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Guia Especial - Gestão

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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Meu Gerente não Agrega Nenhum Valor

Se você ainda não falou a frase-título desse post, certamente já ouviu alguns colegas seus falando isso de seus gerentes. E pior: se você é gerente, diretor, vice-presidente ou CEO de alguma empresa, saiba que alguém deve estar pensando isso de você.

Mas goste você ou não do seu chefe, saiba que existe uma razão porque é mais fácil odiar seu gerente do que odiar seu advogado ou seu médico. E não pense que é porque ele manda você fazer coisas que você não gosta ou não concorda: seu médico e seu advogado também o fazem (ou você gosta de fazer exame de próstata?).

E a razão é tópico de uma discussão secular: a gerência não é uma profissão. Antes de você parar de ler esse post e me chamar de xiita desmiolado, saiba que, embora isso não seja um consenso, é a teoria mais aceita hoje em dia.

Se pensarmos em qualquer profissão, veremos que ela compreende pessoas às quais procuramos serviços e conselhos pela nossa falta de habilidade e conhecimento do assunto. Você vai ao médico porque ele tem os meios para identificar e diagnosticar uma doença muito melhor do que você. Um advogado pode lhe dar conselhos que até você não concorde, mas os conselhos estarão embasados em uma lógica que você possui - ele é o expert. Ou seja, existe uma assimetria de conhecimento. Essa assimetria pode ser até temporal e relativa - você pode ir em um restaurante e pedir um Crêpe Suzzette (minha sobremesa predileta) pois você não sabe como fazer. Ora, todos sabemos que depois de alguma busca no Google e alguns experimentos, você até poderá conseguir reproduzir a sobremesa - diminuindo assim a assimetria de conhecimento, mas a habilidade da cozinha em geral, ainda será especialidade do chef de cousine, não sua. A mesma coisa, em menor escala, pode acontecer com advogados e médicos.

Além disso, uma profissão tem um código de ética, que são as leis gerais a serem seguidas pela profissão, e uma entidade ou conselho que regulamenta a profissão. Você pode até gastar 10 anos da sua vida lendo sobre todo o tipo de lei no Google e em bibliotecas - mas você não poderá exercer a profissão de advogado porque você não será reconhecido pela entidade regulamentadora (no caso do Brasil a OAB). Um código de ética para a gerência de negócios pode até ser possível de ser confeccionado algum dia, mas certamente trará muitos desafios, devido a grande abrangência do escopo e do serviço de gerência.

Para tornar mais claro o que estou falando, imagine um serviço prestado por um advogado a uma empresa - redigindo um contrato de prestação de serviços. Ele entregará o serviço específico de redação e revisão do contrato aos gerentes, que por sua vez procurarão outros serviços específicos, como serviço de auditoria, serviço de controle de gastos, serviço da prestação do serviço XYZ específico redigido no contrato e alguns outros, até que tudo esteja pronto.

A prestação de contas no fim do mês seria algo assim:
- Advogado: redação e revisão do contrato
- Auditor Independente: auditoria de documentos e serviços, gerando o relatório ABC
- Controladoria: criação da gerência a automação de gastos
- ....

E o gerente? O que ele fez? Vamos tentar descrever:

- Gerente: coordenação das entregas do advogado e do auditor. Ligação para a controladoria pois esta estava indo num caminho equivocado. Explicação do modelo de negócio necessário para a empresa para a controladoria para que...

Sim, é muito mais difícil descrever: não é específico, não é baseado em uma entrega estanque, não requer uma habilidade única e não é fácil de ser mensurável (medir o trabalho do advogado é extremamente fácil nesse caso - como medir o do gerente?).

São os gerentes inúteis então? Certamente não - só são parte de uma classe que não constitui uma profissão: não possuem código de ética, não possuem entidade ou conselho, não possuem uma habilidade específica, geralmente não realizam atividades estanques e suas tarefas são de uma natureza difícil para mensurar a qualidade e o impacto.

Não é de se espantar que não seja uma profissão e que não possua código de ética, não é mesmo?

