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Guia Especial - Gestão

Uma coleção de textos sobre tópicos fundamentais em Gestão nos dias de hoje

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Guia Especial - Planejamento de Carreira

Tudo que você precisa saber para fazer um bom planejamento de carreira e atingir os seus objetivos pessoais e profissionais

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Curtas das Férias


  • A foto acima é real. A placa estava fixada na parede do hotel que eu estava hospedado. Para não comprometer ninguém, distorci o rosto e apaguei o nome. Mas o que importa aqui é que essa simples placa não me deixou tirar o cochilo da tarde em paz naquele dia. "Funcionário Padrão do Mês". Que diabos é isso? Eles querem incentivar que as pessoas tenham comportamentos padrão? Será por isso que meu quarto, mesmo sendo em um hotel 5 estrelas, está mal conservado no padrão da idade do hotel (bem velho por sinal)? Será por isso que, mesmo estando no auge da era da informação eu ainda tenha que trafegar com papel de um lado para outro(e guardar todos os recibos até o fim para dar baixa) para qualquer requisição que eu queira fazer? Será também que é devido a isso que as chaves ainda são as de metais, comuns, e não aquelas codificadas e mais seguras? Afinal, isso iria sair do padrão atual - qual seria a motivação de alguém sugerir isso? Imagine esse prêmio na área técnica ou de vendas: "muito bem, João, você ainda está utilizando Visual Basic 2.0 dentro dos padrões da nossa empresa. Seu bônus será alto esse ano".

  • Se as ações da empresa X estão em 10 reais e baixam para 5, a queda foi de 50%. Para voltar ao valor de 10 reais, as ações terão que subir 100%, ou seja, o dobro percentual que teve na queda. A matemática é simples, mas não tinha parado para pensar que parte do meu dinheiro iria ficar enterrado por tanto tempo. Gostaria de ter feito essa "descoberta" fora das minhas férias. Diabos!

  • Talvez uma das maiores preocupações que tenho na vida é de ser demitido - não por incompetência, mas por qualquer mudança de rumo internacional ou crise financeira. Isso me tira o sono mesmo - de verdade. Sendo gerente de desenvolvimento off-shore, não sou exatamente estável como um juiz: qualquer mudança de custo ou de estratégia pode fazer meu cargo desaparecer. Nessas férias fui para João Pessoa. A Dra. Zamba, depois de se deliciar de um excelente almoço em uma cabaninha na praia de Coqueirinhos, falou calmamente: "você já viu que as pessoas vivem das coisas mais simples e, mesmo ganhando pouco, têm uma felicidade estampada no rosto?". Não, não tinha visto. Mas não é que é verdade? Isso me abriu a cabeça para uma verdade única: se acredito ser competente, mesmo que seja demitido no meio de uma crise financeira grande, onde o emprego na área de informática esteja escasso, ainda tenho todo o leque possível de qualquer outro empreendimento. Posso vender o carro, usar minhas economias, apertar o cinto e, se necessário, recomeçar. Pode paracer ridículo, mas essa simples constatação me tranquilizou no meio a esse quadro instável. Espero que sirva para você.

  • Em quase qualquer país do mundo (incluindo o Brasil), existe o crime por ação e por omissão. Quando ouvi o comandante do GATE dizer que não matou o suspeito porque se atirasse no Lindenberg (o seqüestrador que ficou 5 dias com a estudante que acabou assassinada) a imprensa ia dizer que a polícia é má e não dialoga, deveria ser processado por omissão resultando em assassinado. Nas empresas, como se bem sabe, a omissão é quase tão ruim como uma ação errada. É uma prática comum a responsabilidade por omissão - às vezes até levando a demissão. Por que não se usa a lógica ou se faz cumprir a lei?

  • Estou lendo um livro sobre educação. Ele diz que a grande maioria dos pais hoje em dia considera que criar os filhos é muito mais difícil do que era antes, devido a mídia, os jogos, o acesso facilitado às drogas e, principalmente, porque as crianças já não escutam os pais como antigamente. Leia o texto abaixo e tente adivinhar de quem é:


"
As crianças de hoje amam a luxúria; elas são malcriadas, desafiam a autoridade; desrespeitam os mais velhos e adoram conversar durante os exercícios. As crianças de hoje são más, e não servas de seus lares. Elas não se levantam mais quando os velhos entram na sala. Elas contradizem os pais, conversam diante das visitas, devoram doces à mesa, cruzam as pernas e debocham de seus professores
"

Já sabe de quem é? Pense um pouco mais...


...


...

Pois bem, o texto é de Platão - escrito centenas de  anos antes de Cristo.

Por que será que o ser-humano tende a sempre pensar que as coisas que ocorrem com ele são as mais difíceis e mais prejudicias?

Você nunca ouviu seu colega dizer algo como "só ocorre isso comigo" ou "tô sempre atolado de serviço - sou quem mais trabalha aqui".

Pois é... Até Platão caiu nessa.

