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quarta-feira, 29 de abril de 2009

O homem de Ushuaia

O vento soprava frio e inclemente naquele início de tarde, tornando as retas monótonas da estrada ainda mais perigosas. O vazio da paisagem chegava a oprimir. Eu estava quieto, contemplativo. Havia recém perdido o emprego e me sentia realmente perdido. Esperava que a viagem, combinada às pressas com outros dois amigos, servisse para colocar as idéias em ordem e recomeçar minha vida. 

Chegar até a Patagônia, o fim do mundo. A minha esperança infantil era de que o local me trouxesse uma resposta. O que fazer a seguir? A verdade é que a ausência de uma perspectiva, de um plano B, me apavorava. Todos os meus passos haviam sido milimetricamente planejados até aqui, desde o início da graduação até os últimos movimentos na vida profissional. Mas a demissão mudava tudo e de certa maneira me jogava de volta à estaca zero.

Foi então que no meio do nada, dos duzentos e cinquenta quilômetros que ligam Rio Grande à Ushuaia, o andarilho apareceu. Era uma cena surreal, alguém caminhando com uma mochila nas costas no meio daquela imensidão, enfrentando um clima que beirava o zero grau. Não foi consenso no carro, mas acabamos parando para conhecer um sujeito que tinha uma barba de fazer inveja ao Náufrago. Ele abriu um sorriso largo e, para nossa surpresa, falou em português:
- Rola uma carona até Ushuaia?
Aparentava uns trinta anos, dois a menos que eu. Seguimos viagem quietos, mas depois de quinze minutos de silêncio constrangedor resolvi puxar conversa:
- O que você faz aqui? Perdido, no meio do nada.
- Pois é, dá a impressão que eu estou perdido, mas já estou na estrada há algum tempo. Deixei São José dos Campos há mais ou menos um ano e meio. Desde então, já trilhei boa parte da América Latina: Guiana Francesa, Venezuela, Colômbia, e por aí vai. Agora estou chegando finalmente à Patagônia.
- Que loucura, só você e a mochila?
- Eu e ela, inseparáveis.
Estávamos os três fascinados com as aventuras do sujeito.
- E depois? Para onde você vai?
- Depois só deus sabe, não costumo fazer muitos planos.
Sem planos, havia encontrado meu eu-bizarro. Disparei:
- Como é que você consegue viver assim? Viajar sem rumo, sem a certeza de um pouso certo na próxima noite? E se a gente não tivesse passado por aqui? 
- Não entendo, você tem essa certeza? Sabe exatamente o que vai acontecer depois da próxima curva da estrada? Certezas assim são falsas certezas. Elas servem para nos reconfortar, nos dando uma falsa impressão de segurança. Pior ainda, também servem como desculpas para nos conformarmos com o dia-a-dia, deixando os sonhos para trás.

Me calei com a resposta e ficamos todos em silêncio até a chegada na cidade. Ao pararmos o carro ele agradeceu mais uma vez e apertou a nossas mão desejando boa sorte. Dobrou a primeira esquina e desapareceu, deixando estranha impressão de que nunca estivera lá.
[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Quem precisa de uma carreira?

Maria tem 36 anos, é casada com Marcos e tem três filhos, um de 9 anos, outro com 6 e o mais novo com 1 ano e meio. Maria é arquiteta de formação mas desde que ficou grávida do primeiro filho acabou largando a profissão. Durante praticamente os últimos 10 anos, ocupa seu tempo (e bem) com as crianças, seja cuidando do mais novo, levando os outros no colégio ou correndo atrás dos outros afazeres da casa para garantir que eles tenham tudo do bom e do melhor.

Outro dia o de 6 anos apareceu na cozinha de tarde e falou para ela:

- Mãe, a escola pediu que convidássemos nossos pais para a Feira de Profissões. Tem como você ir lá e falar sobre a sua?
- Humm, deixa eu ver... vou consultar a minha secretária e te dou uma resposta, OK? - brincou Maria.
- Pois é mãe... qual a sua profissão? Afinal todo mundo tem mãe... acho que mãe não é uma profissão.

Maria enrolou o pequeno, mas ficou pensando naquela conversa enquanto fazia a lista de compras para a semana. Sim, não tinha uma profissão já há alguns anos. Não tinha mais uma carreira. Mas e daí? Quem precisa de uma carreira? Quem disse que todo mundo tem que ter uma profissão?

Maria era uma pessoa feliz, extramente realizada. Amava seu marido, tinha os filhos mais lindos do mundo, e não se importava de ter largado a carreira de arquiteta há alguns anos atrás. Felizmente seu marido tinha um emprego bom e eles viviam dignamente - as crianças tinham tudo o que queriam e precisavam. Ela tinha enorme prazer em investir seu tempo criando os filhos e ajudando uma ONG local que trabalhava com projetos de sustentabilidade.

