Manual do Empreendedor - eBook Gratuito

Dicas e Técnicas para você transformar suas idéias em um Empreendimento de Sucesso

Guia Especial - Gestão

Uma coleção de textos sobre tópicos fundamentais em Gestão nos dias de hoje

O Melhor do Humor no Escritório

eBook Gratuito que compila os melhores textos de humor de Jack DelaVega

Guia Especial - Planejamento de Carreira

Tudo que você precisa saber para fazer um bom planejamento de carreira e atingir os seus objetivos pessoais e profissionais

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Horizontes...

A imagem ainda é bem presente em minha memória...

O cara se muda pro meu cube e começa a pendurar um monte de fotos de viagens que ele fez na sua parte do cube. Algumas fotos eram de lugares bastante exóticos, alguns que eu sabia onde eram, mas que já havia visto em alguma revista de viagens. O cara parecia realmente "viajado".

Meu jeito non-sense de ser daquela época logo me fez chamá-lo e dizer:

- Oi, sou Ulisses, muito prazer.
- Oi, sou o Reginatto. João Reginatto.

Hmmm, pensei. O cara acha que é o James Bond. Depois de uma pequena pausa, continuei:

- Olha só, dessa linha para trás, é só .NET - dali pra frente, é Java - falei enquanto desenhava uma linha imaginária no chão. Naquela época existia uma grande rivalidade entre Java e .NET, e quis quebrar o gelo com um extremismo típico de um fanático.

Pouco tempo depois já havíamos criado uma grande amizade, que perduraria por muitos anos. Mas como o caro leitor deve imaginar, não foi a brincadeira da linha imaginária que definiu a amizade. Quando temos 2 anos de idade, basta morar no mesmo prédio que...pronto!...somos melhores amigos. Nada mais é necessário. Às vezes sinto saudades de quão fácil era ter amigos novos na infância.

Infelizmente, o tempo passa e a vida nos cria um monte de filtros, que faz com que selecionemos muito bem quem escolhemos como verdadeiros amigos. E foi pela demonstração de inteligência, profissionalismo e principalmente boa índole que o Reggie tornou-se um parceiro com quem partilho até hoje algumas empreitadas, como a Tribo do Mouse.

Dizem que o que marca uma amizade são as grande gargalhadas e as grandes dificuldades. Certamente tivemos uma dose muito maior da primeira do que da segunda, e posso dizer tranqüilamente que o fato da gente ter ficado no mesmo cube e depois, junto com o Juarez, ter criado a Tribo do Mouse, mudou a vida de todos nós. Posso me definir facilmente antes e depois da Tribo.

Filósofos falam que nada é por acaso e que tudo é parte do destino. Religiosos falam que coincidência é o apelido de Deus. Seja lá quem estiver certo, tenho certeza que o fato de sair dessa grande empresa não é coincidência, e sim o prelúdio de momentos de grande sucesso e que da mesma forma como deixou saudades aqui no Brasil, deixará lembranças e saudades na equipe da Inglaterra / Irlanda, da qual tive o prazer de trabalhar bem de perto no último ano (destaque para grandes nomes como o Tristan e o Steve M. - uma caricatura do gentleman inglês).

Boa sorte nessa nova empreitada!

Aos amigos leitores, fica uma mensagem: a saudade que deixa ou deixará no último emprego pode significar o tamanho do sucesso (ou do fracasso) de sua última empreitada. Será que as pessoas lhe contratariam novamente? Qual mensagem queres deixar? Como queres ser lembrado? Então comece hoje mesmo a agir da forma como deseja ser lembrado e respeitado.

Dr. Zambol
--

Mudança de Estação


Durante o meu processo de entrevistas para deixar a empresa recebi a mesma pergunta várias vezes:
- Mas como tu te sentes deixando uma empresa multi-nacional de renome para trabalhar em uma empresa menor?

Minha resposta foi sempre a mesma, quem me conhece sabe que não sou de me apegar a títulos, cargos ou status. O importante para mim sempre foi fazer parte de um projeto que eu acredite em uma posição na qual seja capaz de contribuir, da melhor maneira possível, para os resultados da empresa. Mas, passados quase dois anos dessa troca, de uma grande empresa, uma multi-nacional gigantesca, para uma nacional de médio porte, ainda recebo questionamentos semelhantes:
- Tu não te arrependeu da tua decisão? Não sente saudades?

