quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O Cozinheiro


Em "Força em Alerta", um filme pra lá de safado, Steven Segal interpreta, se é que podemos classificar o trabalho dele de interpretação, o Cozinheiro de um navio tomado por Mercenários querendo roubar uns mísseis nucleares para fazer a festa. O problema é que Casey Ryback (papel de Segal) é um ex-marine, casca grossa pra caramba, que resolve sair no braço com os duzentos mercenários, salvando assim o navio, a mocinha, os Estados Unidos e, por que não, o mundo.
*Nota: Para quem não viu esse filme, imagine Casey Ryback como uma mistura de Jack Bauer com Chuck Norris, pegando o pior dos dois.

Tudo bem que estamos falando de Cinema, onde tudo é possível. Mas digamos que eu aceite toda a cachaça de super-soldado que enfrenta um exército com a mão nas costas, a pergunta que não quer calar é:

Por que diabos Ryback resolveu virar Cozinheiro?

Num dia ele está na selva, caçando traficantes e matando javalis a dentada. No outro ele acorda e decide: Cansei dessa vida! Vou procurar alguma coisa mais tranqüila, quem sabe fazer crochê ou aprender culinária. Minha pergunta é se sujeitos como esse conseguem realmente se acomodar? É possível viver sem adrenalina? Será que ele encontra a mesma realização torcendo o pescoço das galinhas para o risoto do que no tempo que ele torturava terroristas? Será que não existe carreira em Y para boinas-verdes, o que levou Ryback a se perguntar se tudo isso vale a pena? Porque convenhamos, eu não acho que salário de cozinheiro seja tão diferente do de Boina-Verde. Se é para trocar seis por meia dúzia, que seja pela segurança então. E por mais arriscado que seja a profissão de cozinheiro na marinha, não é todo dia que temos um navio invadido por mercenários.

Levo essa discussão mais adiante, imagina o que sofre o chefe do Ryback. Como desafiar e motivar um sujeito assim. Seguinte Ryback, hoje você vai preparar o feijão, mas para fazer o toicinho você vai ter que caçar o porco na selva.

Tem sido um tópico recorrente dos nossos textos a questão: “Será que vale a pena?”. Seja para abrir uma pizzaria, trabalhar no serviço público, ou simplesmente morar na ilha do Lost, volta e meia cogitamos alternativas ao dia-a-dia sofrido do escritório. Mas, falando sério, será que pensamos mesmo nessas opções? Sinceramente, eu acho que não falamos sério. Eu conheço poucas pessoas que deixaram essa vida e olha que eu conheço muita gente talentosa que poderia fazer qualquer outra coisa no mundo. Não, guerreiros não se entregam assim. Só mesmo nos filmes, só em Hollywood.

[]s
Jack DelaVega