Mas volta e meia apareciam essas ocasiões em que o seu estilo de vida era questionado. Era como se o valor de uma pessoa estivesse unicamente relacionado ao sucesso de sua carreira ou à importância de sua profissão. Não gostava dessa pressão que a escola e a sociedade colocava em seus filhos: ou você começa a pensar no que quer fazer quando crescer quando tem 6 anos ou será um Zé-ninguém. "Infeliz daqueles que se prestam a viver conforme o que os outros pensam deles", pensava. Ainda outro dia tinha lido uma citação de Ralph Waldo Emerson que dizia mais ou menos assim:

"O que devo fazer da minha vida é problema meu, não das outras pessoas... você sempre encontrará aqueles que acham que sabem o que você tem que fazer, mais do que você mesmo. É fácil viver em sociedade segundo as opiniões dos outros. É fácil viver na solidão segundo as suas próprias opiniões. Porém, o grande homem é aquele que, em meio à multidão, mantém-se fiel à sua independência e às suas próprias opiniões."

- Paulinho, chamou Maria da cozinha.
- Sim mãe, gritou ele do quarto.
- Avisa lá na escola que eu posso ir falar na Feira de Profissões sim. Mamãe tem umas coisas bem importantes para falar.

Reggie, the Engineer (João Reginatto)
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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Se Arrependimento Matasse.... E Mata!

Maximus estava na primeira fila. Suas mãos tremiam. Não conseguia esconder o suor e o medo. Gostaria muito de acreditar piamente em seu chefe, que dizia que essa era a batalha de sua vida – que o mundo não seria o mesmo se essa batalha fosse perdida.

Ele estava na primeira linha do exército romano, em uma legião formada por 4.800 soldados. À sua frente encontrava-se o grande exército macedônio, que teria que enfrentar logo após a voz de comando.

Maximus havia entrado no exército porque lá poderia receber um soldo e seria respeitado. Além do mais, poderia se aposentar depois de 25 anos de serviço e teria uma boa chance de ganhar um pequeno pedaço de terra que era prometido pelo imperador aos soldados mais pobres.

Ele era humilde, mas de forma alguma ingênuo. Sabia que a chance de sobreviver estando na primeira fila contra um exército de proporções semelhantes eram muito baixas. Mesmo se acertasse a espada no primeiro e matasse mais quatro ou cinco, teria ainda tantas pessoas para matar antes de acabar a guerra que praticamente tornava a tarefa de manter-se vivo em uma batalha hercúlea. Guerreiro experiente, já havia conhecido vários bons combatentes de primeira linha que haviam morrido.

Sempre deixou-se levar pela maré, e agora estava em dúvida. Por que havia escolhido aquela profissão? Afinal, não via sua esposa e filho há 18 meses. Na verdade, os via muito pouco. Agora, sentia falta deles - falta de abraçar sua esposa, de beijar seu filho.

Tinha tido a chance de ser ajudante em uma plantação de trigo. Ganharia bem menos, talvez fosse menos respeitado, mas teria ficado junto com sua esposa e teria tido bem mais tempo para criar seu filho. Ademais, sempre se interessou por plantas e gostava de trabalhar com terra.

Mas por que então teria escolhido aquela profissão? "Ah", lembrou-se, "devido ao soldo e ao respeito".

Ouviu então a ordem de atacar. Encheu os pulmões com todo o ar que possuía e gritou o mais forte que podia. Era assim que as batalhas começavam - assustavam o inimigo. Encheu-se de ódio, pois assim teria mais chances de sobreviver, e começou a correr, tentando não pensar no arrependimento por ter entrado para aquela profissão. Qualquer desatenção seria o seu fim.

Como estava chegando mais perto do inimigo, empunhou sua espada e a colocou em posição de ataque. Percebeu que havia sombras no céu, e isso geralmente era um mau sinal. Olhou para cima e percebeu que eram centenas de flechas que haviam sido lançadas. Levantou seu escudo, a fim de se proteger, mas uma flecha passa pelo lado e acerta seu pescoço. Assim que cai, é pisoteado selvagemente pelos próprios companheiros romanos, que não podiam parar. Era a regra.

Maximus morreu ali, sem nem ter a chance de lutar. Atingido e pisoteado, morreu pensando na vida que poderia ter tido, na felicidade que sempre sonhou, arrependido por ter escolhido sua profissão pelos motivos errados, arrependido de não ter abraçado mais seu filho. Morreu infeliz.

E você, já sabe se está na profissão e posição certa ou terá que esperar a hora da morte para descobrir?

Dr. Zambol
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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Tribo do Mouse - A vida na empresa com humor e objetividade





Tribo do Mouse - Histórias, Dicas e Truques do Mundo Corporativo
é um livro para surpreender. Longe do ranço e da banalidade de títulos cheios de formulismos que beiram a autoajuda, a Tribo mostra que há vida, humor e humanidade no cotidiano de uma empresa. A fuga do lugar-comum estampada nos sensíveis e pertinentes relatos de Tribo do Mouse, da editora Fábrica de Leitura, é acompanhada de uma audácia: a publicação terá duas capas, para que o leitor escolha qual quer levar para casa.


