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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Entrevista com Jack DelaVega

Pessoal:
Essa semana eu fui entrevistado pelo Ricardo Jordão, que é escritor, consultor e fundador da BizRevolution. A entrevista foi para a coluna chamada By The Book escrita pelo Ricardo no blog da Livraria Cultura, onde são feitas resenhas e entrevistas sobre livros de negócios. O Ricardo cedeu gentilmente o áudio da entrevista para publicação aqui na Tribo do Mouse. Foi uma conversa muito legal com quase 50 minutos onde falamos sobre a história da Tribo, Carreira, Liderança e o Futuro do Mundo do Trabalho. O link do post contém o podcasting para o arquivo inteiro e abaixo segue a entrevista dividida em trechos menores.

Parte 1: Apresentando o Livro, Origem do Codinome DelaVega, Trabalhando em Diferentes Países, Quem é a Tribo.

Parte 2: O Que nos Move, Futuro do Trabalho, Feedback, Coisas que Odiamos nos Chefes.

Parte 3: Conformismo,  Verdades que você deveria ouvir, Modelo de Gestão Brasileiro.

Parte 4: Censura, Geração Y, Como escrever e publicar um livro, Trabalho distribuído, Livros de Cabeceira.

Parte 5: Por que um Blog? Futuro do Brasil, Educação Corporativa, Bairrismo e Diferenças Regionais.

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Jack DelaVega

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A Superação do Vagabundo que Nunca Foi Vagabundo

De vez em quando alguém sai da curva normal e aumenta o desvio padrão de qualquer estudo estatístico sobre o ser-humano.

Foi assim que Ubirajara Gomes da Silva, que morou 12 anos nas ruas do Recife, dormindo embaixo de um pé de manga e usando um banco de praça como armário, passou no concurso de escriturário do Banco do Brasil em 2008, com um salário inicial de R$942,90 mais gratificação de 25%. Para quem ganhava em torno de dois reais por dia, o novo salário, cujo valor bruto é de quase R$1.200,00 é uma dádiva.

O ex-mendigo tem 1,74m e chegou a pesar 50 quilos. Todos os dias, com um real, passava no mercadinho e comprava uma pequena fatia de bolo-de-rolo e um copo de coca-cola. Para estudar, tinha que fazer uma opção, pagar o acesso à internet ou comer. Algumas vezes, preferiu estudar, à despeito da fome - e foi assim que tomou conhecimento desse e de mais outros 4 concursos e passou na posição 136 do concurso do Banco do Brasil.

Deixando a história de superação de lado, que daria pano para muito texto pelo extraordinário do fato, o que mais me impressiona na história de Bira, como é chamado, é a percepção que as pessoas tinham dele. Em suas próprias palavras em uma entrevista a uma rede televisão, comentou que "vivia dormindo, era muito sonolento, minha pressão caía, e o pessoal falava, 'ele só quer dormir. É a vida que ele quer'. O pessoal me chamava de preguiçoso, de doido...". Taxistas da praça, que agora sentem falta do "louco" que só dormia e lia tudo o que passava nas mãos e no chão, também o viam como um preguiçoso, um vagabundo.

O que ninguém talvez tenha se dado conta na época (hoje é fácil realizar essa análise) é que com pouco açúcar no sangue e sempre com fome, não há cristão que consiga manter-se elétrico e sorridente. O sono era uma pura conseqüência da fome e... do próprio esforço de escolher estudar a comer.

A façanha de Ubirajara só ficou conhecida porque ele superou toda e qualquer expectativa e foi aprovado em um concurso público, passando de indigente a classe-média. Não fosse esse pequeno detalhe, o esforço, o trabalho, a dedicação, muitas vezes acompanhada de fome, não seriam percebidas. Seria apenas mais um mendigo - daqueles que lhe pedem esmola nas sinaleiras e você faz um sinal de negativo. Ninguém iria saber da sua capacidade e do seu esforço.

Hoje, depois do ocorrido, já praticamente uma celebridade na cidade, as pessoas o admiram. "É um exemplo de pessoa". Provavelmente essa mesma pessoa, não fosse o tão famoso detalhe de ter passado no concurso, o teria chamado de vagabundo naquela época, pois só queria dormir.

Percepção é tudo. Sendo você líder ou não, lembre-se de analisar a situação como um todo, de forma imparcial. Seu funcionário ou colega pode ter fracassado em uma tarefa ou em um projeto por uma centena de fatores, alguns muitas vezes ocultos.

O verdadeiro líder é aquele que entende, que estende à mão ao Bira e pergunta porque ele dorme tanto. O verdadeiro líder senta-se ao lado de Bira e conversa com ele. O verdadeiro líder repreende Bira quando ele talvez escolha erroneamente gastar o real excedente que tinha ganho a mais no dia com um outro copo de coca, ao invés de comprar algo mais nutritivo.

O verdadeiro líder pode até, por descuido, abandonar o Bira, mas nunca, nunca mesmo, o chamará de vagabundo porque o viu dormindo em um banco da praça sem entender todo o contexto antes.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Potencial, Desempenho e Carreira

Lembra da Física? Os conceitos de Energia Potencial e Energia Cinética? Dê uma olhada na figura ao lado. O carrinho no topo da montanha russa contém o máximo de Energia Potencial (h), que nesse exemplo é a altura da montanha russa. Essa Energia Potencial se transforma em Energia Cinética, a velocidade que o carrinho atinge em um determinado momento do seu deslocamento pelos trilhos(r).

Esses mesmos conceitos podem ser aplicados para o desenvolvimento de carreira. Nesse caso, h é o Potencial, capacidade que um indivíduo tem de realizar trabalho. São as suas aptidões e habilidades. Se ele domina idiomas, possui bom conhecimento técnico, facilidade de relacionamento em equipe e por aí vai. O  r representa o Desempenho(Performance), o quanto a pessoa está entregando de trabalho válido para empresa em um determinado momento. Para apresentar um bom Desempenho é fundamental, portanto, que se tenha um bom Potencial porém, só potencial não é suficiente. Na prática, não importa quanto potencial você tiver se essas ferramentas não estiverem resultando em valor para empresa.

É bastante comum as pessoas confundirem as coisas. Um exemplo: o sujeito que está fazendo uma pós-graduação com o objetivo exclusivo de ser promovido. Sem dúvida, o estudo é uma das melhores maneiras para aumento do potencial(h), porém, se esse estudo não se traduzir em aumento de desempenho, capacidade de trabalho, a pessoa jamais será promovida. Trocando em miúdos, de nada adianta você se preparar para o seu próximo cargo se não estiver desempenhando muito bem no atual. A regra do jogo é investir no futuro, aumentando sempre o seu potencial, mas em momento nenhum descuidar do presente. 