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Voando Alto

Todo ano era a mesma coisa e todo ano era bom demais. Meus pais nos levavam para passar o ano novo na praia. Eles voltavam para trabalhar em Janeiro e eu ficava com as minhas avós. Em Fevereiro eles trocavam, as avós partiam e os pais voltavam. Isso me dava pelo menos dois meses de férias. E o melhor, meus primos também veraneavam na mesma praia, aí era aquela festa. Mas naquele verão trazia novidades. Meu primo apareceu com uma pandorga feita pelo tio dele.

É claro que eu queria uma também, todo o menino quer uma pandorga, e lá fui eu incomodar o meu pai. Verdade seja dita, o velho não tinha lá muitos talentos manuais e, depois de quase um dia, me entregou um quadrado pequeno, coberto com plástico, que, apesar dos fortes ventos do litoral gaúcho, teimava em não sair do chão. Fiquei arrasado, motivo de chacota pelo resto da turma com a minha pandorga que ganhou o singelo apelido de papa-terra.

Porém não me deixei abalar. No outro dia começaria o meu aprendizado como construtor de pandorgas. Depois da seleção dos materiais, uma boa taquara, um canivete, fio de náilon (que dava um trabalho danado para amarrar mas eu não tinha barbante) e sacos de lixo. É importante explicar que o litoral gaúcho, com ventos que em média ultrapassam os 40Km/h   não comportam pandorgas feitas de papel encerado e outras frescuras. 

Dois dias depois nascia a Voyager, feia, verdade, mas totalmente funcional. O saco de lixo azul lembrava a bandeira do Grêmio e o rabo cinzento, feito com os restos de panos de chão da minha avó, completava a aeronave. Mas a bichinha voava, como voava. Emocionado com os resultados logo, logo, nascia a Discovery, essa maior, com rabo duplo. Tamanha a sua robustêz chegou a ser requisitada pelos pescadores da rua para colocar o espinhel em alto-mar. E eu não iria parar por aí, meu projeto definitivo foi a Enterprise, essa uma pandorga caixão, o Rolls-Royce das pipas. Mas exagerei nas especificações pois quando ganhou os céus quase levou o meu irmão menor junto com ela.

Ainda lembro da minha frustração com a papa-terra, porém não posso imaginar nada melhor do que a falha em meu pai na sua construção. Tivesse a papa-terra voado eu jamais aprenderia a fina arte da construção de pipas, e a Enterprise nunca teria existido. Meu pequeno está quase fazendo um ano, mas num instante ele terá a idade para pedir uma pandorga. E meu presente para ele será o mesmo que meu pai me deu, a santa ignorância paterna.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Perdendo o Trem

Roberto estava em uma encruzilhada em sua carreira. Era gerente sênior de vendas de uma grande empresa e naquele mês completava 5 anos no cargo. Ele sabia que 5 anos era uma marca importante, e não estava satisfeito com o andamento das coisas.

Roberto sempre foi muito ambicioso, e sua carreira havia andado conforme seus agressivos planos até ali. Mas agora sentia-se estagnado, não havia mais terreno a cobrir. Com 34 anos, seu plano de tornar-se diretor antes dos 35 já era praticamente uma miragem. Ele refletia sobre tudo aquilo enquanto pensava em como voltar para Frankfurt. Havia recém perdido o último trem direto partindo de Colônia, e agora precisava planejar passo a passo o trajeto.

Enquanto embarcava rumo a Koblenz, o primeiro destino de uma viagem de 4 paradas, lembrou-se de quando foi promovido à gerente, e de como tudo parecia estar perfeitamente "nos trilhos". Mas havia se dado conta de que planejar a carreira deveria envolver pontos de checagem mais frequentes. A verdade é que ele havia se acomodado, e agora, perto de não alcançar um objetivo intermediário, era muito tarde para corrigir qualquer coisa. O plano teria necessariamente que mudar.

Olhou no relógio, eram 23:10. Não chegaria a tempo em Limburg para pegar o próximo trem, e assim teria que re-planejar os trechos novamente. Nenhum exercício podia ser mais apropriado para o momento. Lembrou-se de sua encruzilhada. Por que diabos afinal precisava ser diretor antes dos 35? Pensando bem, estava em um momento tão bom no seu cargo atual. Por que não aproveitar um pouco mais aquele período e alterar os planos? Muita gente acha que um plano alterado é um plano que falhou, mas a beleza da coisa está em justamente abraçar as mudanças. Re-planejar conforme a execução ocorre e a maturidade vem à tona.

A noite ia ser longa. Sabia apenas que seu destino final era Frankfurt. Quando chegaria lá? Não sabia ao certo. Deveria planejar e executar um a um os trajetos e ver onde acabaria. Mas com certeza, sabia que aproveitaria a viagem.

Reggie, the Engineer.
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O Cozinheiro


Em "Força em Alerta", um filme pra lá de safado, Steven Segal interpreta, se é que podemos classificar o trabalho dele de interpretação, o Cozinheiro de um navio tomado por Mercenários querendo roubar uns mísseis nucleares para fazer a festa. O problema é que Casey Ryback (papel de Segal) é um ex-marine, casca grossa pra caramba, que resolve sair no braço com os duzentos mercenários, salvando assim o navio, a mocinha, os Estados Unidos e, por que não, o mundo.
*Nota: Para quem não viu esse filme, imagine Casey Ryback como uma mistura de Jack Bauer com Chuck Norris, pegando o pior dos dois.

