Manual do Empreendedor - eBook Gratuito

Dicas e Técnicas para você transformar suas idéias em um Empreendimento de Sucesso

Guia Especial - Gestão

Uma coleção de textos sobre tópicos fundamentais em Gestão nos dias de hoje

O Melhor do Humor no Escritório

eBook Gratuito que compila os melhores textos de humor de Jack DelaVega

Guia Especial - Planejamento de Carreira

Tudo que você precisa saber para fazer um bom planejamento de carreira e atingir os seus objetivos pessoais e profissionais

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Histórias de TIrror – Episódio de Hoje: Vampiros de Alma

Essa é macabra mesmo.


Mais um daqueles projetos intermináveis, daqueles que a gente não vê a luz no fim do túnel. O time já vinha trabalhando numa média de quinze horas por dia, pelos últimos dois meses. Sabe quando o gerente de projeto vem com aquela de “Sábado é dia útil” e “Domingo, Ponto Facultativo”? Pois é, mais ou menos assim.



Segundo o que me contaram, o sujeito estava programando por mais de 36 horas seguidas (imagina o código que estava saindo) quando teve um colapso e caiu no chão. As pessoas que estavam no local relataram que ele caiu e ficou na mesma posição que estava na cadeira, como se ainda estivesse programando deitado no chão. Olhos esbugalhados e uma babinha escorrendo pelo canto da boca, o que não preocupou ninguém porque ele já babava normalmente.

Nenhuma palavra, estado catatônico.

Levaram para a emergência, e o diagnóstico, adivinhem? Colapso causado por overdose de trabalho e stress, quem poderia imaginar uma coisa dessas. Mas o mais estranho ainda estava por vir. Ao acordar no hospital, doze horas depois, ele não se lembrava de nada da sua vida nas últimas duas semanas. Nada, nadinha, o sujeito teve as duas últimas semanas completamente apagadas da memória. E até o fechamento dessa edição, cinco anos depois, ele ainda não havia recobrado lembrança daqueles tristes dias.

Sacanagem, para isso não tem backup.

[]s
Jack DelaVega

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Aprendendo 2 vezes

Recentemente me vi na situação de ter que ensinar noções básicas de programação para um grupo de pessoas totalmente leigas em computação. Era um mini-curso sem muitas pretensões. Eu e o grupo havíamos concordado que em 8 horas-aula seria humanamente impossível ensinar a qualquer um a difícil profissão de desenvolvedor de software. Mas combinamos que iríamos tentar.

Na primeira aula, 4 alunos. Calados, céticos, eram como cobras prontas para dar o bote. Aos poucos tentei seduzí-los e, sempre usando de muita honestidade, mostrei que mesmo as coisas mais difíceis são possíves quando se tem um sonho. Acho que na prática foi isso mesmo que tentei fazer: fomentar o sonho de tornar-se um programador dentro de cada um deles. O final da primeira aula foi sensacional pra mim. É sempre uma sensação gratificante ver as pessoas sorrirem após uma explicação ou concordarem com a cabeça após um exemplo. A palavra aluno tem em sua origem um significado que não gosto muito: aquele que não tem luz. Já tive vários alunos imensamente 'iluminados' e aprendi bastante com eles. Mas tenho que confessar que o maior prazer em dar aula está na sensação que às vezes temos de realmente estar iluminando as pessoas.

Na segunda aula, 10 alunos. Aqueles 4 da primeira aula convidaram conhecidos e fizeram boas recomendações. Mais explicações, exemplos, exercícios e novos mundos desvendados. Ao final da aula, abraços, agradecimentos e muita emoção.

Já tenho alguma experiência como professor, mas com certeza esse foi o momento mais marcante pelo qual já passei. Percebi que aquelas pessoas que menos esperam (e que na verdade mais necessitam) dessa tal 'luz' são as que tornam o nosso trabalho mais gratificante. Um pequeno gesto, uma pequena atenção faz uma enorme diferença na vida delas, e nos faz sentir importantes, nos dá um sentido.