A progressão de carreira, entenda-se promoção, só vai ocorrer quando você estiver desempenhando grande parte do seu potencial. Mas lembre-se: Promoção é aumento de escopo e responsabilidade. Para você ser promovido uma posição deve se abrir, isso só acontece quando: a empresa está crescendo, alguém deixa a empresa ou empresa se re-organizou.

O problema é que esses eventos normalmente fogem ao nosso controle, salvo nos casos em que você é o responsável direto pelo crescimento da empresa ou pela saída de alguém (depois não vá dizer que fui eu quem deu essa idéia). Então, de que adianta se preparar se a promoção depende de algo que foge ao nosso controle? Olhe pelo outro lado, o que acontece se uma oportunidade surgir e você não estiver preparado? Nada. Estar preparado é pré-requisito para o crescimento, assim como o bom desempenho da função atual. 

Imagine agora o seguinte cenário: Você está preparado e está desempenhando muito bem sua função atual, mas a empresa não tem uma posição aberta. Ruim? Nem tanto. O melhor que pode acontecer para um profissional crescer mais rápido que a empresa. Nesse cenário, ou a empresa cresce junto ou certamente essa oportunidade se abrirá em outra companhia. Mas isso só acontece para os que estão preparados.

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Jack DelaVega

segunda-feira, 27 de julho de 2009

E quando o líder erra?

Este final de semana estive no sudoeste da Irlanda, mais precisamente no condado de Kerry - um lugar muito bonito, recomendo para qualquer um visitando esses lados. Estive lá fazendo um curso avançado de montanhismo, que entre outras coisas ensinava a navegar nas montanhas quando a visibilidade está prejudicada - por exemplo por causa de nuvens, tempestades (chuva ou neve) ou simplesmente porque está escuro. Uma coisa é você se locomover quando enxerga onde está indo, quando existem pontos de referência. Outra coisa bem diferente é quando não há distinção sobre o que está ao seu redor.

Passamos então a tarde de sábado treinando técnicas bastante simples, que envolvem basicamente o uso de uma bússola e um mapa. Qualquer escoteiro conhece essas técnicas, mas é outra coisa aplicar elas em uma região que você não conhece e com realmente pouca visibilidade. Ainda mais quando você tem um grupo dependendo de você. A verdadeira prova de fogo viria à noite - aí sim teríamos que aplicar o que havíamos aprendido.

Não há melhor lugar no mundo para um treinamento desse tipo. O tempo na Irlanda já é chuvoso, como muita gente sabe. Nas montanhas do condado de Kerry então, chove quase todos os dias do ano. Nesse sábado estava chovendo muito, nuvens baixas. Quando a noite caiu, era impossível enxergar um palmo à frente do nariz sem as lanternas. E mesmo com as lanternas, a sensação é de não ter noção nenhuma de para onde você está indo. Depois da "janta", os instrutores dividiram o grupo em duplas e cada dupla deveria liderar o restante do grupo até um determinado local especificado no mapa. Tudo que sabíamos era onde estávamos inicialmente e onde havíamos estacionado os carros. "Cabe a vocês nos tirarem dessa montanha em segurança", definiu um dos instrutores.

A primeira dupla de líderes seguiu então buscando uma junção em um riacho que descia de uma das montanhas. Um dos integrantes da dupla era um cara aparentemente com bastante experiência, então ele rapidamente fez os cálculos, definiu uma rota e pediu para que seguíssemos ele. Não era a rota que eu faria, mas resolvi não intervir - eu confiava que ele nos levaria até o nosso destino corretamente. Depois de 40 minutos zanzando na chuva e nos escuro ao redor de um riacho, decidimos que aquela ali era a junção que estávamos procurando no mapa - embora eu tenha certeza que a maioria resolveu acatar a decisão mais por cansaço do que propriamente por convicção. Era chegada a vez da minha dupla então. Tínhamos que levar o grupo daquele ponto até um pequeno lago mais ou menos 2km à nossa direita, iniciando uma meia-volta que completaríamos (com sorte) em poucas horas até nossos aguardados carros.

A minha dupla era uma menina de 17 anos que não tinha noção do que tinha que fazer, e estava cansada demais para ajudar de alguma forma. Ela me pediu para fazer os cálculos, e eu prontamente atendi. Mas aí é aquela coisa. Como eu lidero um grupo de pessoas de um ponto ao outro quando não tenho certeza de onde estou e nem enxergo para onde quero ir? Parece uma situação familiar para você? De qualquer maneira, eu tinha que tentar - estava frio, chovia forte e todos estavam ansiosos para encerrarmos aquela brincadeira. Fiz os cálculos com base no que eu sabia, defini uma rota e compartilhei com o grupo. Ninguém deu uma palavra. Todos concordaram prontamente, o que me preocupou. Ninguém estava nem aí na verdade, estavam cansados, e o que eu decidisse seria a lei - o que é sempre muito ruim para um líder. Os instrutores apenas nos olhavam.

Seguimos em frente com nossas lanternas, buscando a direção que a bússola indicava. E depois de 20 minutos, 30 minutos, 40 minutos caminhando, nada do lago chegar. Estava claro que estávamos na rota errada. Resolvi parar e consultar o grupo, mas todos me encaravam com enorme cinismo. Ninguém mais fazia seus próprios cálculos e portanto não tinham informação para debater. Me olhavam como quem diz: "estamos perdidos e a culpa é sua". Eu tinha perdido a confiança do meu grupo. Eventualmente, depois de andar em volta por algum tempo, encontramos o tal do lago. Aparentemente havíamos nos desviado alguns graus para a direita, mas aquilo foi suficiente para nos distanciar completamente - no escuro o resultado é ainda pior. Mesmo depois de chegarmos aos tão aguardados carros, o grupo ainda me olhava cabreiro.

E aí, e quando o líder erra? O que você faz? Você fica cabreiro e cínico, fechando-se na sua concha, ou toma a iniciativa e tenta ajudar? É sempre mais fácil colocar a culpa no líder, certo? Pense sobre isso. Um dia irá acontecer com você.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mamãe, Quero Ter Alto Desempenho

Já falamos algumas vezes aqui de Talento x Esforço, geralmente fazendo referência ao Taffarel (o talentoso) a ao Mazaroppi (o esforçado).

No livro Talent is Overrated, de Geoff Colvin, já com tradução para o português sob o título de Desafiando o Talento, o autor exibe uma série de estudos com algumas conclusões bastante interessantes sobre o tema.

