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terça-feira, 31 de maio de 2011

Entrevista com Sidnei Oliveira

Pessoal:

Conversei essa semana com o Sidnei Oliveira. Para quem não conhece, o Sidnei é Consultor, autor e palestrante, expert em Geração Y e desenvolvimento de Jovens Talentos. Formado em Marketing e Administração de Empresas, autor de vários livros sobre Liderança e Administração, além de consultor, atuando em empresas como a Vale, Petrobras, Gerdau, Lojas Renner, TAM, entre outras. Ele é provavelmente uma das pessoas que mais entende de Geração Y do país. Segue abaixo a primeira parte da nossa entrevista. Vale a pena não apenas para os integrantes dessa nova geração, mas também para os que trabalham e convivem com eles.

Muito se fala das características da geração Y, tais como: expectativas altas com relação à carreira, baixa identificação com a própria empresa. É isso mesmo ou existe certa falta de informação sobre esse grupo?
Existem muitos estereótipos que são atribuídos aos jovens da geração Y e isso sempre gera distorções. Vivemos um tempo de redefinições nos modelos das relações profissionais e é justamente esta geração que encabeça estas transformações. A carreira tradicional, baseada em uma escalada vertical já não é mais uma realidade fácil de se encontrar nas organizações e evidentemente a carreira horizontal, baseada em projetos e desafios, ganha espaço entre os profissionais.
Nesta hora é observada uma alta expectativa por desafios que ajudem o jovem a se desenvolver e um evidente foco em sua própria carreira e não mais nas diretrizes das empresas.

Existem diferenças entre a Geração Y nos Estados Unidos e no Brasil? Quais?
Em um mundo globalizado e extremamente conectado é cada vez mais difícil identificar diferenças significativas entre os jovens nos diferentes países e culturas. Os movimentos que surgem em um lugar, rapidamente são disseminados em outros através da internet. As diferenças ficam restritas essencialmente ao padrão econômico que possibilita acesso as inovações e ao modelo educacional que ocorre com maior velocidade nos Estados Unidos do que no Brasil. 

Um artigo recente do New York Times menciona que o maior problema para encontrar jovens programadores no Vale do Silício é que eles não querem trabalhar para o Mark Zuckerberg, eles querem ser o novo Mark Zuckerberg. Você acredita que essa nova geração é mais empreendedora?
Sim. Ser empreendedor é parte das expectativas de qualquer jovem. As inúmeras possibilidades e as referências de casos de sucesso como o do Facebook incentivam este processo. O que ocorre também é que, diante de um mercado profissional muito competitivo e que mantém profissionais mais veteranos e experientes disputando espaço com os jovens, empreender é uma alternativa muito interessante para qualquer profissional.

E o tal “Conflito de Gerações”? Existe mesmo? Como lidar com ele?
Infelizmente é uma circunstância inevitável. Os profissionais da Geração X, que entraram no mercado profissional há 30 anos percebem que, como o aumento da expectativa de vida, o contrato profissional precisou ser refeito e estes veteranos agora buscam manter-se produtivo por mais tempo e diante das capacidades técnicas dos jovens, vemos estes profissionais se re-qualificando em cursos e Mbas. 

A Geração Y, por outro lado, chega ao mercado de trabalho sob a forte pressão por qualificação e com praticamente nenhuma experiência profissional, mas com uma energia e sede de inovação e experiência jamais vista. Os jovens querem espaço para colocar em prática todo conhecimento que acumulam.
Este cenário é um ingrediente poderoso para o conflito, uma vez que coloca em lados opostos os interesses de cada grupo de profissionais.
As empresas já identificaram este processo e muitas já buscam reverter este processo promovendo o encontro de gerações através de workshops e oficinais de conscientização. 

A Geração que está entrando hoje no mercado de trabalho está encontrando um cenário único de pleno emprego. Como você o impacto disso no comportamento do jovem profissional?
O pleno emprego é um paradoxo, pois há vagas e há candidatos, mas não acontecem as contratações por falta de qualificação. Isso é muito incomum, pois esta é a geração mais qualificada, ou exposta a qualificação, de todos os tempos no Brasil, contudo falta justamente a qualificação tácita, que somente pode ser alcançada através da exposição aos desafios. Isso é chamado de experiência e classifico que realmente é o principal objetivo dos jovens.