Então, antes de pensar que seu gerente é um inútil, pense duas vezes, pode ser pura ignorância sua. E antes de xingar seu funcionário porque ele sempre reclama de você, saiba que talvez falte visibilidade do seu trabalho diário para a sua equipe - sem isso, é fácil passar a mensagem que você não faz nada de útil para o seu time - e a culpa pode ser toda sua...

Dr. Zambol
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Cotas para Mulheres?

Muito se discute sobre "cotas", se é uma prática justa, quais os resultados a longo prazo, e tal. Mas o assunto não é exclusividade brasileira. Há algumas semanas atrás, uma manifestação de um representante da Comissão Européia (órgão da UE responsável por, entre outras coisas, políticas e legislação no âmbito da Comunidade) virou manchete nos quatro cantos do velho continente. Em outras palavras, Viviane Reding, comissária na área de direitos fundamentais, mandou um aviso às grandes corporações indicando que caso elas não ajam voluntariamente no sentido de equilibrar o número de homens / mulheres em seus boards, a comissão européia fará uma intervenção.

A verdade é que há um enorme desequilíbrio em relação ao número de homens e mulheres em cargos diretivos nas grandes corporações, pelo menos na Europa. Entre as maiores empresas, 89% desses cargos são ocupados por homens. No topo o desequilíbrio é maior ainda: apenas 3% das maiores empresas são dirigidas por mulheres.

Anteriormente ao pronunciamento da comissária já se notavam movimentações no sentido de um maior equilíbrio entre homens e mulheres no ambiente de trabalho. Em 2007, o governo espanhol aprovou uma lei que exige que companhias com mais de 250 empregados tenham 40% de mulheres em seus quadros. A gigante na área de telecomunicações Deutsche Telekom recentemente tomou a iniciativa de garantir que 30% de seus cargos diretivos sejam ocupados por mulheres. Similarmente, alguns governos regionais alemães aprovaram leis de cotas para mulheres. O próximo passo parece ser claramente uma lei de cotas para mulheres no âmbito da comunidade européia como um todo.

O que você acha? Você é contra ou a favor de cotas para mulheres nas organizações (sejam elas públicas ou privadas)? Muito se fala que as mulheres trabalham e, principalmente, lideram de maneira diferente dos homens. Especialistas afirmam que as mulheres são mais colaborativas e buscam situações ganha-ganha em maior escala do que os homens. Se tivéssemos mais mulheres em cargos executivos nos grandes conglomerados financeiros, será que teríamos passado pela crise que passamos?

Parece que dentro em breve, pelo menos na Europa, teremos a resposta sobre se mais mulheres nas organizações farão delas um lugar melhor, ou não.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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terça-feira, 27 de julho de 2010

Empreendedorismo vem de Berço. Será mesmo?

Fiz um curso de degustação de vinhos uma vez com um dos proprietários da Casa Valduga. Para quem não conhece a Valduga é uma das vinícolas de maior tradição do Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, produtora dos melhores vinhos nacionais. Na ocasião, ele contava um pouco da história dele e de como revolucionou a empresa da família. Ao retornar ao Brasil depois de uma temporada na Europa onde se formou em Enologia, João chamou o pai para uma conversa. Foi uma simples frase que definiu o futuro da Valduga e colocou definitivamente o Brasil na rota dos bons vinhos internacionais:
- Pai, a gente está fazendo vinho do jeito que o nono e o nosso bisa fazia.

Famílias judias são tipicamente tradicionais, principalmente no que tange a educação. Era isso que passava na cabeça de Michael, que levou quase um ano para contar a seu pai que havia abandonado a escola de medicina para se dedicar a um empreendimento diferente. O que começou quase como uma brincadeira, a montagem de computadores no seu dormitório da faculdade de medicina, virou um negócio sério que anos mais tarde o colocaria na lista dos homens mais ricos do mundo. Mas, foi apenas doze meses depois de ter iniciado o negócio e abandonado o curso de medicina que Michael Dell, em um jantar de fim de ano, teve coragem de contar para o seu pai a decisão que havia tomado. A conversa foi mais ou menos assim:
- Pai, quanto você ganhou no último ano?
O pai respondeu a quantia ao filho, esperando impressioná-lo.
- Pois é, eu faturei isso no último mês.