Tudo bem que estamos falando de Cinema, onde tudo é possível. Mas digamos que eu aceite toda a cachaça de super-soldado que enfrenta um exército com a mão nas costas, a pergunta que não quer calar é:

Por que diabos Ryback resolveu virar Cozinheiro?

Num dia ele está na selva, caçando traficantes e matando javalis a dentada. No outro ele acorda e decide: Cansei dessa vida! Vou procurar alguma coisa mais tranqüila, quem sabe fazer crochê ou aprender culinária. Minha pergunta é se sujeitos como esse conseguem realmente se acomodar? É possível viver sem adrenalina? Será que ele encontra a mesma realização torcendo o pescoço das galinhas para o risoto do que no tempo que ele torturava terroristas? Será que não existe carreira em Y para boinas-verdes, o que levou Ryback a se perguntar se tudo isso vale a pena? Porque convenhamos, eu não acho que salário de cozinheiro seja tão diferente do de Boina-Verde. Se é para trocar seis por meia dúzia, que seja pela segurança então. E por mais arriscado que seja a profissão de cozinheiro na marinha, não é todo dia que temos um navio invadido por mercenários.

Levo essa discussão mais adiante, imagina o que sofre o chefe do Ryback. Como desafiar e motivar um sujeito assim. Seguinte Ryback, hoje você vai preparar o feijão, mas para fazer o toicinho você vai ter que caçar o porco na selva.

Tem sido um tópico recorrente dos nossos textos a questão: “Será que vale a pena?”. Seja para abrir uma pizzaria, trabalhar no serviço público, ou simplesmente morar na ilha do Lost, volta e meia cogitamos alternativas ao dia-a-dia sofrido do escritório. Mas, falando sério, será que pensamos mesmo nessas opções? Sinceramente, eu acho que não falamos sério. Eu conheço poucas pessoas que deixaram essa vida e olha que eu conheço muita gente talentosa que poderia fazer qualquer outra coisa no mundo. Não, guerreiros não se entregam assim. Só mesmo nos filmes, só em Hollywood.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Conheça o Seu Negócio

Estou fazendo um curso de especialização, e vez que outra discutimos um caso real, o que sempre é interessante. Muito mais interessante ainda é ver como 100 pessoas dentro de um anfiteatro podem reagir de maneira totalmente diferente frente a um problema empresarial (e como muitas podem reagir de maneira totalmente absurda).

O caso era o seguinte, em resumo. Uma empresa fabricante de móveis e equipamentos musicais para Igrejas estava indo muito mal. Faziam 3 trimestres seguidos que eles estavam perdendo dinheiro. Tratava-se de uma empresa pequena, sediada no interior da Alemanha, seu ponto forte era a qualidade incomparável de seus produtos (estavam no mercado há nada menos do que 80 anos). Há alguns anos, eles estavam enfrentando competição de um concorrente chinês, que obviamente tinha um custo absurdamente mais baixo. Eles tinham uma infra-estrutura de sistemas de informação praticamente nula, um processo de fabricação bastante artesanal, e uma idéia muito vaga de sua estrutura de custos. Eis que chega então o filho do dono, voltando de seus estudos na America. Ele apresenta um projeto para colocar a empresa de volta nos trilhos, e a idéia central é efetivar uma parceria com um fornecedor de componentes eletrônicos para equipamentos musicais que ele conheceu nos EUA. O objetivo da parceria seria viabilizar a introdução de um novo produto, um inovador órgão para igrejas com sistema de configuração eletrônico, podendo inclusive ser configurado remotamente. A idéia não havia sido bem recebida pela equipe gerencial, afinal inovação e informática não era algo com o qual eles estavam acostumados.

A nossa tarefa então era bem simples: simplesmente debater a situação da empresa e concluir qual era o melhor conselho para eles.

As opiniões que ouvi durante as 2 horas que se seguiram dariam um livro. Uns querendo a cabeça do filho do dono da empresa. Outros propondo que a empresa fechasse as portas, afinal quando os chineses entram na brincadeira, não tem volta. Um grupo propôs um plano bastante estruturado, e por isso ganhou bastante tempo para explanação. Eles não seguiriam em frente com a parceria e com o novo produto, pois isso custaria muito agora e a empresa não poderia arcar com novos custos. A sugestão deles, ao contrário, era propor uma espécie de re-engenharia dos processos da empresa. Isso viria seguido da implantação de um software administrativo que centralizaria as informações da empresa (financeiro, logística, manufatura, RH, etc) e ajudaria a cortar custos. Adivinha de que área eles eram...

O que me chamou a atenção foi a falta de capacidade da maioria de olhar o problema como um todo. Pessoas com background financeiro tentaram atacar a parte financeira, pessoas com background de TI tentaram implantar sistemas, etc. Nada mais normal, certo?