Os autores
Ulisses Giorgi, Juarez Poletto e João Reginatto nasceram no Rio Grande do Sul, mas seguem carreiras em diferentes latitudes (Porto Alegre, Curitiba e Dublin, na Irlanda). Eles são Zambol, Jack e Reggie e integram a Tribo, que surgiu de forma natural entre amigos com experiências pessoais e profissionais muito próximas. Tribo do Mouse é também o blog que os três mantêm há dois anos com fãs e seguidores fiéis do endereço. Os leitores da Tribo sabem bem o que vão encontrar no livro. E por isso mesmo a expectativa é grande!

O livro relata a vida no escritório pelo prisma mais real possível. As crônicas e pensatas inspiradas em casos verídicos têm o frescor da linguagem coloquial características dos blogs e ganham agora a versão impressa para comemorar os dois anos na Internet. A ausência de referências que falassem sobre o cotidiano real das empresas, o mais distante possível de fórmulas robóticas, com análise crítica, dicas e histórias que tocassem profundamente quem vive nesse ambiente foi a motivação inicial dos textos. As situações relatadas mostram como e quem são as pessoas do chamado "mundo corporativo" e ainda ajudam a entender o funcionamento das relações e comportamentos dentro da empresa. De forma clara, irônica e bem objetiva, a Tribo do Mouse vai tirar você da zona de conforto e colaborar para um "empurrãozinho" em direção a tendências e soluções para sua vida profissional.

Para complementar a trip da Tribo, a editora Fábrica de Leitura garimpou uma preciosidade anexada ao livro como presente ao leitor: um poema de Bruna Lombardi, bem de acordo com o tema. A musa, que ainda encanta o Brasil com sua beleza, mostra em seus versos que tem talento multidisciplinar, justificando o encanto que provocou em ícones da nossa literatura como Mario Quintana.


Disponível na Livraria Cultura


quarta-feira, 22 de abril de 2009

Susan Boyle

Se você não viveu no planeta terra na última semana, assista o vídeo ao lado antes de prosseguir, já são mais de 100 milhões de acessos no YouTube. Eu tenho que confessar que ele me pegou de calças curtas. Lembrei imediatamente de alguns pontos levantados no Blink, livro de cabeceira da Tribo, sobre como as aparências enganam.

De fato, fiz uma associação imediata com uma situação da minha vida profissional. Estava procurando uma pessoa para a posição de analista e entrevistei por telefone um candidato que morava em Pernambuco. O sujeito foi muito bem, tinha um background técnico relevante, falava inglês fluente e possuía experiência no tipo de projeto que eu estava contratando. Resumindo, depois de duas entrevistas tive certeza de que ele era a pessoa certa para o cargo. Fechamos a contratação pelo telefone mesmo. Mas, duas semanas depois quando ele se apresentou ao trabalho, eu tive uma surpresa. Ao conhecê-lo pessoalmente fiquei com uma impressão negativa. Era uma daquelas coisas que a gente não consegue explicar, mas tive uma certeza naquele momento: se eu tivesse feito a entrevista pessoalmente jamais teria contratado o sujeito. Para complicar a situação, logo depois disso fui transferido para os Estados Unidos, deixando o novo funcionário trabalhando para um colega.

A verdade é que aquela impressão nunca me saiu da cabeça e alguns meses depois eu tive a minha resposta. Estava auxiliando meu colega na revisão de desempenho das pessoas da equipe que deixei para ele no Brasil. Quando começamos a falar do funcionário em questão meu colega foi enfático:
- O cara é muito bom. É um excelente técnico, se comunica bem, tem experiência no negócio e um bom relacionamento com os colegas. Definitivamente, uma contratação acertada.

Fiquei perplexo. Logo eu, que costumava me vangloriar de possuir um sentido aguçado para entrevistas, que acreditava no meu "feeling" em relação aos candidatos. A verdade é que o meu primeiro julgamento estava correto, mas meus sentidos me enganaram. Alguma coisa em meu no meu subconsciente jogou contra o candidato e confesso que até hoje ainda não consegui descobrir o que foi.

Foi uma bela lição para mim. Bons gestores não podem se deixar levar pelas aparências. Imagine os talentos que você pode estar desperdiçando, consciente ou inconscientemente, apenas porque eles não se vestem como você, tem uma tatuagem ou piercing, pintam o cabelo de roxo e por aí vai. Imagine se não fosse dada a Susan Boyle a chance de cantar para essa platéia.
[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Novas Cartas no Jogo do Poder

As regras do jogo do poder estão mudando. Não é de hoje, já vem de alguns anos, mas o uso crescente de algumas ferramentas da Web está intensificando uma mudança nas tradicionais fontes de poder. Falo de blogs, Twitter, redes sociais e por aí vai.

Fiquei um pouco alarmado esse final de semana com duas coisas que aconteceram ao redor do Twitter. A primeira foi que realmente o Ashton Kutcher tornou-se o primeiro usuário a ter mais de 1 milhão de seguidores. A segunda foi que a Oprah divulgou o já famoso serviço de micro-blogging em seu show na sexta-feira e se fala sobre algo em torno de 1.2 milhões de novos usuários no Twitter desde então.

Bom, mas o que isso tem a ver com poder? Explico.