Em seu último livro, você levanta questão: Ser Potencial ou Talento? Quais são as competências e comportamentos daqueles que efetivamente transformam seu potencial em talento?
Creio que existem algumas competências que o jovem precisa desenvolver com mais intensidade para ser bem sucedido em suas escolhas:

Paciência e Estratégia
 - o jovem deseja e pede feedback de todas as suas ações, contudo esta busca de reconhecimento constante, afeta seu desempenho e seu foco nos objetivos, principalmente quando ele desenvolve com impaciência.

Foco em Inovação - buscar a mudança é uma característica desta geração e um de seus principais instrumentos são os questionamentos, conduto se isso ocorre sem uma estratégia na forma de apresentar suas perguntas,  é possível que os questionamentos sejam confundidos com confrontamentos, que bloqueiam qualquer possibilidade de mudanças e inovações.

Resiliência - muitas vezes considerada destrutiva nas organizações, uma vez que coloca dúvidas sobre modelos e padrões estabelecidos. Esta expectativa precisa ser entendida, não como uma liberação insana e irresponsável, mas sim, como uma busca de flexibilização, cuja melhor manifestação é a informalidade.

Foco em Resultados 
- esta geração tem foco em resultados desde a primeira vez que aprendeu a brincar com videogames. Os jovens gostam de saber seus resultados e  gostam de compartilhar. A armadilha se instala quando a competitividade destrói os valores e os resultados são alcançados no melhor estilo CQC (custe o que custar).

Que conselho você daria para quem está se lançando agora ao mercado de trabalho?
Diria para eles que há desafios novos para cada geração de jovens que entram no mercado de trabalho. O maior desafio da Geração Y é conviver e conquistar a experiência dos jovens veteranos que dividem o mercado de trabalho com eles. Contudo é vital ser estratégico. Costumo dizer aos jovens que, mesmo no mercado de trabalho com muitos veteranos, a fila anda, mas é preciso estar na fila para usufruir disto.
Na semana que vem vamos publicar a segunda parte da entrevista. Para quem quiser conhecer mais do trabalho do Sidnei, fica a dica último livro dele, recém lançado: Série Geração Y 2 - Ser Potencial ou ser Talento - Faça por Merecer 2011.  Mais informações no site do autor.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quando a ambição atropela a aprendizagem

Com nossa necessidade constante de autoafirmação, nos acostumamos a levantar certas bandeiras e por elas lutar até o fim. Competimos para vencer, questionamos para transformar, lutamos porque...porque gostamos de lutar. Mas quando só se enxerga o destino, a trajetória parece insignificante e os meios para chegar até lá passam a não ter mais critérios. Nesta hora, ambição e ética entram em conflito e os princípios os quais você realmente luta, começam a aparecer.

A ambição é uma faca de dois gumes e precisamos saber direcioná-la para que se torne um combustível e não um veneno. Falar de ambição sem falar de ética é como começar a montar a composição deste veneno e estar a um passo de viver sob a lei da selva, lutando diariamente pela sobrevivência e não pela evolução da espécie.

Cada etapa de nossa jornada profissional virá acompanhada de obstáculos e aprendizagens. Tentar encurtar o caminho ou pular alguma dessas etapas, possivelmente nos livrará de certas dores de cabeça, mas também deixaremos de aprender. E acredite, uma hora esta informação faltante baterá à nossa porta pedindo satisfações. Por isso, é preciso aproveitar a jornada e deixar que as oportunidades apareçam quando estivermos prontos.

Quem disse que precisamos enxergar toda escada? Subamos o primeiro degrau com fé e ao topo saberemos que, se fosse possível, viveríamos tudo novamente.

