quarta-feira, 27 de abril de 2011
O Velho e o Golfe
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Por uma vida menos ordinária
Levamos uma vida passiva com a correria do dia a dia. Quando nos acomodamos no trabalho, nas amizades, na família ou em qualquer outra área da vida, às vezes sem perceber, ligamos o botão automático e simplesmente vivemos. Vivemos o trabalho entediante, as amizades superficiais, a família desunida, e então aceitamos a chamar tudo isso de normal, até porque ninguém tem uma vida perfeita.
Todos sabem que ninguém tem uma vida perfeita, mas poucos se lembram que a vida é um exercício constante de aperfeiçoamento, como qualquer outra prática que diminui seu rendimento quando se diminui a constância.
É difícil comandar a rotina sem deixar que o motor automático assuma de vez em quando, até porque geralmente quando permitimos isso é porque achamos que a viagem esta fluindo tranquilamente. O perigo está quando nos esquecemos de voltar ao controle manual, bem como quando esquecemos dos ventos que por ventura passam a soprar outras rotas que não imaginávamos um dia seguir.
Sou altamente adepta a reflexões profundas sobre o sentido de tudo aquilo que me cerca. Não é constante, justamente por causa da rotina agitada, mas faço questão que seja periódica.
Qual foi o último grande feito o qual sentiu orgulho de si em ter realizado em seu trabalho?
Quais das tuas amizades lhe agregam de verdade?
Qual o sentido e o espaço que a família representa em sua vida atualmente?
Perguntas como estas são fundamentais nesse processo de reflexão. Aos desacostumados, tais exercícios poderão parecer maçantes no início, mas garanto que o hábito brevemente o tornará fácil e agradável.
"Fazer o melhor possível no momento atual nos colocará no melhor lugar possível no próximo momento" (Oprah Winfrey)
domingo, 24 de abril de 2011
A Felicidade numa Casca de Noz
A alegria era contagiante. Todas aposentadas, falavam (sem parar) de histórias de suas vidas - trabalho, brigas diárias entre elas, casamentos, funerais e outras diversas peripécias que passaram ao longo de suas vidas.
Todas já estão aposentadas. A mais velha tem 85 anos e sente-se muito bem ainda. Reclama muito quando as irmãs deixam cair talheres no chão.
- Mas será que é sempre assim !? Não tem força nessa mão? Mas vá prestar atenção no que faz....
A mais nova, na flor dos seus 67 anos, despeja energia fazendo tortas, costurando e fazendo doações aos mais necessitados.
Durante a minha estada lá, dois outros irmãos - os únicos irmãos-homem vivos (a familia tinha ao todo 12 irmãos, que hoje conta com 10 vivos) apareceram por lá. Também eram velhos, um com 78 e o outro com 82. E como era marca daquela familia, também eram humildes, esbanjavam alegria e tinham uma infinidade de histórias bonitas para falar de seu passado.
Uma coisa todos tinham em comum: tinham passado bastante dificuldade. Algumas vezes tinham estado perto de passar fome, outras vezes tiveram que suportar um trabalho extremamente duro a ponto de adoecer devido a ele. Mas todos, sem nenhuma exceção, sabiam porque tinham passado por aquilo e haviam encarado o trabalho como temporário - uma forma de garantir o sustento quando não tivessem mais saco ou condições de trabalhar (para os outros).
Dizer se esse pensamento (trabalho deve ser encarado como temporário - uma forma de garantir o próprio sustento e o sustento de seus filhos e dependente quando você não quiser ou não conseguir mais trabalhar) é certo ou errado é uma questão filosófica que poderia ocupar um livro inteiro e mesmo assim não chegar a conclusão nenhuma. É certo que algumas pessoas - notadamente as que já podiam parar de trabalhar hoje por essa regra (multimilionários, por exemplo) - buscam no trabalho algumas outras coisas.
Seja como for, saí com alguns pensamentos que gostaria de compartilhar com vocês:
- A segunda parte do pensamento que resumi em negrito ("uma forma de garantir o próprio sustento e o sustendo de seus ...") pode (e deve) ser discutida, mas não há como discutir o estado temporal do trabalho, já que a própria vida tem um início e um fim;
- Encarar o trabalho dessa forma torna alguns obstáculos do dia-a-dia, mesmo que sejam duros, mais fáceis de serem encarados, pois atingir um objetivo nobre como esse (sustento futuro de seus dependentes) justificaria tropeços que temos que enfrentar em nossa vida corporativa.
- A grande maioria das pessoas esquece-se em muitos momentos o objetivo maior do porque está trabalhando - seja esse que citei ou não. Por isso mesmo, acaba se estressando por coisas pequenas e idiotas se comparadas com o grande objetivo final.
