Manual do Empreendedor - eBook Gratuito

Dicas e Técnicas para você transformar suas idéias em um Empreendimento de Sucesso

Guia Especial - Gestão

Uma coleção de textos sobre tópicos fundamentais em Gestão nos dias de hoje

O Melhor do Humor no Escritório

eBook Gratuito que compila os melhores textos de humor de Jack DelaVega

Guia Especial - Planejamento de Carreira

Tudo que você precisa saber para fazer um bom planejamento de carreira e atingir os seus objetivos pessoais e profissionais

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

PodCast da Tribo

Pessoal:
Estamos lançando hoje o nosso primeiro podcast. A idéia é utilizarmos esse espaço para fazer discussões sobre tópicos da atualidade relacionados a trabalho, empreendedorismo, carreira e liderança. A conversa foi quebrada em três blocos, nos quais abordamos os tópicos abaixo descritos:

- Notícias: Vinda da Sarah Lacy ao Brasil(Empreendedorismo, Web 2.0, Startups), Obrigatoriedade do Diploma para Analista de Sistemas, Lei da Gagueira.

- Resenha do Livro: The Second Coming of Steven Jobs.

- Gestão e Idéias: A Cultura NetFlix, Lições de um Pipoqueiro(inovação)

*Os links contém os arquivos para dowload, clique com o botao da direita para "salvar como".
**Caso você não consiga visualizar o player contate o seu administrador de sistemas, o site podbean.com pode estar bloqueado no proxy.

Um grande abraço da Tribo do Mouse(Jack, Reggie e Zambol)

Lições de um Pipoqueiro

Todos nós sabemos que é preciso dar aquele passo a mais para fazer a diferença, para nos destacarmos na multidão. Certo, falar é fácil, mas às vezes nos perdemos nas verdadeiras ações necessárias para tal façanha.

E é exatamente isso que gostaria de falar hoje. Valdir Novak, que começou como bóia-fria e motorista de estacionamento, tinha uma ambição: ser um pipoqueiro de classe, o melhor que se pode encontrar. Depois de brigar com a burocracia tupiniquim por mais de três anos, finalmente conseguiu uma licença da prefeitura para operar seu prório carrinho de pipocas.

De posse da licença, largou o carrinho alugado que tinha e deu asas ao seu sonho. Fixou seu carrinho na praça Tiradentes, em Curitiba, e começou a inovar.

Sabendo que a higiene é um fator muito importante para um vendedor de rua, principalmente quando trata-se de comida, criou um uniforme com o nome do dia da semana estampado no bolso da frente. A idéia é simples, mas o resultado é fantástico. Ele demonstra que não usa o avental dois dias seguido. Pode-se até dizer que isso não garante higiene alguma - e realmente concordo - não garante nada. Mas a sensação de higiene que passa aos clientes é bem grande, simplesmente pela preocupação de ter confeccionado um avental para cada dia da semana (e de mantê-los limpos, é claro).

Valdir não parou por aí. De olho nas necessidades de seus clientes, decidiu criar o kit higiene. Nele, estão incluídos um guardanapo, um palito e uma balinha de hortelã. Valdir não está preocupado apenas na venda imediata da pipoca, mas sim com a aparência e conforto de seus clientes - o que no fim acaba aumentando diretamente...a venda de pipocas. Sim, é simples, mas nunca vi um pipoqueiro se preocupar se eu iria ficar ou não com uma maldita casquinha de pipocas entre meus dentes.

Aos poucos os clientes de Valdir foram aumentando, momento quando começou a se preocupar com a fidelidade e o fluxo de caixa. Para aumentar a fidelidade, criou um plano que dá um pacote de graça a cada cinco comprados. Mas não pára por aí. Também procura conhecer seus clientes pelo nome e, além de simpático, é bastante político, sempre procurando almoçar em restaurantes nas redondezas, onde sabe que vai encontrar sua clientela. Para melhorar o fluxo de caixa, decidiu criar o pacote "dúzia de dez": o cliente paga dez pacotes adiantado e tem direito a doze pacotes.

Por fim, ciente que vive no século XXI, criou um site: Pipoqueiro Valdir. Lá, você encontra, além de receitas de pipoca, depoimentos de clientes satisfeitos e seu contato para palestras de empreendendorismo e motivação.

Pelo jeito, Valdir tem motivos de sobra para alegria: “Ah, todo dia eu tô de bom humor. E o segredo pra isso é a gente olhar pra trás. Se a gente olhar pra trás, vai ver que tem gente muito pior que a gente. Eu tô com saúde, tô trabalhando, minha família não tá passando necessidade… então, é só alegria! Dessa forma a gente supera as dificuldades! Tô sempre com o sorriso no rosto porque eu sempre digo que o sorriso é a menor distância entre duas pessoas. E pra eu ser um pipoqueiro eu tenho que estar feliz!”.

A comparação da história de Valdir com o mundo corporativo é mais do que direta:
- Não importa o ramo que você esteja, se você é dono do seu próprio negócio ou empregado. Oportunidade para inovação sempre existe. O processo de inovação nunca é simples, pois provavelmente ou ninguém pensou ainda nisso ou ninguém acredita que funciona. Certamente Valir deve ter sido desacreditado no seu plano de melhor pipoqueiro do mundo.
- A qualidade do produto que você oferece não é nem de longe a única coisa para se preocupar, pois várias pessoas podem oferecer produtos similares, Agora, oferecer um kit-higiene, que deixe o cliente feliz e despreocupado em usufruir do seu produto, é um diferencial que poucos podem ter. Em ambientes de escritório, seu produto é sua mão-de-obra e sua capacidade intelectual. O kit-higiene do seu Valdir é o seu diferencial, que faz com que as pessoas queiram trabalhar com você sempre, que lhe busquem em qualquer lugar. É geralmente um somatório de fatores como bom-humor, lidar bem com ambiguidade, necessitar de pouca ou nenhuma supervisão e atitude de resolução e não de questionamento entre outros.

