essa pergunta:

Quer uma idéia para uma Startup: Software.

Tudo bem, software sempre foi um mercado promissor, é justamente daí que ouvimos a maioria de histórias de jovens milionários, a lista da Forbes ilustra bem isso. Mas meu ponto é que nunca antes o ambiente esteve tão propício para que empresas entrantes tenham sucesso nesse negócio. Diferente do passado, o mercado atual apresenta características que tornam extremamente atrativo o investimento em software, dentre as quais:

- Redução do Custo de Infraestrutura: Até bem pouco tempo atrás a infraestrutura para criação de software incluía a aquisição ou, no melhor dos casos, locação de servidores para desenvolvimento e hospedagem das aplicações. Coisa do passado, hoje se pode hospedar aplicações nos servidores do Google ou da Amazon a um custo muito baixo, de fato grande parte do twitter roda nos servidores da Amazon. O mesmo vale para ferramentas de programação,  antes caras, tornaram-se comodities, free ou quase-free (Vide o BizSpark da Microsoft).

- Canais de Distribuição: Tudo bem que a Apple pode ser considerada sua sócia pelas taxas que cobra para publicação de um aplicativo na iTunes Store, mas o fato é que hoje pelo menos existem canais diretos de distribuição de software. Pense nas várias lojas de aplicativos que existem, todas as grandes plataformas de dispositivos móveis possuem uma: Android, Blackberry, Apple e Nokia. Some-se a isso as redes sociais, como o Facebook, que atuam como verdadeiros  hubs de distribuição de aplicativos. O mundo tornou-se realmente plano para empresas desse mercado.

- Mercado Consumidor em Intensa Expansão: Esse é um pouco consequência dos itens anteriores. Se antes o software podia ser utilizado apenas em "computadores", ou seja, era preciso hora e local para se usar um software, hoje ele está em todo lugar, do celular a geladeira. E cada dia vemos mais dispositivos e consumidores ávidos por novos aplicativos.

Concordo que nem tudo são rosas, aqui no Brasil temos boas universidades que formam grandes técnicos, mas acredito que elas não estão muito preocupadas em formar empreendedores. Falta também capital de risco para investimento em statups. Mesmo assim o momento é propício como nunca foi.

E aí? Vai criar coragem agora? Me avise se estiver procurando um sócio.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Tribuna da Tribo - 10/11


Assuntos da Semana: Steve Jobs CEO da Década, Pizza Hut no iPhone, Review do Livro: Trabalhe 4 horas por Semana, Gerenciando Geeks.


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um abraço Jack, Reggie e Zambol.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 2


Esse é o segundo post de uma série que escrevi sobre empreendedorismo. Trata-se de um guia prático que eu preparei a partir das minhas experiências e do vasto material que se encontra disponível na Internet hoje em dia. São anotações e observações que eu reuni durante algum tempo para mim mesmo, mas compartilho aqui com vocês porque acho que pode ajudar mais pessoas a alcançarem o sonho de ter o seu próprio negócio. O guia completo você encontra aqui.



Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 2
A Busca por Ideias

A super-valorização da "ideia" (sem acento, percebeu?) é mais um dos tantos mitos que faz com que muita gente boa pense 5 vezes antes de empreender. A maioria das pessoas acredita no conto de fadas que a imprensa nos apresenta dia-sim-dia-não, sobre aquele cara normal que de repente teve uma ideia genial e virou milionário da noite para o dia. É normal que acreditemos que as coisas funcionem assim, é do ser-humano. Se uma ideia genial é algo que vale muito dinheiro, então certamente não é algo que estará disponível por aí para qualquer um ter. Deve ser muito difícil ter uma ideia genial. E se é muito difícil, porque eu sequer me incomodaria tentando? Pronto, está fechado o  ciclo. Temos uma desculpa para sequer tentarmos empreender: "ah, precisa ter uma ideia genial".

Pois bem, vamos espantar alguns desses fantasmas.

Em primeiro lugar, uma ideia genial não vale uma enormidade de dinheiro. Se valesse, existiria um mercado para ideias. E eu desafio qualquer um a tentar ganhar a vida vendendo ideias. Se uma ideia pura e simplesmente valesse alguma coisa, existiriam um sem-número de pessoas simplesmente vendendo as suas ideias ao invés de quebrar a cabeça durante meses tentando criar um negócio ao redor delas. Uma idea não vale nada sem execução, e uma execução perfeita pode criar um belo negócio a partir da mais simples das ideias. Aquele seu cunhado chato que vive lhe dizendo que teve a ideia do Facebook bem antes do Mark Zuckerberg não passa de um piadista. O Mark e o Facebook são o que são porque ali existia um empreendedor capaz de executar uma visão, e não simplesmente porque ele teve uma ideia.