O primeiro paradigma que Geoff tenta quebrar é a associação de desempenho com talento. Um estudo de QI realizado com pessoas de alto desempenho mostrou que nesse grupo há pessoas brilhantes, mas também há muitas pessoas com o QI inclusive abaixo da média. Elas são excepcionais em seu ramo – sabem bastante a sua área e por isso conseguem um desempenho histórico tão alto, mas o QI não mede isso de forma alguma.

Diferente do QI, o que saltou aos olhos foi a memória. A maioria das pessoas de alto-desempenho apresenta uma memória muito grande, ajudando-os a reconhecer padrões que deram certo e padrões que fracassaram, auxiliando muito na decisão de qual caminho seguir. É claro que a memória não vem de graça: passaram anos lendo materiais e memorizando muitos dados essenciais para que hoje sejam tão bons no que fazem.

Para mim, que gosto bastante de música, essa noção já era bem clara. Mesmo tendo uma facilidade muito grande para matemática, e sendo o estudo da harmonia extremamente matemático (utilização de escalas pentatônicas, cromáticas, etc), até hoje sou um músico medíocre. As duas únicas músicas que escrevi são tão ruins que tive vergonha de torná-las públicas inclusive para minha esposa. Por quê? Simples. Sem prática, sem repetir exercícios inúmeras vezes, meus dedos, meu ouvido e muito menos meu cérebro não tem uma noção clara do que criar.

Mozart, mesmo tendo nascido com um dom muito grande para música, passou a infância treinando exaustivamente, repetindo milhares de vezes exercícios, sons e escalas. Caso tivesse se interessado por xadrez paralelamente na época, talvez hoje seu nome não seria associado com nada – nem a um músico famoso nem a um enxadrista bom. A chave do sucesso foi o foco que teve na música e, claro, uma boa memória que o fazia lembrar do que combina com o que e padrões que tinha ouvido que se encaixavam bem (afinal, temos apenas 12 notas). O mesmo pode-se dizer de Tiger Woods e Warren Buffet.

O segredo, além do foco e atenção dedicadas a essas atividades, seria o que Geoff chama de Prática Deliberada, que é um método estruturado e objetivo de treinamento. Imagine três círculos concêntricos. O círculo interno chama-se “zona de conforto”, o do meio “zona de aprendizagem” e o mais externo “zona do pânico”. O treinamento deve focar apenas na zona de aprendizagem – é só lá que você consegue melhorar. Exercitar a zona de conforto de nada adianta, pois você já faz bem aquilo. A zona do pânico é tão complexa para você que a aprendizagem é mínima, podendo ter efeitos até danosos.

Isso quer dizer que apenas repetir uma escala milhares de vezes não trará nenhum benefício se (1) você já souber bem aquela escala e (2) se você não souber por que eu está tocando aquilo. A cada repetição, se está na zona de aprendizagem, você irá analisar o que fez de errado e retroalimentar essa informação em sua próxima série de exercício, prestando atenção em cada detalhe.

Para ter sucesso no treinamento, você precisa:
  1. Saber aonde você quer chegar
  2. Praticar focado e utilizar a retroalimentação de suas observações (ou das de seu professor / mentor).
  3. Praticar no trabalho: prepare, avalie e se desenvolva. Use o ciclo PDCA.
  4. Aprofundar no conhecimento: leia sobre o assunto, seja o melhor que você consegue ser naquilo.
Por fim, o livro cita uma coisa muito interessante, dizendo que existem prodígios na música e na matemática, mas você nunca viu e provavelmente nunca verá um prodígio em física quântica e nuclear, simplesmente pelo fato de que uma criança não tem a capacidade de pensar naquilo e, por isso mesmo, não consegue praticar e por conseqüência não consegue nem entender aquilo direito, quem dirá dominar o assunto. Existem certas coisas que só com a idade são adquiridas. Gerência de pessoas, por ser um assunto completamente inexato e baseado em experiências, parece ser outro bom exemplo de uma coisa muito difícil de se encontrar prodígios...

Os ensinamentos do livro, em minha opinião, se aplicam diretamente ao nosso trabalho. Às vezes reclamamos que fomos mal avaliados, mas, no fundo, não fizemos nada de profundo para mudar a situação: não lemos sobre o assunto, não buscamos feedback e não praticamos com objetivo e foco para melhorar cada um dos tópicos identificados como oportunidades de melhoria – enfim, não nos esforçamos tanto quanto poderíamos.

Sem prática e trabalho duro, nem Mozart nem Tiger Woods seriam o que são.

Você não quer ser melhor que eles de graça, né?

Dr. Zambol
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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Virgindade e Ética

Paulo havia tomado uma decisão em janeiro de 92: aquele seria seu último verão virgem. Porém, semanas depois o verão chegava ao fim e o sofrimento persistia, os resultados eram desanimadores. Sua última esperança era o Carnaval. Afinal, conseguir sexo no Carnaval é mais ou menos como conseguir picanha em uma churrascaria. Na última noite de Carnaval ele partiu para uma tentativa deseperada, juntamente com seu fiel escudeiro Orlando, também em situação parecida. O plano era o seguinte: 
- Ficamos esperando na frente da casa das gurias, cuidando pela janela a hora que elas forem entrar no banho. Aí escalamos a sacada e pulamos para dentro.
- Ok, e depois?
- Depois que a gente estiver lá dentro é só improvisar.

Era um plano no mínimo ingênuo, para não dizer estúpido. Mas, como não possuíam nenhuma idéia melhor, se puseram a escalar a bendita sacada. Quando a meninas os viram começaram a gritar, levando alguns segundos para os reconhecerem. Os momentos seguintes foram confusos, mas o fato é que, lisonjeadas pela escala heróica, elas acenaram com a seguinte perspectiva:
- Vamos curtir a festa de Carnaval e, no final da noite, quem sabem vocês não conseguem o que vieram até aqui buscar. 

Os olhos de Paulo quase se encheram de lágrimas. Finalmente uma possibilidade concreta de cópula, mais do que havia conseguido nesses anos todos. Foi então, que inesperado aconteceu e em segundos os seus sonhos viraram um pesadelo. Sirenes, luzes, correria, culminando no fatídico grito:
- Mão na cabeça vagabundo! Desce já dessa sacada!
Os policiais apontavam as armas para os dois, como se fossem algum mega-traficante ou algo parecido. Assustadas, as meninas voltaram para dentro os deixando a mercê dos oficiais. Já com a algema em punho os homens da lei explicaram: 
- Os vizinhos ligaram avisando que viram dois sujeitos escalando a sacada. Estamos a tempo procurando vocês. Já é o terceiro assalto essa semana!