Nenhuma pessoa deveria sair de casa sem saber o que é seu kit-higiene, pois se misturará com milhares de carrocinhas paradas na esquina. Lembre-se: o ambiente de escritórios é fosco, um pequeno brilho pode, e realmente chama, muito a atenção.

Dr. Zambol
--

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Gamão - Reedição

Sentei para observar enquanto ele terminava a partida. Era como se eu não estivesse ali. Os dados eram jogados e as pedras movidas com rapidez, o olhar não perdia o foco por detrás das lentes grossas dos óculos.
Ploc, Ploc, Ploc.
Em menos de cinco minutos estava acabado. Foi quando ele ergueu as sobrancelhas, me encarou e abriu um sorriso.
- Olá, desculpe fazê-lo esperar.
- Que é isso, eu que agradeço novamente pela disponibilidade do senhor em me receber.
- Acho que já é tempo de deixarmos de formalidades, por favor, sente-se.
Começamos a conversar enquanto ele reorganizava as peças do jogo. Eu estava ansioso por compartilhar as boas notícias:
- Recebi uma promoção.
Seu rosto iluminou-se com genuíno contentamento.
- Meus parabéns. Tenho certeza de que foi merecida.
- Na verdade, é sobre isso que eu gostaria de conversar hoje. Tenho recebido bastante suporte do meu chefe, ele inclusive me apresentou ao senhor. Desculpe, a você. Sinto que estou crescendo, mas quando vejo meus colegas fico pensando se não é apenas sorte. Será que eu obteria os mesmos resultados se estivesse trabalhando com outras pessoas, com outro chefe? 
- Você joga Gamão?
Ele parecia não me ouvir. Respondi tentando esconder a frustração:
- Não, nunca aprendi. Jogávamos Xadrez lá em casa. 
- Xadrez é um grande jogo. O jogo dos reis. Pena que não retrate bem a realidade.
O velho tinha um talento para questionar as minhas certezas e foi falar mal logo do Xadrez, o jogo que meu pai me ensinou. Não me contive e parti para a defesa:
- Como assim? O Xadrez foi criado justamente para reproduzir o prazer estratégico de um campo de batalha. Não conheço jogo que retrate a realidade melhor do que ele.
- É verdade. Porém, o Xadrez tem uma falha grave, não leva em consideração o fator aleatório. Não existe sorte no Xadrez, apenas técnica. Não é assim que o mundo se comporta. Por essa razão, eu prefiro o Gamão.
Ele até que tinha um ponto, mas estava divergindo da conversa.
- Podemos voltar ao meu questionamento inicial?   
- Pensei que estivéssemos falando disso. Você mencionou que acredita que teve sorte na sua carreira, você conhece a origem da palavra sorte em hebraico?
- Não.
- Sorte, ou "Mazal" origina-se de três outras palavras: Makon que significa lugar, Zman, tempo, e Limud, estudo. Portanto, sorte significa estar no lugar certo, no tempo certo e de posse de um determinado conhecimento. Sendo assim concordo que você teve sorte pois, como a própria palavra define, estar no lugar certo na hora certa de nada adianta se você não estiver devidamente preparado.
E concluiu:
- Preocupe-se com estar preparado e deixe de lado as coisas que você não consegue controlar. Como está o seu tempo hoje?
- Tranquilo. 
Respondi sorrindo, feliz com a sensação de que já havia ganhado o dia.
- Então prepare-se, pois hoje você vai aprender a jogar Gamão.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Verdades sobre Empreendedorismo no Brasil

Sempre me interessei bastante por empreendedorismo, e já faz um tempinho que venho querendo me aprofundar no assunto, especialmente no contexto brasileiro. Pois bem, semana passada resolvi fazer algo a respeito e comecei uma pesquisa mais estruturada sobre o assunto. Se tudo der certo, e se eu tiver tempo suficiente, vou postando algumas conclusões sobre o assunto aqui na Tribo.

O primeiro assunto que eu quero abordar é a cultura de empreendedorismo no Brasil. Eu sempre duvidei um pouco de notícias que panfleteiam coisas como "o Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo". Vejam bem, não tenho nenhum prazer em axincalhar as coisas do nosso país, muito pelo contrário, mas acho que esse tipo de posicionamento faz uso de estatísticas nebulosas para tirar conclusões que nos beneficiem. É como o Lula anunciar com pompas que nunca se criaram tantas empresas no Brasil como em 2008. A estatística é verdadeira, mas se buscarmos a causa veremos que ela pode não estar exatamente no fato de termos um ecossistema bom para a criação de novas empresas, mas sim na explosão dos chamados "contratos PJ" que se popularizaram enormemente como forma de burlar o nosso defasado código trabalhista. Freakonomics explica.

Mas voltando à vaca fria. Realmente, existe uma métrica chamada TEA (Total Entrepreneurial Activity) que mede a atividade empreendedora como percentual do PIB de um país. O TEA do Brasil em 2008 ficou em 12%, o que coloca o país à frente da média americana e européia. Parece bom. O problema, como falei anteriormente, é a questão da cultura do empreendedorismo. O grande problema no Brasil é que a maioria dos empreendedores escolhe esse estilo de vida por necessidade, e essa é demonstradamente a pior maneira de se começar um negócio. Há poucos anos atrás, o Professor José Dornelas, um estudioso do assunto no Brasil, publicou um livro chamado Empreendedorismo na Prática, onde entre outras coisas ele relata algumas conclusões obtidas em um estudo realizado com 399 empreendedores de sucesso no país. Obviamente os resultados mostram que pouquíssimos empreendedores de sucesso começaram nessa vida por necessidade. Ao contrário, eles optaram por conduzir o próprio negócio principalmente (cerca de 80%) por terem identificado uma oportunidade. Parece óbvio, mas não é.