A teoria do poder é muito interessante, e sugiro a qualquer um que queria ter um pouco menos de frustrações na vida pessoal e profissional estudar um pouquinho dela. Existe uma vasta lista de livros sobre o assunto, eu particularmente gosto das definições do economista J.K. Galbraith em "A Anatomia do Poder", embora seja um livro já bem defasado (1983). Basicamente ele define que existem 3 tipos de poder e 3 fontes de poder. Os três tipos de poder seriam:

1 - Poder compensatório - em que a submissão da outra parte é 'comprada' de alguma forma.
2 - Poder condigno - em que a submissão é obtida pelo simples fato das alternativas serem suficientemente 'dolorosas'.
3 - Poder condicionado - em que a submissão é obtida através da persuasão.

As três fontes de poder seriam:

1 - Personalidade (ou liderança)
2 - Propriedade (ou riqueza)
3 - Organização

Essas três formas de poder, e da mesma forma as três fontes de poder, regeram as organizações por muitos anos. Se você pensar bem, praticamente qualquer grupo social, seja ele um estado, uma igreja, uma empresa ou um exército, poderia ter seu funcionamento perfeitamente explicado segundo essas regras. Entretanto, com o surgimento da sociedade da informação, claramente uma outra fonte de poder passou a ter muita importância: o conhecimento. Não se trata necessariamente de uma nova fonte de poder, afinal conhecimento é algo que sempre existiu, mas a maneira como ela é utilizada mudou totalmente as nossas vidas, especialmente em ambientes organizacionais.

Enquanto as fontes de poder tradicionalmente eram usadas no sentido de acumulação, o conhecimento vai no caminho inverso. Não se sabe ao certo quem é o autor da frase, mas a idéia já é bem aceita de que o poder hoje em dia reside no compartilhamento de conhecimento.

Nesse sentido, as novas ferramentas da Web têm um papel fundamental nisso. Eu me lembro de por alguns anos trabalhar com a idéia de comunidades de prática dentro de ambientes organizacionais. A idéia seria reunir pessoas com o mesmo tipo de interesse ou função e "forçá-las" de certa forma a compartilharem seu conhecimento. Quem sairia ganhando obviamente seria a empresa, em virtude dos novos canais de comunicação estabelecidos. Mas sempre enfrentamos obstáculos, entre eles principalmente a questão do poder. Que poder podemos oferecer às pessoas para que compartilhem seu conhecimento? Ou de que forma podemos exercer um poder para fazer as pessoas seguirem esse caminho? Nunca cheguei em uma resposta satisfatória. Parece que agora temos ferramentas para isso.

Os blogs, as redes sociais, o Twitter, todos eles estão recheados de números que nos permitem colocar novas cartas no jogo do poder. Quantos leitores tem seu blog? Quantos amigos você têm no LinkedIn ou no Facebook? Quantos seguidores você tem no Twitter? Ou quantos updates você publica por dia?

Enfim, são todas métricas que vão nos ajudar a caminhar no sentido de melhor entender o papel do compartilhamento de conhecimento na nossa vida pessoal e profissional. Porque claramente já está havendo um ajuste. Por exemplo, o fato do Ashton Kutcher ter sido a primeira pessoa a ter 1 milhão de seguidores no Twitter não quer dizer absolutamente nada. Ou melhor, quer dizer uma coisa: que a quantidade de seguidores que você tem no Twitter não deve ter muita relevância em termos de poder daqui para a frente. Por quê? Ora, porque o Ashton Kutcher não é o melhor ator da atualidade, nem o mais famoso, nem o mais engraçado (embora eu seja fã de "Punk'd!"), nem qualquer outra coisa assim. Ou seja, a tradução do número de seguidores que ele tem para alguma forma de poder que ele possa exercer (seja relacionado a conhecimento ou não) é nula.

Já o fato do Twitter ter ganho mais de 1 milhão de novos usuários após o show da Oprah mostra que essa nova fase da sociedade, com essas novas regras de poder, provavelmente tende a ser mais igualitária, onde as ferramentas são acessíveis a um número maior de indivíduos. Claro que existe um caminho absurdamente longo a ser trilhado, basta pensarmos em quantas pessoas no Brasil não tem sequer acesso à Internet, que dirá a qualquer tipo de poder exercido por suas ferramentas. Mas já é um começo.

Façam suas apostas.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Identidade Revelada: Dr. Zambol

Acho que todos os que acompanham o blog já devem ter uma boa idéia de quem é o Dr. Zambol. Mas deixe-me revelar um pouco de sua essência, que talvez não seja do conhecimento geral.

Ele nasceu em Porto Alegre e já com apenas três anos apresentava sinais de gagueira, bastante fortes por sinal. Problemas como esse para crianças mudam-nas de forma perene, e não seria diferente com o Zambol. Na escola, principalmente até a sétima série, era um aluno extremamente tímido – praticamente não falava com ninguém e em sala de aula, quando requisitado a falar, era motivo de chacota.

- Gaguinho, Pork Pig...Gaguinho, Pork Pig...

Às vezes voltava para casa chorando, às vezes voltada apenas com raiva, mas nunca conformado. Suas notas na escola eram medíocres, passando “de raspão” em praticamente todas as matérias.