Paulo viu seu seus planos indo por água abaixo, até que conseguisse provar sua inocência a noite estaria perdida. Decidiu então lançar mão de seu último recurso:
- Eu sou filho do Capitão Astor.
Era mesmo filho de um Capitão da Policia Militar. A estratégia surtiu efeito pois o policial finalmente parou para escutar.
- Meu pai é Capitão de Polícia, está aqui na praia. Vocês podem ir lá em casa que ele explica tudo para vocês.
- Ôo Jonas, vai até a casa do pai do elemento, confirma essa história e me passa um rádio de lá.
Intermináveis minutos depois o policial foi chamado ao rádio e se ouviu apenas suas respostas concordando com o interlocutor:
- Sim Capitão. Tudo bem Capitão. Com certeza Capitão.
Foi com um semblante sério que ele se aproximou:
- Confirmamos a história. O seu pai é mesmo um Capitão de Polícia. Na verdade, ele é um exemplo de integridade, um verdadeiro orgulho para a Corporação.
Paulo se encheu de moral e falou:
- Então, pode liberar a gente.
- Que nada, ele mandou levar vocês para a Delegacia. Disse que não vai livrar a cara de alguém só por que é seu filho. Já pra dentro do camburão!

Paulo aprendeu uma grande lição de ética aquela noite com seu pai, o Capitão Astor. E por conta disso, continuou virgem.


[]s
Jack DelaVega.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Semana da Tribo

Para você que perdeu alguma coisa, segue o resumo do posts da semana


- Pobre de Mim, Pena de Mim: Seus problemas parecem grandes, impossíveis de resolver? Tudo na vida é uma questão de perspectiva. 


- Fator Humano: O que realmente faz a diferença em um Profissional? O que leva alguém a escolher uma profissão onde existem vidas humanas em jogo?


Siftables: Uma nova e fantástica maneira de interação com computadores. É o vídeo da Tribo, mais uma das incríveis palestras do TED.


- Há limites para a diversidade no ambiente de trabalho? Reggie aborda um tema delicado no seu post dessa semana.


Abraços da Tribo do Mouse (Jack, Reggie e Zambol)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pobre de Mim, Pena de Mim

De cabeça baixa, no aeroporto de São Paulo, esperava pacientemente a hora do embarque. O vôo estava atrasado 2 horas.

Sentia-se um lixo. Demitido há quatro semanas de uma grande empresa de medicamentos, viu seu chão desabar. Sua vida era dedicada quase que exclusivamente para a empresa: todos os seus amigos eram de lá e atividades fora do trabalho eram todas feitas com pessoas da empresa. Talvez por isso mesmo Joâo sentia-se tão deprimido e isolado. Nessas quatro semanas já havia notado um certo afastamento natural das pessoas com as quais mantinha um contato diário no trabalho.

Ainda não tinha recebido nenhuma proposta de emprego. Seu cargo de gerente especialista em medicamentos, especialidade que trabalhou sua vida inteira, aliada com a crise econômica mundial dificultavam muito a busca por vagas.

Mesmo com uma situação financeira razoavelmente boa, com carro e casa já 100% quitados, a inquietação normal da demissão havia dado lugar ao desespero e à tristeza, que na última semana estava beirando à depressão. Estava indo para casa visitar sua mãe, no Recife – talvez lá se sentisse melhor.

Mas o caminho era longo. Com o vôo atrasado, parecia que a espera era uma eternidade. Pegou uma revista que havia sido largada no banco ao lado e começou a folhear.

“Dados oficiais do último grande levantamento (2005) indicam que na África do Sul, 36% dos homens e 51% das mulheres negras estavam desempregados. Uma boa parte dessas pessoas vive em condições precárias, com dificuldades para conseguir comida”.

João franze a testa e com uma careta resmunga consigo mesmo:

- Droga, não quero ler esse tipo de notícia. Estou em um momento frágil! Quero ler coisas supérfluas.

Folheando mais a revista, encontrou um artigo que parecia ser interessante:

“Milhões de pessoas na região da África Oriental conhecida como Chifre da África estão prestes a morrer de inanição, com diversas mortes já reportadas no Quênia. Estima-se que 11 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar. Água, sementes e gado também são necessários por toda a região, de acordo com a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO).”

- Será possível que não vou ler uma única notícia que me faça sentir bem, reclama João, irritado com o que estava lendo. Vou dar mais uma chance para essa revista.

“...foi então que se espalhou o terror para valer. Moradores de bairros inteiros – pessoas inocentes e muitas vezes sem nem partido político - eram reunidos por guerrilheiros adolescentes e metralhados nas ruas ou queimados vivos em suas casas. Esquadrões especiais, na maioria formados por crianças, circulavam com facões e machados mutilando as pessoas. Gostavam de perguntar às vítimas se preferiam ‘manga curta ou longa’. Significava perder a mão ou todo o membro. O objetivo era aterrorizar a população e estima-se que 100.000 foram mutilados.”

Indignado, olha a capa da revista e vê que é uma edição especial da BBC sobre o Continente Africano.

- Droga, tudo o que quero é ficar em paz com a minha fossa e nem isso consigo!

João então, sedento de autocomiseração, coloca os fones de ouvido de seu iPod 80Gb e começa a ouvir uma música do Legião Urbana.

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Pode até parecer chavão, mas não há nada pior do que tornar o seu problema maior do que ele é, quando geralmente ele é muito, mas muito menor. Mas pior do que isso é ignorar os sinais que estão à sua frente e procurar a autocomiseração como solução dos seus problemas.

Pode até ser que João enfrente sérias dificuldades financeiras, principalmente se tentar manter o nível de vida anterior, mas sempre terá a casa quitada para morar e o carro como manobra de capital. Desespero nunca, seja o problema grande ou pequeno, resolveu problema algum.

Dr. Zambol
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PS.: seja em que situação estiver, pare 3 minutos do seu dia e assista ao vídeo abaixo só para sentir a sorte que teve na vida e agradecer a Deus, ao planeta terra ou ao destino, dependendo de sua crença, de estar onde está e poder estar lendo isso em sua cadeira, com seu monitor. Nunca é demais lembrar disso e sempre é bom saber que seus problemas são geralmente pequenos, ou melhor, do tamanho ideal para uma solução.




quarta-feira, 15 de julho de 2009

Fator Humano

Os últimos meses da doença do meu pai não foram fáceis e ninguém esperava que seriam. Bastante debilitado em função do câncer ele passou parte desse tempo no hospital com doses cavalares de morfina. Os tumores, que começaram no pulmão, entraram em metástase chegando aos ossos. A dor era insuportável, por conta disso ele passava grande parte do tempo sedado. Mas durante essa dura jornada, foi um profissional especial que fez toda a diferença.