Sabendo essa resposta, tenho certeza que seu trabalho diário será mais fácil. Ao menos mais fácil depois que você corrigir o rumo e apontar as velas para a direção correta. Objetivo de vida e felicidade andam juntos - não deixe a peteca cair por preguiça de gastar algumas horas nesse exercício.
Lembre-se: o maior agente de sua felicidade é você mesmo. Não reclame do azar ou do patrão chato que você teve que "arruinou sua carreira". Isso geralmente é apenas uma desculpa para justificar erros de planejamento em sua vida. Encare o objetivo de sua vida de frente, passando por cima de pedras pequenas, mesmo que machuquem um pouco o pé, e empurrando obstáculos maiores. Sua felicidade não tem preço.
Dr. Zambol
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quarta-feira, 20 de abril de 2011
De onde vem o Coelho? - Reedição
Esse diálogo de fato ocorreu lá em casa. E a minha preocupação, absurda, é de que a minha filha de três anos descubra que o Coelho da Páscoa não existe. No tempo dos meus pais era tudo mais fácil, não tinha essa maldita internet, para se comunicar com o Papai Noel só por carta e o Coelho da páscoa nem isso tinha. Aposto que no ano que vem minha filha já estará "Googoling" Coelho e Papai-Noel e desmascarando essa farsa toda. Ou pior ainda, seguindo os dois no Twitter.
Um colega que tem uma filha de cinco anos me contou que a abordagem da menina é um pouco diferente.
O que mais me assusta nessa história é o impacto da tecnologia nas atividades banais do dia-a-dia, como a entrega dos ovos de páscoa. É impossível negar o impacto da era da informação na diminuição da fantasia. Sinceramente, espero que ainda estejamos fazendo isso daqui a cinquenta anos, mas se não inventarem um coelho robô num futuro próximo a fantasia da Páscoa está seriamente ameaçada.
[]s
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Amo Muito Tudo Isso
domingo, 10 de abril de 2011
E.A. - Entusiastas Anônimos
- Certamente não. Continuo com pressa.
- Entusiastas Anônimos. Nossa sede fica no segundo andar deste prédio. Gostaria de convidá-la para conhecê-lo. Hoje começa mais um grupo novo.
- E por que dentre tantas pessoas nessa bendita calçada, você foi achar que justamente eu deveria conhecer um grupo desses?
- A senhora está vestindo uma roupa social, mais precisamente terno e calça preta em um calor de trinta graus ao meio dia. Está também de salto alto andando rapidamente por essa calçada esburacada, equilibrando uma pilha de papéis em um braço e sua bolsa nada pequena no outro. Ainda assim demonstrava uma expressão tímida de contentamento e determinação. Você tem todas as características de um entusiasta anônimo.
- Ok, vai. Leve-me até lá.
Revolução Industrial 2.0?
Os números impressionam, mas não é devido a eles que a Foxconn ficou conhecida. Em 2010, 14 funcionários cometeram suicídio. Somado com os outros 3 suicídios dos últimos 5 anos na empresa, tem-se o número tão divulgado de 17 suicídios na Foxconn. Dezessete em meia década não impressiona tanto (a taxa dos adolescentes em países desenvolvidos é mais do que o dobro disso). Além disso, o suicídio é a décima causa de morte no mundo - a cada ano 1 milhão de pessoas suicidam-se e outras 10 a 20 milhões tentam tirar a vida sem sucesso, sendo a principal causa de morte de adolescentes e adultos até 35 anos.
O que impressionou o mundo foram basicamente dois fatores:
- Quatorze suicídios apenas em 2010 - um número realmente expressivo;
- Os suicídios tinham cunho de protesto pelo número de horas trabalhadas e pela pressão exercida para cumprir turnos maiores do que 60 horas semanais. Além do trabalho monótono (sentado o dia inteiro montando componentes eletrônicos), para ir ao banheiro você precisa levantar a mão e esperar para que alguém substitua o seu lugar na linha de montagem (não parece familiar com o que você leu sobre a revolução industrial?)
Como se não fosse suficientemente triste, para o padrão Chinês a Foxconn é uma das melhores empresas do gênero para se trabalhar, com dormitórios modernos e limpos e planos nem comparáveis com outras fábricas do gênero. Entretanto, os números das outras empresas ainda nem subiu à superfície, pois a pressão para mudança da globalização seria maior ainda.