Quando seu pai, o Dr. Zambão, deu de presente aos três filhos um computador CP 200, descobriu que tinha facilidade para as áreas exatas, pois leu o manual e começou a programar antes de seus irmãos mais velhos. Com apenas 12 anos já programava em assembly.
Esse foi o incentivo que faltava para se dedicar ao Xadrez. Depois de pegar confiança ganhando algumas partidas do seu pai e de seus irmãos, que jogavam bem e competiam oficialmente nas respectivas categorias, entrou em alguns campeonatos e ficou muito bem colocado em campeonatos adultos oficiais.

Mas a paixão por computador sempre foi mais forte e tomou seu maior tempo. Na verdade, era o mais fácil, pois podia fazer tudo aquilo sem ter que falar muito com outras pessoas.

A virada veio devido a uma bendita greve durante o início da oitava série. Durante todo o mês que ficou em casa, percebeu que já havia deixado as pessoas “tomarem conta” e que agora a única solução era a revolução. Na volta das férias, estava decidido, “uma fratura exposta é muito menos doloroso que perder a dignidade”. Teria que estudar a fraqueza das pessoas que zombavam dele. Não poderia nunca mais baixar a guarda até o final da batalha. Definiu cada detalhe, cada passo que deveria fazer para o cheque-mate.

Lembro-me como se fosse hoje. Logo na volta às aulas, a professora fez uma pergunta e o Dr. Zambol levantou a mão para responder. A professora, espantada e ao mesmo tempo feliz por ver o Zambol querendo responder, coisa muito rara até então, solicitou com um sorriso que ele respondesse. Depois do início da frase gaguejada, o aluno ao lado começou a rir. Zambol se levatou, chutou a mesa do colega, que o fez cair no chão e em seguida chutou a cadeira contra o colega que já estava caído. Após o estrondo, fez o discurso que havia preparado para aquele colega específico, em frente à turma toda.

Depois de umas quatro ou cingo brigas, algumas nas quais levou a pior, o novo Zambol estava se formando. Mudou-se para o fundo da sala, era muito mais respeitado e, inesperadamente, suas notas o tornaram o melhor aluno da aula. Até cola começou a dar – e aos montes. Mas sempre mantinha a guarda alta. Parece incrível, mas a baixa auto-estima era o principal causador do baixo desempenho escolar.

E foi nesse contexto que o Dr. Zambol realmente se criou. A facilidade com os estudo foi aumentando a cada etapa de sua vida. Cursou Ciência da Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e na mesma universidade concluiu seu mestrado.

É claro que os fatos acima, isoladamente, não definem o Dr. Zambol, pois esse cresceu, aprendeu a baixar a guarda, evoluiu como pessoa, superou o trauma da gagueira, trabalhou como concursado no SERPRO durante 4 anos, foi consultor das Nações Unidas, gerente de uma software house em Santa Cruz, aprendeu que nem tudo é resolvido na hora que se deseja e aumentou sua inteligência emocional, sua pior deficiência no primeiro grau. De qualquer forma, os fatos acima ajudam a entender algumas de suas bases:

- Acredita no poder de superação do ser humando, em qualquer circunstância.

- Acredita que o aprendizado contínuo é a única forma de evoluir como pessoa e como profissional. Trocou a “guarda alta”, por esse valor.

- “Fazer o certo pelo certo” é o lema que tenta seguir. Se tiver que “ter uma fratura exposta” para tal, que assim seja. É claro que ainda peca muito nisso, pois não se considera evoluído o suficiente para conseguir isolar o certo de todos os outros fatores em alguns casos.

- Acredita que o emprego não pode ser de forma alguma um fardo. Se for, alguma coisa está errada e deve ser feita. Se “já tomaram conta”, não há outra solução a não ser a revolução. Isso pode significar apenas mudar o jeito de fazer uma reunião, criar uma nova estrutura de reporte, se inscrever num curso ou até mesmo procurar outro emprego.

A história do Dr. Zambol não pode ser dissociada da história de Ulisses Ponticelli Giorgi, gerente de uma grande empresa de computadores em Porto Alegre, que hoje dá graças a Deus que foi gago, por ter se separado do seu primeiro casamento e por ter tido que trabalhar 14 horas por dia quando era gerente em Santa Cruz. Não seria a pessoa que é sem essas experiências.

Muito prazer. Sou Ulisses Giorgi, criador do Dr. Zambol, casado com Ana Rigon, pai do Francesco (ainda na barriga da Ana, no oitavo mês de gestação) e dono do Aquiles, um maltês maluco de quatro anos de idade que tem que tomar Gardenal. Sou apaixonado pelo que faço: pela informática, pelo stress diário, pelos desafios da administração, pelo trabalho de equipe e pelas pessoas. Adoro tecnologia e sou um inconformado por natureza, buscando sempre algo novo e desafiador a ser feito, fato que me trouxe para a Tribo.

