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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Noite Feliz?

A neve caía forte quando o administrador chegou a sala do bom velhinho. Estava preocupado como nunca e precisava avisar ao chefe dos problemas da empresa. Não fossem seus cabelos brancos de longa data se diria que branquearam de uns dias para cá. Depois de um longo suspiro ele começou num tom apreensivo:
- As coisas não vão bem.
- Como assim não vão bem? - indagou Papai Noel com o sorriso usual.
- Estamos vivendo uma crise sem precedentes.
Papai Noel desdenhou.
- Já vivemos problemas assim no passado. Você vai ver, é tudo passageiro.
- Mas dessa vez é diferente, dessa vez é mais complicado.
Finalmente Noel começou a demonstrar o interesse que o assunto requeria.
- Complicado como?
- O Dinheiro, grande parte do dinheiro da empresa estava aplicado em opções cambiais. A virada do Dólar nos deixou praticamente quebrados.
- Opções Cambiais?
- Era uma alternativa de investimento interessante, potencializamos assim os lucros da empresa.
- Mas isso não é o nosso negócio. O nosso negócio é montar e distribuir brinquedos, não é operar no mercado financeiro.
- Pois é, mas o senhor nunca reclamou disso quando eu apresentava bons lucros nos nossos balanços para os acionistas.
Papai Noel ficou preocupado.
- Está tudo errado, tudo errado. Deveríamos estar investindo em eficiência operacional, inovação.
- Ãhh.
- O que?
- Sejamos honestos Papai Noel, nosso modelo não é nada inovador. Entregamos brinquedos da mesma maneira, na mesma época, a mais de Duzentos anos. Nem as renas nós trocamos. Só depois de muito custo consegui convencer o senhor de que devíamos aceitar a lista de presentes também por e-mail ao invés de carta.
Mas Papai Noel não se convenceu.
-Mesmo assim, ainda somos líderes de mercado, nosso processo produtivo ainda é eficiente.
O Duende balançou a cabeça em desacordo.
- Na verdade não. Os chineses são muito mais eficientes do que a gente. São mais baratos e mais produtivos. As leis trabalhistas que protegem os Duendes nos amarram demais. O senhor sabia que os Duendes tem direito a 30 dias de férias por ano? E que temos que pagar hora extra para eles?
Papai-Noel fechou o rosto resignado.
- Então a situação é mesmo grave mesmo. Quais são as nossas opções.
- Ajuda do Governo.
- Ajuda do Governo?
- Vamos buscar um financiamento público, segundo meus cálculos algo em torno de 34 Bilhões de dólares é o suficiente para nos tirar do buraco.
- Mas será que o Governo vai nos ajudar?
- É claro que sim! O senhor já parou para pensar que somos um símbolo para as pessoas. Se o Papai Noel quebrar que tipo de esperança sobra para os outros? Não quero nem pensar o que vai ser do Coelhinho da Páscoa. Além do mais vai ser fácil conseguir aprovar isso no congresso, o senhor tem a lista de todos os que não se comportaram durante o ano, e tenho certeza que a maioria dos políticos está nela.
- Não sei não, você acha que vai dar certo?
- Claro, o único risco é encontrarmos algum Grinch, na bancada de oposição. Afinal, o senhor sabe, os Grinchs são todos Neo-Liberais.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Aberto para Balanço

Último post de 2008. Bom, normalmente no final do ano entramos em recesso, re-publicação, aquela coisa. Então, post mesmo, novo em folha, é o meu último. Sempre faz ser escrito de maneira diferente.

Olho para o meu primeiro post de 2008. Uma descontraída para quem acabava de voltar das férias. Nem quero pensar nisso, mal me falta uma semana para 'entrar' em férias. O ano começou com sensações diferentes, Tribo, carreira. Na Tribo estávamos à todo vapor, produzindo como nunca. Na carreira, era um período complicado. O tal período de incubação de um expatriado ainda estava vigente, a saudade batia forte, e os obstáculos para mais um estrangeiro no escritório pareciam intransponíveis. Que nada, foi uma barbada. Depois que embalou, peguei gosto de novo, não adianta, quem gosta do que faz é assim, pode enjoar um pouco, pedir água, mas assim que o chamado é feito a gente está pronto novamente para atendê-lo.