São duas perguntas distintas, com duas respostas distintas.
Não, não me arrependi. Uma das coisas mais importantes para mim, pessoal e profissionalmente é continuar aprendendo e a mudança forçou o meu desenvolvimento em áreas que eu jamais imaginei trabalhar. Uma empresa menor é mais rápida, as decisões são tomadas em um piscar de olhos e projetos implantados em semanas. Hoje me sinto mais empreendedor na minha função e isso me traz muita realização.

A resposta para a segunda pergunta é sim, claro que sim. Passei praticamente dez anos de minha vida em uma empresa fantástica. Arrisco a dizer que foi lá onde defini o meu perfil profissional. Aprendi muito, muito mesmo. Fiz amigos, com os quais até hoje compartilho outros projetos, vide a Tribo do Mouse. É impossível não ter saudades de todo esse tempo bom vivido lá.

O texto dessa semana do Reggie me tocou, mais do que por sermos amigos, pelo fato de termos vivido experiências semelhantes. Nunca é fácil deixar a empresa que se trabalha, independente das razões do ocorrido. O ser humano não lida bem com a mudança, faz parte da nossa natureza. Simplesmente porque mudança implica no fim de algo, e não gostamos que as coisas acabem. Fiquei pensando no que dizer para ele no dia de hoje, e lembrei que já disse. O trecho abaixo é de um texto publicado no aniversário de um ano da Tribo e fala da minha primeira impressão a respeito dele:

" O cara era tímido, tinha tatuagens e cavanhaque. A primeira coisa que se passou na minha cabeça foi:
- Quem diabos usa cavanhaque nos dias de hoje?
Mas será que todos os caras de TI não são assim? Eu, por exemplo, sou tímido pra caramba, só que finjo bem. Quanto as tatuagens, eu normalmente não teria reparado, não fosse o comentário do meu chefe alguns dias antes.
- Ele é um cara bem quieto, que tem umas tatuagens e usa uns anéis estranhos. Mas tenho certeza que tu vai gostar dele.
Ele estava certo, pelo menos em relação a segunda parte.
Nesse caso em particular não era uma contratação, porque o cara estava sendo transferido de uma outra área. Ou seja, eu não tinha a opção de recusá-lo.
O sujeito não demonstrava a que veio. Parecia ser inteligente, parecia entender do que falava, mas mais do que tudo, parecia não demonstrar o quanto sabia. Não demorou muito para eu descobrir que ele era sim, muito mais do que aparentava. "


Reggie, sorte e sucesso na sua nova jornada.


[]s
Jack DelaVega


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ciclos


Nunca fico confortável em usar esse espaço para algo pessoal. Mas essa semana é diferente, não há como fugir. Estou encerrando um ciclo da minha carreira, e um ciclo importante. Sexta-feira é meu último dia como funcionário da Dell. E para um blog que fala sobre carreira, empreendedorismo e gestão, não há como deixar essa ocasião passar em branco.

O ano era 2004 e eu recém havia retornado de uma tentativa frustrada de mudança para a Europa. Meu pai tinha sido diagnosticado com uma doença terminal e não me parecia fazer sentido ficar vivendo uma aventura no velho continente enquanto eu podia ser mais útil junto à família. Nada mal para um obstáculo em um planejamento de carreira, não? Após um par de meses trabalhando com grandes amigos em Porto Alegre, a Dell me ofereceu um emprego e aquela me pareceu uma oportunidade para colocar o plano nos trilhos novamente. Graças ao meu grande amigo João Piaguaçú, eu estaria embarcando em uma jornada que acabaria por definir o profissional e a pessoa que sou hoje.