Outra questão cultural que seguidamente é lida de maneira errônea é o perfil do empreendedor brasileiro. Somos levados a acreditar que a nossa criatividade e o nosso jogo de cintura são atributos que nos colocam em vantagem como empreendedores. Mas a verdade é que o empreendedor brasileiro é o menos inovador quando comparado a uma série de outros países. Dados relativos a 2008 do GEM (Global Entrepreneurship Monitor) mostram que menos de 5% dos empreendedores brasileiros introduzem novos produtos ou posicionam-se em novos mercados. Outro dia eu estava lendo um artigo da BusinessWeek em que a IBM relata estar, literalmente, apostando na inovação brasileira. O conteúdo do artigo não bate muito com o título, especialmente porque lá pelas tantas Berthier Riberto-Neto, o líder do centro de pesquisa do Google para a América Latina, afirma que a maioria dos estudantes da área de tecnologia vai trabalhar para empresas de outsourcing, enquanto o mercado precisa urgentemente de gente trabalhando com desenvolvimento de produto. É mais um caso em que os fatos contradizem as manchetes, infelizmente.

Nesse sábado, a Sarah Lacy vai ao Brasil. A Sarah é uma jornalista, colaboradora do TechCrunch, e está escrevendo um livro sobre empreendedorismo em economias emergentes. Por isso ela vai ao Brasil, para conversar com empresários locais e entender como anda a cena do empreendedorismo tecnológico no país. Eu não sei se ela vai ficar muito impressionada, principalmente porque ela esteve recentemente na China e em Israel. Ainda acho que o nosso ecossistema brasileiro é muito cruel com quem quer empreender, e infelizmente estamos em um momento da história em que quem investir nessa área vai se dar bem. Por isso resolvi começar a falar sobre o assunto mais a fundo. Espero que vocês colaborem com comentários. Quem sabe assim não fazemos algo de concreto a respeito.

Reggie, the Engineer (João Reginatto)
--

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Matando Pavões for Dummies - Reedição

Pavão parece ser um termo recorrente aqui na Tribo. Tudo iniciou com o Post "A Culpa é dos Pavões". Mais tarde, o já famoso pavão na empresa foi citado em mais alguns posts. Entre eles, destaque para "Só Tem Animal Nessa Empresa" e "A Vida de Pablo".

Queria hoje abordar o assunto por um outro ângulo. Para quem não sabe, gosto bastante de genética. E um dos assuntos do livro Instinto Humano, que li esses tempos, discutia o caso dos pavões. Recomendo a leitura do livro. Ele me fez entender muito dos comportamentos - meus e de todos à minha volta - incluindo, é claro, dos meus funcionários. Certamente poderia estar presente na prateleira de livros não-ortodoxos da Tribo do Mouse, classificado como Gerenciamento de Pessoas e Desenvolvimento Pessoal.

Todos conhecem a história da seleção natural. A Girafa necessitava comer frutos. As com pescoço maior tinham mais chances, pois conseguiam encontrar mais frutos à sua disposição, sobrevivendo mesmo em tempos difíceis e conseguindo passar os seus genes adiante. O pescoço grande realmente lhe dava uma vantagem competitiva na luta pela sobrevivência.

O que nem todos conhecem é a teoria da seleção sexual. Ela é um caso específico de seleção natural, mas muitas vezes vai de encontro com a seleção do mais apto a sobrevivência. Os pavões são considerados um caso clássico de seleção sexual descontrolada.

No caso dos pavões, o macho com cauda maior e mais bela tem mais chances de "se promover" com a srta. Pavão. Ninguém sabe ao certo o que iniciou o processo, apenas sabe-se que as fêmeas de muitos animais são atraídas por machos que possuem maior concorrência. Portanto, uma das teorias é que as pavoas simplesmente começaram a descontroladamente querer pavões com rabos maiores e mais bonitos, provavelmente na carona de alguma que iniciou o processo. Isso fez com que só esses conseguissem se reproduzir, passando os genes do "rabo grande" e tornando o macho de cada geração com o rabo maior.

Entretanto, para a sobrevivência do pavão, o rabo grande é uma desgraça. Ele é mais lento, mais desajeitado e muito mais visível para os predadores. Devido a seleção sexual, ele tornou-se uma presa fácil. Mesmo assim, nesse caso, a seleção natural estrita (onde o mais forte é que passa os gens) foi derrotada pela seleção sexual.

É claro que isso me lembrou direto os pavões que encontramos todos os dias na empresa. Eles balançam seu rabo magnífico, e muitos gerentes e diretores se apaixonam por isso e os promovem. Entretanto, assim como ocorre na natureza, eles continuam sendo presas fáceis.

Se fizermos uma análise pelo lado do bando, sabemos que eles venceram na natureza porque, estatisticamente, a quantidade dos que conseguiam se reproduzir vencia os que eram devorados por predadores.

Mas se formos falar de um pavão específico, bastava um predador avistá-lo de longe para que fosse decretado o fim da vida dele. Mais lento e praticamente um placar luminoso escrito "me devore", devido ao grande rabo, não tinha como escapar.

O caso dos pavões nas empresas é igual: eles se dão bem devido à "seleção promocional descontrolada", fingindo qualidades que não possuem. A estratégia para combatê-los deve vir da genética: não tente acabar com o bando - você fracassará. Mire no que lhe atrapalha. Quando ele começar a correr, desajeitado e lento, não terá chance alguma contra você. Será desmascarado vergonhosamente.

A mesma coisa que lhe promoveu será aquilo que irá lhe matar.

