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sexta-feira, 23 de março de 2012

Desarmamento


Essa semana resolvi entregar dois revólveres que estavam lá em casa para a campanha do desarmamento. Ao entrar no site da campanha, tudo estava bem explicado. Eu teria que escolher um posto de coleta, gerar uma guia de transporte, efetuar a entrega e receber um código para o saque da gratificação, no valor de R$ 100,00 por arma. Um processo simples e eficiente, pensei. Minha ingenuidade me fez esquecer o fato de estarmos no Brasil.

Escolhi um posto da Brigada Militar perto de onde eu trabalho. A primeira surpresa ao chegar o local foi o ambiente desolador. O posto literalmente caía aos pedaços, com manchas nas paredes, reboco faltando, fios elétricos e cabos de rede à mostra, e finalmente, um pote sujo cheio de comida no meio da sala, onde um vira-latas da vizinhança se alimentava alegremente.

As primeiras perguntas do oficial de plantão foram justamente contra o regulamento da campanha:
- A arma é sua, está no seu nome, tem registro?
A campanha toda prega que a entrega será feita anônima, sem perguntas. Mas, como eu não tinha nada a esconder, esclareci ao policial:
- Sim, ambas tem registro, pertenciam a meu pai e avô.
- Deixa eu ver então.
Tirei com cuidado da mochila o .22 caindo aos pedaços do meu avô, cujo risco maior era matar alguém de tétano, de tão enferrujado que estava. Em seguida peguei o .38 de meu pai, esse em bom estado. Foi nesse momento que eu vi os olhos do policial brilharem, e ele falou:
- Mas esse aqui está quase novo. Por quê você não faz negócio com ele?
- Como?
Perguntei tentando esconder a perplexidade.
- Esse aqui você pode vender. Dá para pegar no mínimo uns R$600,00 por ele. Se você quiser pode deixar ele comigo que eu conheço gente interessada.
O policial foi mais longe:
- Pena que tem registro, senão a gente conseguia pegar mais ainda nela. O que você acha?
Desconversei da maneira mais polida que encontrei, negando rapidamente a proposta. Ao constatar que não iria me convencer a fazer negócio, ele então me explicou:
- A pessoa que faz o recebimento das armas não está aqui hoje, se você quiser mesmo entregar elas é melhor ir direto na polícia federal.

Conto essa história com pesar, pois sou um otimista que acredita realmente que podemos ter um país melhor no futuro. Situações como essa, porém, me asseguram que esse será um futuro que não terei o prazer de presenciar, quem sabe os meus filhos, mais provavelmente meus netos.

[]s
Juarez Poletto

segunda-feira, 12 de março de 2012

Glauber Rocha, Steve Jobs e o Barcelona

Ouvi uma vez em uma entrevista, acho que foi com o Jorge Furtado, de que o principal culpado pela péssima qualidade das produções cinematográficas brasileiras durante as décadas de setenta e oitenta foi o Glauber Rocha.
Para quem não sabe, Glauber foi, talvez, o cineasta brasileiro de maior sucesso internacional. Um dos ícones do cinema novo, ganhou a Palma de Ouro em Cannes por Terra em Transe, além de ter dirigido outros grandes filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol.
Qual então o argumento do Furtado para tal afirmação? Explico: o problema gerado por Glauber Rocha, não foi exatamente culpa dele. Influenciados pela genialidade do diretor, uma nova geração de cineastas passou duas décadas tentando imitar o mestre. Gente, até talentosa, desperdiçava tempo e dinheiro buscando uma estética que não dominavam, gerando filmes que, com o propósito de ser “cabeça”, acabavam tornando-se “sem pé nem cabeça”. Foi um período difícil para a nossa produção cinematográfica, onde os temas e narrativas adotados, em pouco tinham  a ver com a realidade nacional. A dura verdade é que a única coisa que se salva dessa época foram os filmes dos Trapalhões (O Cangaceiro Trapalhão é o meu favorito).
Tenho certeza de que o mesmo raciocínio será aplicado a Steve Jobs na próxima década. Lá por 2025, alguém vai chegar a brilhante conclusão de que o fracasso de várias empresas será relacionado à tentativa de imitar o estilo de Steve Jobs sem possuírem o talento (o texto do meu colega Paulo Krieser ilustra bem isso) ou mesmo a motivação para tal.
E o Barcelona? Bom, acho que vocês já captaram meu ponto. Eu não entendo nada de futebol, mas mesmo assim vou me arriscar em um palpite. Aposto que tem muito clube por aí que, fascinado pela aula de futebol apresentada pelo Barça, vai tentar copiar o modelo, como se fosse a solução para todos os problemas do mundo. Resultado: não duvido que daqui alguns anos algum comentarista conclua que a queda na qualidade do futebol Brasileiro em 2012 vai ser culpa do fantástico time do Barcelona.

[]s
Juarez Poletto