Não consigo começar a estimar o quanto aprendi nesses últimos 5 anos e meio. Para o bem e para o mal - é assim em qualquer lugar. Tivemos os nossos desentendimentos, os nossos conflitos de visão, as nossas rusgas. Mas vou sempre cultivar um enorme respeito por essa organização. Em grande parte devido às pessoas que ali encontrei e me relacionei. Grandes amigos como o Rattay, o Igor, o Rudra e o Neuwald, que me acolheram de imediato. Profissionais de altíssimo gabarito, além de grandes pessoas, como a galera do "chão de fábrica" que encontrei no time do Juarez (ele inclusive): Ulisses, Demartini, Franco, Paulão, Zago, Márcio, Panato, e outros muitos que irão me perdoar a omissão. Os churrascos da diretoria, os papos com a dupla KaA e KaE. Todos os líderes que tive, os quais vou concentrar a homenagem no nome do Cristal. E o Quijano, pelo espírito totalmente fora da caixa, que acabou me permitindo essa experiência maluca aqui na Irlanda. Depois teve o pessoal daqui, mas vou omiti-los pois diferentemente do pessoal da Dell Brasil eu poderei tomar umas e outras com eles de vez em quando. Além disso eles não falam português então não ia adiantar de nada.

Há algum tempo atrás eu escrevi aqui na Tribo um post chamado "Meu Último Dia no Trabalho", onde eu narrava o dia de um profissional vivenciando esse dia especial. A crônica acabou sendo selecionada para o nosso livro, então se você quiser ler vai ter que comprá-lo. Mas acho que acertei na mosca quanto ao sentimento. Deixo aqui com vocês o último trecho daquele texto:

"Desço as escadas. Peito aberto, cabeça erguida. Saio pela porta da frente examinando cada detalhe, cada cor, cada cheiro que fez parte da minha vida nos últimos anos. Por incrível que pareça, acho que sentirei falta. Sinto o coração apertar. Paciência. Vou para casa descansar. Semana que vem começa tudo de novo."

Desejo todo o sucesso a essa organização, e principalmente aos meus amigos e colegas que ali permanecem. Os ciclos se encerram, mas outros se iniciam. Semana que vem, os sonhos já voam alto novamente, com perspectivas ainda mais inspiradoras.

Reggie, the Engineer.
--

Dedicado à memória de meu pai, Sergio Reginatto.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Lições de um Pipoqueiro - Reedição

Todos nós sabemos que é preciso dar aquele passo a mais para fazer a diferença, para nos destacarmos na multidão. Certo, falar é fácil, mas às vezes nos perdemos nas verdadeiras ações necessárias para tal façanha.

E é exatamente isso que gostaria de falar hoje. Valdir Novak, que começou como bóia-fria e motorista de estacionamento, tinha uma ambição: ser um pipoqueiro de classe, o melhor que se pode encontrar. Depois de brigar com a burocracia tupiniquim por mais de três anos, finalmente conseguiu uma licença da prefeitura para operar seu prório carrinho de pipocas.

De posse da licença, largou o carrinho alugado que tinha e deu asas ao seu sonho. Fixou seu carrinho na praça Tiradentes, em Curitiba, e começou a inovar.

Sabendo que a higiene é um fator muito importante para um vendedor de rua, principalmente quando trata-se de comida, criou um uniforme com o nome do dia da semana estampado no bolso da frente. A idéia é simples, mas o resultado é fantástico. Ele demonstra que não usa o avental dois dias seguido. Pode-se até dizer que isso não garante higiene alguma - e realmente concordo - não garante nada. Mas a sensação de higiene que passa aos clientes é bem grande, simplesmente pela preocupação de ter confeccionado um avental para cada dia da semana (e de mantê-los limpos, é claro).

Valdir não parou por aí. De olho nas necessidades de seus clientes, decidiu criar o kit higiene. Nele, estão incluídos um guardanapo, um palito e uma balinha de hortelã. Valdir não está preocupado apenas na venda imediata da pipoca, mas sim com a aparência e conforto de seus clientes - o que no fim acaba aumentando diretamente...a venda de pipocas. Sim, é simples, mas nunca vi um pipoqueiro se preocupar se eu iria ficar ou não com uma maldita casquinha de pipocas entre meus dentes.

Aos poucos os clientes de Valdir foram aumentando, momento quando começou a se preocupar com a fidelidade e o fluxo de caixa. Para aumentar a fidelidade, criou um plano que dá um pacote de graça a cada cinco comprados. Mas não pára por aí. Também procura conhecer seus clientes pelo nome e, além de simpático, é bastante político, sempre procurando almoçar em restaurantes nas redondezas, onde sabe que vai encontrar sua clientela. Para melhorar o fluxo de caixa, decidiu criar o pacote "dúzia de dez": o cliente paga dez pacotes adiantado e tem direito a doze pacotes.