Filosofia é uma disciplina ingrata de ser ministrada. Principalmente para um bando de aspirantes a Engenheiros e Cientistas da Computação, como a turma que eu fazia parte na PUC. Na época o professor Plínio fazia de tudo para atrair a atenção da gente em uma daquelas disciplinas obrigatórias. Uma vez, resolveu contar a história da sua opção profissional. 
- Fiz o seminário para ser padre, mas desisti logo no começo. No entanto segui a linha de formação em filosofia. Depois da conclusão da graduação, segui para a Alemanha, fazer o meu Mestrado e Doutorado. Conversava muito com o meu irmão mais novo, aconselhando ele a seguir os mesmos passos, mas não era o que ele queria.
- Vou começar a trabalhar, abrir uma empresa. - Dizia ele.
Eu retrucava dizendo:
- Sem formação você não vai a lugar algum.
- Hoje, sou professor doutor, titular do departamento de filosofia na PUC, com vários livros escritos e prêmios como pesquisador. Meu irmão, o Adelino Colombo, é dono das lojas que levam o nosso sobrenome, uma das maiores redes de varejo do Brasil.

Histórias como essa comprovam que o empreendedor é, mais do que tudo, um inconformado, alguém disposto a inovar e mostrar ao mundo que é possível fazer diferente. Se você é um deles, uma excelente oportunidade de divulgar sua empresa é participar do Prêmio Empreendedor de Sucesso, um projeto que incentiva e reconhece jovens empresas. Os vencedores serão retratados na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios e o primeiro lugar ganha ainda sessões de mentoring com professores da FGV. As inscrições podem ser feitas aqui.

Mãos à obra e boa sorte!

[]s
Jack DelaVega

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Nosso Poder de Superação - Reedição

É sempre bom lembrar que nosso trabalho, assim como qualquer coisa nesse mundo, requer esforço, dedicação e sofrimento - ao menos se quisermos ter sucesso. Qualquer atleta sabe que sem esses três ingredientes básicos ele não consegue nada. Por que para os assalariados iria ser diferente?

É claro que os sofrimentos são diferentes, mas não é possível alguém ir muito longe no ambiente de escritório sem penar um pouco. Aposto que você nunca viu um arquiteto Java surgir do nada, não é? É claro que, assim como no esporte, genética e dom ajudam muito (Jack já escreveu um pouco sobre isso no post Mazaropi versus Taffarel). Mesmo assim, chega-se num ponto que o esforço é necessário: leitura, provas de certificação, cursos à noite e artigos são exemplos do que uma pessoa tem que passar para dar aquele pulo que nos leva ao próximo nível - talvez o pulo equivalente que um atleta dá quando consegue uma marca sul-americana, por exemplo, nos 100m rasos.

Uma de minhas cenas preferidas de todas as Olimpíadas é quando o nadador Eric Moussambani, da Guiné Equatorial, entra nas eliminatórias dos 100m livres das Olimpíadas de Sidney (em 2000), completa o percurso em quase 2 minutos (o recorde mundial está em 47,50 segundos!), quase se afogando ainda no final, de tão mal que nadava. Devido ao esforço, ele foi ovacionado pelo público. Ele havia aprendido a nadar apenas 6 meses antes, num país que conta com apenas uma piscina de 25 metros. O espírito olímpico é isso mesmo, consagra quem merece. E nesse caso, ele realmente merecia ser ovacionado. Você pode ver uma reportagem e o vídeo completo no Youtube.

Mas o caso mais incrível que já vi na minha vida foi o caso da suíça Gabriele Andersen Scheiss, na primeira vez que as mulheres puderam competir em uma maratona olímpica, em Los Angeles, 1984. Aposto que ninguém lembra quem venceu a primeira maratona olímpica feminina - que deveria ser um grande feito - mas todos lembram de Gabriele. O calor e a exaustão fizeram com que parte do seu corpo ficasse paralisado. Naquele tempo, se um médico atendesse alguém durante a corrida, era desclassificado na hora. Por isso mesmo, Gabriele impediu que qualquer médico chegasse perto dela. Aliás, essa regra foi revista devido ao caso Gabriele. Hoje, atendimento médico não desclassifica o corredor.