Espero que possa continuar escrevendo coisas úteis para vocês. Espero continuar aprendendo com seus comentários e sugestões. Sinto-me honrado de escrever para um público tão inteligente e seleto como os leitores da Tribo. Sinto-me mais honrado por compartilhar esse espaço com meus colegas Jack DelaVega e Reggie, The Engineer, duas pessoas inteligentes e extremamente éticas – duas pessoas especiais.

Ulisses Giorgi (Dr. Zambol)
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quarta-feira, 15 de abril de 2009

Identidade Revelada: Jack

O sujeito entra na sala apreensivo pois o seu chefe o espera para uma reunião. O final de ano coincide com as avaliações de desempenho. O chefe parece nervoso, mas é difícil dizer. Finalmente o silêncio é quebrado:
- Tenho duas notícias para você, uma boa e outra ruim.
Sem saber exatamente o que responder o sujeito gagueja alguma coisa sem nexo. O chefe continua:
- Você foi promovido, esse é o seu aumento. A má notícia é que ainda não escrevi sua revisão de desempenho, preciso da sua ajuda com isso.
O sujeito não cabia em si, era uma bela recompensa por um difícil ano de trabalho. Enfim, valia a pena confiar nas pessoas.

O sujeito entra na sala, seu diretor o espera para uma reunião. Sua cara não é boa e a reunião foi protelada várias vezes na semana, até a data inevitável da sexta feira às 17hs. O clima da empresa também não é dos melhores. O chefe fala:
- Sua equipe está sendo dissolvida, estamos reorganizando o setor. Mas não se preocupe o seu emprego está garantido, consegui uma vaga para você em outra área. 
Não era isso que ele estava esperando. O diretor havia assegurado que ficaria tudo bem, será que não podia mais confiar nas pessoas?

O sujeito atende o telefone, são notícias muito ruins. Política, mais uma vez, política. O fulano vai ser cortado, o cicrano será movido para outra divisão. Ele entende que a companhia é um organismo vivo, que precisa evoluir para sobreviver. Não concorda, porém, que as decisões sejam tomadas pelo casuísmo, que a mudança seja apenas uma desculpa para manutenção do status quo.  Ele não sabe o que fazer, mas se sente como se estivesse vivendo o final do Império Contra-Ataca. A boa notícia é que a história não acaba aqui.


Jack DelaVega nasceu de situações assim. É um otimista, que acredita no melhor das pessoas, mas já apanhou um pouco da vida e aprendeu a se defender. Entrou na Tribo porque acredita que tem alguma coisa a dizer, precisa compartilhar suas experiências com os outros. 

Meu nome é Juarez Poletto, tenho 35 anos, sou casado e tenho dois filhos lindos. Sou um nerd que adora Lost, o "Poderoso Chefão" e Legião Urbana. O Reggie e o Zambol são meus amigos de verdade.
Eu sou Jack DelaVega.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Identidade Revelada: Reggie

O sujeito tinha pedido demissão. Depois de mais de dois anos trabalhando como um condenado a diretoria havia acabado de adiar mais uma vez a tal progressão de carreira. Sua paciência dessa vez tinha se esgotado. Sabia o que lhe esperava na sala do diretor, mas aceitou passar pelo ritual mesmo assim. Ouviu que estava fazendo a opção errada, lhe ofereceram mais dinheiro, lhe ofereceram outro cargo, mas ele se manteve fiel ao seu pedido de demissão. Saiu de alma lavada. Infelizmente não seria o primeiro nem o último a passar por aquilo.

Entrei na sala pequena e sem janelas e ela já estava lá. Pedi licença e me sentei à sua frente. Ela era uma das vice-presidentes do setor de TI da empresa que eu trabalhava. Conversamos longamente sobre carreira, vida e outras amenidades. Simpatizei muito com ela, e acho que ela comigo. Finalmente, me fazendo lembrar que tratava-se de uma vice-presidente, ela indagou incisiva:
- Mas então, o que posso fazer por ti?
- Meu processo de transferência para a Europa está no último estágio e me disseram que você teria que aprová-lo.
- Não tenho que aprovar nada, me parece bem claro que o que você está buscando faz sentido, te respeito por ter chegado até aqui e te desejo toda a sorte do mundo. Agora me fala mais do Brasil...

O Reggie é um sentimental. Leva anotado no caderninho as poucas e boas que enfrentou ao longo dos anos. Admirador de pessoas, não teve dúvida quando foi chamado a pegar em armas e juntar-se à Tribo.

Muito prazer, meu nome é João Paulo Reginatto. Sou gaúcho e porto-alegrense. Tenho 30 anos e moro com minha esposa em Dublin, na Irlanda. À distância acompanho com saudades a minha terra natal, mas compartilho da mesma vida no escritório que todos vocês.

Eu sou o Reggie, the Engineer.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Identidade Revelada: Jack, Reggie e Zambol

Você não tem curiosidade de saber quem são Jack, Reggie e Zambol na vida real? Como se chamam, onde vivem, o que fazem da vida?

Como parte da comemoração dos 2 anos da Tribo do Mouse e do lançamento do livro do blog em Maio próximo, estamos abrindo a contagem regressiva para a revelação das identidades secretas de Jack, Reggie e Zambol. Será semana que vem, em posts na segunda, quarta e sexta.