Por fim, ciente que vive no século XXI, criou um site: Pipoqueiro Valdir. Lá, você encontra, além de receitas de pipoca, depoimentos de clientes satisfeitos e seu contato para palestras de empreendendorismo e motivação.

Pelo jeito, Valdir tem motivos de sobra para alegria: “Ah, todo dia eu tô de bom humor. E o segredo pra isso é a gente olhar pra trás. Se a gente olhar pra trás, vai ver que tem gente muito pior que a gente. Eu tô com saúde, tô trabalhando, minha família não tá passando necessidade… então, é só alegria! Dessa forma a gente supera as dificuldades! Tô sempre com o sorriso no rosto porque eu sempre digo que o sorriso é a menor distância entre duas pessoas. E pra eu ser um pipoqueiro eu tenho que estar feliz!”.

A comparação da história de Valdir com o mundo corporativo é mais do que direta:
- Não importa o ramo que você esteja, se você é dono do seu próprio negócio ou empregado. Oportunidade para inovação sempre existe. O processo de inovação nunca é simples, pois provavelmente ou ninguém pensou ainda nisso ou ninguém acredita que funciona. Certamente Valir deve ter sido desacreditado no seu plano de melhor pipoqueiro do mundo.
- A qualidade do produto que você oferece não é nem de longe a única coisa para se preocupar, pois várias pessoas podem oferecer produtos similares, Agora, oferecer um kit-higiene, que deixe o cliente feliz e despreocupado em usufruir do seu produto, é um diferencial que poucos podem ter. Em ambientes de escritório, seu produto é sua mão-de-obra e sua capacidade intelectual. O kit-higiene do seu Valdir é o seu diferencial, que faz com que as pessoas queiram trabalhar com você sempre, que lhe busquem em qualquer lugar. É geralmente um somatório de fatores como bom-humor, lidar bem com ambiguidade, necessitar de pouca ou nenhuma supervisão e atitude de resolução e não de questionamento entre outros.

Nenhuma pessoa deveria sair de casa sem saber o que é seu kit-higiene, pois se misturará com milhares de carrocinhas paradas na esquina. Lembre-se: o ambiente de escritórios é fosco, um pequeno brilho pode, e realmente chama, muito a atenção.

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Liderança, Poder e Influência


Pegamos um café e sentamos para conversar na lancheria. Uma das coisas boas de se morar nos Estados Unidos é que o café do Starbucks é servido em copos de no mínimo 300ml, ou seja, dá para bater um belo papo enquanto se toma um "cafezinho". O lado ruim é que o café é um porcaria, mas como tudo na vida, a gente acostuma.
- E como tem sido com a equipe nova? - Perguntei.
- Eles ainda estão com um pouco de dificuldade de aceitar a minha liderança, sabe como é, ser promovido de dentro do grupo não é fácil.
- Não é mesmo, por mais que a gente pense que as coisas continuam as mesmas, elas sempre mudam.
- Verdade, minha preocupação agora é tentar impor a minha liderança, mostrar para o grupo quem está no comando.
- Devagar aí, essa frase tem vários pontos errados.
Ele me olhou confuso:
- Como assim?
- Deixa eu esclarecer alguns conceitos antes de prosseguir. Em essência, liderança é a influência que exercemos sobre os outros. Mas para que isso funcione é preciso que você tenha poder.
Ele começou a rir.
- Poder, como nos filmes de super-herói?
- Exatamente, lembra do Homem-Aranha? "Com Grandes Poderes vêm Grandes Responsabilidades", é mais ou menos por aí. Um bom líder precisa conhecer as diferentes fontes de poder e saber atuar sobre elas. São cinco as formas de poder:
  • Poder Legitimado: Relacionado a posição, também chamado de Autoridade. Por exemplo: um Juiz Federal tem determinada Autoridade, mas esse poder está ligado a posição e não a pessoa.
  • Poder de Recompensa: É o poder que alguém tem de recompensar as ações de outro indivíduo.
  • Poder Coercivo: É ou outro lado do poder de Recompensa, nesse caso é o poder de aplicar ações punitivas em alguém.
  • Poder de Especialista: Se baseia na experiência e competência que um indivíduo detém em determinada área.
  • Poder de Referência: É exercido por alguém que respeitado por sua personalidade e ações. 
- Se você prestar atenção, as três primeiras formas, Poder Legitimado, de Recompensa e Coercivo são relacionadas a posição. Ou seja, dizem respeito ao cargo que a pessoa ocupa. Já o poder de Especialista e o de Referência são vinculados ao indivíduo.
- Entendi, os primeiros são poderes delegados e não conquistados ou desenvolvidos.
- Exatamente, você já entendeu como a coisa funciona. Gerentes e Executivos naturalmente gozam de poderes relacionados a posição. O pulo do gato é desenvolver pelo menos um dos outros dois poderes ao exercer uma posição de liderança. Lembre dos grandes chefes que você teve, quais tipo de poder eles possuíam?
- Os dois últimos, com certeza.
- E quantos gerentes você conhece que baseiam a sua influência apenas nos poderes relacionados a função? O quão efetivo esses gestores são?
- Nada efetivos, são justamente aqueles que o grupo fica perguntando como chegaram lá.
- Então, que tipo de gerente você quer ser? Quer impor ou conquistar a liderança do grupo?
- Preciso responder?
- Claro que não Joven Padwan. Deixa que esse café fica por minha conta.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Grandes Executivos - Nem Tudo É Como Parece