Meu pai já dizia que é possível aprender duas vezes, basta ensinar. Acho sinceramente que se você quer dar um sentido extra à sua carreira, procure sempre ensinar o que sabe. Sem interesses, sem segundas intenções. O resultado, eu garanto, vale à pena.

Reggie, the Engineer.
--

terça-feira, 24 de abril de 2007

Dez Coisas que Odeio em Você


Uma dos Dez comportamentos mortais para qualquer Gerente, sob o ponto de vista dos gerenciados. Compilação livre, não necessariamente em ordem de importância:

  1. Micro Management.
  2. Tem medo de assumir riscos.
  3. Me cobra justamente pelas coisas que eu não deveria fazer.
  4. Simplesmente desliga e pára de me ouvir após 20 segundos de conversa, mas continua concordando com a cabeça como se estivesse entendendo.
  5. Espera que eu faça as coisas exatamente como ele faria.
  6. Usa expressões como “Concordo com o que você está dizendo, mas”, e aí discorda redondamente do que eu falei.
  7. Prefere me contar uma “história para boi dormir” ao invés de concordar que realmente temos um problema na empresa e que deveríamos fazer algo para resolver.
  8. Precisa de uma explicação de 45 minutos para tomar a mesma decisão que eu havia sugerido no início da conversa.
  9. Ele não tem idéia do que eu faço.
  10. Chega atrasado a uma reunião e pede para que todo mundo repita o que foi dito, fala o óbvio, e nos faz perder meia hora.
[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Como acabar com seu futuro em 5 minutos

Prometi pra mim mesmo que um dia desses ia fazer um post com umas poucas pérolas coletadas em entrevistas de TI das quais participei. Pois bem, aqui vão algumas (qualquer semelhança é mera coincidência):
  • O candidato era fraco tecnicamente, eu mesmo já o havia eliminado, mas a entrevista prosseguiria até o final apenas por respeito. Foi aí que o representante do departamento de RH largou aquela perguntinha clássica: "qual aspecto negativo você gostaria de mudar em si mesmo?". O candidato respira fundo, e diz que tem uma espécie de alergia no olho esquerdo. Algo que eventualmente o faz lacrimejar muito. Afirma que aquilo o incomoda bastante e que inclusive terá que operar. Se pudesse mudar algo em si mesmo, seria o olho esquerdo. Silêncio fúnebre na sala. Confesso que não larguei uma gargalhada por muito pouco.

  • O candidato era um desenvolvedor bem recomendado. Comecei perguntando da experiência atual dele como desenvolvedor e ele rapidamente me interpelou e disse: "Pois é, mas não sou mais desenvolvedor, o currículo que vocês têm está defasado. Agora sou arquiteto". Ah bom, pensei eu, tentando entender como exatamente se dá esse processo de transformação desenvolvedor-arquiteto. Sempre que ouço esse tipo de coisa mudo completamente o rumo da entrevista. Acho justo o cara ser entrevistado como arquiteto, já que é um ;) . Perguntei a ele qual a visão dele sobre Design Patterns e como ele os aplica. Ele me disse que usava muito o padrão "Client-Server". Hummm, entendi. Entrevista encerrada.

  • Eu estava entrevistando um desenvolvedor em outro país. O cara tinha uma experiência boa com programação, em empresas e projetos grandes. Entrei um pouco na parte técnica e o cara deixou um pouco a desejar, mas OK. Resolvi então checar o potencial dele para resolução de problemas, e propus a discussão de uma estrutura de pilha. Qual não foi minha surpresa quando ele falou exatamente assim: "Pilha? Nunca ouvi falar nisso...".

  • Também entrevistando um líder de desenvolvimento em outro país, questionamos o candidato sobre situações de conflito, e como ele costumava resolver esses problemas dentro da equipe. Sem titubear, o candidato largou: "Bom, se o desenvolvedor não concorda com a minha idéia, eu tento convencê-lo. Caso ele ainda não concorde, eu chamo o supervisor". Achei interessante a estratégia dele.