Não perca. Faltam 6 dias.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Falando Abertamente: Procrastinação

Esse é um tema complicado, a começar pela palavra em si. Procrastinar significa "empurrar com a barriga", deixar uma tarefa que você poderia fazer hoje para amanhã. Na maioria das vezes em que tentei conversar com pessoas no trabalho sobre como poderiam ser mais produtivas, a culpa acabou sendo colocada em causas externas. Muita gente tem problemas para priorizar tarefas e organizar o seu dia-a-dia. Mas isso se resolve facilmente. Agora ninguém gosta de admitir que tem problemas com procrastinação.

A verdade é que todos nós adiamos algumas coisas em maior ou menor nível. Pense consigo mesmo. Aquele planejamento de carreira que você está querendo fazer há meses mas ainda não sentou para terminar. O trabalho de faculdade para semana que vem que você vai acabar deixando para o último dia. Ou mesmo aquela arrumação das suas gavetas que você não fez esse final de semana porque o dia estava muito bonito lá fora.

Depois de muitos anos vendo pessoas presas nesse círculo do "deixa-pra-depois" em ambientes de escritório, eu identifiquei algumas coisas interessantes - inclusive no meu prório comportamento - que servem de alerta para indicar que estamos procrastinando. Uma delas é a famosa lista de tarefas. Uma lista de tarefas serve para priorizar as atividades dentro de um determinado período de tempo - normalmente um dia. Mas tem gente que consegue transformar a lista de tarefas em uma coisa sem fim, sempre adicionando novas atividades de baixa prioridade e deixando as coisas mais importantes para depois. Procrastinação pura, mas muito bem disfarçada de "trabalho em excesso".

Outros perfis de pessoas não são tão sutis. Tem gente que usa um vício como desculpa para procrastinar. Aquele cara que na hora de trabalhar na tarefa importante tem que "sair para fumar". Ou aquela outra que esta sempre no café quando precisamos dela.

A verdade é que acontece com todo mundo. Eu com certeza já tive vários dias ruins no escritório, daqueles em que você sabe que não vai conseguir realizar nada relevante. O problema é quando a procrastinação vira algo crônico, em que a pessoa começa a prejudicar a sua performance e a da equipe. Se você acha que está sofrendo do mal da procrastinação (e com as milhares de redes sociais que temos hoje, não é difícil se ver nessa situação), aqui vão algumas dicas de experts no assunto para tentar lhe ajudar a atingir alguma coisa:

1 - Um passo de cada vez - A procrastinação acontece com frequência quando temos tarefas grandes ou de grande importância. Quebre a tarefa em passos menores e tente se motivar para atingir cada um dos passos individualmente.

2 - Encontre a sua motivação - Tarefas que você 'tem' que fazer possuem um caráter mais negativo quando comparadas às tarefas que você 'quer' fazer. Então, após quebrar as suas tarefas em passos menores, tente encontrar aquelas que você realmente se interessa em trabalhar e comece por elas.

3 - Marque o seu tempo - Essa dica para mim é a mais efetiva. Use o tempo como motivação. Antes de executar uma tarefa, estime quanto tempo você acha que vai levar nela. Começe a trabalhar na atividade e marque o seu tempo, jogando contra o relógio para tentar produzir o máximo possível no tempo estimado. Rapidamente você vai notar duas coisas: o tempo ajuda você a manter o foco; e você também perceberá que quanto mais tempo você tem, maior é a probabilidade de procrastinar (experimente definir tempos agressivos - você irá se surpreender com o que consegue realizar).

4 - Abandone o perfeccionismo - Tudo bem querer fazer as coisas bem feitas, mas se você transformar uma tarefa de 1 hora em 4 horas apenas porque quer que o resultado seja perfeito, você acabará frustrado, estressado e acabará evitando a tarefa, adiando-a.

Não é um assunto fácil de ser encarado com franqueza por nós mesmos. Se fizermos uma auto-avaliação, todos nós veremos certamente algumas coisas em nossas vidas pessoais e profissionais que temos deixado para amanhã indefinidamente. E o pior é que sempre dá para deixar para depois.

Reggie, the Engineer
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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Esforço, Fracasso, Sucesso e Hockey

João é um rapaz muito ativo. Mora no Canadá com seu pai, seu Benedito, e sua Mãe, a dona Maria. Está com dez anos de idade, recém feitos agora em dezembro, e ansioso por uma vaga no time de juniores de Hockey do seu colégio, jogo pelo qual é fanático. A idade máxima permitida para ingressar nesse time é 10 anos.

Todo janeiro de cada ano a história se repete. As inscrições, que são aceitas até esse mês, decidem o futuro de muitos jovens: só os melhores são escolhidos.

João pode até estar eufórico, mas Benedito, seu pai, está pronto para consolá-lo. Não porque ele não jogue bem para sua idade – realmente tem orgulho do quão bem seu filho joga. Mesmo assim, sabe que seu filho praticamente não tem chances de ser escolhido para o time. Estatisticamente, seu Benedito sabe que quem nasce nos últimos meses do ano, tem pouquíssimas chances de ser aceito.