Quando meu pai foi diagnosticado com a doença anos antes foi um susto, mas não uma surpresa  para nós. Não se pode dizer isso de alguém que fumava três carteiras por dia a mais de quarenta anos. Mas só viemos a saber da gravidade real do problema quando meu irmão levou os exames a outro médico, que atestou no máximo seis meses de vida. Desse dia, até o dia de sua morte ele viveu três anos, boa parte desse tempo com qualidade de vida, e por isso me considero abençoado.
Logo no início, um amigo, cuja mãe já havia passado por processo semelhante, me ensinou uma grande lição sobre o tratamento médico, ele falou mais ou menos assim:
- Hoje em dia, com os avanços da medicina, a maioria dos médicos tem acesso a recursos semelhantes no tratamento do câncer. Claro, estou falando de médicos particulares, pois o SUS é covardia. O que faz a diferença então? O fator humano. O que faz a diferença em um Oncologista, ouso extrapolar, em qualquer médico, é a maneira com que ele lida com o paciente e com os familiares. É como ele lida com as emoções e gerencia as expectativas dos entes queridos, tão fragilizados em uma hora dessas.

Eu lembrava dessas palavras sempre que interagia com o Dr. Rodrigo, médico de meu pai.  Ele realmente possuía um talento especial para lidar com pessoas. Passava confiança e cautela na medida certa. E tratava meu pai e toda a minha família como alguém que realmente se importava com o que estava acontecendo conosco.

Não foram poucas as vezes que me perguntei o que leva um homem a escolher tal profissão. Qual a motivação de alguém que sabe que perderá a maioria das batalhas da sua vida profissional? Alguém cujo objetivo talvez nem seja a vitória efetiva, mas sim a postergação de um resultado inevitável? Levei algum tempo para encontrar essa resposta, que veio através das palavras de outro amigo, esse um educador. Ele me respondia basicamente a mesma pergunta:
- Porque eu decidi ser professor? Eu podia dizer que foi idealismo, mas na verdade acho que foi prepotência mesmo. Você vai tentar fazer a diferença na vida de alguém, fazer com que esse alguém tenha um futuro melhor. E você vai falhar, falhar e falhar na maioria das vezes. Mas então, lá de vez em quando, você consegue, você se da conta que conseguiu tornar a vida de alguém melhor, mesmo que seja um pouquinho. E esse momento, a sensação de fazer a diferença, apaga todos os seus fracassos.

Eu acredito que essa resposta possa ser aplicada a qualquer profissão. Portanto, quando alguém lhe perguntar sobre sucesso responda antes a seguinte pergunta:
- Você já fez a diferença na vida de alguém?

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 14 de julho de 2009

Vídeo - Siftables, uma nova maneira de interagir com Computadores

Pessoal:
O vídeo dessa semana apresenta os Siftables, uma invenção do laboratório de Mídia do MIT, que consistem em uma nova e fantástica maneira de interagirmos com computadores. Imagine a implicação dessa tecnologia nas tarefas mais cotidianas.



Abraços da Tribo do Mouse(Jack, Reggie e Zambol)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Há limites para a diversidade no ambiente de trabalho?

Há um tempo atrás eu estava lendo um artigo sobre uma situação que aconteceu no Texas, nos Estados Unidos. Poucos dias antes do Memorial Day Weekend, uma funcionária de um hospital resolveu pendurar uma bandeira americana perto da sua mesa de trabalho. Qual não foi sua surpresa quando seu supervisor lhe procurou no dia seguinte pedindo para que retirasse a bandeira da parede. O argumento é que um outro funcionário - não-americano - havia reclamado sobre a bandeira, entendendo que aquela manifestação era ofensiva (esse funcionário sentava-se ao lado da senhora que pendurou a bandeira na parede). Na época o supervisor afirmou que não importava que apenas uma pessoa havia se sentido incomodada com a tal bandeira. Se uma pessoa está incomodada, significa que a bandeira deveria ser retirada.

Me fez lembrar de outra situação que aconteceu recentemente. A maioria deve se lembrar de como a Seleção Brasileira ganhou a última Copa das Confederações de virada sobre os Estados Unidos, grande jogo aquele. O que poucos ficaram sabendo é que a FIFA repreendeu a CBF dias depois sobre como os jogadores brasileiros haviam se portado após a conquista. Para quem não lembra, os jogadores fizeram uma roda de oração no meio do gramado, e depois vários foram filmados (o Lúcio inclusive ao levantar a taça) com camisetas contendo dizeres religiosos no estilo "Jesus Me Ama". O argumento da FIFA é que o futebol deve ser encarado como uma festa universal e qualquer manifestação de cunho religioso pode ser vista como ofensiva por determinados grupos. O mesmo raciocínio já havia sido utilizado pela FIFA para repreender jogadores muçulmanos que haviam comemorado gols com orações a Meca.

Ainda semana passada, um rapaz que trabalha no meu escritório abordou a mim e a outros colegas meus na hora do almoço, e entre outros assuntos mencionou que iria se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo. Esse rapaz é assumidamente homossexual, e não tenho nenhum problema com isso. Mas digamos que ele nos forneceu "mais detalhes" do que precisávamos naquele momento, e eu me senti totalmente desorientado naquela conversa - o que se responde em uma situação dessas, anyway?

Muito tem se falado sobre diversidade no ambiente de trabalho. E eu tenho que confessar que nunca, em muitos anos de experiência em ambientes de escritório bastante diversificados, eu presenciei ou fiquei sabendo que determinada pessoa havia passado por uma situação constrangedora por sua raça, opção sexual, nacionalidade, ou o que seja. Particularmente acho que estamos muito melhor no ambiente de trabalho do que na sociedade em si com relação a aceitar e promover a diversidade. Mas há que se ter cuidado para não virar o fio da navalha, por que se eu não puder mais pendurar a bandeira do meu país, fazer a oração que mais me convir, ou se eu tiver que escutar sobre a cirurgia que cada um vai fazer, daqui a pouco vai ficar um saco trabalhar no escritório.

No momento em que eu não puder escrever um post sobre esse assunto a título da diversidade é porque alguma coisa estará cheirando mal.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Novos dias de Publicação

Pessoal:
Com objetivo de acomodar melhor o conteúdo ao longo da semana vamos alterar nossa sequência de publicação a partir da próxima segunda-feira. Confira como ficam os posts, com as mudanças em negrito:

- Segunda: Post do Reggie

- Terça: Vídeo da Tribo

- Quarta: Post do Jack

- Quinta: Post do Zambol

- Sexta: Resumo da Semana

Um grande abraço para todos e continuem conosco.