Certo. Esse é um problema bem comum, eu vejo isso quase todo dia. A alta especialização tem esse efeito colateral, as pessoas cavam tanto o buraco das suas habilidades que quando precisam olhar para o lado, nao vêem nada. Outro dia eu ouvi um cara criticar um colega meu porque "ele fica só na visão de 10.000 metros de altura, não entende nada especificamente, não domina nenhuma tecnologia". Bom, acontece que esse cara entende do negócio da nossa organização como nenhum outro, sabe como fazemos marketing, como vendemos, como produzimos, como entregamos, como suportamos, e como mantemos o ciclo se renovando. Óbvio que ele não tem tempo para ficar entendendo como funciona o sistema A ou a tecnologia B, ele já está bem ocupado ganhando mais dinheiro do que a maioria para dar conselhos aos diretores sobre qual o próximo problema a resolver.

E você, conhece o seu negócio? Conseguiria ir para um quadro branco e desenhar os processos de mais alto nível da sua organização? Conseguiria depois indicar quais os mais importantes? Quais os mais caros? Quais os que fazem a empresa jogar mais tempo ou recursos fora?

Quanto ao estudo de caso, é óbvio que eu apoiaria o desenvolvimento do novo produto.

Reggie, the Engineer.
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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Teoria do Caos e a Carreira

Todos já conhecem o ditado: "o simples bater das asas de uma borboleta pode causar um furacão no outro lado do mundo". Basicamente, o que se quer dizer com isso é que pequenos eventos no mundo, mesmo sem intenção ou conhecimento, podem mudar completamente a ordem de eventos e a história do mundo.

Se isso é verdade para coisas tão distantes, imagine a importância de decisões que você toma ou que tomam por você para a sua carreira. Esses dias comecei a pensar nisso e quase fiquei louco. Gostaria de compartilhas as principais com o leitor:

- Meu pai um dia foi no Macro Atacado (um super-mercado aqui do sul) e viu uma caixa. "É um computador. É o que tem de mais moderno hoje", disse o vendedor para o meu pai. Meu pai sentiu que poderia ser útil para a educação dos filhos e comprou um CP 200. Eu tinha apenas 12 anos de idade, mas daquele dia em diante, me tornei um nerd, passando mais do que 8 horas por dia em cima do computador: jogando, usando editores de texto e de gráfico e programando em VB e em Assembly. Tenho certeza que se meu pai tomasse uma decisão diferente aquele dia, eu seria um advogado, médico ou qualquer outra coisa. Não sei se mais feliz ou mais triste - só sei que seria uma outra vida, com outros amigos, outros colegas e outra cabeça.

- Aos 14 anos, devido ao meu bom desempenho no campeonato Porto-Alegrense de Xadrez,
pensei em ser enxadrista profissional. Depois de não conseguir uma vaga no campeonato brasileiro, devido a derrota no torneio gaúcho e também devido à minha fascinação por computador e as evidências que minha familia me mostrava dizendo que isso não ia ser bom,
decidi desistir da idéia e continuar ganhando dinheiro destravando jogos de CP 400 para uma loja no centro. Provavelmente outra sábia decisão para minha carreira.

- Já na faculdade de computação da UFRGS, me deparei com um cartaz que falava de um concurso para o SERPRO. Descobri o que era SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados) e fiz o concurso só para ver como era. Passei e fiquei 4 anos lá. Uma grande escola. Onde eu estaria sem aquele concurso? E se o cartaz não estivesse naquele lugar?

- Sabendo do salário bem mais alto do que ganhava na época, me inscrevi no concurso de Auditor Fiscal (AFTN). Foi o único concurso na minha vida que estudei bastante. E o único que não fiquei entre os que foram chamados. Tenho certeza que se tivesse sido chamado, estaria bem mais infeliz hoje, fazendo algo que não gosto talvez só para manter a estabilidade e um salário razoável. Não é maravilhoso fracassar às vezes?

- Eu ja era gerente em Santa Cruz do Sul e vi um anúncio no jornal de uma companhia multinacional recrutando pessoas. Decidi fazer um downgrade em minha carreira, ganhar menos, em um cargo inferior, mas ter capacidade de crescer e aprender mais. Largar o emprego estável em Santa Cruz e ganhar menos pode ter sido uma decisão difícil, mas foi uma das decisões mais inteligentes que já tomei.

- A decisão de me separar da minha ex-esposa, há alguns anos atrás, me fez crescer de uma forma que nem cinco mil livros iriam fazer. Não cresci apenas como gerente, mas como pessoa - e não tenho dúvidas que esse crescimento foi essencial na minha promoção. Estranho decisões desconexas fazerem tanta diferença na vida profissional, não?

- O simples e-mail de Jack propondo a criação desse blog, mudou completamente a minha vida. A "obrigação" de criar um texto a cada semana, me fez não apenas uma pessoa que lê mais, mas que pensa melhor e de forma mais organizada. O leitor pode imaginar a influência disso no meu dia-a-dia. Não consigo imaginar como seria o Zambol hoje sem a Tribo. Só sei que seria bem diferente, provavelmente, pior.