O ano é 2010. O mês é Janeiro. Como em mais uma manhã eu acompanho as notícias no Twitter. Me chama a atenção uma notícia sobre a troca de executivos em uma grande empresa no Brasil.

Ah, os grandes executivos... Figuras fascinantes essas, não?

Aquele cara de meia-idade (sim leitoras, infelizmente a imagem que temos quase nunca inclui mulheres), paletó-e-gravata, cabelo bem acertado, barba bem-feita. Aquele sujeito que madruga cedo da manhã todo dia, toma um café da manhã saudável - ovos, torrada com geléia e suco de laranja, provavelmente, e parte para o escritório, onde com certeza ocupa uma cadeira de espaldar alto de couro em frente a uma escrivaninha de madeira de lei. Nem preciso falar da vista. Basta ao grande executivo girar suavemente o assento de sua real cadeira para deparar-se com um dia ensolarado iluminando um cenário como a 5a Avenida, a praia de Copacabana ou a Tower Bridge (sim, para um grande executivo mesmo Londres tem dias ensolarados).

Claro que antes de chegar efetivamente no escritório, o grande executivo já fez a sua dose de exercício diária. Êta gente saudável essa. Com certeza ele correu, porque o esporte dos grandes executivos é corrida. Executivo que não corre não é executivo. Quarenta minutos de corrida pela manhã, na academia do condomínio ou fora - aí fico em dúvida, mas não importa.

O dia de trabalho é longo, 10 horas é bobagem. A rotina é corrida, entre reuniões importantíssimas em longas salas acarpetadas e visitas a unidades de negócio e clientes. Me lembra a rotina de um membro de família real. Tudo muito importante, tudo parte de uma rotina fundamental para a corporação. No final de cada dia de trabalho, esse super-herói da vida no escritório volta para o seu lar, onde a sua linda família o espera para um suculento jantar. A esposa, os três filhos e os cachorros de raça. Claro, o grande executivo ainda encontra tempo para um cálice de vinho do Porto, uma baforada de charuto (não todo dia, pois faz mal) e uma leitura de alguma obra literária "cult" em sua biblioteca particular - à meia-luz, obviamente.

A cada final de mês o grande executivo recebe o seu gordo contra-cheque. Nada mais merecido afinal sua devoção à causa é total. Felizmente ele encontrará ao final de sua jornada - quando ainda estiver em plena forma física, uma pacata e merecida aposentadoria. Ele então aproveitará mais o tempo com a esposa e os filhos já crescidos, jogando golfe e tomando sol.

Dá ou não dá vontade de ser um grande executivo? O cara tem que se esforçar, mas a vida é boa. Ou não?