Beatriz Carvalho

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Recursos Vitais

O velho me contava que trabalhou para o Elie Horn, o dono da construtora Cyrela, um dos homens mais ricos do Brasil.
- Certa vez, durante uma reunião de trabalho, Horn começou a me falar sobre os seus “Recursos Vitais”.
- Recursos Vitais?
- São aqueles profissionais críticos para a sua organização. Imagine um cenário no qual você perde tudo e precisa reconstruir a empresa do zero, quem são as pessoas que levaria com você nessa jornada?
- Hmm, entendi.
- Muitas vezes o gestor não se dá conta disso. No fim do dia, produtos, serviços, processos vencedores são apenas o resultado do trabalho dessas pessoas. E quando você conseguir encontrá-los tem que fazer de tudo para mantê-los e desenvolvê-los na sua organização.
- Mas, como saber quem são essas pessoas?
- Identificá-los não é tão difícil assim. Esses profissionais são raros, normalmente você consegue contar nos dedos. Pense no futuro da sua companhia, onde você quer estar em dois, cinco, dez anos. Agora olhe para cada um dos membros do seu time e faça a seguinte pergunta: Essa pessoa é capaz de levar a empresa até lá?
- E se eu não encontrar ninguém?
- Então está maus-lençóis. Não é possível sustentar o crescimento ou manter-se no topo se você não tiver gente assim trabalhando com você.
- Mas eu não sou empresário, sou apenas um gerente.
- “Apenas um Gerente”, vou fingir que não ouvi, mas vamos deixar esse assunto para a próxima conversa. A regra dos “Recursos Vitais” vale para todas organizações, grandes e as pequenas. Então, quais são os seus?
Fiquei pensativo por alguns segundos.
- Vou lhe fazer a pergunta inversa então: Se você tivesse que contratar toda a sua equipe agora, do zero, contrataria as pessoas que estão com você hoje?
Minha demora na resposta foi o suficiente.
- Hesitação nunca é um bom sinal.
- Mas é que o senhor não entende, existe um contexto, essas pessoas estão aqui a muito tempo.
- Meu filho, isso não é desculpa. Você vai se contentar com um desempenho medíocre simplesmente por que recebeu os funcionários de outro gerente incompetente? Nesse caso, quem não está fazendo o seu trabalho é você. Veja bem, não estou dizendo para você sair demitindo todo mundo, mas, assim como existem os “Recursos Vitais” existem aqueles que não estão contribuindo ativamente para a organização.
- Entendo.
- O seu papel é identificar essas pessoas, passar a elas uma mensagem clara sobre o que é esperado e ajudar na melhoria. Mas, em última instancia, se essa melhoria não ocorrer, você sabe o que tem que fazer.
- Eu sei, eu sei.
- Ninguém disse que seria fácil.
- Pois é, mas ninguém me falou antes desse “Ossos do Ofício”.
- Eles nunca falam, nunca falam.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Eric Ries e o modelo Lean para Startups

No último sábado eu tive o prazer de participar de um encontro com Eric Ries aqui em Dublin, juntamente com cerca de 100 empreendedores. Para quem não sabe, Eric é o principal nome por trás do movimento chamado Lean Startup (para mais detalhes dê uma olhada no blog dele Startup Lessons Learned, ou no Manual da Startup do Eric Santos, "o cara" da área no Brasil).

O papo do Eric é consistente com o que ele vêm falando há bastante tempo em termos de como operar uma Startup, e de certa forma é um ensaio do livro que ele está escrevendo e que tem tudo para ser um sucesso em 2011. Vou resumir aqui o bate-papo que tivemos com ele pois trata-se de uma bela introdução ao conceito de Lean Startup e uma chamada urgente a repensarmos a maneira como trabalhamos na área de tecnologia.