Essas e outras diversas decisões me levaram para onde estou hoje. Posso não ter o emprego mais estável do mundo hoje, mas me sinto feliz onde estou. Continuo aprendendo bastante e estou de bem com a vida (o que, no fim, é o que importa).

E você? Já pensou nas pequenas coisas que moldaram você como é hoje? Pense nisso:
elas podem ajudá-lo a entender melhor o seu próximo passo, com certeza.

Dr. Zambol
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Vê se não dorme muito tarde

A nova versão do software deveria estar instalada na segunda-feira. Os trabalhadores da fábrica chegariam pela manhã e passariam a utilizar o sistema como faziam todos os dias, sem saber que ali atrás estava o resultado de 9 meses de trabalho intenso de Joe e seu time.

Eram 9h da noite do domingo e Joe ainda estava envolvido com a instalação. Estavam com um problema e não haviam conseguido resolver durante todo o final de semana. Mas agora finalmente pareciam ter encontrado a causa, e Joe só precisava da ajuda de algumas pessoas. Ligou então para seu chefe:

- Alô, Paulo, desculpe ligar agora, mas acho que encontramos o problema. Porém, preciso de alguém do time do Marcos para auxiliar, só eles podem resolver.
- Ok, boas notícias enfim, Joe. Vou ligar para o Marcos e ver quem pode nos ajudar.
- Legal, obrigado Paulo.

Em pouco tempo, alguém do time de Marcos entrou em contato com Joe e eles começaram a tentar resolver o problema. "Pelo menos o Paulo faz alguma coisa", pensou Joe. Sempre que acontecia do time trabalhar no final de semana, era a mesma história. Paulo muito pouco fazia (afinal, era o chefe), importunava um bocado o time, e ainda chegava na segunda-feira bradando para todos que havia "trabalhado" o final-de-semana inteiro, ufa, estava cansado, e acabava por sair mais cedo.

Eram 11:45 da noite de domingo quando o celular de Joe tocou. Era Paulo.

- Diga, Paulo.
- E aí, como estamos?
- Bom, o pessoal do Marcos está trabalhando com a gente, mas ainda não sabem como resolver o problema.
- Claro que estão trabalhando com a gente, depois que eu dei um aperto né? Não adianta, eu tenho que entrar para resolver essas coisas...
- Ahã... pois é...
- Mas e daí, alguma previsão?
- Não, como falei, eles estão investigando, ainda não sabem como resolver.
- Mas já são 11:45 da noite!
- Eu sei, infelizmente, não há nada que eu possa fazer. É tudo com eles agora.
- Sei... bom, eu preciso ir agora, não posso mais ficar aqui para vocês. Como é que vai ser?
- Eu acho que conseguimos nos virar sem você, Paulo...
- Ok então. Bom, vê se não dorme muito tarde, amanhã será outro dia daqueles, primeiro dia de sistema novo, sabe como é.
- Sei, até mais.

Joe ficou paralisado por alguns instantes. "Vê se não dorme muito tarde", ficou repetindo para si mesmo... O que Paulo queria dizer com aquilo? Que ele podia ir dormir agora e resolver os problemas amanhã? Ou que ele tentasse resolver tudo em 15 minutos com um passe de mágica para poder ir dormir em seguida?

"Gerentes...", pensou Joe. E voltou para o seu computador. Alguém tinha que fazer aquela fábrica funcionar no outro dia.

Reggie, the Engineer
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sábado, 11 de outubro de 2008

Errata: Sexo, Poder e Território

No post de ontem, até bem tarde, não percebi um erro que havia feito no primeiro problema proposto, onde inverti a ordem das cartas. As cartas do primeiro problemas são as seguintes:

Carta 1: D
Carta 2: F
Carta 3: 3
Carta 4: 7

Como dito no post, a solução do problema é virar a primeira e a última carta ("D" e "7"). Assim, conseguimos provar a afirmação "Todo D tem um 3 atrás" para esse conjunto. As outras duas cartas ("F" e "3")  de nada servem para essa afirmação, pois qualquer valor que for encontrado não mudará o resultado.

O post foi corrigido, mas como muitos leitores recebem por e-mail, preferi avisá-los através dessa errata. Desculpe-me qualquer transtorno.

Aproveito para avisar que a ordem que postamos mudou. Reggie ficou com a segunda-feira, Jack ficou com a quarta e eu fiquei com a sexta-feira.

Um grande abraço e continue conosco!

Dr. Zambol
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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sexo, Poder e Território

Não sejamos ingênuos. Tudo gira em torno de sexo, poder e território. Alguns poderiam equivocadamente querer incluir dinheiro na equação. Mas não. Dinheiro é apenas um meio para conseguir uma das três coisas acima.

Você pode dizer: "Absurdo! Trabalho apenas para ter o suficiente, ter um carrinho confortável e viver em paz com a minha esposa". Se você disse ou pensou isso, apenas confirmou o que estou falando: você ainda quer território (sua casa), sexo (viver em paz com sua esposa) e poder em forma de conforto. Sim, conforto é uma forma de poder. Por exemplo, exige tempo para si e tempo para viajar - e tudo isso é impossível se você não tiver poder para tê-los (por exemplo, se seus vizinhos lhe incomodam toda hora, se seu filho é atacado diariamente por assaltantes ou se seu chefe sempre lhe liga as 3 horas da manhã).