Corta para a realidade. O ano é 2010, o mês é Janeiro, e o grande executivo é Mário Anseloni, ex-presidente da HP Brasil. Como todo grande executivo, a sua saída de uma das maiores empresas de TI do Brasil e do mundo gera muito burburinho no mercado.

Até aí nada de novo. Eu aqui pensando se o Mário corre o quilômetro abaixo de 5:00'' ou não, pela idade dele, sei lá. Mas então me deparo com o site da revista Exame, onde os comentários para a reportagem que discorre sobre a saída dele da HP Brasil estão abertos ao público (link no final do post). Rá. Surpresa. Os ex-comandados de Mário parecem não ter esquecido dele, e enchem o site da revista com exclamações como "já vai tarde", ou "só chegou aqui porque era apadrinhado", e outros que-tais.

Um a um os balõezinhos imaginários que circundam a minha cabeça com a imagem de Mário, um grande executivo, vão estourando. Não o conheço e não tenho como dizer se os comentários a respeito dele são verdadeiros ou não. Mas a essa altura a imagem do grande executivo já está desfeita. Ele também é de carne e osso, também faz besteira, vai ver nem come pão com geléia no café da manhã - no máximo um Nescauzão. Vai ver nem corre na esteira pela manhã, deve ser adepto de uma pelada na quadra de salão da Igreja do bairro.

Corta para a realidade novamente. Tenho que parar com essa figuração sobre grandes executivos. Nem tudo é como parece.

Reggie, the Engineer.
--

Leia a matéria no site da Revista Exame com os comentários sobre a saída de Mário Anseloni da HP do Brasil.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Reflita Antes que Seja Tarde Demais

O ano começou faz poucos dias (embora há quem diga que o ano no Brasil só começa após o carnaval). Se você não aproveitou nem a virada do ano para rever alguns valores e ratificar outros, saiba que alguma coisa está muito errada. Não que isso seja obrigatório, mas a virada do ano é um dos maiores marcos para reflexão - simplesmente por ser um dos mais fáceis. Rever valores uma vez por dia é coisa de santo. Não que eu não queira ser santo, mas deve ser muito chato ser santo hoje em dia. Rever valores uma vez ao mês requer uma certa disciplina. Embora seja minha meta, muitas vezes não consigo pela atribulação do dia-a-dia.

O ano representa o período mínimo que devemos pensar em nós: analisar o que está bom e o que está ruim; se você é feliz ou não; o que devemos fazer para melhorar e o que devemos manter. Lhe convido ao menos a parar para ler esse post e refletir um pouco sobre sua vida. Pare, leia e reflita. Dê essa chance para você.

Ei! Parar significa parar de ouvir música e fechar o vídeo do YouTube rodando no vídeo do lado, ok?

Pois bem, não sou budista, mas admiro muito Dalai Lama. Ele fala que a felicidade e o contentamento estão ficando cada vez mais difíceis de serem alcançados, embora sejam a meta de todos. E que sim, espiritualidade e o mundo empresarial se misturam - e muito! Veja algumas dicas sensacionais desse fantástico líder, que podem ser encontradas no seu livro Liderança para um Mundo Melhor.

  • Auto-confiança é o maior tesouro de um líder. Embora muitos pareçam auto-confiantes, por dentro estão inseguros e não têm certeza do que estão fazendo. Auto-confiança significa tomar decisões bem embasadas que levam em consideração todos os elementos envolvidos.
  • Visão e Conduta Corretas. Grandes líderes pensam sobre como suas decisões afetarão a ele mesmo e a todos a sua volta. Ele deve ter certeza que sua motivação é genuína e não influenciada por sentimentos de insegurança, raiva, medo ou ressentimento.
  • A Forma Correta de Fazer Negócio é Centrada na Ética. Escândalos destroem a vida de uma empresa e de uma pessoa. Muitos executivos seduzidos por dinheiro acabam por destruir suas empresas por tratar mal seus funcionários, criando um ambiente corporativo insalubre e inseguro. Tomar decisões que tornem seus funcionários e parceiros felizes é a única forma de vencer no longo prazo.
Mas a maior de todas as dicas é a busca pelas "Seis Perfeições", que todos os seres-humanos devem praticar - especialmente os líderes.
  • Generosidade. Generosidade significa dar crédito para as pessoas e enfatizar o trabalho em time. Líderes respeitados são geralmente modestos sobre suas façanhas e não possuem a necessidade de riquesa, poder e fama.
  • Disciplina Ética. Dinheiro e influência não são necessariamente ruins se você os adquire honesta e eticamente.
  • Paciência. Somente aqueles que possuem esse skill desenvolvido lidam bem com a adversidade e a crítica. Paciência significa manter a compostura quando confrontado com raiva.
  • Esforço Entusiástico. Líderes que são realmente comprometidos com suas metas e ideais tendem a ser enérgicos e apaixonantes, passando essa paixão e entusiasmo a todos a sua volta.
  • Concentração. Concentre-se para resolver um problema, mesmo que tenha vários. Não ligue para erros e falhas passados e ameaças futuras. Pense no presente.
  • Sabedoria. Reconhecer e seguir a "Visão e Conduta Corretas", respeitando as pessoas a sua volta, sempre levando em consideração as conseqüências das ações que você tomou e tomará hoje.