E tudo acabou passando muito rápido, como sempre, e como nunca. O trabalho esse ano foi como nunca eu tinha experimentado em termos de volume. A Tribo que o diga, atrasei vários posts por causa disso. Bom saber que eu ainda aguento pancada. Responsabilidade também, como eu nunca havia tido. Que bom, não é? Sempre é mais recompensador. Parece ironia mas um ano tão bom profissionalmente será antecessor de um que pode ser um desastre. É isso mesmo. Aqui na Europa, quem não se comportou vai ganhar do bom-velhinho um lay-off de presente em 2009. Redundância, chamam eles. Nada que se pudesse imaginar no início de 2008. Não, a 'crise' então parecia algo tão distante... Tomara que para os meus amigos no Brasil não aconteça o mesmo.

Perdi cabelos, mas ainda não ganhei nenhum branco. Fiquei um pouco mais rico. Fiz novos amigos, mas deixei de ver e bater um papo com inúmeros outros. Emagreci e engordei, soma zero. Pratiquei 2 novos esportes. Não fui disciplinado em ambos. Aprendi a assistir rugby na TV. Também, do jeito que o meu time de futebol me frustra, não tem muita opção. Acho que não ofendi ninguém esse ano no blog, o que é lucro. Acho que também não tive que tirar nenhum post do ar. Melhor ainda! Ah, esqueci de dizer: não fui promovido, mais uma vez. Mas a minha esposa foi. Ela agora gerencia a unidade aqui de Dublin. E tem um mentor espetacular, vai longe. É o novo orgulho da casa. A banca paga e recebe.

O saldo é sempre positivo. Ainda mais quando a gente lê um comentário como esse do Fernando. Nossa, isso vale um emprego e meio. Esse prazer eu tenho certeza que continuarei tendo em 2009, a Tribo não pára. Quem sabe não aparece o tal do livro, hein?

Forte abraço a todos, bom Natal e um 2009 cheio de minhocas na cabeça.

Reggie, the Engineer.
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Existem Heróis Hoje em Dia?

"Um herói é qualquer pessoa que possui a capacidade de superar de forma excepcional um desafio ou problema de dimensão épica."

Será que existem heróis hoje em dia?

Esses dias me deparei com a pergunta acima. Como as ações de um herói são sempre atribuídas ao sucesso, no meio do meu pensamento comecei a me perguntar por que algumas pessoas têm sucesso e outras, mesmo buscando-o incessantemente, nunca o alcançam. Parecia que precisava responder a essa pergunta antes de seguir adiante...

A pergunta em si já é muito difícil de ser respondida. Não podemos fazer uma análise minimalista e dizer que uma pessoa tem sucesso simplesmente porque tem sorte; muito menos podemos dizer que uma pessoa tem sucesso única e exclusivamente devido ao seu esforço. Está claro que ambos os fatores estão envolvidos - e uma pitada de sorte, destino ou seja lá como você chama (alguns dizem que o apelido de Deus é "Coincidência") é essencial para que uma pessoa tenha sucesso.

Se pensarmos bem, tudo começa no nascimento. Se eu tivesse nascido em um país com guerra civil e em uma familha pobre, talvez hoje estaria subnutrido, analfabeto e quem sabe com alguma cicatriz de guerra já. Aí está. Tudo então começa com o fator sorte...

Quando uma pessoa consegue uma posição boa em uma empresa, talvez até exista o fator sorte, mas manter-se na posição exige esforço e comprometimento do indivíduo. Se não fosse assim, certamente a pessoa seria desmascarada rapidamente. Veja bem, isso não tem nada a ver com competência. Ela pode ser incompetente aos seus olhos, mas ela faz alguma coisa bem, que talvez você não faça, para manter-se naquela posição.

Mas depois de conseguir chegar na conclusão acima, percebi que, na verdade, não tinha avançado em nada na minha resposta. Afinal, o sucesso para algumas pessoas é completamente diferente do sucesso de outras. Como tinha tempo livre, não me contentei com esse "pequeno empecilho" e decidi então generalizar para conseguir minha resposta.

"Sucesso para uma pessoa é o que faz ela se sentir bem com ela e com o mundo"

O problema com a filosofia é que sempre tem um nível a mais. E a sentença "se sentir bem com ela e com o mundo" pode ter milhares de conotações e sentidos diferentes para um grupo de pessoas.

Quando estava prestes a desistir, percebi que o problema acima certamente era um problema de dimensões épicas, o que me levou a definição de herói novamente (vou repeti-la abaixo):

"Um herói é qualquer pessoa que possui a capacidade de superar de forma excepcional um desafio ou problema de dimensão épica."