  • Essa eu não estava presente, apenas me contaram, mas tomei a liberdade de colocar aqui. O candidato havia sido bem recomendado e estava "abafando" na parte comportamental da entrevista. Estava praticamente contratado. Resolveu-se então entrar na parte técnica, "só por formalidade". Ao ser perguntado sobre Design Patterns e quais os que ele mais estava acostumado a utilizar, o candidato ficou um pouco hesitante, e disse que estava pensando em um mas não se lembrava o nome. O entrevistador se ofereceu a ajudar e perguntou as características do padrão. E o candidato: "ah, é um que os caras fizeram na Argentina, até ajudei a fazer a nova versão". Não preciso dizer que o entrevistador não conseguiu ajudá-lo.
Recentemente eu e meus colegas Lone Gunmen estávamos discutindo como pequenas coisas nas entrevistas fazem uma diferença enorme. Um atraso, uma frase mal colocada, uma resposta sem noção, etc. Essas coisas quando fora do contexto até podem parecer de importância relativa. Mas a verdade é que eu acredito na abordagem Blink em entrevistas. Eu diria que no meu caso, em 70%-80% dos casos (estou chutando, teria que medir isso), eu já aceitei ou rejeitei o candidato em 5 minutos de entrevista. Normalmente uso o resto do tempo para confirmar a minha decisão. Alguns casos já ocorreram de o entrevistado virar o jogo, para o bem ou para o mal. Mas eles são sempre exceção.

Portanto, muito cuidado nos processos seletivos. Você pode estar acabando com seu futuro em apenas 5 minutos.

Reggie, the Engineer.
--

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Borracharia

Estava consertando o pneu do carro.

Numa borracharia, coisa que eu acho que só existe no Brasil, nunca vi nenhuma nos Estados Unidos, não faço idéia de como eles fazem para consertar um pneu, mas bom, estou divergindo. Voltando ao assunto, estava eu na borracharia, daquelas tradicionais mesmo, pôster da Rita Cadilac do tempo do Chacrinha. O dono, um senhor grisalho dos seus sessenta anos, supervisionando o trabalho de um guri que devia ter por volta de seus treze.

Calmamente ele passava os segredos da profissão para o guri, que apesar de ouvir, não sei se levava muito a sério os ensinamentos do velho. Então ele me colocou na conversa.

“Pois é” – Diz ele, “Tô ensinando a profissão para esse guri, não que tenha muito que ensinar, ser borracheiro não requer prática nem habilidade, não vou mentir pro senhor. Mas o danado do guri não aprende."

O guri tirando o prego do meu pneu. E senhor continua.

“Pra ser borracheiro não precisa ser inteligente, qualquer um consegue, tem meia dúzia de coisas que o cara tem que fazer, descobrir o furo, limpar, lixar, soldar, nada de mais.”

“Nem muita experiência precisa, coisa que dá para aprender em uma semana, no máximo.”

“Estudo? Não. Eu mesmo não completei o ginásio.”

“Tem só uma coisa que o sujeito tem que ter para ser um bom borracheiro.”

“O que?” - Perguntei para mostrar interesse na conversa, afinal ele iria contar de qualquer maneira mesmo.

"Para ser um bom borracheiro só é preciso capricho. Sem capricho não dá, as coisas saem mal feitas, a solda fica suja, não pega. Borracheiro sem capricho não tem futuro.”

Confesso que fiquei surpreso com a sabedoria do velho. Já contei essa história (que é verídica) algumas vezes pra gurizada que trabalha comigo. Costumo dizer que desenvolvedor que não tem capricho com o código não serve nem pra borracheiro.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 17 de abril de 2007

Esse tal de Corporate Game - Parte 1

Quem acompanha esse blog a mais tempo sabe que uma das coisas que mais me tira do sério é o tal do Corporate Game. Já havia pensado em escrever sobre esse tema anteriormente, mas não havia encontrado o formato. Resolvi quebrar o assunto em capítulos. Vamos ver se funciona.
Como bom engenheiro, adoro começar pelas definições. Você já parou pra pensar no que é afinal esse tal de "Jogo Corporativo"? Por que é um jogo? E por que muitos dizem que se não aprendermos a jogá-lo ficaremos sempre à margem das organizações?