Não uma, nem duas, mas mais de um punhado de pessoas morreram durante maratonas. Mas isso pareceu não assustar Gabriele. Ela tinha que terminar o percurso. O esforço e a capacidade de superação do ser-humano é algo inacreditável. Você pode assistir um vídeo do Youtube com a chegada dela aqui em 37o. lugar.

O esforço conta muito também no ambiente corporativo, acredite. Há alguns anos atrás, se tivesse que escolher entre um Taffarel (o que tem dom) e um Mazzaropi (o esforçado), escolheria de olhos fechados o Taffarel. Hoje, já pensaria duas vezes, tendendo na escolha do Mazzaropi, a não ser que o Taffarel em questão fosse dedicado. O tempo me ensinou que só o dom não produz muito sem ao menos um mínimo de esforço (ou você não se lembra do Romário?).

Mas o que queria destacar hoje é o poder de superação do ser-humano. Em uma avaliação de desempenho do seu time, não desista tão facilmente de uma pessoa. Acredite nela. Com uma boa supervisão, ela pode chegar onde você nem imaginaria. E uma lição de superação em um time, não muda apenas a pessoa, mas o time inteiro.

Dr. Zambol
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O Melhor do Humor no Escritório (eBook Gratuito)

Receba gratuitamente o e-book: O Melhor do Humor no Escritório, livro que compila os melhores textos de humor de Jack DelaVega. Conheça a história do sujeito que odeia dinâmicas de grupo e resolveu se rebelar, os segredos guardados no "Livro Secreto do Gerenciamento". Divirta-se com as "Vinte Piores Frases no Trabalho" e descubra que "Você está na empresa errada quando...".

Ironia e bom-humor recheiam esse lançamento da Tribo do Mouse, que faz graça com todos os estereótipos do mundo organizacional.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pesadelos

O primeiro foi com um leão. Ele me perseguia por entre os corredores da empresa, saltando por cima de mesas, destruindo tudo ao redor. Eu corria desesperado, procurando alguma coisa que pudesse me salvar. Saía na rua, subia em um muro, mas, justamente nessa hora, ele me alcançava. Acordei gritando, ofegante. Não estava acostumado a ter pesadelos, muito menos tinha idéia de quão frequente eles se tornariam.

Eu enfrentava na empresa um período difícil. As novas metas definidas para a equipe de vendas eram fabulosas, praticamente inatingíveis. Para completar, um sujeito novo veio transferido de outro estado, louco para mostrar serviço. A antipatia foi imediata, ele era uma negação de todos os meus princípios, meu nêmesis perfeito. Em uma sexta-feira o chefe chamou a nós dois:
- Vocês são os melhores vendedores que eu tenho. A empresa está crescendo e surgiu uma posição de gerente regional. Vou ser curto e grosso: Aquele que fizer a maior quota ao final do trimestre fica com a vaga.

Então eles começaram a ficar mais frequentes, tipicamente grandes felinos, tigres, leopardos, mas, não raro, outros predadores, lobos e até ursos. Sempre me perseguindo, sempre no ambiente de trabalho, sempre me alcançando. Comecei a dormir mal, protelar a hora de deitar. Tentei uma taça de vinho antes de ir para cama, na esperança, fútil, de embriagar a fera. Tudo em vão, a cada noite meus predadores vinham com mais sede de sangue.

Faltando pouco para o fechamento das metas ele me encontrou no corredor. O simples sorriso,  demonstrando escárnio, já pedia por um bom soco na cara.
- Então, já pensou como vai ser quando você trabalhar para mim? Porque, convenhamos, é isso que vai acontecer. Estou praticamente batendo a meta e ainda falta um mês para o trimestre acabar. Olha, vou gostar de ouvir você me chamando de chefe.
O pior é que o canalha tinha razão, se ao menos eu estivesse dormindo direito.