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Liderança na Era da Informação

Foi brincando com os dinossauros que eu comprei para os meus filhos que me dei conta de que estou me tornando um. Estava brincando com o meu mais novo, quem tem um ano e meio, quando a mais velha, de três anos e meio, chegou e quis participar do ataque que os velociráptors estavam armando para um desavisado estegossauro (mal sabiam eles do perigo letal apresentado pela cauda pontuda do estegossauro). Pois bem, no meio da brincadeira eu tive a idéia de pegar o notebook e mostrar para eles algumas fotos de dinossauros na internet. Foi quando a minha mais velha me perguntou:
- Mas pai, não tem barulho? E eles não se mexem?
Claro que tem barulho o pai é que é um brocoió. Foto é coisa do passado, essa geração quer é vídeo on-demand. E lá fui eu ao Youtube me divertir com os vídeos da BBC sobre dinossauros. O fato é que em poucos minutos eles já sabiam mais sobre os dinos do que eu em um ano quando criança.

É incrível para um sujeito como eu me dar conta dessas coisas, de como a tecnologia tem mudado o jeito que os mais novos interagem com as coisas, decidindo o que querem ver e quando. Essa facilidade, o acesso imediato e irrestrito à informação, está mudando, ou melhor, já mudou drasticamente o mundo, e quem não se der conta disso está fora do jogo. O que antes era um ativo raro, uma verdadeira fonte de poder, virou comodity. Todo mundo tem acesso. E isso tem impacto direto nas relações mais triviais do nosso dia-a-dia, tais como a relação Professor-Aluno, Médico-Paciente, e , particularmente, a relação Chefe-Subordinado.

O chefe, que antigamente se valia da informação como fonte de poder, não é mais o seu detentor, pelo simples fato que ninguém mais o é. Ouso afirmar que não há mais espaço para chefes nessa nova geração, apenas para líderes. Afinal, como eu vou me sentir motivado trabalhando para alguém que sabe menos do que eu? Não é essa justamente a grande questão da Geração Y? Que dirá da Geração Z que está por vir. O desafio então é definir o perfil desse novo profissional, capaz de liderar uma equipe na era da informação. Quais são  os requisitos que ele possuir para obter sucesso?

Ora, se tirarmos o acesso a informação da equação o que sobra? A capacidade de resolução de problemas e o ferramental de raciocínio lógico continuam valendo, e são ainda mais valiosos pois existe muito mais informação a ser processada. As habilidades sociais ganham mais importância, uma vez que a tecnologia nos permite trabalhar em ambientes muito mais complexos, com pessoas em diversos lugares do globo. De que adianta, capacidade de raciocínio e informação ilimitada se não somos capazes de interagir com os outros? Integridade, ética e paixão pelo trabalho completam esse cenário, pois são qualidades fundamentais para qualquer líder, em qualquer época.

São essas as habilidades que eu recomendo a todos que almejam uma carreira de sucesso e que quero desenvolver nos meus filhos. Por ironia, foi através deles que cheguei a essa conclusão, em meio a um ataque de ferozes velociráptors.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cultura Corporativa na Netflix

Cultura corporativa é uma coisa muito importante, é o DNA de uma empresa, aquilo que a faz diferente das demais. É a personalidade da organização, a maneira como os líderes da empresa descrevem a visão de futuro; é a soma de valores, costumes, tradições e comportamentos que tornam uma empresa única. Eu sempre fui interessado por empresas que possuem uma cultura corporativa única, pois isso diz muito sobre as pessoas que você vai encontrar lá. Em um tempo onde muitas empresas enfrentam uma crise de identidade cultural, onde várias não conseguem determinar exatamente a cultura corporativa necessária para sair do brete, ou simplesmente onde a maioria nem tem cultura própria - são simplesmente uma cópia do modelo que mais-ou-menos-funciona ali do outro lado da rua - foi com muita simpatia que me deparei com uma apresentação sobre a cultura corporativa da Netflix.

A Netflix afirma que sua cultura corporativa é uma onde são valorizadas a liberdade e a responsabilidade. O que me chocou na apresentação da cultura corporativa deles no entanto foi a simplicidade como foi explicada a razão do foco em liberdade e responsabilidade. A Netflix é uma daquelas empresas que afirma buscar os melhores dentre os melhores talentos, mas possui um racional bastante interessante sobre o porquê dessa busca incessante pela ótima performance. E aí o link se fecha com a idéia de liberdade e responsabilidade. Vou resumir o que a empresa define em sua cultura corporativa a seguir.

O modelo da Netflix envolve dar mais liberdade aos empregados conforme a empresa cresce, ao invés de limitá-la. Esse é um ponto interessante porque a maioria das empresas reduz a liberdade de seus colaboradores conforme a organização cresce - isso acontece para que erros sejam evitados. O racional é o seguinte: conforme uma organização cresce, cresce também a complexidade do negócio. Em paralelo a isso, o crescimento da organização também faz com que novas pessoas sejam contratadas, normalmente reduzindo o percentual de funcionários excepcionais. Com a maior complexidade do negócio, e com um percentual menor de funcionários excepcionais, via de regra o caos se instala. O que surge então? Rá, surgem os processos. Ninguém gosta de processos, mas eles ajudam a controlar o caos. O resultado normalmente é uma empresa de razoável sucesso, orientada a processos, com razoável eficiência, mas com poucos funcionários inovadores, com pouca criatividade e flexibilidade.


E aí o mercado muda...

E de um dia para o outro tem-se uma empresa sólida, com processos definidos, tentando atacar um mercado onde novas tecnologias ou novos competidores ou novos modelos mudaram as regras do jogo. A empresa não consegue se adaptar rapidamente, afinal os funcionários estão acostumados a seguir processos, pois os processos são bons e os protegem do caos... A empresa enfrenta uma enorme dificuldade para responder às mudanças e se recuperar, ou mergulhar no vazio da irrelevância. Humm, me soa familiar...

Enfim, como se evitar esse cenário? Bom, uma maneira fácil é não crescer, correto? Muitas empresas acabam nesse caminho, embora não por opção própria, afinal quem escolheria não crescer. Outra opção é aceitar o caos conforme a empresa cresce, mas manter-se distante de processos engessados. Não soam como boas opções...