A Foxconn tentou de tudo para diminuir as taxas de suicídio: instalou redes gigantes em cada ponto possível de suicídio (hoje a fábrica por fora mais parece uma grande rede de pescar peixes) e aumentou os salários em 2011. Infelizmente, a pressão internacional para que os suicídios parassem não está em sincronia com o mercado financeiro, que logo após o aumento de salários, fez as ações despencarem mais uma vez em 16%, pois o aumento de salários fez com que as margens - já bastante curtas - fossem ainda mais reduzidas, com o perigo de deixar a empresa no vermelho.
As redes parece terem dado efeito - não houve mais relatos de suicídio na planta chinesa, mas o aumento salarial teve o efeito oposto. Afinal, o que o mercado quer da empresa então? Que tome ações reais para conter o suicídio ou que coloque "redes" apenas para não assustar mais o consumidor ocidental?
Todo mundo hoje sabe que não há como sustentar 7 bilhões de pessoas vivendo um consumismo parecido com o dos EUA. Nem o planeta tem os recursos naturais para tanto nem há como produzir tanta coisa sem uma mudança radical no processo fabril. Países em desenvolvimento, entretanto, estão começando a consumir mais e mais, o que forçará que mais Foxconn's sejam criadas. Será esse o modelo da nova revolução industrial? Pessoas com turnos de trabalho insalubres a ponto de cometer suicídio e o mercado financeiro pressinando salários cada vez mais baixos em fábricas ao redor do mundo? Se não for esse o modelo, como conseguiremos manter o aumento estratosférico do consumismo mundial? A robotização não é trivial e o horizonte não é otimista nesse sentido - o ser-humano ainda parece ser uma peça-chave não tão fácil de ser substituída em diversos setores fabris.
Olhando e falando com diversos colegas, sinto que a carga de trabalho aumenta ano após ano - não só aqui no Brasil, mas em países como Índia, Inglaterra e Estados Unidos - onde está a maioria das pessoas com quem conversei sobre o assunto. Nós da Tribo do Mouse, esperamos que seja apenas uma sensação e que o mundo não esteja indo nessa direção. Seria muito triste regredir nesse sentido. O sangue dos 17 trabalhadores da Foxconn que tiraram suas próprias vidas está em cada um de nós - que consumimos e queremos aparelhos cada vez mais baratos para saciar nossa sede de gadgets e aparelhos não tão essenciais para a nossa sobrevivência. A consciência do estrago do consumismo exacerbado tem que estar em cada gerente, em cada diretor, em cada ser-humano.
Infelizmento, o caminho é difícil e contraditório. Gerentes de venda são pagos para incentivar o consumo irracional. As metas de vendas às vezes exigem que os turnos de trabalhos aumentem de tempos em tempos, ano após ano. Gerentes de produção, talvez não tão diretamente, vivem um conflito muito parecido, pois são forçados a atingir metas de produção para atender a demanda. Gerentes de TI, ainda mais indiretamente, vivem o mesmo conflito. Se pararmos para analisar, a grande maioria do setor privado vive um sentimento barroco muito parecido nesse sentido. Onde isso irá parar? E qual a solução? Se a Foxconn aumentar mais ainda os salários ou contratar muito mais pessoas, pode entrar num caminho sem volta, que levará a empresa à falência pois gigantes como a Apple e a Motorola mudarão o contrato da fabricação dos iPods e iPads, por exemplo, para outras empresas que mantenham o mesmo preço baixo. Essas novas empresas, por sua vez, irão crescer, tornar-se outra gigante como a Foxconn e ter os mesmos problemas no futuro, reiniciando o ciclo mais uma vez. Aliás se a Foxconn falir, uma coisa é certa: 450 mil pessoas desempregadas certamente irão se suicidar em muito maior escala do que os míseros 17 que já perderam suas vidas.
O balanço não é fácil, mas todo líder tem que ter essa consciência, não somente com sua familia, mas com sua equipe: o ser-humano deve estar sempre em primeiro lugar, seja qual for a área que você atuar. Os fins nunca justificam os meios.
Se sempre tomarmos a decisão pensando no melhor para todos, sempre existe uma solução. O problema é que ela pode ser mais radical e trágica do que se pensa em um primeiro momento, mas verdadeiros líderes estão aí exatamente para isso: tomar decisões que ninguém tem coragem de tomar.
Dr. Zambol
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quarta-feira, 6 de abril de 2011
Entrevistas Surreais
Já na finaleira da entrevista o candidato dispara:
O recrutador chegou na recepção procurando pelo candidato que se chamava Jorge, mas percebeu, confuso, que apenas uma mulher aguardava sentada. Estranho, avisaram que o candidato já estava lá. Decidiu perguntar, afinal, nunca se sabe:
[]s
Jack DelaVega
terça-feira, 5 de abril de 2011
Quatro Anos de Luta