Bom, em primeiro lugar chamam de jogo porque ele tem regras. Na minha opinião, as semelhanças param por aí. Porque um jogo tem que ter um objetivo. E para mim não existe o menor sentido em jogar o Corporate Game. Ele é mais uma daquelas sabedorias populares (uma lida de Freakonomics ajuda a entender a idéia aqui) que vai passando de geração de empregados para geração de empregados, quando na verdade não existe fundamento nenhum por trás. Alguém poderá dizer: ah, o objetivo de jogar o Corporate Game é ter sucesso dentro da organização. Imensa besteira. Incomensurável idiotice. Como podemos generalizar sucesso? O que é sucesso para a minha carreira pode ser totalmente diferente do que para os outros. Vejo muita gente comentar: aquele cara chegou até aquele cargo porque sabe jogar o Corporate Game. OK, mas isso é ter sucesso? Se você anda admirando esse tipo de gente dentro das organizações, sugiro rever urgentemente o seu planejamento de carreira e de vida. É apenas a minha opinião, mas eu normalmente tenho asco desse tipo de gente.

Mas voltemos às regras. Ainda que falte um sentido mais nobre ao jogo, vamos aos princípios básicos. Parecem ser inúmeras as ramificações e adaptações das regras, mas tentei reduzí-las ao máximo aqui. Por favor postem as customizações que possam existir dentro das suas empresas nos comentários desse post.

Regra 1 - Você não pode ser o que você é, tem que ser também o que os outros esperam de você

Regra 2 - Você não pode dizer o que você pensa, mas também o que cabe

Regra 3 - Você não pode fazer as coisas do jeito que você gosta, mas também do jeito que os outros lhe pedem

Para mim essas são as três regras básicas do tal Corporate Game, ou como eu prefiro chamar, da hipocrisia generalizada que existe nas organizações. Ao longo da minha experiência, já me peguei inúmeras vezes praticando algumas dessas regras. Normalmente fico muito chateado, porque elas vão de encontro a alguns valores que tenho. O que acabo percebendo é que em inúmeras situações da minha vida sou autêntico, digo o que penso, etc. Mas dentro do dia-a-dia de trabalho, já me flagrei várias vezes interpretando essa espécie de dublê de mim mesmo.

Tenho certeza que acontece com vocês também. Por que a realidade é assim? Por que temos de ser um dublê dentro das organizações? Existe algo errado com isso? Uma organização teria mais sucesso caso promovesse uma cultura anti-hipocrisia?

Não percam os próximos capítulos.

Reggie, the Engineer.
--

segunda-feira, 16 de abril de 2007

A bala

Em Março de 1981, pouco mais de sessenta dias depois de ser empossado presidente, Ronald Regan sofreu uma tentativa de assassinato. Durante três intermináveis segundos o atirador disparou seis balas, uma das quais acertou o presidente de ricochete, as demais acabaram por acertar outros três homens. Porém diferente da tragédia de Dallas, a tentativa de assassinato à Regan acabou frustrada devido à participação do agente do serviço secreto Timothy McCarthy, que bravamente atirou-se na frente das balas, salvando assim a vida do presidente.

Ainda que possamos questionar o heroísmo de McCarty, sob a alegação de que ele estaria apenas cumprindo o dever de proteger a vida do presidente, não podemos negar que ao fazer o seu trabalho ele foi contra a natureza de auto-preservação humana.

Parece exagero, mas por várias vezes no meu dia-a-dia me deparo com pessoas como McCarty. Desenvolver sistemas pode não ser uma profissão tão excitante como proteger a segurança de um presidente, mas certamente é tão perigoso quanto. Confesso que nem sempre entendo as motivações dessas pessoas, talvez um sentimento profundo de responsabilidade com o dever, uma ânsia de fazer a coisa certa custe o que custar, ou simplesmente uma paixão incondicional pelo que fazem. Não importa, o certo é que não podemos prescindir de pessoas assim ao nos suportando, nos tornando mais seguros e mais fortes para que possamos seguir em frente.