Não estou querendo dizer com isso que o altruísmo não existe. É claro que as pessoas ajudam umas as outras sem pedir nada em troca algumas vezes. Existem milhões de pessoas boas no mundo. Não me entenda mal. Quando digo que o mundo gira em torno desses três atributos, estou dizendo que a base das ações e comportamentos será essa. Ainda existem pessoa boas e más. Ainda existem os que querem poder de matar seus inimigos e outras que só querem o poder de viajar uma vez ao ano e ficarem tranquilas em casa, bem como existem pessoas que se contentam com uma pequena parcela de território (uma casa pequena, por exemplo) mas usarão de toda influência e recursos que possuem para conseguir poder e sexo. Minha afirmação não denigre em nada a raça humada.

É claro que no ambiente de trabalho isso não seria diferente. Tudo gira também em torno de sexo, poder e território. E não pense que o sexo no serviço significa apenas "ir as vias de fato". Muitas pessoas usam o puro poder da sedução para serem promovidas. Também não pense que o poder aqui significa que todos querem ser CEOs e estão querendo tomar o seu lugar. Cada um tem um nível de ambição em relação a esses três fatores e quanto mais você entender o que move cada pessoa a sua volta, mais rápido você consiguirá entender como agir com eles em cada situação específica.

Eu mesmo demorei muito tempo para perceber isso. E a ingenuidade me custou algumas situações onde já entrei como perdedor, com o pensamento errado. Depois que li sobre esse assunto, comecei a tentar encaixar as situações do dia-a-dia nessas três categorias e, espantosamente, 99% das vezes elas tinham um lugar bem certinho dentro dessas categorias.

O mais interessante é que nosso cérebro já possui conexões específicas para visualizar coisas desse tipo: ver onde somos ameaçados ou se estão tentando nos trapacear, por exemplo.

Veja as quatro letras abaixo. Cada letra representa uma carta que possui números de um lado e letras do outro. Quais cartas você deve virar para garantir que a afirmação "Todo D tem um 3 atrás" é verdadeira nesse conjunto?

Carta 1: D
Carta 2: F
Carta 3: 3
Carta 4: 7

Se você errou, não se preocupe. Está junto com 90% da população. Agora imagine que as cartas abaixo possuem de um lado o que a pessoa está bebendo e do outro a idade que possui. Quais cartas você precisa virar para saber que todas pessoas que bebem álcool tem 18 anos ou mais?

Carta 1: "Bebendo Álcool"
Carta 2: "Bebendo Coca"
Carta 3: "25 anos"
Carta 4: "16 anos"


75% das pessoas consegue acertar esse segundo teste, embora a lógica seja exatamente a mesma do primeiro problema. Somente a primeira e a última carta devem ser viradas.

A explicação mais provável até hoje para essa discrepância de acerto entre os dois problemas é que nosso cérebro já possui conexões prontas para trabalhar com lógicas de grupo de pessoas, pois o homem teria sobrevivido exatamente porque conseguia identificar os enganadores. O primeiro problema, embora use a mesma lógica do segundo, não consegue usar as conexões de grupo do nosso cérebro.

Convido o leitor a fazer o mesmo exercício que fiz: tente colocar as situações do dia-a-dia nessas três categorias. É um exercício que me fez reforçar algumas conexões perdidas. Me fez crescer e entender o que move algumas pessoas e, consequentemente, como agir mais rapidamente perante algumas situações difíceis.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Fui Promovido, e agora?

Promoção é fruto do seu trabalho na função anterior. Ou seja, primeiro você prova que está pronto e depois ganha a sonhada promoção. Isso quer dizer que, em teoria, você já está pronto para a nova função quando ela chegar, mas cuidado para não cair em armadilhas como as descritas abaixo:
  • Não deixe a promoção subir à cabeça. Essa semana conversei com a VP (Vice-presidente) de uma das maiores empresas de Software e Serviços do país. Fiquei espantado com a simplicidade e lucidez dela, sintetizada pela frase abaixo
    - Eu não sou VP, eu estou VP. Sempre encaro minhas funções como temporárias, mesmo que planeje ficar por vários anos. Isso me ajuda a manter os pés no chão e não me apegar a títulos ou cargos. O maior erro de um profissional é definir quem ele é em função do seu cargo.
  • Normalmente uma promoção exige de você uma postura diferente. Um gerente tem que se comportar como gerente, o mesmo vale para um diretor, ou VP. Não me entendam errado, não estou dizendo que as pessoas devem mudar o seu jeito de ser somente porque foram promovidas. Mas se espera de um Gerente, que ele gerencie, lidere a equipe. De um Diretor, que defina estratégias, visão, e garanta a execução. E assim por diante. Muitas vezes encontro em empresas situações esquizofrênicas onde mesmo cargos de alta gestão ficam envolvidos em tarefas exclusivamente operacionais, fazendo micro-gerenciamento do time, enquanto isso o cara do cafezinho define a estratégia juntamente com a recepcionista.
  • Junto com o reconhecimento e responsabilidade vem o poder, não se deixe seduzir por isso, mas saiba fazer uso dele quando necessário. Lembro de uma situação que ocorreu nos meus primeiros meses como gerente. Estava precisando de um relatório de uma estagiária, que estava relutante em me passar os dados. Liguei para o meu chefe reclamando e recebi a seguinte resposta:
    - Cara, tu é um Gerente e ela é uma estagiária. Tu espera que eu vá ai e resolva isso para ti? Faz valer o teu salário rapaz!
  • Faça a si mesmo constantemente a pergunta: O que é esperado de mim na nova função. Quando você começa a liderar pessoas é normal que se desprenda um pouco do operacional, mas isso não quer dizer que precise deixar de conhecer a fundo sua área ou função. Um bom exemplo é o do Maestro, que não deixa de ser músico, mas já não toca  um instrumento. Seu trabalho é extrair o melhor de cada integrante da orquestra e para isso ele precisa conhecer muito bem o que cada um faz. 
  • Coaching, Coaching e Coaching, e um pouco de Mentoring também. Procure pessoas que são referências na sua nova função e busque Coaching com eles. Isso vai acelerar o seu desenvolvimento.  
  • Ah, e Parabéns pela promoção. Mas lembre-se que você tem apenas um dia para celebrar, amanhã começa o trabalho duro novamente.