Jack, Reggie e Zambol

O Fracasso Não Me Assusta

O ser-humano tem uma adoração pelo sucesso. Ele é curioso a ponto de escrutinar a vida de quem teve sucesso; de escrever livros e livros sobre pessoas de sucesso, para que outras pessoas tente imitá-lo; de cortejá-lo quando passa e, de algumas vezes, vide alguns ídolos da mídia, tratá-lo com um semi-Deus.

Mas talvez seja exatamente essa adoração pelo sucesso que faz com que não enxerguemos o caminho percorrido por essas pessoas para chegar lá - na grande maioria das vezes repleto de fracassos anteriores.

Vejamos o caso de Érico Veríssimo. Nasceu em dezembro de 1905, em uma família rica e tradicional, que logo cedo amargou a ruína. Devido a isso e à separação de seus pais, larga os estudos em 1922 e começa a trabalhar no armazém do tio materno. Logo após, em 1925, torna-se bancário. Nas próprias palavras de Érico Veríssimo, fracassa sumariamente na profissão. Não conseguindo seguir a carreira, entra como sócio de uma farmácia, que acaba falindo em 1930. Outro grande fracasso.

Foram exatamente esses fracassos que o levaram a trabalhar na revista Globo, onde finalmente se encontrou na vida, pois em seguida publicaria seu primeiro romance: Clarissa.

Mas entre os fracassados de sucesso, Érico Veríssimo teve sorte. Há casos bem piores, como o de Vicent Van Gogh. Um de seus girassóis estava cotado em 35 milhões de dólares esses tempos. Se Van Gogh estivesse vivo, não acreditaria naquilo. Morreu em 1890 sem dinheiro nem mais para comprar tinta e sem nunca ter vendido um único quadro. Perto de sua morte, deu de presente ao seu médico uma tela que foi usada por muitos anos para tapar um buraco em um galinheiro. Fama? Reconhecimento? Só veio depois de 1930, quando já havia morrido há muitos anos. Mesmo assim, tinha tanta fé em si mesmo, que pintou mais de 900 telas em menos de 15 anos.

Fernando Pessoa tem um caso similar, mas o maior deles foi o de um suíço do século passado que escreveu um diário com 16 mil páginas sobre sua vida medíocre, com histórias bastante tristes, como admirar casais com filhos, mesmo nunca tendo se casado e sem ter tido nenhum filho, a despeito de 4 grandes "amigas" que o cortejavam. Era professor, mas se achava um dos piores: "irresolução, preguiça, inconstância, abatimento, pusilanimidade" era alguns dos adjetivos que usava para descrever sua performance no ensino.

Logo após a morte de Henri-Frédéric Amiel, uma daquelas 4 amigas que tanto o cortejavam compilou seu diário e o lançou como livro. Logo, logo se tornou um grande sucesso. Hoje, está traduzido para diversas línguas e já vendeu milhões e milhões de cópias como um grande clássico.

Poderia ficar citando dezenas e até mesmo centenas de casos similares de pessoas que tiveram um sucesso estrondoso mas que, até chegarem lá, faliram, fizeram coisas que não gostavam, faliram novamente, fracassaram em diversas empreitadas e, em alguns casos extremos como citei aqui o de Van Gogh, Fernando Pessoa e Henri Frédéric, morreram antes de efetivamente conhecer o sucesso que teriam.

Graças a Deus a maioria das pessoas tem sucesso ainda em vida, como o teve Érico Veríssimo citado no início do texto e também os Grandene, que para quem não sabe, se envolveram em diversas empreitadas onde faliram vergonhosamente até encontrar a mina de ouro que foi a sandália de plástico. O maior mérito foi fracassar, não desistir e, quando acertaram na idéia, administrá-la tão bem que levou a empresa a faturar os mais de 1 bilhão de reais que hoje fatura.

Não tenha medo do fracasso. Ele faz parte do sucesso - quase que um pré-requisito para que ele ocorra. Afinal, acertar na loteira é para poucos sortudos. Entretanto, fracassar, não esmorecer e se reinventar até tornar a sua história um sucesso, não depende nada de sorte - mas de esforço, perseverança, suor e, acima de tudo, fé em si mesmo e em seu talento.

Portanto leitor, não conte com a sorte. Tudo o que desejo é que depois do seu próximo fracasso, você se reinvente e tenha forças para se reerguer. Afinal, é esse o grande desafio da vida, o grande segredo de estar de bem consigo mesmo.

Dr. Zambol
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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Vídeo - Nove Conselhos Para Escalagem

Nesta palestra do TED o escalador veterano Matthew Childs compartilha 9 conselhos para escalagem. Dicas que também  são relevantes ao nível do mar.



Abraços da Tribo do Mouse(Jack, Reggie e Zambol)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Os Donos do Mundo

Estava parado no semáforo quando uma camionete último tipo, uma Cherokee ou algo parecido, entrou na traseira do meu carro. Era a noite do lançamento do nosso livro em Curitiba e eu estava atrasado indo pegar o Zambol e o Reggie no Hotel. Desci do carro apressado, reclamando, mas a mocinha no volante reclamava mais ainda. Como se tivesse razão. Lá pelas tantas ela começou a gritar alterada:
- Não te preocupa que eu vou pagar essa porcaria do teu carro. Graças a Deus dinheiro não é problema para mim! Está aqui o número do meu celular, pode ligar a cobrar para não gastar os teus créditos!
Já indignado, retruquei:
- Nosso país está assim por causa de gente como você!
E recebi a seguinte resposta:
- Então te muda do país!

No último fim de semana fui com a família e alguns amigos à uma Pizzaria aqui perto de casa. A única mesa disponível era ao lado de um grupo que parecia muito animado. Mas foi só sentar à mesa que percebemos que era animação em excesso. Como bom descendente de italianos eu tenho ótima tolerância a barulhos à mesa, mas aquilo já era demais. Eles literalmente gritavam o tempo inteiro. Fiquei sabendo que uma das mulheres havia casado de branco e de todos os detalhes indiscretos da noite de núpcias. O casal da mesa ao lado pediu para embrulhar a pizza pois não conseguiam comer naquela zoeira. Foi quando o namorado da minha cunhada pediu,  educadamente, ao pessoal da mesa para baixar um pouco o volume. A reação foi um misto de xingamentos e indignação. Começaram a falar mais alto ainda, alegando que tinham o direito de falar como quisessem pois estavam pagando. Quando reclamamos para o gerente ele concordou resignado:
- Peço desculpas a você, mas tem gente que não respeita os outros mesmo. Eles estão incomodando o garçom e o resto das mesas a noite inteira. Mas pode deixar que a sobremesa é por minha conta.
Porém, o clima do jantar já estava arruinado e acabei terminando a minha pizza em casa por conta do bando de babacas.