É um pouco de ingenuidade da minha parte, mas saber que posso contar com pessoas assim ao meu lado me faz pensar que alguma coisa estou fazendo certo. Espero corresponder à altura, precisamos de mais presidentes saltando na frente de balas para proteger o seu time.

[]s
Jack DelaVega

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Boa noite e Boa Sorte

Hoje à noite tenho a maior instalação de software da minha vida. Estou um pouco nervoso, isso é normal. Acredito que um friozinho no estômago até ajuda numa hora dessas, é um sinal de que estamos desafiando algum dos nossos limites. Ao longo do dia recebi inúmeras mensagens de “Boa Sorte”, algumas de coração, outras com um pouco de ironia, algumas como quem saúda um homem face a um duelo de vida ou morte. Hoje sou o “Joao do Santo Cristo”.

Mas o que me incomoda nessa história toda é o fato de eu realmente precisar de sorte. Eu e todos que trabalham com desenvolvimento de software, a torcida do flamengo inteira. Gostaria de entrar em campo, pelo menos uma vez, sem depender da sorte. Impossível! Com software, impossível!

Por mais que eu defenda a nossa profissão como Engenharia, uma ciência exata, ano após ano me convenço que o que fazemos é essencialmente um esforço colaborativo e criativo, como a elaboração de um filme. Ainda que em ambas as atividades seja fundamental o uso da técnica, ela não garante o sucesso do empreendimento. Vide as maravilhas da computação gráfica nas produções de hoje em dia, se por um lado são capazes de reduzir o tempo de produção, não vemos uma diminuição de custos da mesma ordem, pelo contrário o custo médio de produção tem tipicamente aumentado. E pior, não estamos fazendo filmes melhores que a cinqüenta anos atrás. Não importa a técnica empregada ainda não é possível prever se um determinado filme será um blockbuster ou um fracasso retumbante de bilheteria.

O mesmo vale para software. O que nos resta então, para mitigar os riscos de nossos projetos, senão seguir as mesmas práticas de Hollywood? Temos que investir nas pessoas. Bons atores reduzem o risco de um filme embarcar na bilheteria. Eliminam? Certamente não, mas seguramente reduzem. A regra se aplica para diretores, portanto um time de bons desenvolvedores e um gerente de projetos experiente e capacitado é o mínimo que podemos fazer para reduzir os riscos em de um projeto de software. Mas bom, antes de tudo, temos que conhecer os nossos expectadores, não faz sentido produzir dramas para um público ávido por comédias, ainda mais sabendo que nossos usuários já estão cansados de ambos os gêneros.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 10 de abril de 2007

Pontuando o Pontual

Ok, isso é mais um desabafo do que um Post. Que assim seja...

Reunião as 17:30. Espero para falar com o vice-presidente da minha empresa. Entro na conferência e, após 15 minutos, desiludido, desligo o telefone.

É incrível o desrespeito que as pessoas têm com o horário, independente do nível em que estão. Fala-se do Brasil, que é coisa de brasileiro. Grande bobagem. Já vi atrasos em reuniões nos EUA, na Irlanda, na Itália. Diversas vezes vi indianos, chineses e japoneses entrando em reuniões atrasados também.

Para mim agenda é uma coisa sagrada. Se temos uma reunião marcada, vou estar lá ou, no mínimo, ligarei cancelando a reunião, com o máximo de antecedência possível. Sim, existem os casos em que só consigo ver que não chegarei a tempo muito perto da hora. Nesse caso, paro imediatamente o que estou fazendo e ligo para a pessoa. Simples, não? Como disse, é uma questão de respeito.

O Reggie comentou em fazer um Post sobre como não fazer papelão em uma entrevista. Uma das coisas que mais me chama a atenção é o horário do candidato. Se chegou atrasado na entrevista de emprego, que é um evento que pode mudar a sua vida, imagine no dia-a-dia. Vai ser um desastre, com certeza...