Tente focar nas seis perfeições durante 2010. Se for muito, escolha uma ou duas e trate-as com carinho, sempre pensando se está de acordo com aqueles valores.

O pior que pode acontecer é no fim do ano você ser uma pessoa melhor.

Um grande 2010 para todos nós, repleto de sabedoria e felicidade.

Dr. Zambol
--

Que venha o Sol


O sol estava de rachar e a temperatura beirava os quarenta graus, tudo que os banhistas queriam durante o feriado de Ano novo em Balneário Camboriú. Quente demais para o meu gosto, mas não sou parâmetro. Na subida do morro para a praia Brava um sorveteiro pedia carona. O suor escorria da cabeça calva do sujeito, já castigada pelo sol. Minha cunhada se compadeceu e resolveu parar. Dentro do carro a conversa foi mais ou menos assim:
- Calor hein Tio? Deve ser dureza trabalhar com um sol desses.
O homem sorriu e respondeu:
- Que nada, não podia estar tempo melhor. Quanto mais calor, mais eu vendo sorvetes.
- Mas na praia Brava não tem nenhuma árvore, aqui pelo menos o senhor pode ficar na sombra dos prédios.
- Melhor ainda, lá na Brava que é bom. O pessoal aqui que fica na sombra dos prédios não sente tanto calor e não compra tanto sorvete. Se dependesse de mim, mandava tirar todos os prédios da beira da praia.

Ao deixarmos o picoleiro no outro lado do morro eu fiquei pensando que o Abílio Diniz deve ter um pensamento parecido. Enquanto todos anunciavam o final do mundo em 2009 (que deve ficar mesmo para 2012), ele comprou o Ponto Frio e na sequência as Casa Bahia. Crise? Ele deve dar risada quando alguém fala disso. Realmente, as oportunidades estão aí para os que sabem aproveitá-las.

O fato é que, se depender das previsões, 2010 deve ser um ano de praias ensolaradas e calor de quarenta graus para todos os sorveteiros desse país. O que vai fazer diferença é a maneira com que  cada um encara essas oportunidades. Ralar ao sol ou ficar encostado na sombra de um prédio é a decisão que deveremos tomar. Para os acomodados de plantão vão continuar existindo as desculpas fáceis, como no artigo que encontrei na Internet um dia desses, intitulado "As 12 Razões para Não Vender", sabe qual é a primeira? Janeiro.

Mas, para fazer de 2010 um grande ano três coisas são necessárias:
1. Postura: Ficar sentado ou Arregaçar as mangas e enfrentar o mundo. Tem uma frase de Thomas Jefferson que sintetiza esse pensamento: "Quanto mais duro eu trabalho, mais sorte eu tenho"
2. Objetivos: Já diz a velha máxima: De nada vale um mapa para que não sabe onde quer chegar. Trace os objetivos a serem perseguidos e acompanhados ao longo do ano.
3. Planejamento: Objetivos sem planejamento viram conversa de botequim. Um bom plano deve se desdobrar em ações concretas, com metas e acompanhamento.

Finalmente, vale ficar atento, pois, os anos de bonança são tão perigosos quanto os de crise para empresas e pessoas. A pergunta que temos que responder é a seguinte: Estou surfando ao lado dos outros essa onda de prosperidade ou me destacando por minhas próprias braçadas? Para não ficar na dúvida a saída é sempre nadar o mais rápido que se pode.