Que tal uma quarta opção, na qual o crescimento da organização e da complexidade do negócio seja acompanhado de um crescimento ainda maior do número de funcionários excepcionais? Se você conseguir implantar uma cultura informal, com foco em responsabilidade e em pessoas excepcionais, você é bem capaz de conseguir gerenciar o aumento da complexidade do negócio e ainda assim manter um ambiente que estimule a criatividade e a inovação.

Essa é a proposta da Netflix. E fiquei encantado com a simplicidade com que eles conseguiram comunicar a idéia. "Ah, mas isso é muito complicado de se colocar em prática" dirá um amante dos processos. Pode até ser, mas o que é fácil de se colocar em prática? Porque certamente o cenário descrito anteriormente (o da empresa orientada a processos que se vê perdida em um mercado em mutação) acontece com frequência, e aí sim tem-se em mãos uma mudança difícil de ser gerenciada. Cultura corporativa é uma visão, uma aspiração. As pessoas é que posteriormente comprarão a idéia e farão dela a sua bandeira dentro da organização. O simples fato de uma empresa definir com tal clareza como pensa e porque o seu jeito de pensar diferente tem valor merece todos os meus elogios.

Abaixo a apresentação sobre cultura corporativa da Netflix (em inglês).



Reggie, the Engineer (João Reginatto).
--

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Morte ao Gerente – God Save the Leader

Esses dias li uma explicação sensacional sobre porque temos tantos gerentes e tão poucos líderes. A explicação, escancarada no livro Liderando Mudança, de John Kotter, que tive que ler como pré-requisito de um treinamento de liderança que fiz, fala que uma empresa começa bem, com os líderes necessários para que o negócio seja tocado. O líder inicial geralmente é o próprio idealizador e criador da empresa.

À medida que a empresa cresce, ela vai necessitando processos para que não se perca em seu próprio crescimento. Montar uma máquina ou prestar um serviço com cinco funcionários é uma coisa: se alguma coisa errada acontece, basta unir toda a empresa e explicar porque isso não deve ser feito e a forma correta de fazer. Sendo isso feito pelo próprio dono ou idealizador, a clareza e a motivação não podem ser maiores, pois ele geralmente tem toda a visão.

Mas os processos criados para suportar o crescimento da empresa não criam apenas padrões - criam burocracia como efeito colateral. Um novo papel então é criado para garantir que todos os empregados sigam os processos e os padrões definidos pela empresa: o gerente. Sim, o papel original do gerente é exatamente esse: um grande organizador, um guardião dos padrões e da burocracia criada devido ao crescimento da empresa.

Achei a explicação sensacional, pois explicaria porque temos tantos gerentes e tão poucos líderes nas empresas. Além disso, treinar um gerente é fácil, pois consiste em deixá-lo ciente do arsenal de regras e padrões criados. Sei que você já deve ter passado ou visto cursos desse tipo: (1) no processo de avaliação de pessoal, você deve levar em conta X, Y e Z; (2) aprovações de contas a pagar, quando ultrapassarem 200 dólares, devem ter a aprovação de A e B; (3) uma auditoria deve ser realizada a cada ano nos sistemas principais da empresa; (4) ...

Agora, como formamos líderes? Como fazemos com que uma pessoa seja seguida pelo seu time? Como garantimos que uma pessoa defina rumos de acordo com a visão estratégica da empresa e que o seu time acredite neles e o ajude a realizar essa visão? Não é uma pergunta nada fácil de responder, o que faz aumentar ainda mais a discrepância do número de gerentes e líderes no mercado.

A análise de “gerente x líder” no livro pára por aí, mas o problema é muito maior se for analisado com uma lupa. Essa visão está tão enraizada nas empresas que isso já é considerado um fato comum e normal. As pessoas não pensam em liderança – apenas traçam planos de carreira e se inscrevem em cursos para que sejam gerentes – geralmente apoiados pelos seus próprios gerentes (que muitas vezes não são líderes). Parece que o lado líder, por ser tão raro e tão difícil de ser treinado, está sendo cada vez mais esquecido. Tenho certeza que, se você está em um cargo de “liderança” em qualquer empresa, já deve ter ouvido do seu funcionário a resposta “quero ser um gerente” quando perguntou o plano de carreira do sujeito. Ou talvez você mesmo tenha falado isso quando foi perguntado dos seus planos futuros. Até aí, nada de errado.

O problema é se essa resposta estiver direcionada somente ao lado “gerente” e não de líder – que é o que geralmente ocorre. Já ouvi tantas vezes isso que, agora, toda vez que traço o plano junto com o sujeito e ele está convencido que quer ser gerente em 3, 4 ou mais anos, faço dezenas de perguntas para ver principalmente se (1) ele tem realmente o perfil de líder, (2) não quer ser gerente somente porque o gerente é o que aparentemente ganha mais e (3) se está ligado ao plano de vida do sujeito. Sem esses três pontos essenciais, não deveríamos aceitar nunca um plano de um funcionário para a gerência, pois certamente o plano, em si, não está correto. Estamos apenas contibuindo para aumentar ainda mais a discrepância entre gerentes e líderes no mundo.

Parece-me que esse tópico é que nem economia de água. Se você não fizer a sua parte, pode faltar água potável no futuro. Pense nisso, inclusive para sua carreira: se o seu próximo gerente não for um líder e lhe impuser somente um monte de regras burocráticas e padrões bonitinhos, você não terá o direito nem de reclamar.

Sorte que ainda temos Jack Welchs, Ricardo Semlers, Steve Jobs, Barak Obamas e alguns poucos outros que, de tão sensacionais, geram um monte de seguidores ajudam a manter a figura do líder vivo.