Enfim, não se esconda atrás de mito do “brasileiro atrasado” ou de qualquer coisa assim para justificar sua ausência – principalmente se você for o coordenador de uma reunião. Já vi um grupo inteiro ficar desmotivado por simples três minutos de atraso do coordenador. Parece bobagem, mas o grupo ficou com uma sensação de falta de consideração, de abandono. Não preciso dizer que a reunião não deu em nada. Nenhuma idéia brilhante saiu dali. Meu tio já falava: “as palavras comovem, mas os exemplos arrastam”. E na empresa, o que você mais precisa é de seguidores.

Mesmo depois de falar isso durante alguns anos, continuo ouvindo que o atraso é uma questão étnica. Isso me irrita. Se for mesmo, deve pertencer aos suínos, bovinos ou caninos. Não de humanos.

Dr. Zambol
--

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Histórias de TIrror – Episódio de Hoje: O Analista Fantasma

Essa aconteceu um pouco antes do estouro da bolha da internet em um dos maiores projetos de desenvolvimento de software em Porto Alegre, que rendeu boas histórias. Aos poucos a gente publica elas por aqui, mas vamos aos fatos.

A empresa estava contratando programadores a rodo, sem checar nenhuma referência alguma. A confusão era tamanha que chegavam a demitir em uma semana e contratar a mesma pessoa na semana seguinte. O sujeito que fazia cafezinho em três meses foi promovido à gerente de projeto.

Reza a lenda que um analista foi contratado e sumiu uma semana depois que começou a trabalhar. Bom, com o turnover do jeito que estava ninguém mais esperava o ver cara de volta.

Porém na semana seguinte ele aparece. Em tempos de crise, o projeto pegando fogo, faltando recursos por todo o lado, o gerente nem pergunta o que aconteceu, diz pro cara sentar no micro e continuar o trabalho. Mas na outra semana, de novo, nada do sujeito. Não é que uma semana depois o sacana dá as caras como se nada tivesse acontecido. Mas daí tiveram que perguntar, nem tanto por responsabilidade, mas por curiosidade mesmo.

O cara tinha arrumado um emprego em outra cidade e conseguiu um acordo de trabalho com a outra empresa para trabalhar semana sim semana não. Esqueceu foi de avisar os novos patrões. O pior é que quando disseram pra ele que assim não servia ele perguntou indignado:

“Mas se eu entregar tudo que vocês me pedirem que diferença faz onde eu estou?”

Pois é, faz diferença?


p.s. : Peço desculpas pelo trocadilho infame, foi o que deu pra arranjar.


[]s

Jack Delavega

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Suportanto o Suporte

Era o dia de seu casamento. Nerdito Sofrenildo estava bastante feliz. Agitado, mas feliz. De origem humilde, teve que se desenvolver por conta própria. Aos 17 anos já programava em Pascal. Aos 25 tinha um emprego como desenvolvedor em uma grande empresa em Porto Alegre.

Quando conheceu Delphi, aos 34 anos de idade, sua vida mudou. OO era o máximo para ele. Sabia de cor todos os patterns do GoF e do Martin Fowler. Para completar, no mesmo ano conheceu Adabasa, sua noiva atual. Algo lhe tocou fundo quando ouviu seu nome.

Mas a vida de Nerdito nunca foi fácil e ainda estava como desenvolvedor pleno em uma empresa de médio porte em Porto Alegre, mesmo com os seus 40 anos de idade e mais de 20 anos de experiência em TI.

Mas desculpe-me, fugi do tema central desse Post – seu casamento. Lá estava ele, a 3 horas do casamento, já com Smoking prontinho quando o celular toca. O visor mostra 000. Ele está acostumado com isso. Deve ser de Portugal.

Quando desliga o celular, fica preocupado. O problema no software que ele cuida está fazendo um super-mercado inteiro ficar parado. Ele é o único que entende dessa parte. Apavorado, não sabe o que faz. O SLA (Service Level Agreement) é de 10 minutos para começar a trabalhar em problemas críticos como esse.

Uma cãibra estomacal lhe toma repentinamente. Sabe que é uma decisão difícil, mas tem consciência que precisa desse emprego para viver. Larga tudo e vai para a empresa. O bug é mais complexo do que acreditava inicialmente e o faz ficar em conferência com Portugal durante 5 horas.