[]s
Jack DelaVega


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Fim do Mundo como Conhecemos

Acabamos falando pouco (ou nada) aqui na Tribo sobre um assunto muito importante que vem ocupando quase 100% do espaço nos noticiários econômicos, principalmente na Europa e nos Estados Unidos – a crise mundial dos financiamentos ‘Subprime’, ou para os mais polêmicos, o fim do capitalismo como conhecemos.

Bom, quem nos acompanha há mais tempo sabe que somos críticos de muitas práticas tidas como ‘normais’ nos ambientes corporativos. O normal ‘fede’.Se há uma coisa que eu acredito fielmente é na capacidade que temos de inovar e fazer melhor, fazer diferente. Mas não somos ingênuos. Muitas das coisas que criticamos, nós... bem... somente criticamos. Porque em algumas questões fundamentais é difícil realmente fazer algo diferente (difícil, não impossível). Senão vejamos uma das maiores mentiras corporativas da história da economia moderna, e que continua a ser contada dia após dia nos mais variados escritórios:

“Nosso foco principal são as pessoas”

Confesse, você já ouviu essa, não?

Eu adoro uma tirinha do Dilbert onde o chefe finalmente admite que os empregados não são exatamente o maior ativo da companhia. Na verdade os empregados seriam o item número 9 da lista. Um participante da reunião pergunta: “e quem está na posição 8?”. O chefe responde: “papel carbono”. Claro, é uma piada (papel carbono nem é mais tão importante hoje em dia, deve ser menos importante que os empregados atualmente), mas ilustra muitíssimo bem uma dessas mentiras corporativas que escutamos todo dia, e que quando menos percebemos, nos vemos contando também.

O foco não é nas pessoas. Não é nos empregados, nos clientes, nos acionistas. O foco é o lucro. Obviamente que para ter lucro você precisa ter o mínimo de cuidado com seus empregados, acionistas e clientes. Seria até estúpido achar que se pode montar uma empresa totalmente focada em lucro, mandando empregados, clientes e acionistas catar coquinho. Mas é importante perceber onde estas variáveis estão na equação. O cliente é parte da equação, mas não é o resultado dela. A mesma coisa para o empregado e os acionistas. Ou seja, as pessoas são parte da equação. Mas o que vem depois do ‘=’, o que resulta do processo todo, é o lucro.

Agora o interessante disso tudo que falei, e onde eu faço a conexão novamente com o momento em que estamos vivendo, é que isso era absolutamente aceitável até pouco tempo atrás. Eu mesmo já fui empreendedor, sou simpático aos conceitos do capitalismo, e acho que o que move tudo é o lucro mesmo. Empresas ruins existem, assim como mau gerenciamento (!). Mas empresas boas estão por aí aos montes também, e todas elas só sobrevivem se tiverem lucro. Ninguém vive de boas intenções em um sistema como o atual.

Porém, pela primeira vez como nunca antes eu havia vivenciado, tudo isso está sendo questionado agora. Será que devemos focar tanto assim no lucro? Olha aí onde Wall Street foi parar por causa do lucro fácil e da ganância. Será que precisamos de tanto dinheiro? É correto um plano de resgate para os bancos quando eles criaram a bagunça toda em primeiro lugar?

Não sei se você concorda, mas o simples fato de estarmos questionando o “status quo” para mim é sensacional. Estou rindo à toa. Até parece que o espírito da Tribo “tocou” as pessoas no mundo inteiro.