Não é mandinga nem nada, mas um fator lógico: quando uma pessoa tem 10 anos – 11 meses fazem toda a diferença. Tanto é que, olhando o time de Hockey Júnior do Canadá nos últimos 10 anos, veremos a mesma tendência: uma concentração de 40% a 50% do time são pessoas nascidas em Janeiro, Fevereiro e Março, com a presença quase nula de pessoas nascidas nos últimos meses do ano. Um menino de 10 anos e 11 meses tem muito mais força do que um de 10 anos recém completados.

O pior é que, como os que são escolhidos para o time júnior recebem treinamento profissional e intensivo, essa diferença permanece e se intensifica até a idade adulta. No time profissional de Hockey do Canadá, a grande maioria dos jogadores nasceu nos 4 primeiros meses do ano.
Dados já de 2001 (http://www.jstor.org/pss/3552374) comprovavam esse fato e já se encontram diversos artigos tentando solucionar esse problema, embora persista até hoje. Esse caso, citado no livro de Malcolm Gladwell – Outliers - me chamou muita atenção.

Pode parecer ridículo, e passar desapercebido (aliás, passou desapercebido por mais de 10 anos), mas a diferença para se ter sucesso ou não no Hockey do Canadá é o mês que sua mãe decidiu parar de tomar a pílula anticoncepcional e que teve o óvulo fecundado pelo espermatozóide incansável do seu pai – fato que certamente você não teve influência alguma.

A única coisa que podemos fazer é estar 100% prontos para os desafios que esperamos enfrentar, correto? Devemos fazer cursos, estudar bastante e tentar nos desenvolver o máximo que podemos naquela área. Será isso mesmo?

Não. Certamente não.

Esses e outros exemplos claros em nosso dia-a-dia demonstram que muitas vezes se você não estiver na área certa para você, não estiver se dedicando no lugar onde você realmente pode ter sucesso, o resultado é que você será apenas uma pessoa mediana ou terá que fazer um esforço fora do comum para se destacar naquela área.

Parece que muitas vezes vemos esse alarme tocar e não nos damos conta: pessoas na área de contabilidade que deveriam estar estudando economia; pessoas programando sistemas que deveriam ser analistas de negócio; advogados criminalistas que deveriam ser advogados trabalhistas. O sintoma é o mesmo: demorar muito para sair do lugar, dificuldade e desmotivação.

Siga o seu coração. Não adianta insistir onde não dá certo. Encontre seu talento e a oportunidade para usá-lo. Não dê murro em ponta de faca. Isso é um suicídio profissional.

Uma coisa é certa: apostando na área errada, você nunca entrará no time profissional de Hockey.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Cotas

Tenho um amigo que costumava comentar sempre que a gente encontrava um sujeito que era bom programador:
- Tá vendo, se formou na Federal.
Na opinião dele um atestado de competência. Realmente, a Federal do Rio Grande do Sul tem um dos melhores cursos de Ciências da Computação do Brasil. E estatisticamente eu não posso reclamar, alguns dos melhores profissionais com os quais já trabalhei se formaram pela Federal, dentre eles o Zambol e o Reggie.

A minha teoria sobre o assunto, como um bom filho da PUC, é a seguinte: Não é exatamente o curso de computação da federal que faz dos profissionais lá formados, tão competentes. Pelo menos, não exclusivamente o curso.  O vestibular para computação da federal do Rio grande do Sul tem uma das maiores médias do Brasil. Ou seja, antes de ter um dos melhores cursos a UFRGS seleciona os alunos mais capacitados para cursá-lo. A equação Alunos Top de Linha + Curso de Alto Nível só pode gerar profissionais altamente qualificados. Até aí nada de novo.

Para tristeza minha e desse meu colega, esse argumento está prestes a deixar de fazer sentido. O novo sistema de Cotas pretende, entre outras coisas, acabar com a meritocracia nas universidades federais. A despeito de reparar um problema histórico o projeto, que já foi aprovado na Câmara e aguarda a aprovação do senado, reserva metade das vagas nas universidades federais para alunos cotistas, dentre as quais até 50% para negros, pardos e índios. Estima-se que os cotistas entrariam com notas até 25% mais baixas do que os aprovados apenas pelo mérito, o que pode afetar diretamente o seu desempenho ao longo do curso.

Tudo bem que nosso modelo de ensino tem inúmeros problemas. Gasta-se muito e mal o dinheiro com as Universidades públicas. Elas ainda trazem pouco retorno à sociedade em pesquisa aplicada quando comparadas com outros países. Mas querer resolver na base do decreto um problema social que vem desde o ensino básico é no mínimo ingênuo, para não dizer populista. Ora, o que a população negra, e mais que isso, a população de baixa renda desse país precisa é de um ensino fundamental de qualidade para que cheguem à faculdade em condições de competir. O programa de revitalização do ensino técnico é uma boa saída para preparar esses alunos para o mercado de trabalho e posteriormente para o ensino superior.

Finalmente, meu temor é de que esse programa transforme o nosso racismo velado em um racismo explícito, sem realmente resolver o problema.

[]s
Jack DelaVega