Eric começou interagindo com os presentes para chegar a uma definição sobre o conceito de Startup. Ele perguntou quantos ali estavam envolvidos com uma Startup e mais ou menos 90% das pessoas levantou a mão. O resultado não o surpreendeu, segundo ele é assim quando ele vai à Índia, Brasil, China, Japão, Israel, Reino Unido, França ou o que seja. O que o surpreende é que tanta gente, apesar de diferenças culturais, de língua, de formação, saiba o que o termo Startup significa. Algo não cheira bem nisso. Então ele deu a sua definição sobre Startup: uma instituição humana projetada para criar algo novo em um ambiente de extrema incerteza. Nada a ver com indústria alguma, com ramo de atividade, com perfil de investimento, com capacidade de escala ou qualquer outro preconceito que normalmente temos.

Eric então fez um paralelo muito interessante entre uma de suas experiências como empreendedor, o mundo corporativo "padrão" que tanto criticamos aqui na Tribo, e o modelo Lean aplicado a Startups que ele defende. Ele discorreu sobre uma empresa que ele ajudou a fundar e desenvolver alguns anos atrás. Na época, ele e seus sócios passaram 9 meses desenvolvendo um software que traria grande inovação para o mercado de Instant Messaging. O que aconteceu em seguida é ponto batido e acontece com 8 em 10 empreendimentos: ao experimentar o produto no mercado, se percebeu que os "clientes" não tinham o menor interesse naquilo. Ele relatou a imensa frustração que tomou conta do empreendimento, e a sua relutância em aceitar que tinha, na prática, jogado 9 meses de sua vida no lixo. Começou a estudar o que tinha acontecido e percebeu que o único ponto positivo que poderia tirar daqueles 9 meses era o fato de que finalmente tinha aprendido algo sobre o mercado e seus potenciais clientes. Eric faz então um paralelo com o mundo corporativo. O que acontece quando alguém dentro de uma empresa é responsável por um projeto que recebe um investimento, executa durante meses a fio, e no final reporta que tudo deu errado mas pelo menos várias lições foram aprendidas? O que acontece quando alguém falha em planejar alguma coisa? O que acontece com o funcionário que falha em executar determinado planejamento? São todas justificativas plausíveis para uma demissão. Mas e o que acontece com quem falha em aprender? No contexto corporativo padrão, existe alguma métrica que diga ao gestor quem aprende e quem falha em aprender? A resposta infelizmente é negativa na maioria dos casos.

Em outras palavras, não fomentamos o aprendizado no mundo corporativo. O mundo corporativo ainda está em sua grande maioria no século passado. O modelo de gestão ainda é o baseado no trabalho de Frederick Taylor. O foco está em planejar e executar. Na área de tecnologia, mais especificamente, usamos os mesmos conceitos. O modelo em cascata ainda é o "normal" em grande parte das oganizações. O problema com esses modelos ultrapassados, como a experiência de Eric comprova, é que ele nos engana. Durante aqueles 9 meses, Eric e sua equipe estavam extremamente contentes com o progresso que faziam, pois o plano dizia que eles estavam dentro do orçamento e dentro do prazo. O problema é que eles não aprendiam nada durante o processo, não havia validação do que tinha sido planejado. Era um avião voando em direção a uma montanha, e todos os sensores indicavam uma situação sob controle.

O modelo de Lean Startups vem então para quebrar esse paradigma. Durante o bate-papo Eric se perguntou: e se em minha empresa nós tivéssemos lançado o produto em 6 meses ao invés de 9. Será que teríamos aprendido as mesmas lições? Provavelmente sim, e teria economizado 3 meses. E se tivesse reduzido a funcionalidade do produto e lançado em 3 meses? Ainda assim provavelmente teria aprendido as mesmas lições. Mas e se ele quebrasse totalmente o paradigma e lançasse um protótipo, um castelo de cartas, baseado em 1 dia de desenvolvimento? Ele teria sido capaz de aprender algo sobre seu mercado e seus clientes? Muito provavelmente sim. Por que não o fazê-lo então? O modelo Lean, originalmente uma evolução aos processos Taylorianos da área da manufatura, bate exatamente nessa tecla: diminuir o desperdício, aprender, iterar continuamente.