Ainda semana passada eu assisti a duas coisas na TV e recomendo. A primeira delas foi um debate na BBC onde se discutia o que move (ou deveria mover) uma empresa. E se falava nos quatro P’s, do inglês: Profit, Power, Purpose, Passion (ou lucro, poder, propósito e paixão). O debate foi em alto nível, com gurus das mais variadas áreas do conhecimento humano, e empresários de todas as partes do planeta. E a conclusão praticamente unânime do programa foi que ‘propósito’ deveria guiar as empresas. O lucro foi rechaçado. Óbvio, isso é reflexo do momento que vivemos, mas é muito interessante pensar qual seria o resultado desse debate há apenas alguns anos atrás, quando o mundo experimentava o ‘espetáculo do crescimento’.

A segunda coisa que assisti foi o filme ‘The Corporation’. O Jack havia me sugerido há um tempo atrás, e eu o incuí na minha lista do ‘Moviestar’ (um serviço que assino aqui na Irlanda, estilo Netflix). Nunca eles haviam acertado tanto no timing. O filme não é tão recente, mas parece perfeito para o momento. Se olhado criticamente, é mais valioso do que muitos cursos por aí. Confesso que preciso rever urgentemente alguns dos produtos que consumo.

Enfim, fica a dica: pense no que está acontecendo ao seu redor. Somos levados a acreditar que todas as crises econômicas são iguais, que alguma coisa nova vai aparecer e resolver o problema, até a próxima crise, é assim mesmo. Eu discordo. Estamos passando por mudanças profundas e isso vai impactar a maneira como você trabalha mais cedo ou mais tarde.

Pode ser o fim do mundo como conhecemos.

Reggie, the Engineer.
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Matando Pavões for Dummies

Pavão parece ser um termo recorrente aqui na Tribo. Tudo iniciou com o Post "A Culpa é dos Pavões". Mais tarde, o já famoso pavão na empresa foi  citado em mais alguns posts. Entre eles, destaque para "Só Tem Animal Nessa Empresa" e "A Vida de Pablo".

Queria hoje abordar o assunto por um outro ângulo. Para quem não sabe, gosto bastante de genética. E um dos assuntos do livro Instinto Humano, que li esses tempos, discutia o caso dos pavões. Recomendo a leitura do livro. Ele me fez entender muito dos comportamentos - meus e de todos à minha volta - incluindo, é claro, dos meus funcionários. Certamente poderia estar presente na prateleira de livros não-ortodoxos da Tribo do Mouse, classificado como Gerenciamento de Pessoas e Desenvolvimento Pessoal.

Todos conhecem a história da seleção natural. A Girafa necessitava comer frutos. As com pescoço maior tinham mais chances, pois conseguiam encontrar mais frutos à sua disposição, sobrevivendo mesmo em tempos difíceis e conseguindo passar os seus genes adiante. O pescoço grande realmente lhe dava uma vantagem competitiva na luta pela sobrevivência.

O que nem todos conhecem é a teoria da seleção sexual. Ela é um caso específico de seleção natural, mas muitas vezes vai de encontro com a seleção do mais apto a sobrevivência. Os pavões são considerados um caso clássico de seleção sexual descontrolada.

No caso dos pavões, o macho com cauda maior e mais bela tem mais chances de "se promover" com a srta. Pavão. Ninguém sabe ao certo o que iniciou o processo, apenas sabe-se que as fêmeas de muitos animais são atraídas por machos que possuem maior concorrência. Portanto, uma das teorias é que as pavoas simplesmente começaram a descontroladamente querer pavões com rabos maiores e mais bonitos, provavelmente na carona de alguma que iniciou o processo. Isso fez com que só esses conseguissem se reproduzir, passando os genes do "rabo grande" e tornando o macho de cada geração com o rabo maior.

Entretanto, para a sobrevivência do pavão, o rabo grande é uma desgraça. Ele é mais lento, mais desajeitado e muito mais visível para os predadores. Devido a seleção sexual, ele tornou-se uma presa fácil. Mesmo assim, nesse caso, a seleção natural estrita (onde o mais forte é que passa os gens) foi derrotada pela seleção sexual.

É claro que isso me lembrou direto os pavões que encontramos todos os dias na empresa. Eles balançam seu rabo magnífico, e muitos gerentes e diretores se apaixonam por isso e os promovem. Entretanto, assim como ocorre na natureza, eles continuam sendo presas fáceis.

Se fizermos uma análise pelo lado do bando, sabemos que eles venceram na natureza porque, estatisticamente, a quantidade dos que conseguiam se reproduzir vencia os que eram devorados por predadores.

Mas se formos falar de um pavão específico, bastava um predador avistá-lo de longe para que fosse decretado o fim da vida dele. Mais lento e praticamente um placar luminoso escrito "me devore", devido ao grande rabo, não tinha como escapar.

O caso dos pavões nas empresas é igual: eles se dão bem devido à "seleção promocional descontrolada", fingindo qualidades que não possuem. A estratégia para combatê-los deve vir da genética: não tente acabar com o bando - você fracassará. Mire no que lhe atrapalha. Quando ele começar a correr, desajeitado e lento, não terá chance alguma contra você. Será desmascarado vergonhosamente.

A mesma coisa que lhe promoveu será aquilo que irá lhe matar.

Dr. Zambol
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