Não seria então "herói" aquela pessoa que entende exatamente o que é sucesso para si e que não se quebra diante de qualquer desafio que o desvie do seu caminho para alcançar o sucesso?

Um herói nos dias de hoje então não seria o trabalhador que entende exatamente o que lhe faz feliz, sabe exatamente as suas convicções e segue sua ética e valores independentemente do ambiente e da empresa onde está?

Se realmente for, o herói de hoje às vezes é demitido por fazer a coisa certa; por ter seus valores morais acima de qualquer valor corporativo. O herói de hoje é aquela pessoa que entende que está naquela posição não somente por seu próprio mérito, mas pela sorte de ter nascido naquela familha, naquele país e pela sorte de ter tido um caminho que o levou onde ele está. Por isso mesmo, nunca despresa as outras pessoas.

O herói de hoje entende que no seu caminho para o sucesso, o trabalho é um mero meio e, por assim ser, deve ser desdenhado quando não lhe convém mais. O herói hoje é feliz no trabalho e em casa, porque entende a sua condição e suas limitações, mesmo sempre tentando superá-las. O herói de hoje é aquele que perdoa, pois sabe que o seu próprio caminho é cheio de falhas.

O herói de hoje, pode ser você...

"Dê a um homem tudo o que ele deseja e ele, apesar disso, naquele mesmo momento, sentirá que esse tudo não é tudo". Kant, em conversa com o historiador russo Nikolai Karamzin.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Inovação e o Fim da Escravidão

Demorou um pouco para a gente colocar um vídeo aqui na Tribo, mas não preconceito, é que somos extremamente criteriosos com o que a gente publica aqui. E se for para colocar um urso brigando por cerveja prefiro publicar um dos meus posts, mesmo que não seja dos melhores.
Mas o vídeo de hoje foge à regra da mediocridade na rede. São apenas 5 minutos nos quais o consultor de empresas Waldez Ludwig faz uma síntese genial sobre trabalho e inovação nos dias de hoje. Simplesmente obrigatório.




Espero os comentários.
[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Desejos de um Líder para 2009

Final de ano chegando, tempo para olhar para trás, fazer o balanço e planejar (ou pelo menos 'desejar') as coisas para 2009. Deixo abaixo então para os líderes (ou candidatos a líderes) entre nossos leitores, algumas sugestões de desejos para o ano que está chegando.

  • Desejo que em 2009 eu possa manter a calma quandos todos ao meu redor já a tiverem perdido.
  • Que no próximo ano eu consiga continuar acreditando em mim e na minha equipe quando todos os outros duvidarem.
  • Desejo que eu possa continuar sonhando e contaminando minha equipe com meus sonhos, e ainda assim não me tornar apenas um sonhador.
  • Que eu possa tratar o sucesso e o fracasso de meus projetos com a mesma tranquilidade, sem deslumbramento ou desespero.
  • Que em 2009 eu, como líder, tenha força para, ao ver tudo o que acredito pisoteado e contestado, mobilizar mundos e ter força para colocar tudo no lugar novamente.
  • Que eu não me apegue às vitórias do passado, e ao invés disso continue arriscando sempre em busca do melhor.
  • Desejo que eu consiga motivar a minha equipe de maneira a persistir sempre, mesmo quando toda a esperança tiver se perdido.
  • Que em 2009 eu possa almoçar com meus comandados e tratar eles como iguais. Que eu possa conviver com meus superiores e não perder a humildade.
  • Que eu possa olhar para trás no final do ano, e concluir que aqueles 365 dias foram plenos, e que eu consiga dizer 'Valeu à pena!'.

Para quem conhece o grande escritor britânico Rudyard Kipling, os desejos acima certamente soam familiares. O poema 'If' ('Se'), de sua autoria, é um dos mais famosos da língua inglesa, e certamente um dos meus preferidos. Tomei a liberdade de adaptar o poema ao nosso contexto. Espero que tenha sido útil.

Reggie, the Engineer.
--

Versão original (em inglês) do poema 'If', de Rudyard Kipling.


Uma das versões em português do poema acima, disponível na Web:

Se és capaz de manter a calma quando
Toda a gente ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De acreditares em ti quando todos duvidam
E para esses no entanto encontrares uma desculpa;
Se és capaz de esperares sem desesperares,
Ou enganado, não mentires ao mentiroso,
Ou sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não pareceres bom demais ou pretensioso;

Se és capaz de pensares, sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratares da mesma forma esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de veres mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas por que deste a vida estraçalhadas,
E refazê-las com o bem ainda pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única jogada,
Tudo quanto ganhaste na tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, voltares ao ponto de partida;
De forçares o coração, nervos, músculo, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: ”Persiste”,

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perderes a naturalidade,
E, de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo que existe no mundo
E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Who Wants to Live Forever...