Dr. Zambol
--

O Grilo Falante

Júlio saiu da sala vermelho. O sangue de italiano pulsando nas têmporas, sabia que precisava se controlar. Sabia, mas não queria. Queria, sim, o fígado de alguém. No caminho até a mesa pensou em pegar um cafezinho, mas desistiu, iria acalmá-lo, e isso era a última coisa que desejava.
- Hoje eu quero o meu café com pólvora! - Pensou.

Sentou e começou a escrever compulsivamente, pressionando as teclas como gatilhos de uma metralhadora imaginária. Quinze minutos depois terminava o que chamou carinhosamente de "e-mail de retaliação". Uma verdadeira obra-prima de literatura corporativa, direta, incisiva, explosiva e, ao mesmo tempo, venenosa, ardilosa. Não era esse o seu estilo, porém, o seu estilo não estava mais surtindo efeito. De que adianta jogar limpo quando os outros não jogam? Não, agora chega! No more Mr. Nice Guy! Estava prestes a apertar o botão enviar quando Aline apareceu. 

Eram colegas de longa data. E mais do que respeito, confiavam um no outro. Percebendo que algo não estava certo Aline perguntou:
- E aí, como estão as coisas?
Foi uma pergunta retórica, é verdade. Afinal, a resposta estava estampada na testa de Júlio para quem quisesse ver. Uma das suas maiores virtudes era também uma de suas maiores fraquezas: era transparente demais. Não conseguia disfarçar suas emoções. Decidiu explicar toda a situação à Aline. Depois de ouvir ela perguntou:
- Posso dar uma olhada no e-mail?
Júlio relutou, mas cedeu. Afinal, não havia nada de errado no que estava escrito. Nada daquilo era mentira. Não precisou perguntar a opinião de Aline sobre o conteúdo, seu semblante dizia tudo. Mesmo assim falou:
- O que você acha?
- Preciso dizer?
- Claro, por favor.
- Não sei quem escreveu esse e-mail, mas esse não é você.
- Mas, mas...
Tarde demais, ela já havia assumido aquele tom de professora de primário:
- Você já parou para se perguntar por que as pessoas te seguem? Por que elas escutam você?
- ?
- É justamente porque você não faz esse jogo. Não é porque você também vem de calça jeans às sextas-feiras, ou porque participa do happy-hour com o pessoal. Eles te ouvem por causa da sua coerência, da sua integridade e ética. Eles ouvem porque você é diferente dos outros. E esse é exatamente o tipo de e-mail que "os outros" mandam. Preciso falar mais alguma coisa?
E saiu.

Júlio ficou ali pensativo por alguns minutos. Sabia que Aline estava certa e deletou o e-mail sem pudor. Arrependimento teria se chegasse a enviá-lo. Fez uma nota mental de agradecer à Aline assim que a visse. Todos precisam de um "grilo falante", ficou contente por ter o seu por perto quando mais precisava.


[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sucesso, Fracasso e as Crises de Carreira

O vídeo de hoje é uma palestra de Alain de Botton para o TED. Alain é um escritor, filósofo e empreendedor suíço. Ele fala no vídeo a seguir sobre por que muitos de nós enfrentamos crises durante nossas carreiras - um assunto que de uma maneira ou de outra tratamos frequentemente aqui na Tribo.

Alain reflete brevemente sobre algumas das razões pelas quais enfrentamos essas crises. Não é nada exatamente novo, mas é sempre bom escutar alguém transpor sentimentos e situações complexas em palavras simples.

Entre as razões para as tais crises de carreira, Alain sugere que nós vivemos em uma sociedade de esnobes, como nunca antes. Um esnobe é alguém que pega uma pequena parte de você e usa aquilo para formar uma visão completa de quem você é. Ele defende que vivemos em um mundo de esnobes particularmente na nossa vida profissional. A famosa pergunta "o que você faz" é usada nas mais diversas situações, mas experimente pensar sobre a reação das pessoas à resposta. Uma resposta como "sou um médico", ou "trabalho como advogado" vai gerar reações completamente diversas de respostas como "sou jogador de futebol", ou mesmo "sou servidor público municipal". A nossa sociedade realmente está cercada de esnobes, quem de nós nunca usou o título de uma pessoa para definir o seu valor que atire a primeira pedra. A idéia defendida por Alain é exatamente que esse tipo de sociedade nos faz muito mais preocupados com nossos títulos e postos do que deveríamos ser.

Outro ponto interessante levantado por Alain é que dois aspectos aparentemente positivos da sociedade atual acabam trazendo um impacto negativo em nossa vida profissional. O primeiro aspecto é a idéia que temos hoje em dia de que qualquer pessoa pode alcançar qualquer coisa - uma idéia bonita. Somos ensinados que qualquer um pode ascender a qualquer posição social. Talento, energia, e habilidades suficientes seriam capazes de levar qualquer um ao topo. O outro aspecto é o espírito de igualdade: somos todos iguais, com os mesmos direitos e deveres. Todos usamos jeans, consumimos a mesma mídia, queremos as mesmas coisas. Esses dois aspectos trazem alguns problemas, no entanto. O primeiro deles é que na realidade não somos todos iguais, somos bem diferentes. Mas como todos se sentem iguais, ao não atingir as mesmas posições que o fulano ao lado, vem a inveja. Nunca antes vivemos em uma sociedade tão invejosa como a de hoje, exatamente porque todos se sentem iguais e aspiram coisas semelhantes. Quem nunca desqualificou um colega ou amigo que ocupa uma posição profissional superior apenas por inveja que atire outra pedra.