O urso polar apareceu de trás da duna, em uma cena digna de Lost. Assim que me avistou começou a correr em minha direção, as garras levantando a areia, a bocarra aberta, já salivando ante a sua próxima refeição. Mas, dessa vez seria diferente, aguardei, imóvel, meu destino inevitável.

Foi também em uma sexta que o chefe nos chamou novamente. Meu colega sorria, antecipando o desfecho. Foi quando o chefe virou para mim e anunciou:
- Parabéns, a vaga é sua! Com o fechamento da conta da GTS você praticamente duplicou sua meta e passou de longe o seu colega.
O cretino me olhava perplexo, ainda sem entender o que havia acontecido.
- Mas, mas? Eu conversei com o pessoal da GTS, eles me disseram que não tinham interesse. Como você reverteu isso?
Não sou de me gabar, mas o sujeito merecia:
- Só fiz exatamente o oposto do que você faria. Mas, não se preocupe, agora como seu chefe eu posso ensinar um ou dois truques para você.

A menos de um metro, a fera saltou em minha direção para o abraço fatal. Então,  o clarão esverdeado do Sabre de Luz brilhou por apenas um segundo. Em seguida o corpo do monstro caía ao chão, o sangue manchando o pêlo branco, enquanto a cabeça rolava para baixo na duna. Foda-se! Se ele estivesse preocupado com a extinção não estaria aqui no meio do deserto. Nem, tampouco, se meteria com um Jedi.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Motivação 3.0 - Reedição

Acabei de ler Motivação 3.0. É um livro fantástico, que derruba inúmeras suposições sobre motivação, propondo um novo modelo para empresas e sociedade. São apresentados estudos científicos que comprovam que os mecanismos de motivação tradicionais, baseados em recompensa e punição, têm, na verdade, impacto negativo nos resultados de trabalhadores de alto valor agregado, aqueles que dependem de criatividade e raciocínio abstrato na execução do seu trabalho. 

O modelo atual, baseado em gerenciamento, cobra dos funcionários conformidade a padrões: como fazer, quando fazer, o que fazer, com quem fazer. O que as empresas realmente precisam é buscar o engajamento das suas equipes. O autor propõe um novo modelo, baseado em motivação intrínseca, que ele chama de Motivação 3.0. Os pilares desse novo sistema são:

- Autonomia: A necessidade de estar no comando de nossas vidas. O que as pessoas buscam nos dias de hoje é autonomia para controlar os Quatro Ts: Tarefa (O que fazer), Técnica (Como fazer), Tempo (Quando fazer), Time (Com quem fazer). Podem parecer idéias revolucionárias, mas companhias que conseguiram implementar práticas que aumentam a autonomia das equipes já estão colhendo incríveis resultados de produtividade e engajamento. Exemplos disso são políticas que permitem horário flexível ou liberam o funcionário para investir parte do seu tempo em projetos definidos por ele mesmo. 

- Propósito: Trabalhar com vistas a um objetivo maior. Quem já sentiu isso, sabe do que eu estou falando. É aquela sensação de que o que estamos fazendo não é "apenas um emprego", mas algo muito mais importante. Muitas vezes, isso fica claramente descrito na missão de uma empresa, como a do Google: Organizar toda a informação disponível no mundo. Outras, pelo foco dado a inclusão social e sustentabilidade, cada vez mais importantes na motivação dos funcionários. Propósito é uma das forças que movem iniciativas tão bem sucedidas nos dias de hoje, como o desenvolvimento de projetos Open Source (Linux) ou CrowdSourcing (Wikipedia), fenômeno que a maioria dos economistas falhou em prever.

- Busca pela Perfeição: Esse é um dos fatores que tem maior impacto no engajamento e na  produtividade das pessoas, o desejo de se tornar melhor e melhor em algo importante para você.   É fácil encontrar essas características nos grandes técnicos, que buscam sempre aumentar os seus conhecimentos, como atletas visando a perfeição. O livro apresenta o conceito de flow, estado mental no qual atingimos a produtividade máxima, quando a recompensa pela tarefa está na execução da tarefa em si. Empresas podem incentivar isso através da definição de objetivos que sejam atingíveis mas, que ao mesmo tempo, desafiem o profissional a se desenvolver.