Eric então finalizou voltando à idéia de Startups. Na visão dele, uma Startup deveria trabalhar de maneira Lean, com o objetivo de experimentar continuamente no contexto de um problema que não é totalmente conhecido. Com o passar do tempo, provavelmente o conhecimento sobre o domínio do problema se tornará muito maior e com isso as chances de oferecer uma solução adequada aumentarão (e por consequência será maior a chance de se estabelecer um negócio viável). Se não for o caso, significa que não há um negócio naquele exato contexto - mas pelo menos você será capaz de perceber isso rapidamente e partir em frente talvez com uma proposta diferente.

Usando ou não o modelo Lean aplicado a Startups, não há como discutir que há vários pontos coerentes na proposta de Eric. Várias potenciais melhorias de modelo e de incentivo comportamental aplicáveis ao mundo corporativo também ficam claras.

Não fique para trás. Quem deixa de aprender está no século passado.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sete Minutos que podem Mudar a sua Carreira

Tenho lido e escrito bastante sobre motivação, em uma busca incansável para decifrar o que realmente faz diferença em nossas vidas e carreiras. A literatura atual parece convergir para alguns pontos. Daniel Pink cita no fantástico Drive uma fórmula quase simples que turbina os profissionais da nova geração: 


“Fazer o que se ama, fazê-lo bem e com vistas a um propósito maior”. 


Em uma linha parecida, Tony Hsieh conta na incrível história da criação da Zappos que o segredo do sucesso da empresa está baseado em paixão e propósito.

Mas tudo isso ainda parecia um pouco abstrato, minha cabeça analítica precisa de modelos e dados para consolidar as ideias. Parecia, pois, na semana passada encontrei um vídeo do TED que descreve exatamente isso, explicando, de maneira inequívoca, o que diferencia profissionais e empresas de sucesso do resto da multidão.

O vídeo abaixo tem dezoito minutos mas os primeiros sete já apresentam essa ideia brilhante. São sete minutos que podem efetivamente mudar sua carreira. Confira e tire a suas conclusões.




O site do autor, Simon Sinek pode ser acessado aqui. E, para quem quer saber mais, tem o livro, que já está na minha booklist, aguardem o review nas próximas semanas. 


[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Como se manter dentro do círculo mesmo estando fora dele

O mercado se assemelha a um organismo vivo. Está em constante transformação, e como uma montanha russa, nossa carreira também sofre abalos e oscilações. Sejam mudanças lentas ou descontinuidades, precisamos estar preparados para as ameaças, fortalecendo os aspectos que estão sob nosso controle.

O desemprego é o maior abalo sofrido por um profissional, principalmente quando a zona de conforto já havia sido instaurada. Uma grande sensação de impotência e retrocesso, longe de ser exceção àqueles que vivenciam um momento como este.

Mas uma hora ou outra você tem que dar as caras ao mercado novamente e estufar o peito para conseguir respirar novos ares. Começam então a aparecer os sintomas típicos deste período: empolgação, ansiedade, impaciência, insegurança e desespero, respectivamente. O tempo de busca fica cada vez maior e é cada vez mais difícil se reposicionar. Como ser jogado para fora de um círculo em movimento, em que só se mantém naquele ritmo aqueles que fazem parte dele.

Mas como então seria possível sentir essa mesma inércia estando sob o efeito de uma outra gravidade?

Para estar conectado a este círculo você precisa de uma ponte. Uma ótima sugestão é listar aqueles com quem possui alguma admiração profissional, que te inspiram e são uma referência para você. Entre em contato, diga brevemente sobre sua situação e sugira um café para pedir alguns conselhos sobre sua carreira. O conselho você já ganhará. Se tiver sorte e souber estimular a empatia entre os dois, poderá até conseguir um novo emprego ali mesmo naquela cafeteria (acredite, isso acontece muito).

O importante mesmo é curtir essa fase como ouvinte. Muitos dos que estão empregados não possuem todo esse tempo para absorver novas visões e experiências, infelizmente. É quase como ter sessões de coaching de graça! Por isso, não pule etapas e controle o desespero. Sua capacidade de interação com outras pessoas será o segredo para nunca deixá-lo de fora de seu círculo profissional.