O outro problema é um reflexo do caráter meritocrático da nossa sociedade, que vem da idéia de que não só qualquer um pode alcançar qualquer coisa, mas que é direito de quem merece alcançar posições mais altas na sociedade. O problema com isso é que o fracasso passa a ser merecido também. Em uma sociedade meritocrática, aqueles que conquistaram o sucesso o fizeram por merecimento, mas quem está no fundo do poço também está lá por merecimento. Na idade média, na Europa, muitas vezes uma pessoa pobre era referida como infeliz. Ou seja, alguém que não havia sido abençoado com sorte ou felicidade. Hoje em dia, é comum, principalmente nos Estados Unidos, uma pessoa na base da pirâmide social ser chamada de 'loser' (perdedor). Existe uma diferença grande entre um infeliz e um perdedor, mas isso mostra os 500 anos de evolução que tivemos na sociedade, e como hoje se entende de quem é a responsabilidade por nossas vidas. Em outras palavras, a sua posição na vida não acontece por acidente, mas por mérito e merecimento. O fracasso dentro nesse contexto tem um impacto muito maior.

A segunda parte dessa fantástica mensagem de Alain de Botton passa algumas idéias de conforto para que possamos conviver melhor com os aspectos citados acima na nossa vida profissional. Mas esses eu deixo para vocês assistirem e tomarem as suas próprias conclusões.

Espero que gostem.



Abraço,
Reggie, the Engineer (João Reginatto).
--

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Entrevista do Dr. Zambol na UNITV

Pessoal:
Segue a primeira parte da entrevista do Dr. Zambol para a UNITV. Ao todo são cinco partes que já estão disponíveis no nosso Facebook (entra lá, confira e torne-se fã da nossa comunidade). Nesse trecho o Zambol fala de Trabalho em Equipe, Quem Somos, O que nos Move, Para Onde Vamos e a Estrutura do Livro.



Esperamos que vocês gostem.
Um abraço da Tribo (Jack, Reggie e Zambol)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Esforço, Fracasso, Sucesso e Hockey - Reedição

João é um rapaz muito ativo. Mora no Canadá com seu pai, seu Benedito, e sua Mãe, a dona Maria. Está com dez anos de idade, recém feitos agora em dezembro, e ansioso por uma vaga no time de juniores de Hockey do seu colégio, jogo pelo qual é fanático. A idade máxima permitida para ingressar nesse time é 10 anos.

Todo janeiro de cada ano a história se repete. As inscrições, que são aceitas até esse mês, decidem o futuro de muitos jovens: só os melhores são escolhidos.

João pode até estar eufórico, mas Benedito, seu pai, está pronto para consolá-lo. Não porque ele não jogue bem para sua idade – realmente tem orgulho do quão bem seu filho joga. Mesmo assim, sabe que seu filho praticamente não tem chances de ser escolhido para o time. Estatisticamente, seu Benedito sabe que quem nasce nos últimos meses do ano, tem pouquíssimas chances de ser aceito.

Não é mandinga nem nada, mas um fator lógico: quando uma pessoa tem 10 anos – 11 meses fazem toda a diferença. Tanto é que, olhando o time de Hockey Júnior do Canadá nos últimos 10 anos, veremos a mesma tendência: uma concentração de 40% a 50% do time são pessoas nascidas em Janeiro, Fevereiro e Março, com a presença quase nula de pessoas nascidas nos últimos meses do ano. Um menino de 10 anos e 11 meses tem muito mais força do que um de 10 anos recém completados.

O pior é que, como os que são escolhidos para o time júnior recebem treinamento profissional e intensivo, essa diferença permanece e se intensifica até a idade adulta. No time profissional de Hockey do Canadá, a grande maioria dos jogadores nasceu nos 4 primeiros meses do ano.
Dados já de 2001 (http://www.jstor.org/pss/3552374) comprovavam esse fato e já se encontram diversos artigos tentando solucionar esse problema, embora persista até hoje. Esse caso, citado no livro de Malcolm Gladwell – Outliers - me chamou muita atenção.

Pode parecer ridículo, e passar desapercebido (aliás, passou desapercebido por mais de 10 anos), mas a diferença para se ter sucesso ou não no Hockey do Canadá é o mês que sua mãe decidiu parar de tomar a pílula anticoncepcional e que teve o óvulo fecundado pelo espermatozóide incansável do seu pai – fato que certamente você não teve influência alguma.

A única coisa que podemos fazer é estar 100% prontos para os desafios que esperamos enfrentar, correto? Devemos fazer cursos, estudar bastante e tentar nos desenvolver o máximo que podemos naquela área. Será isso mesmo?

Não. Certamente não.

Esses e outros exemplos claros em nosso dia-a-dia demonstram que muitas vezes se você não estiver na área certa para você, não estiver se dedicando no lugar onde você realmente pode ter sucesso, o resultado é que você será apenas uma pessoa mediana ou terá que fazer um esforço fora do comum para se destacar naquela área.

Parece que muitas vezes vemos esse alarme tocar e não nos damos conta: pessoas na área de contabilidade que deveriam estar estudando economia; pessoas programando sistemas que deveriam ser analistas de negócio; advogados criminalistas que deveriam ser advogados trabalhistas. O sintoma é o mesmo: demorar muito para sair do lugar, dificuldade e desmotivação.

Siga o seu coração. Não adianta insistir onde não dá certo. Encontre seu talento e a oportunidade para usá-lo. Não dê murro em ponta de faca. Isso é um suicídio profissional.

Uma coisa é certa: apostando na área errada, você nunca entrará no time profissional de Hockey.

Dr. Zambol
--

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cinco Regras de Ouro na Carreira

1. Una Paixão com Trabalho: Gostar do que faz não é o suficiente. Grandes profissionais são aqueles apaixonados por sua profissão. O maior prazer para esses profissionais é o próprio resultado do trabalho. A recompensa acaba vindo inevitavelmente pois são esses os profissionais que ascendem mais rapidamente na carreira. Lembro sempre de uma frase clássica da Mae West, atriz norte-americana, que diz o seguinte:
- Descubra o que você realmente gosta de fazer e arranje um jeito de ganhar dinheiro com isso.
Quer plano de carreira melhor que esse?

