sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Curtas das Férias


  • A foto acima é real. A placa estava fixada na parede do hotel que eu estava hospedado. Para não comprometer ninguém, distorci o rosto e apaguei o nome. Mas o que importa aqui é que essa simples placa não me deixou tirar o cochilo da tarde em paz naquele dia. "Funcionário Padrão do Mês". Que diabos é isso? Eles querem incentivar que as pessoas tenham comportamentos padrão? Será por isso que meu quarto, mesmo sendo em um hotel 5 estrelas, está mal conservado no padrão da idade do hotel (bem velho por sinal)? Será por isso que, mesmo estando no auge da era da informação eu ainda tenha que trafegar com papel de um lado para outro(e guardar todos os recibos até o fim para dar baixa) para qualquer requisição que eu queira fazer? Será também que é devido a isso que as chaves ainda são as de metais, comuns, e não aquelas codificadas e mais seguras? Afinal, isso iria sair do padrão atual - qual seria a motivação de alguém sugerir isso? Imagine esse prêmio na área técnica ou de vendas: "muito bem, João, você ainda está utilizando Visual Basic 2.0 dentro dos padrões da nossa empresa. Seu bônus será alto esse ano".

  • Se as ações da empresa X estão em 10 reais e baixam para 5, a queda foi de 50%. Para voltar ao valor de 10 reais, as ações terão que subir 100%, ou seja, o dobro percentual que teve na queda. A matemática é simples, mas não tinha parado para pensar que parte do meu dinheiro iria ficar enterrado por tanto tempo. Gostaria de ter feito essa "descoberta" fora das minhas férias. Diabos!

  • Talvez uma das maiores preocupações que tenho na vida é de ser demitido - não por incompetência, mas por qualquer mudança de rumo internacional ou crise financeira. Isso me tira o sono mesmo - de verdade. Sendo gerente de desenvolvimento off-shore, não sou exatamente estável como um juiz: qualquer mudança de custo ou de estratégia pode fazer meu cargo desaparecer. Nessas férias fui para João Pessoa. A Dra. Zamba, depois de se deliciar de um excelente almoço em uma cabaninha na praia de Coqueirinhos, falou calmamente: "você já viu que as pessoas vivem das coisas mais simples e, mesmo ganhando pouco, têm uma felicidade estampada no rosto?". Não, não tinha visto. Mas não é que é verdade? Isso me abriu a cabeça para uma verdade única: se acredito ser competente, mesmo que seja demitido no meio de uma crise financeira grande, onde o emprego na área de informática esteja escasso, ainda tenho todo o leque possível de qualquer outro empreendimento. Posso vender o carro, usar minhas economias, apertar o cinto e, se necessário, recomeçar. Pode paracer ridículo, mas essa simples constatação me tranquilizou no meio a esse quadro instável. Espero que sirva para você.

  • Em quase qualquer país do mundo (incluindo o Brasil), existe o crime por ação e por omissão. Quando ouvi o comandante do GATE dizer que não matou o suspeito porque se atirasse no Lindenberg (o seqüestrador que ficou 5 dias com a estudante que acabou assassinada) a imprensa ia dizer que a polícia é má e não dialoga, deveria ser processado por omissão resultando em assassinado. Nas empresas, como se bem sabe, a omissão é quase tão ruim como uma ação errada. É uma prática comum a responsabilidade por omissão - às vezes até levando a demissão. Por que não se usa a lógica ou se faz cumprir a lei?

  • Estou lendo um livro sobre educação. Ele diz que a grande maioria dos pais hoje em dia considera que criar os filhos é muito mais difícil do que era antes, devido a mídia, os jogos, o acesso facilitado às drogas e, principalmente, porque as crianças já não escutam os pais como antigamente. Leia o texto abaixo e tente adivinhar de quem é:


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As crianças de hoje amam a luxúria; elas são malcriadas, desafiam a autoridade; desrespeitam os mais velhos e adoram conversar durante os exercícios. As crianças de hoje são más, e não servas de seus lares. Elas não se levantam mais quando os velhos entram na sala. Elas contradizem os pais, conversam diante das visitas, devoram doces à mesa, cruzam as pernas e debocham de seus professores
"

Já sabe de quem é? Pense um pouco mais...


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Pois bem, o texto é de Platão - escrito centenas de  anos antes de Cristo.

Por que será que o ser-humano tende a sempre pensar que as coisas que ocorrem com ele são as mais difíceis e mais prejudicias?

Você nunca ouviu seu colega dizer algo como "só ocorre isso comigo" ou "tô sempre atolado de serviço - sou quem mais trabalha aqui".

Pois é... Até Platão caiu nessa.

Dr. Zambol
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