Connor era um programador experiente. Na verdade, muito experiente. Já tinha sido vice-presidente de TI da coca-cola, diretor de informática da Microsoft e gerente de informática no Google. A pressão e a vida incerta tinham-lhe feito fazer um downgrade radical em sua carreira.

Agora, era programador Java em uma pequena empresa de offshore em Campinas. Ninguém ali sabia, mas Connor tinha muita experiência como programador também. Tinha iniciado em assembly de mainframes e alguns anos depois já programava COBOL como ninguém.

Sua volta às origens tinha despertado nele um sentimento de melancolia muito forte. Lembrou-se dos tempos que a única forma de se realizar um cálculo mais rápido era através de um ábaco. Ele já usava esse tipo de instrumento desde 1278. “Nossa, já se vão mais de 700 anos que comecei em informática se contar a minha experiência com ábacos”, lembrou saudosamente. Sim, Connor era um highlander e estava vivo a mais tempo do que gostaria.

Por ter tanto tempo na área, sua vivência era algo que saltava aos olhos. Por onde quer que passava, ele intimidava as pessoas com comentários que seriam muito além do que se esperaria de alguém naquela posição. E seus colegas atuais não eram diferentes. Por isso mesmo, mais uma vez, o isolaram do grande grupo com medo que fosse promovido ante de todos. Era nessas horas que Connor lembrava como o ser-humano era o mesmo de dois mil anos atrás – não tinha evoluído nada. Quando se sentia ameaçado, valia qualquer coisa para se proteger.

Mas a vantagem de se ter mais de dois mil anos de idade é exatamente a capacidade e a maturidade de superar os desafios de forma muito tranqüila. Sempre dizia para si mesmo quando via alguém reclamar que “queria ver é essas pessoas como escravas em plantações de bárbaros na idade média”. E realmente, tinha um pouco de razão.

O problema é que estava completamente farto da vida. Já havia se casado mais de 10 vezes e tinha visto todas as suas esposas envelhecerem e morrerem. Estava farto de ser isolado devido a sua capacidade. Estava farto da vida...

Mas aquele emprego tinha lhe motivado como já não se sentia há mais de cem anos. Mesmo sendo uma pequena empresa, sem nenhum plano de cargos e salários, e com um chefe considerado extremamente boçal e hostil por todos, se sentia esperançoso ali – se sentia bem, não sabia exatamente bem porquê.

- Ele vem vindo aí pessoal. Cuidado!

Após esse grito, vindo do colega do lado e dirigido para todos da sala, entrou o gerente de desenvolvimento, a pessoa mais odiada naquela empresa.

- Pessoal, soube que estamos atrasados mais uma vez! Infelizmente, vou ter que convocar todo mundo para um mutirão nesse fim-de-semana. E como sempre, quem não vier, terá sua cabeça cortada!

Connor sorriu.

"Ah, se os outros soubessem da minha motivação...", pensou em voz alta, enquanto olhava o desconforto de todos à sua volta.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sono de Criança

Acordo às 3:30 da madrugada com o choro do bebê. No começo acho que é manha dele, toda a criança é assim. Deixo ele resmungar no berço por alguns minutos, mas o choro não para. E hoje é a minha noite na escala. Pego ele no colo e, depois de embalar um pouco, percebo que perdeu o sono. Fazê-lo dormir novamente vai levar mais tempo do que eu esperava. Vamos para sala, assistir a TV me distrai, e parece que a ele também.

Enquanto o embalo pela sala, faço uma revisão do meu dia.
Métricas, métricas, métricas.
Levo 15 minutos entre a cama e a cozinha, já passando pelo banheiro. Sou um daqueles sujeitos que não toma banho pela manhã. Não é falta de higiene, mas cada minuto de sono pela manhã é precioso. Também não tomo café da manhã, no máximo um leite com Nescau. Mais 15 minutos dirigindo para o trabalho. Chegando lá, ligo o notebook, começo a ler os e-mails e levanto para pegar o primeiro cafezinho. Ao todo são pelo menos 4 ao longo do dia. Isso quando a coisa não complica, nesse caso passo fácil dos 6 copinhos. E aí começam as reuniões, uma atrás da outra, sem trégua. Ao meio dia um almoço rápido, 45 Minutos no máximo. Fast-Food, Junkie-Food, o que seja. O sujeito que inventou isso certamente trabalhava demais. De volta ao escritório segue a rotina. Mais reuniões, mais café. Lá pelas 5:30 a coisa começa a acalmar, mas então tenho que enfrentar novamente a minha caixa postal. Já são quase 100 mensagens pedindo, implorando para serem lidas.