Em segundo lugar, você não precisa esperar ter uma ideia genial para então empreender. Muita gente tem motivação para empreender, está no período certo da vida para isso, mas não segue adiante porque fica esperando o tal do momento "Eureka!". É um grande pecado, porque fazer algo e falhar nos dá a oportunidade de aprender, agora não fazer nada e ficar imaginando como teria sido é uma frustração que se leva para sempre. A verdade é que existem maneiras de se efetivamente gerar ideias para negócios. Muitos empreendedores seguem um processo meticuloso para decidir onde investir o seu tempo e dinheiro. A seguir vou tentar rascunhar os passos básicos envolvidos em um processo de geração de ideias.

Passo 1 - Definição de Parâmetros e Restrições

Antes de efetivamente começar a pensar em ideias para o seu negócio, você deve definir alguns parâmetros e restrições que guiarão o processo. A esta altura você precisa ter noção sobre se deseja empreender sozinho ou se terá alguns parceiros na empreitada - afinal o processo de desenvolvimento de ideias será mais rico e proveitoso se envolver todos os parceiros do negócio desde o início. Outra restrição que você deve ter em mente a esta altura é uma noção de quanto dinheiro você pode investir no desenvolvimento da ideia. O processo como um todo dificilmente se completará em menos de 3 meses. Portanto se você não possuir uma fonte de renda durante aquele período, deverá ter uma noção de que investimento será necessário para sustentar a equipe de trabalho durante esse tempo.

Passo 2 - Brainstorming

Essa é a etapa na qual você investirá mais tempo. Basicamente, é a etapa em que você (junto com seus parceiros no negócio) trabalhará na geração de ideias. Existem várias maneiras de conduzir esse processo, mas novamente algumas restrições terão um papel importante. É fundamental, por exemplo, definir qual é o conhecimento e quais são as habilidades do grupo trabalhando nessa etapa. Existem experts em alguma área? Tecnologia? Design? Algum hobby? É importante focar a geração de idéias em cima dessas habilidades. Não quer dizer que você não possa gerar idéias em outras áreas, mas se você não tiver conhecimento específico você já arranca em grande desvantagem. Pergunte-se que coisas lhe irritam nas áreas em que você tem conhecimento / habilidade? Tente mapear como os processos de negócio funcionam nas áreas que você tem interesse. Existe alguma oportunidade de melhoria? Existe algum problema que ninguém resolveu ainda? Alguma maneira mais inteligente de vender um produto ou prestar um serviço? Ah, não esqueça de comprar um quadro-branco e anotar tudo nele. E relute antes de apagar qualquer coisa o máximo possível.

É importante ter paciência nessa etapa do processo. Não a acelere. Os primeiros dias podem ser frustrantes, você provavelmente vai acabar com um monte de coisas rabiscadas no quadro-branco mas a sensação de que ainda não tem nenhuma ideia. Não se preocupe, é assim mesmo. Seja persistente e continue fiel ao método durante dias a fio. De repente você vai começar a enxergar coisas que não havia visto antes naquele quadro-branco. Você vai começar a estabelecer relações entre as ideias no quadro e o que está acontecendo no mundo ao seu redor. Pode ser uma notícia que você leu. De repente, as ideias começarão a surgir em maior volume.

Passo 3 - Elegendo uma Ideia Vencedora

Com o tempo, a execução do passo 2 vai levar você e seu grupo para alguns poucos domínios, e dentro daqueles domínios de interesse, algumas poucas ideias vão emergir como as de maior potencial. Quando você tiver a sensação de que chegou nesse ponto, é hora de seguir adiante. Mesmo que você tenha o sentimento de que nenhuma ideia é efetivamente genial (na prática você vai ver que esse sentimento, quando vem, vem muito mais tarde no processo).

De posse dessa lista de mais ou menos 5 ideias com potencial, é hora de trabalhar mais a fundo. Faça alguma pesquisa de mercado e descubra as informações importantes. Que produtos / serviços semelhantes existem, que empresas os fornecem, como elas os comercializam, quanto cobram, quanto faturam. Descubra o tamanho do mercado em potencial.

O próximo passo é então pensar em mais detalhes sobre o modelo de negócio para cada ideia. Como você se posicionaria, qual mercado seria o seu alvo, qual seria sua estratégia, quanto cobraria, etc. Coloque tudo isso em uma apresentação, uma por ideia. Deve ser uma apresentação simples, seguindo a regra 10 / 20 / 30 do Guy Kawasaki. Qual o seu sentimento sobre cada uma das ideias depois de pronta a apresentacao? Você seria capaz de apresentar a ideia com paixão?

