sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Liberté, Égalité, Fraternité

Esses dias fiquei impressionado com o quão pouco evoluído ainda somos. Minha impressão é que o foco foi tão grande para a liberdade sexual, que outras coisas ficaram para trás. Aliás, esses dias me senti mal por ser heterossexual. Quase tive que me desculpar para um grupo de pessoas e dizer que estava num psicólogo me tratando para ver porque não era homossexual ainda. Mas que diabos! Tava tudo invertido!

Mas enfim, não é sobre isso que quero falar. Toquei nesse ponto porque a pessoa que está pintando minha casa me comentou que de forma alguma trabalharia para uma senhora que ambos conhecemos. Eu perguntei o porquê disso. Afinal, negar serviço nunca é boa coisa.

- Ela é completamente estúpida. Sempre que ocorre alguma coisa, tenta me humilhar e diz que estou querendo roubar ou enganá-la.

- Mas ela fala isso do nada? Perguntei, achando muito estranho aquilo.

- Sim, basta alguma coisa sair um pouco do que ela tinha imaginado que ela começa com esse tipo de comportamento, dizendo que foi gerente e sabe bem como são pessoas do meu tipo.

Entendeu porque eu disse no início desse post que às vezes fico impressionado com o quão pouco evoluído ainda somos?

Infelizmente, são pouquíssimas as pessoas que sabem tratar bem as classes mais baixas do que a sua. E já vi muito mais vezes do que gostaria pessoas tentarem humilhar deliberadamente pessoas com menos acesso à educação.

É uma falta de empatia absurda. Será que essas pessoas acham que a pessoa está limpando o chão porque gosta? Será que elas acham que em um certo momento da vida ela virou para sua mãe e disse: "Mãe, não quero mais ser diretora de marketing. Decidi seguir minha paixão. Vou ser faxineira".

Ou então será que pensam que a pessoa não teve estudo porque era preguiçosa e não porque teve que trabalhar desde muito cedo e não tinha um bom exemplo em casa? Seja como for, considero muito mais mal-educada a pessoa que teve acesso à informação e age dessa forma mesquinha. Sinceramente, isso não tem desculpa.

Havia um tempo que eu pensava o quanto ia ser bom eu ter tanto dinheiro como o Ronaldinho - o quanto eu ia ser mais feliz. Depois que me dei conta que mesmo que estejamos falando de cifras gigantescas, a diferença entre o meu salário e o do Ronaldinho não pode ser comparada a diferença do meu salário com uma pessoa que vive do salário mínimo, por exemplo. Eu sei que consigo comprar todas as coisas básicas que preciso e algumas coisas extras. O que ganharia com o salário do Ronaldinho são apenas luxos. Na comparação com quem vive com o salário mínimo, isso é bem diferente. Faltam as coisas básicas. Daí em diante, já não tem sentido em continuar com qualquer outro dado nessa comparação.

Embora a maioria de nós no escritório trabalhe com pessoas bem mais próximas do seu nível social, ainda a empatia - esse dom de se colocar no lugar das pessoas e tentar olhar com os olhos dela, faz toda a diferença do mundo.

E acreditem. Empatia pode ser apreendida. Sou um exemplo vivo de uma pessoa que não tinha senso algum em relação a isso e hoje consigo navegar razoavelmente com os olhos da outra pessoa. Líder de equipe sem empatia não se sustenta. Gerente de pessoas sem empatia não é nada...

Dr. Zambol
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