O livro termina com uma frase que, na minha opinião, é uma receita perfeita para o sucesso: 
"Fazer algo que importa, fazê-lo muito bem e fazê-lo com vistas a um objetivo maior."
Assista aqui a palestra do autor no TED.

[]s
Jack DelaVega

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Uma História de Pressão Que Deu Certo - Reedição

Quem conhece a história do Walmart sabe que é uma companhia incrível. Polêmica, mas incrível.

Como a maioria dos grandes casos de sucesso no mundo, ela cresceu porque não tinha outra alternativa. Não foi um movimento de gênio, nem uma coisa planejada. Ou era isso ou talvez ela perderia inclusive o que tinha na época.

Pois bem, para voltar a ser competitiva, ela tinha que fazer algo diferente. Com quase todas as empresas comprando dos mesmos atacadistas, ficava muito difícil fazer a diferença. Foi então que fizeram o primeiro passo da virada: decidiram comprar diretamente do fabricante e enviar tudo para o centro de distribuição. A lógica era a seguinte: iriam gastar 3% para manter seus próprios centros de distribuição, mas economizariam 5% comprando diretamente do fabricante.

Mas se o plano fosse só esse, teria dado errado também. Decidiram que a margem deveria crescer com base em duas coisas: conseguir fabricantes cada vez mais baratos (agora que eram independentes de atacadistas) e ter uma tecnologia que possibilitasse a redução desse custo, cada vez mais.

Começa então a fase da pressão. Ou fornecedores conseguem preços mais baratos ou são varridos do mercado. Eles têm que se adaptar a essa ciranda e, por isso mesmo, muitos abrem fábricas na China para tornarem-se mais competitivos. Nessa fase ainda, alguns excessos são realizados pela Walmart em prol da eficiência, como trancar funcionários à noite nas lojas e possibilitar trabalho a imigrantes ilegais. Mas logo aprenderam depois de alguns processos judiciais e alguns outros prejuizos de imagem.

O resultado quase todos conhecem: o Walmart tornou-se o maior varejista do mundo, com números que beiram a loucura. Por exemplo, 2,3 bilhões de caixas com os mais diversos produtos passam pelos centros de distribuição e são levados para as lojas a cada ano. Ou o que você acha de vender 400 mil computadores HP no natal – em um único dia? Pois é, esses são os números da pressão que deu certo, depois de alguns pequenos ajustes no caminho.

Onde quero chegar hoje? Quero dizer que, apesar de tudo isso, os executivos do Wall-Mart colocam a informática como um dos principais fatores de sucesso. O primeiro deles seria o controle do centro de distribuição – saber onde exatamente estão as caixas, para onde irão, etc. Certamente o Walmart não seria o que é hoje sem isso. O segundo, e mais impressionante, foi colocar a informação do que é vendido aos fabricantes. A pressão não poderia ser unilateral – o Walmart também deveria ajudar os fabricantes. No caso, a informação servia para que todos controlassem o número de peças que deveriam fabricar. O sistema de TI do Walmart possibilita que quando você sai com uma cadeira do super-mercado, o fabricante seja avisado que mais uma cadeira será necessária, em tempo real. O Walmart não usou a área de TI - ela tinha uma parceria e recebia idéias inovadoras dessa área.

Então, caros amigos, os tempos mudaram e mudam cada vez mais rápido. Hoje, TI praticamente não é um setor à parte, mas sim parte integrante do business. Se você ainda está só se preocupando em como implementar o requisito da melhor maneira possível em Java, talvez você tenha perdido essa onda. Você deveria estar se preocupando é se o requisito faz sentido e em validá-lo e escrevê-lo.

Dr. Zambol
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terça-feira, 13 de julho de 2010

Quarta-feira, 8:30 - Entrevista de Emprego - Re-edição

O anúncio pedia por um programador experiente para trabalhar em um projeto de Internet. Não custava tentar. A Itália não é exatamente um pólo de tecnologia da informação, então um anúncio desses não podia ser descartado.