Um grande 2010 para todos nós.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Em 2010, faça algo diferente!


Estamos de volta! O ano novo já está aí com todo o gás. Mas o Big Brother Brasil ainda não começou, o que significa que ainda dá tempo para trabalhar nas resoluções para 2010. Você que não está na praia curtindo o verão larga em vantagem (o ano para aquele pessoal começa apenas depois do Carnaval, não é?), e com a ajuda de algumas sugestões desse post tem tudo para fazer de 2010 um início memorável para a década que se abre.

Então vamos a algumas sugestões de resoluções para o ano novo. Mas nada parecido com as tradicionais "fazer academia", "parar de beber Coca-Cola" ou "trocar de carro".

1 - Faça algum trabalho voluntário - Dar e receber somente acontecem aos pares, então faça a sua parte e ofereça ajuda a alguém sem nenhum interesse. Mas não faça só figuração, como aqueles seus colegas que alistam-se nas iniciativas voluntárias da empresa apenas para aparecer na foto. Faça algo real, uma ação voluntária que seja no ano. Pode ser algo simples como ajudar a pintar uma escola ou mesmo algo mais grandioso como alistar-se à Cruz Vermelha e ajudar as pessoas assoladas por desastres. Nada melhor para aprender a ajudar as pessoas sem esperar nada em troca, para simplesmente escutar sem preocupar-se em dar uma resposta inteligente. Para mudar o valor que você dá à prestação de um serviço.

2 - Visite uma outra cidade / outro país - Muito tem se falado sobre criatividade e inovação, mas na prática, o que você pode fazer para tornar-se mais criativo? Pois saiba que existe uma coisa muito simples ao seu alcance: levantar da cadeira e sair para conhecer o mundo. Proponha-se a visitar uma cidade nova nesse ano novo, de preferência em um novo país. Você vai voltar com um punhado de novas idéias sobre como as coisas poderiam ser. Coisas bobas como perceber que na Europa os supermercados cobram por sacolas plásticas de compras, ou que nos Estados Unidos não existem frentistas em postos de gasolina podem lhe ajudar a ver o mundo de outra forma.

3 - Dê uma palestra - Você é capaz de falar para uma platéia média durante uma hora sobre algum assunto interessante, sem que as pessoas durmam ou joguem tomates e ovos? É uma boa maneira de avaliar o seu valor no mercado de trabalho. Proponha-se a palestrar sobre algum assunto em 2010, seja na sua empresa, seja no curso de inglês ou naquele programa voluntário que você acabou de se inscrever. Leve a sério, desenvolva a sua capacidade de comunicação, assista a vídeos de discursos famosos no YouTube e inspire-se. Você conseguiria fazer igual? Conseguiria mover uma multidão e fazê-los seguir o que você afirma?

4 - Aprenda algo novo - Em 2010, qual novo hobbie você vai adotar? Qual instrumento musical você vai aprender a tocar? Qual esporte novo vai praticar? Qual tecnologia nova vai utilizar? Mas estou falando de levar esse algo 'novo' a sério, e aprofundar-se, especializar-se, a ponto de ser capaz de ensinar os outros. Não vale fazer um check nesse item se você vai se inscrever naquela pós-graduação picareta de MBA em Twitter. Tem que ser algo que você aprenda por conta, que exija de você real dedicação. Dessa forma você vai aprender a aprender, vai entender como funcionam os seus interesses, seu ritmo, sua disciplina.

5 - Suba uma montanha - Não estou incentivando ninguém a escalar o Everest, mas faça algo esse ano um pouco além dos seus limites físicos e mentais - ou pelo menos do que você acha que são seus limites. Subir uma montanha é um bom exercício, tanto físico, quanto de motivação e concentração. Escolha uma trilha que exija 100% da sua atenção, ou então faça um trajeto mais fácil sozinho. Aproxime-se da natureza, entenda o quão insignificante você é dentro daquele contexto. E claro, comemore o feito com uma boa cerveja e fotos no Orkut / Facebook.

Um bom 2010, cheio de realizações!

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
--