Reserve então um tempo para apresentar as ideias para conhecidos seus. Devem ser pessoas em que você confia, mas que serão capazes de lhe dar feedback franco e aberto. De preferência apresente as ideias para alguns experts na área, ou para empreendedores. Converse sobre as ideias, faça as pessoas elegerem suas preferidas, anote o feedback e pense se não existe uma outra ideia por trás.

Após algum tempo você naturalmente vai convergir para uma ou duas ideias. Quando isso acontecer, comemore. Você tem a base para o seu negócio. É hora de passar à fase 1 de qualquer empreendimento (sim, essa era a fase zero). Mas isso é assunto para o próximo capítulo.


Próximo capítulo: Construindo um Negócio


Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Grindhouse

Pessoal, essa é a reedição de dois pequenos textos que eu publiquei no início da Tribo, no tempo que a gente ainda se chamava ITChronicles. Espero que gostem.

O Analista Fantasma
Essa aconteceu um pouco antes do estouro da bolha da internet em um dos maiores projetos de desenvolvimento de software em Porto Alegre. A empresa estava contratando gente a rodo, sem checar nenhuma referência. A confusão era tamanha que chegavam a demitir em uma semana e contratar a mesma pessoa na semana seguinte. O sujeito que fazia cafezinho em três meses foi promovido a gerente de projeto. Reza a lenda que um analista foi contratado e sumiu uma semana depois que começou a trabalhar. Com o turnover do jeito que estava ninguém mais esperava o ver cara de volta.

Porém, na semana seguinte ele aparece. Em tempos de crise, o projeto pegando fogo, faltando recursos por todo o lado, o gerente nem pergunta o que aconteceu, diz pro cara sentar e continuar o trabalho. Mas na outra semana, de novo, nada do sujeito. Não é que uma semana depois o sacana dá as caras como se nada tivesse acontecido. Mas daí tiveram que perguntar, nem tanto por responsabilidade, por curiosidade mesmo.

O cara havia arrumado um emprego em outra cidade e acertou com os outros empregadores trabalhar semana sim, semana não. Esqueceu foi de avisar os novos patrões. O pior é que quando disseram pra ele que assim não servia ele perguntou indignado:
Mas se eu entregar tudo que vocês me pedirem que diferença faz onde eu estou?

Pois é, faz diferença?

Vampiros de Almas
Essa é macabra mesmo. Mais um daqueles projetos intermináveis, daqueles que a gente não vê a luz no fim do túnel. A equipe vinha trabalhando numa média de quinze horas por dia, pelos últimos dois meses. Sabe quando o gerente de projeto vem com aquela de: “Sábado é dia útil” e “Domingo, Ponto Facultativo”? Pois é, mais ou menos assim.
Segundo o que me contaram, o sujeito estava trabalhando por mais de 36 horas seguidas quando teve um colapso e caiu no chão. As pessoas relataram que ele caiu e ficou na mesma posição que estava na cadeira, como se ainda estivesse usando o computador deitado no chão. Estava com os olhos esbugalhados e uma babinha escorrendo pelo canto da boca, o que não preocupou ninguém porque ele já babava normalmente.

Nenhuma palavra, estado catatônico.

Levaram para a emergência, e o diagnóstico, adivinhem? Colapso causado por stressoverdose de trabalho. Mas o mais estranho ainda estava por vir. Ao acordar no hospital, doze horas depois, ele não se lembrava de nada das últimas duas semanas. Nada, nadinha, o sujeito teve as duas últimas semanas completamente apagadas da memória. E até o fechamento dessa edição, cinco anos depois, ele ainda não havia recobrado lembrança daqueles tristes dias.

Sacanagem, para isso não tem backup.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Tribuna da Tribo - 03/11

Assuntos da Semana: GPS do Google(Google Maps Navigation), Vencedor da Promoção de Coaching, Como melhorar o ambiente de Trabalho, Dicas de Planejamento de Carreira.


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um abraço Jack, Reggie e Zambol.

Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 1


Esse é o primeiro post de uma série que escrevi sobre empreendedorismo. Trata-se de um guia prático que eu preparei a partir das minhas experiências e do vasto material que se encontra disponível na Internet hoje em dia. São anotações e observações que eu reuni durante algum tempo para mim mesmo, mas compartilho aqui com vocês porque acho que pode ajudar mais pessoas a alcançarem o sonho de ter o seu próprio negócio. O guia completo você encontra aqui.




Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 1
A Motivação por Empreender

Toda empresa começa pelo empreendedor. Ele é a razão de ser da história toda. Eu gosto muito da definição de Martin Varsavsky sobre o que é um empreendedor: é uma pessoa tentando encontrar um lugar para ela no mundo. Se você ainda está tentando encontrar o seu lugar no mundo, esse texto é para você. Quem sabe empreender seja o seu caminho.