A conversa por telefone foi breve, praticamente abrupta. Um senhor de idade do outro lado da linha, voz rouca carregada - certamente resultado de anos de tabagismo, falava rapidamente em inglês com sotaque carregadíssimo. Pediu para que eu estivesse às 8:30 da manhã do dia seguinte na estação Rebibbia, final da linha azul da Metropolitana de Roma. Dali ele me pegaria de carro e seguiríamos para o escritório para conversarmos.

No dia seguinte, saí de Ostia antes das 7:30 da manhã. Depois de quase uma hora de trem e metrô, cheguei na tal estação, ainda com tempo para caminhar um pouco e tomar um café. Às 8:35 o celular toca, e em seguida encontro este senhor alto, gordo, com chapéu de Indiana Jones e óculos escuros. Ele me pede um minuto e diz que temos que esperar um outro funcionário seu que também chegará naquela estação. Com seu inglês macarrônico, conversamos sobre amenidades. Em menos de 5 minutos aparece o tal funcionário, um rapaz provavelmente mais novo do que eu, com cara de quem fez festa até altas horas da noite anterior.

Caminhamos até o carro, que está estacionado em fila dupla na movimentada avenida que circunda a estação. Uma BMW SW, aparentemente nova, mas muito mal cuidada. "Italianos..." eu penso comigo mesmo. Entramos no carro e partimos. O senhor me avisa que precisamos ainda pegar um segundo funcionário em uma outra estação de trem. Em seguida, toca o celular do italiano gordo, que mal parece caber no assento do motorista, e ele inicia uma desatinada discussão aos gritos. Fala tão rápido que não entendo nada, mas o seu funcionário sentado no banco traseiro dá risada. Eu preocupado com o trânsito e as manobras perigosas que ele insiste em desempenhar. Após desligar o telefone me avisa que seu outro funcionário está em outra estação e que agora terá que dar uma volta para pegá-lo.

Finalmente chegamos ao lugar onde o funcionário estava, e a única maneira que posso descrever esse cara é um hippie, uma espécie de Patropi italiano. Ele entra no carro fumando. O velho gordo, entre outras coisas grita com ele algo como "Que cheiro é esse? Você está fumando maconha no meu carro? Apaga essa m...!!!". Todos riem muito. E eu pensando, pôrra, onde é que fui me meter.

Depois de um longo período na estrada, chegamos ao "escritório", que na verdade é a casa do velho gordo. Um lugar muito bonito, perto de Guidonia, a nordeste de Roma. A vista das montanhas e o pequeno vilarejo são agradáveis aos meus olhos. Ele bate na porta e a sua secretária em seguida nos dá boas-vindas. Uma loira bonita, com seios volumosos, batom vermelhíssimo, uma Marilyn dos tempos modernos. E a ficha então começa a cair.

Eu subo com o velho para a sua sala, e ele me explica que é dono de 4 sites de conteúdo "adulto", líderes de mercado no país. Precisa de alguém para re-implementar o seu sistema de cobrança e interface com operadoras de cartão de crédito. O escritório era aquele ali, o salário era X, e o material é da "maior qualidade", diz ele com a cara mais cafajeste do mundo. Eu agradeço e apenas digo que não era exatamente o que eu estava esperando. Ele entende imediatamente e diz que caso eu mude de idéia, basta ligar para ele. Não conversamos sobre o meu currículo, não falamos de tecnicidades, nada. Na saída eu me despeço dos meus dois "quase colegas", que já estão firme na edição do material do dia. Coisa de primeira. A secretária me dá tchau com um risinho no canto da boca, e meia-hora depois eu já estou de volta no trem, dando gargalhadas sozinho, me lembrando de cada momento daquela "entrevista" de emprego.

Quando a coisa parece ruim, tenha uma certeza: sempre pode piorar.