2. Pese suas escolhas
: Essa é uma complementação da regra anterior. Todas as nossas decisões devem, constantemente, ser colocadas na balança. Quero ter uma carreira de sucesso, mas também quero dedicar muito tempo para meus filhos. Quero trabalhar no exterior, mas não quero deixar minha família. É difícil encontrar o equilíbrio, principalmente no que tange trabalho e vida pessoal. Seja qual for a sua escolha, e ela não tem que ser necessariamente um ou outro, existem prós e contras envolvidos. Portanto, é muito importante reavaliar constantemente as prioridades para reforçar nossas escolhas, e ter certeza que estamos seguindo o caminho certo para nós mesmos.

3. Busque o Sentido Mítico: 
É fundamental sentir-se parte de algo maior, compartilhar uma identidade com o grupo que você trabalha. É isso que quero dizer com Sentido Mítico, a sensação de estar engajado em algo maior. Perseguir um objetivo assim traz sentido à banalidade do dia-a-dia. Nos anos oitenta a IBM não vendia computadores, vendia "Uma noite tranquila de sono a quem os comprasse". Percebe? Hoje, um bom exemplo é a missão do Google: Organizar as informações do mundo todo e torná-las acessíveis e úteis em caráter universal. As pessoas não estão lá para programar, criar ferramentas, estão lá para mudar o mundo. E você pode, todos podemos, trazer isso para âmbito pessoal e criar uma missão que faça a diferença para nossas carreiras.

4. Encontre o seu Nêmesis:
Todo herói que se preza tem um bom vilão. Vilões são fundamentais, tão ou mais importantes do que os heróis. Eles mobilizam as pessoas em direção a um objetivo, suprimem as diferenças, facilitam a construção de alianças. Seja aquele sujeito que roubou sua namorada no colégio ou o cara que ganha de você no ping-pong, todos temos um. No ambiente corporativo pode ser quem concorre pela mesma promoção que você, mas normalmente é alguém que defende ideais justamente opostos aos seus. A concorrência nos faz melhores, provoca o nosso desenvolvimento e relembra quem nós somos e por que estamos no jogo.

5.
Keep Walking: Essa regra também pode ser traduzida por: Siga em frente e trabalhe duro. É a mais óbvia das regras, mas nenhuma das outras funciona sem ela. Você pode amar o que faz, conviver bem com suas escolhas, trabalhar para um objetivo maior e conhecer seus adversários. Nada disso traz resultados sem o bom e velho "Hard Work", e sem a capacidade de seguir em frente superando as adversidades. Se as regras anteriores servem para apontar o caminho, este só pode ser trilhado através do trabalho, que nem sempre é glamoroso ou mesmo agradável, mas é a única via para o atingimento dos objetivos. Como diria o meu herói Rocky Balboa:
- Não faz diferença o quão forte você bate. O que faz diferença é o quanto de pancadas você consegue aguentar e ainda assim seguir em frente.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Quem precisa de uma carreira? (Reedição)

Maria tem 36 anos, é casada com Marcos e tem três filhos, um de 9 anos, outro com 6 e o mais novo com 1 ano e meio. Maria é arquiteta de formação mas desde que ficou grávida do primeiro filho acabou largando a profissão. Durante praticamente os últimos 10 anos, ocupa seu tempo (e bem) com as crianças, seja cuidando do mais novo, levando os outros no colégio ou correndo atrás dos outros afazeres da casa para garantir que eles tenham tudo do bom e do melhor.

Outro dia o de 6 anos apareceu na cozinha de tarde e falou para ela:

- Mãe, a escola pediu que convidássemos nossos pais para a Feira de Profissões. Tem como você ir lá e falar sobre a sua?
- Humm, deixa eu ver... vou consultar a minha secretária e te dou uma resposta, OK? - brincou Maria.
- Pois é mãe... qual a sua profissão? Afinal todo mundo tem mãe... acho que mãe não é uma profissão.

Maria enrolou o pequeno, mas ficou pensando naquela conversa enquanto fazia a lista de compras para a semana. Sim, não tinha uma profissão já há alguns anos. Não tinha mais uma carreira. Mas e daí? Quem precisa de uma carreira? Quem disse que todo mundo tem que ter uma profissão?

Maria era uma pessoa feliz, extramente realizada. Amava seu marido, tinha os filhos mais lindos do mundo, e não se importava de ter largado a carreira de arquiteta há alguns anos atrás. Felizmente seu marido tinha um emprego bom e eles viviam dignamente - as crianças tinham tudo o que queriam e precisavam. Ela tinha enorme prazer em investir seu tempo criando os filhos e ajudando uma ONG local que trabalhava com projetos de sustentabilidade.

Mas volta e meia apareciam essas ocasiões em que o seu estilo de vida era questionado. Era como se o valor de uma pessoa estivesse unicamente relacionado ao sucesso de sua carreira ou à importância de sua profissão. Não gostava dessa pressão que a escola e a sociedade colocava em seus filhos: ou você começa a pensar no que quer fazer quando crescer quando tem 6 anos ou será um Zé-ninguém. "Infeliz daqueles que se prestam a viver conforme o que os outros pensam deles", pensava. Ainda outro dia tinha lido uma citação de Ralph Waldo Emerson que dizia mais ou menos assim:

"O que devo fazer da minha vida é problema meu, não das outras pessoas... você sempre encontrará aqueles que acham que sabem o que você tem que fazer, mais do que você mesmo. É fácil viver em sociedade segundo as opiniões dos outros. É fácil viver na solidão segundo as suas próprias opiniões. Porém, o grande homem é aquele que, em meio à multidão, mantém-se fiel à sua independência e às suas próprias opiniões."

- Paulinho, chamou Maria da cozinha.
- Sim mãe, gritou ele do quarto.
- Avisa lá na escola que eu posso ir falar na Feira de Profissões sim. Mamãe tem umas coisas bem importantes para falar.

Reggie, the Engineer (João Reginatto)
--