Você deve estar cansado de ouvir que vivemos em um mundo em transformação e blá, blá, blá. Eu estou cansado pelo menos. São tantas mudanças, e a toda hora, que a única certeza atualmente é que as coisas estão mudando. Mas vale à pena voltar a esse assunto batido, porque ele nos interessa aqui. Mudanças têm acontecido em todos os aspectos da nossa vida, mas principalmente do ponto de vista tecnológico. Essa evolução constante em termos de tecnologias disponíveis à humanidade alterou profundamente as regras econômicas da sociedade, e com isso as relações de trabalho. O que era uma boa carreira para o seu pai há décadas atrás certamente não é mais para você. O emprego estável que seu tio teve durante 30 anos não existe mais.

Poderíamos passar um bom tempo discutindo o porquê dessas transformações no mundo do trabalho, mas eu quero focar em algo bem específico: as tecnologias estão fazendo as pessoas enxergarem mais. Me parece que muita gente hoje acha que trabalha demais. Ou mais importante ainda, acha que não trabalha em algo em que acredita. E trabalhar demais, e em algo que não acredita, não traz satisfação nenhuma. Pode até ser estável, mas não dá nenhum prazer. Acontece que mais pessoas hoje querem satisfação, querem prazer, querem trabalhar em algo que lhes apaixone. Estabilidade está definitivamente em segundo plano.

Essa busca incessante por satisfação, por sua vez, caiu como uma bomba no colo de muitas empresas. Em muitos casos, é o fim do modelo 'fábrica', onde uma empresa vende um produto ou serviço com razoável previsibilidade, tentando incessantemente cortar custos ao longo do caminho. Durante muito tempo muita gente sonhou trabalhar em uma empresa assim, afinal fazer o que lhe mandam, não ter grandes responsabilidades e ainda assim ter relativa estabilidade soa bem ao nosso inconsciente. Somos seres-humanos e estabilidade nos atrai. O problema é que esse tipo de empresa invariavelmente acaba trabalhando para manter o status quo, produzindo produtos medianos para consumidores medianos. Essa estratégia é perfeitamente correta em um ambiente estável: estabeleça confiabilidade e previsibilidade, corte custos e lucre com isso. A novidade? Esse modelo está com os dias contados. As pessoas como consumidores estão cada vez mais buscando algo diferente, algo que tenha significado, algo em que elas acreditem. Aquele produto de série, mediano, iguais aos outros não interessa mais. Elas querem algo único, significativo. E as pessoas estão se comportando da mesma forma com relação a suas carreiras. Se o seu sonho de carreira é ser um gestor e manipular recursos da melhor maneira possível para executar uma tarefa, boa sorte e continue com o seu emprego na fábrica. Se você, ao contrário, tem vontade de liderar e criar mudanças no mundo ao seu redor, mudanças em que você acredita, então empreender pode ser para você.

Veja bem, não estou aqui defendendo que empreender seja uma alternativa que todos deveriam seguir. Não precisamos de 100% de empreendedores, simplesmente não funcionaria. Também não estou dizendo que empreender tem mais valor do que trabalhar para uma empresa ou organização qualquer, ou que buscar estabilidade e segurança é besteira. A essa altura eu espero que esteja claro que o conteúdo desse guia é baseado na minha experiência, no meu entendimento, e as coisas que mencionei anteriormente são, bem, as minhas motivações. O importante é você perceber o contexto onde estamos inseridos atualmente e as mudanças que estão acontecendo - e o que elas estão causando. Cada um é senhor da sua vida profissional e as motivações para empreender podem ser as mais variadas possíveis. Agora se você ainda não encontrou algo pelo qual trabalhou apaixonadamente, se ainda está em busca do seu lugar no mundo e quer fazer algo a respeito, se está disposto a correr os riscos e no final da história ainda ganhar um dinheirinho, sente aí parceiro. A estrada é esburacada mas a gente chega lá.


Próximo capítulo: A Busca por Idéias.


Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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Guia Prático de Empreendedorismo



Esta é uma série de posts que escrevi sobre empreendedorismo. Trata-se de um guia prático que eu preparei a partir das minhas experiências e do vasto material que se encontra disponível na Internet hoje em dia. São anotações e observações que eu reuni durante algum tempo para mim mesmo, mas compartilho aqui com vocês porque acho que pode ajudar mais pessoas a alcançarem o sonho de ter o seu próprio negócio.

Parte 1 - A Motivação por Empreender
Parte 2 - A Busca por Ideias
Parte 3 - Construindo um Negócio
Parte 4 - Em Busca do Sucesso

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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