Nas últimas semanas temos acompanhado a inundação de denúncias contra o senado e a defesa patética do Senador José Sarney por parte do PT e da base aliada. Uma frase que chamou atenção na mídia foi o comentário do presidente Lula sobre Sarney, foram essas as palavras do presidente:
"Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum."

É uma afirmação que indigna qualquer brasileiro, pois, de acordo com nosso Presidente, Sarney não é um "qualquer" e merece tratamento especial, da lei, da mídia, do povo, e por aí vai. Aposto que os meus amigos da Pizzaria e a mocinha que bateu no meu carro concordam comigo nesse ponto, é realmente um absurdo o tratamento preferencial oferecido aos parlamentares do nosso país. Mas me pergunto, o que eles fariam se estivessem na situação de Sarney? Repito novamente a frase clássica do economista Eduardo Giannetti: "O Brasileiro sempre acha que o Brasileiro é o outro".
Infelizmente, temos os políticos que merecemos.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O mundo é plano para todos

A visão Friedmaniana de que o mundo é plano a maioria de nós já conhece. Mas o quanto esse plano se inclina para o leste ainda é algo que não apreciamos totalmente. Quando sairmos lá do outro lado dessa crise é que veremos de fato.

Hoje de manhã eu fui buscar a minha bicicleta nova na loja. Aqui na Irlanda (como em quase toda a Europa) o governo incentiva as pessoas a usarem bicicleta como meio de transporte, então eu pude trocar a minha antiga magrela por uma novinha em folha pagando menos da metade do preço. O modelo escolhido dessa vez foi uma Merida Speeder T2 reluzindo. Nunca ouviu falar de uma bicicleta Merida? Pois vá se acostumando. A Merida é uma companhia Taiwanesa que no passado fabricava o quadro de algumas das melhores bicicletas do mundo. Acontece que nos últimos anos ela resolveu lançar seus próprios modelos, e o resultado são bicicletas de grande qualidade a um preço extremamente competitivo. A empresa cresceu a tal ponto de tornar-se dona de 49% das ações da americana Specialized (ah, essa você conhece...).

Que a maioria dos produtos manufaturados que consumimos hoje em dia têm sua origem na Ásia nós já sabemos. A corrida por redução de custos nas últimas décadas levou indústrias inteiras a converterem-se ao movimento Outsourcing / Offshoring Friedmaniano. De computadores a bicicletas, as maiores marcas hoje em dia não são muito mais do que marcas - o produto em si vem do leste. Você é 'cool' e tem um iPhone? Joga Wii ou PS3 com seus amigos? Lê esse post da Tribo em um laptop HP ou Dell? Está interessado em comprar um Kindle da Amazon? Pois saiba que todos esses produtos, todinhos, são fabricados por uma única empresa Taiwanesa - a Hon Hai Co., mais conhecida como Foxconn. Se você não sabia, agora ficou sabendo.

Só que esse é só o começo da história. Essa é a parte fácil, que o Thomas Friedman e todo mundo enxergou anos atrás. OEMs, ODMs, massificação da produção de produtos, redução de custos causada pelo ganho de escala. O que ninguém tinha prestado atenção era nas Meridas da vida. As empresas asiáticas, cansadas de serem pressionadas pelos grandes clientes (marcas) para manterem seus custos absurdamente baixos, e também cansadas dos efeitos que os períodos de crise causam a elas por serem tão dependentes de seus clientes, começaram a colocar suas manguinhas de fora. A Merida que mencionei antes é um exemplo, mas existem outros. Você a essa altura já deve ter ouvido falar em celulares HTC, certo? Trata-se de mais uma companhia Taiwanesa que costumava fabricar aparelhos de celular para as maiores marcas por aí, até que se encheu dessa vida e resolveu vender seus próprios modelos. Tem crescido absurdamente nos últimos anos. Outro exemplo: Acer. Costumava ser uma humilde fabricante de computadores para grandes marcas americanas. Desde 2000 ela deixou a operação de OEM/ODM com sua irmã-gêmea Wistron e lançou-se a vender seus próprios modelos. Hoje é a 3a maior fabricante de PCs do mundo, no calcanhar da Dell (será certamente a número 2 do mundo, nos calcanhares da HP até o final de 2009).

Outros exemplos não faltam: Asus, BenQ, etc. Todas empresas asiáticas que foram procuradas por grandes conglomerados para assumir a manufatura de produtos nas últimas décadas, e agora estão voltando para competir de igual para igual com seus antigos (na verdade atuais) clientes. Será o início do fim dos modelos atuais de offshoring/outsourcing? De onde é mais fácil surgir a inovação? Não será onde os produtos são desenhados e produzidos? O conceito de Netbook veio da Ásia...

Veremos o que restará do outro lado da crise, mas tem muita empresa 'de marca' que vai sofrer com a concorrência dos antigos fornecedores do leste. Fazer o quê, o mundo é plano. E é plano para todos os lados.

Reggie, the Engineer (João Reginatto)
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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pobre Menino Rico

Se você estava na Terra nos últimos dias já sabe que Michael Jackson morreu (a foto ao lado é uma projeção do jornal inglês Daily Mail de como seria o rosto do astro com 50 anos de idade se não tivesse feito pláticas). Sétimo filho dos nove do casal Joseph e Katherine Jackson, iniciou na carreira de dançarino e cantor com apenas cinco anos de idade. Aos onze já era profissional: integrante e principal compositor dos Jackson Five.

Não sou fã dele, mas admiro muito sua música e sua criação. No álbum Off The Wall, criou um novo conceito, misturando Disco e Black Music. Esse novo paradigma musical abriu espaço para o rock pop como conhecemos hoje. Mesmo para quem não gosta da música dele, provavelmente reconhece a genialidade e a criatividade de Michael Jackson.

O problema da trajetória de Michael foi ele próprio. Perdeu-se em excentricidades, amplificou medos e histórias do passado e nunca conseguiu crescer. Por que uma mente genial, capaz de quebrar paradigmas musicais e criar um novo conceito de linguagem corporal (quem não se lembra de seus passos para trás?) pode ser tão burro na vida pessoal?