Reggie, the Engineer.
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terça-feira, 6 de julho de 2010

Férias Coletivas da Tribo

Blogueiro também é gente :)

A Tribo do Mouse estará em férias coletivas de 5 a 18 de julho de 2010.

Durante esse período, estaremos reeditanto alguns posts antigos nossos para que você não fique sem a sua leitura semanal.

Um abraço a todos e até a volta!
Tribo do Mouse: Reggie, Jack e Dr. Zambol

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Me Aposentei e Nem Vi - Reedição

- O João é um bom companheiro, o João é um bom companheiro, o João é um bom companheiroooooo, ninguém pode negar, ninguém pode negar....

Todos estavam animados na festa de aposentadoria de João. O bolo grande, pago pelo diretor, era uma delícia. Os balões coloridos davam um tom de festa de aniversário de criança. Todo mundo estava se divertindo muito. Todo mundo, exceto João.

Não conseguia dissociar aposentadoria com análise de vida. Por um lado, tinha conseguido chegar à gerência do seu setor, o que poderia ser considerado uma conquista. Por outro lado, a empresa tinha mais de 4800 gerentes. Tudo bem, era uma multinacional gigante, mas isso não mudava o fato dele ser apenas 0,02% da força gerencial da empresa.

Havia conseguido construir uma excelente casa para morar em um bairro extremamente nobre, mas super-dimensionou sua necessidade e o preço pago pela sua "pequena mansão", como chamava, lhe havia custado 10 anos sem viajar e muitas dores de cabeça.

Pois falando em viagem, não teve tempo para conhecer diversos lugares que sempre sonhou. A Rússia, por exemplo, não teve tempo nem dinheiro para ir. Também não conheceu a aurora boreal, um sonho seu de criança. Muito menos havia visitado as pirâmides do Egito ou um vulcão em erupção.

Talvez tenha trabalhado em muitas coisas que não desejou e desejado muitas coisas pelas quais não trabalhou. Será então que o seu problema era falta de foco? Não conseguiu se concentrar em uma coisa específica e desperdiçado energia em muitas coisas pulverizadas?

João não conseguia achar respostas. Conhecia bem a teoria do caos, onde um bater de asas de uma borboleta pode causar um furacão no outro lado do planeta. Com base nisso, não tinha como saber se qualquer ação diferente que tivesse tomado teria sido pior ou melhor para sua vida.

Sabia apenas uma coisa: que estava com as mãos enrugadas e que o tempo havia passado muito rápido. Tão rápido que chegara ali sem perceber. Estava há 14 anos naquela empresa e em nenhum momento havia parado para tomar decisões de carreira como "devo estudar mais da área financeira para conseguir me candidatar a vaga de diretor financeiro" ou "farei um MBA e em dois anos saio da empresa através de um headhunter". Simplesmente foi levado pela maré, trabalhando mecanicamente dia após dia, durante esses 14 anos. Sim, talvez isso tenha feito o tempo passar rápido.

Olhando à sua volta, viu o número de amigos que possuía e lembrou do quão tranqüilo era o ambiente daquela empresa. Já havia se estressado, claro, mas era sempre um ambiente de ajuda e não de sacanagem. Provavelmente, era esse o motivo que lhe fez seguir a maré e não se preocupar tanto com um projeto estruturado de carreira.

João então se deu conta, talvez tardiamente, que muitas vezes é numa empresa com um bom ambiente de trabalho e que não exige o limite de performance de seus funcionário onde os maiores talentos são desperdiçados - seja pela falta de interesse em se arriscar a tentar um novo emprego, seja pela falta de preocupação com o futuro, seja pela comodidade de ficar onde se está, fazendo o que já se sabe fazer. É o chamado efeito funcionário-público: poucas preocupações geram pouco esforço em mudar que geram pouco estudo e planejamento de carreira. A rotina gera estagnação, que por sua vez gera preguiça de se reinventar, que por sua vez gera mais rotina.

Quando a festa acabou, João se despediu de todos, respirou fundo, abriu a porta e...

- João, esqueceu seu casaco na cadeira!

João voltou. Hoje, tinha que levar de volta aquele casaco empoeirado.

Dr. Zambol
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