Quando desliga o telefone, verifica que há 27 ligações não atendidas. Liga para sua noiva. Em prantos, ela diz que tudo está acabado. Ele não entende o porquê – estava apenas fazendo o seu trabalho.

Parece brincadeira, mas histórias como essa são comuns hoje em dia (não no dia do casamento, é claro). Alguns perdem o sono atendendo chamados em plena madrugada. Outros, no momento que estão prontos para viajar no fim-de-semana, recebem uma ligação e precisam cancelar tudo. Parece que nossa área está mais vivendo para trabalhar do que trabalhando para viver. Falo isso com propriedade, acreditem. Além dos meus chamados, sou às vezes acordado pelos chamados da minha namorada – que também é responsável por uma área de informática em uma grande empresa de Porto Alegre.

Há uns 5 anos atrás, quando proferi uma palestra na ULBRA para uma turma de fonoaudiologia, uma psicóloga já me indicava: “A qualidade de vida em TI está diminuindo a cada dia”. Essa frase hoje não pára de martelar em minha cabeça, pois preciso fazer que todos do meu time se sintam confortável com suporte.

Será possível? Será que não extrapolamos o limite? Será que perdemos a consciência que o trabalho é apenas um meio e como assim ele deve ser tratado?

O que sei é que, como gerentes de pessoas, é mais do que nosso dever - nossa obrigação como seres humanos - prezar pela qualidade de vida de cada funcionário. E acreditem – é muito fácil falhar nesse sentido e sobrecarregar desumanamente alguém.

Pobre Nerdito – no dia de suporte, não teve suporte de ninguém....

Dr. Zambol
--

terça-feira, 3 de abril de 2007

Gerentes? Melhor não tê-los! Mas se não os temos, como sabê-lo?

Pode até não parecer, mas gerenciar um time de TI não é uma tarefa trivial. Somos um bando de sabichões, profissionais com alto nível de escolaridade sendo a grande maioria com curso superior, isso sem contar Mestres e Doutores. Além disso, adoramos resolver qualquer tipo de problema, é isso que fazemos para viver. Soma-se o fato do mercado ser extremamente competitivo, e a coisa complica ainda mais. Concordo que às vezes não ganhamos o que merecemos ou trabalhamos no que mais gostamos, mas emprego não falta.

Fácil mesmo é gerenciar um bando de imbecis que não conseguem emprego em lugar nenhum.

Tendo em vista o cenário acima, porque então insistimos em tratar os nossos profissionais como crianças dois anos? Reforço, crianças de dois anos, pois aos três anos inicia a idade do “porque” e tenho certeza que nossos argumentos não se sustentam depois do segundo “porque”. Refiro-me especificamente aos seguintes comportamentos:
  • O Mundo é Cor de Rosa: O gerente acredita que o time não tem maturidade para encarar os fatos, melhor mesmo é contar uma história bonitinha e deixá-los vivendo na Matrix.
  • Eu sou o dono da verdade: O gerente tem resposta para tudo, dizer “Eu não sei” é sinônimo de incompetência e concordar com o funcionário então, passível de demissão por justa causa.

Tenho certeza que todos vocês já passaram por alguma das situações descritas acima. Eu já passei, e, confesso arrependido, já estive no “Lado negro da Força”. Ainda que sejam comportamentos aceitáveis pela maioria das cartilhas gerencias, digo aceitáveis porque inegavelmente entregam resultados no curto prazo, estes não se sustentam no médio prazo por razões óbvias. Vou mais longe ainda, talvez nenhum dos truques descritos no “Livro Secreto do Gerenciamento” funcione com profissionais de TI, pelo simples fato que nossos profissionais são espertos demais para serem gerenciados.

No entanto, cada um de nós, por mais inteligente que seja, precisa de uma boa Liderança (é curioso, falamos bastante de gerenciamento até aqui e essa é a primeira vez que essa palavra aparece no blog). E se liderança se constrói com base no respeito e na confiança, certamente não existe chance para o Pinóquio ou o Sabe-Tudo nesse jogo.

[]s

Jack DelaVega