Se pararmos para pensar, isso não é incomum em pessoas que têm tempo e condições de sobra para criá-las. Você consegue imaginar um operário que não fala com pessoas vestidas de marrom? Ou que exige que saia sempre pela mesma porta que entrou? Pois bem, essas duas coisas ocorrem com Roberto Carlos, “diagnosticado” com TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Posso até imaginar o diálogo entre o operário e o mestre de obras:

- Chefe, entrei pela porta principal, não posso ir para o andar superior se não liberarem a mesma porta. Tenho que sair sempre pela mesma porta que entrei.
- Que merda é essa Josefino? Tá de sacanagem comigo? Fumou as meias? Eu quero a parede do quinto andar rebocada até às 18 horas. E não tem como liberar aquela porta porque ela foi consertada hoje. Vai ficar dois dias fechada! Ah, e fala depois com o Jorge que ele está com os ticket-refeição dessa semana.
- Não posso chefe. Ele veio de marrom hoje.
- Hein!? Minha vó também está de marrom hoje. O que tem isso a ver com falar com ele?
- Não consigo falar com pessoas usando a cor marrom.
- Tá Josefino, se tu não sair da minha frente em 10 segundos, tu vai sair é pela janela. Estás demitido.

Entenderam onde eu quero chegar? Ou ele se cura sozinho, na marra, ou vai morrer de fome. No fim, o instinto de sobrevivência acaba falando mais alto e ele “se cura” do “TOC” (psicólogos, desculpem as aspas, eu acredito sim que existam pessoas com TOC, só não acredito em 90% dos diagnósticos).

Como esse não é um blog sobre psicologia e nem sobre Complexo de Édipo (o que menos queremos é mexer com a mãe dos outros), o que quero chamar a atenção aqui é que, em menor escala, acabamos criando hábitos ruins que nos prejudicam em nosso emprego. Às vezes, isso é refletido apenas em um mau-humor perene porque tudo o que ocorre de ruim você acredita estar no meio. É claro que ninguém gosta de falar com pessoas de mau-humor – e isso pode lhe afastar de grandes oportunidades.

Outras vezes, isso pode ser refletido em um pessimismo, onde a pessoa acha que as outras pessoas estão sempre querendo tirar vantagem dela e roubar suas idéias. Com isso, deixa de compartilhar idéias e informações importantes que poderiam, com a ajuda e o feedback de algumas pessoas-chave, se transformarem em grande projetos, acarretando inclusive em promoção para si mesmo.

Seja onde for que isso leve, o talento é muitas vezes tolhido por motivos e medos que certamente não deveriam estar presentes. Michael Jackson teve um sucesso arrebatador, mas poderia ter feito muito mais com o talento que tinha.

Não deixe seu talento ser tolhido por medos e inseguranças bestas. Compartilhe suas idéias: seja expansivo, se exponha. Para quem não é um gênio como Michael era na música, talvez seja a diferença entre o sucesso e o fracasso. Afinal, ninguém vai colocá-lo numa vitrine se você não fizer sua parte.

Não morra sozinho, deformado e burro em sua empresa como Michael Jackson fez em sua vida.

Dr. Zambol
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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Vídeo - Os Oito Segredos do Sucesso

O vídeo dessa semana fala de Sucesso, mas apesar de ser intitulado de "Segredos do Sucesso", não há nada de secreto nessas dicas. Esperamos que vocês gostem.



Abraços da Tribo do Mouse(Jack, Reggie e Zambol)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Zona de Conforto

Júlio fechou a porta da sala, certificou-se que não tinha ninguém olhando, e deu um soco na parede. A mão doeu bastante, ele quis gritar mas aguentou a dor. Mais dois murros. Calma, mais um pouco os ossos quebram, pensou. Era isso ou ir chorar no banheiro. Não suportava mais. Fracasso em cima de fracasso nas última três semanas, coisa nova para ele. Tinha que fazer alguma coisa. Fugir, voltar para a sua zona de conforto, apenas agora entendera o significado dessa expressão. No outro dia chamou o seu chefe e a pessoa do RH.

- Não aguento mais. - Desabafou. - Quero voltar. Não nasci para liderar, meu negócio é continuar técnico. Sou um Gerente de Projetos medíocre, mas era muito bom na minha função anterior. Sinto que não estou contribuindo para a empresa como poderia.

É difícil argumentar com alguém nessa situação. Entre perder um bom funcionário porque ele não está satisfeito com o que está fazendo ou realocá-lo para sua antiga função, a resposta é óbvia. E foi o que o chefe e o RH concordaram em fazer. Pediram apenas algumas semanas para arranjarem outra pessoa para função, o que Júlio achou perfeitamente razoável. E o simples fato de uma mudança no horizonte próximo já o fez sentir-se melhor.

Mas então, veio a tempestade, uma mudança organizacional. Dois dias depois ele estava com um novo chefe e a pessoa do RH havia deixado a empresa. Ainda que o novo Gerente parecesse um sujeito legal ele não entendia muito do negócio e estava chegando novo no setor, precisando de todo o suporte disponível. E o segundo em comando naquela organização era justamente o nosso amigo Júlio, ansioso por abandonar o barco e voltar para sua posição técnica. Ele levou duas semanas para criar coragem e falar com o novo chefe a respeito. Mas quando finalmente conseguiu, a conversa foi mais ou menos assim.

- Olha, não sei se você está a par, mas combinei com o meu antigo chefe que estaria voltando para minha posição anterior. Comecei gerente de projeto há pouco mais de um mês e estou apanhando feito bicho. Não sou um bom gerente de projetos, mas era um bom desenvolvedor. Quero voltar a fazer o que fazia antes...

O novo gerente deixou Júlio falar, normalmente ele falava muito rápido, mas também sabia ouvir, coisa que Júlio achava rara nos gerentes da empresa.

- Olha, nos conhecemos a pouco, mas até agora não tenho reclamação nenhuma do seu trabalho. Talvez você esteja exagerando ou seja muito exigente consigo mesmo. O fato é que não vejo razão nenhuma para a mudança.

- Mas... - Tentou contra-argumentar.

- Ok, entendo o teu ponto, mas preciso de ajuda aqui também. Vamos fazer o seguinte. Me dá mais um mês, só mais um mês eu te peço. E se nesse meio tempo você mudar de idéia tudo bem, mas preciso do seu suporte por quanto tempo você aguentar, pelo menos até eu conseguir tocar as coisas sozinho. Ninguém conhece o setor melhor que tu

Era uma proposta justa, mais um mês.

- Tudo bem.

Incrivelmente o mês virou dois, que viraram seis. A verdade é que o trabalho tornou-se tão desafiador e ele estava aprendendo tanta coisa que o desconforto de não ter controle ficou em segundo plano. Depois de um tempo, percebeu que havia encontrado o seu caminho através de uma rota que jamais imaginara para si. O que mudou? Até hoje Júlio não sabe explicar ao certo, mas com certeza o fato de ter alguém apostando todas as fichas em você fez toda a diferença.

[]s

Jack DelaVega