Depois de mais de meia hora com os olhos abertos ele começa a piscar. E nessa hora ele resmunga, joga a chupeta fora, luta contra o sono que vem chegando. Eu embalo mais forte e tento lembrar da melhor canção de ninar que conheço, o que não ajuda muito devido ao meu repertório limitado e voz de taquara rachada. Enquanto isso retorno para o meu dia-a-dia.

Ontem na volta do almoço passei pelo colégio que fica perto do serviço. As crianças se divertem. Lembro do meu tempo de guri e de como as coisas eram mais fáceis:
- Beleza Pedrinho
- Beleza.
- Tu trouxe a bola?
- Que bola? Hoje não era o meu dia, quem ficou de trazer a bola foi o Marquinho.
- Eu não, hoje era o teu dia.
- Não era!
- Assim não dá, como é que a gente vai jogar bola hoje? Estragou o recreio Pedrinho. Não dá mesmo para confiar em ti pra nada.
Esse era o meu pior dia na escola, tudo na vida é uma questão de perspectiva.

Sentamos no sofá, ele finalmente cai no sono. Antes de adormecer eu penso: Espero que ele possa aproveitar a infância do mesmo jeito que eu aproveitei a minha. É difícil encarar a vida adulta sem boas lembranças do passado.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Como você trata um garçom?

Ufa, diazinhos complicados, ontem e hoje. O post acabou atrasando. Bom proveito!

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O projeto está atrasado. Os consultores vêm tentando melhorar o sistema há várias semanas. A última demonstração deixou um pouco a desejar, mas havia uma pessoa particularmente irada. Bom, na verdade o Sr. P estava quase que constantemente irado.

O Sr. P é um tipo estranho. Maluco por trabalho. Chega às 7:00 e sai às 20:00. Bom, isso no passado. Agora ele trabalha 70% do tempo de casa. Imagino que deva trabalhar mais horas ainda por dia quando está em casa. O Sr. P odeia férias. Ficou furioso com sua esposa da última vez que ela o obrigou a passar uma semana inteira longe do trabalho.

Os consultores estavam claramente tentando agradar o Sr. P.

- Veja, aplicamos aquela sua sugestão.
- Ahã... mas o sistema ainda está muito lento. Essa tela aqui - falou apontando para o monitor - por que está demorando tanto?

E mais uma vez ali ficaram, o Sr P e os pobres consultores monopolizando a reunião. Já estava sendo assim por semanas a fio.

- Ok, quem sabe então encerramos a reunião por aqui e nos reunimos com você, Sr. P, para tentarmos fechar esse ponto? - questionou um dos consultores, tentando colocar um fim naquilo.
- Ah, o que seja. Vocês sempre tomam meu tempo mesmo, mais uma hora ou duas não faz diferença. Ah, e podemos ter um especialista presente dessa vez? Já vi que não estamos andando na velocidade necessária, acho que vocês precisam de ajuda.

Silêncio na sala. Todos os outros apenas olhavam aqueles pobres consultores sendo esculhambados. "Especialista"? O Sr. P havia acabado com a reputação técnica dos caras na frente de seus clientes.

- Tem que tratar assim esses caras, senão só nos cobram e não fazem nada - confidenciava o Sr. P aos outros membros da equipe.

O estranho era que o Sr. P tratava a todos assim.

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Uma vez acho que li o Jack Welch concordando com aquele ditado que diz que "se pode dizer bastante sobre uma pessoa pela maneira que ela trata um garçom". Será que o ditado se aplica somente a garçons? Outro dia o Jack estava falando sobre motivação e as diferentes técnicas envolvidas. Tem muita gente que faz uso do coeficiente 'cagaço' aplicado à motivação. Eu acho que às vezes ele cabe. Mas não pode virar regra. Não tenho certeza onde pessoas como o Sr. P acabam na vida profissional, mas não pode ser em um lugar legal. Porque naquela reunião, naquele dia, as pessoas acabaram tendo o seu foco movido da análise crítica do sistema para a briguinha particular do Sr. P. E isso não deve ser bom para empresa nenhuma.

Reggie, the Engineer.
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