Beatriz Carvalho

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Detalhes - Reedição

17/12/2010 - 21hs e 12 min.  
Ele levou o copo à boca e degustou o vinho.
- Roberto, Roberto.
Ouviu chamar seu nome, mas sua cabeça estava muito distante dali, em um sábado, mais ou menos seis meses atrás:
- Diego?
- É ele.
- Diego é o Roberto. Eu não queria incomodar você logo em um sábado à tarde, mas o fato é que estou em São Paulo e sei que você estará viajando na próxima semana. Tenho algo muito importante para tratar.
- Claro, sem problema. Pode ser daqui a uma hora? Você tem o endereço do meu apartamento?

Diego era o chefe de Roberto e CEO da empresa. Apesar de workaholic ele sabia que uma reunião de última hora durante o fim de semana não era bom sinal. 
Estava certo. 
Roberto tinha em mãos a carta de demissão e não sairia da casa do chefe sem entregá-la. Contratado poucos meses atrás para tocar a área comercial ele amargava uma sequência de números ruins. Não estava acostumado com isso. Decidiu, portanto, sair enquanto mantinha alguma dignidade.
O chefe o recebeu à porta. Mancava lentamente e deslocava-se, como de costume, com a ajuda de uma bengala. Roberto ensaiou mentalmente o discurso, mas, antes de começar, teve a sua atenção desviada. Por sobre o ombro do chefe um pássaro voava em direção à janela, apenas para desviar a rota no último segundo, evitando a colisão.
Roberto foi então direto ao ponto:
- Diego, essa é a minha carta de demissão. Pensei muito antes de vir falar com você e minha decisão é final e irrevogável.
O chefe entendeu que se tratava de um caminho sem volta, tratou então de acertar os detalhes para uma transição menos traumática.

Seis meses depois Roberto lembrava do ocorrido enquanto terminava o vinho na companhia da esposa. Desempregado desde então, ele já não tinha mais certeza se havia tomado a decisão correta.

17/12/2010 - 21hs e 12 min. 
Ele levou o copo à boca e degustou o vinho.
- Roberto, Roberto.
Sua cabeça estava muito longe dali, em um sábado à tarde, mais ou menos seis meses atrás:
- Diego? Diego é o Roberto. Não queria incomodar logo em um sábado à tarde, mas o fato é que estou em São Paulo e preciso muito falar com você.

Foi atendido por um chefe que mancava, caminhando lentamente com a ajuda da inseparável bengala. Tomou coragem, mas, quando começava a falar ouviram um forte estrondo vindo da janela. 
- Só um segundo que vou ver o que é. - Pediu Diego.
Sozinho na sala imensa, Roberto começou a contemplar a decoração. Foi quando percebeu sobre um aparador um conjunto de fotos do chefe. A primeira mostrava Diego poucos anos mais jovem, sentado sobre uma Harley, de capacete e bota. A segunda era chocante, exibia apenas os restos de uma moto destruída. A terceira, na verdade uma radiografia, continha ossos de uma perna com pelo menos quinze pinos e peças de aço. A última, que encerrava o quadro, mostrava um Diego já mais velho, montado novamente em uma Harley, sorrindo com a  bengala atravessada no guidão. 
Estava tão absorto em seus pensamentos que nem percebeu o retorno do chefe:
- Você acredita? Foi um pássaro que se chocou contra a janela, deve ter perdido o controle por causa do vento. Então, o que você tem para me dizer?
Ainda perplexo pelas imagens, Roberto olhou o chefe nos olhos:
- Na verdade não é nada tão urgente assim, queria revisar o plano de vendas com você antes da viagem. Acho que podemos falar depois seu retorno.

Terminou o copo de vinho, olhou para o palco e ouviu o chefe gritar novamente seu nome:
- Roberto, vem para cá! Pessoal, pessoal, uma salva de palmas para o nosso diretor comercial. Quero entregar um prêmio hoje, um singelo reconhecimento ao nosso diretor que depois de um começo difícil bateu todas as metas e colocou nossa empresa novamente na liderança do mercado.

[]s
Jack DelaVega