Manual do Empreendedor - eBook Gratuito

Dicas e Técnicas para você transformar suas idéias em um Empreendimento de Sucesso

Guia Especial - Gestão

Uma coleção de textos sobre tópicos fundamentais em Gestão nos dias de hoje

O Melhor do Humor no Escritório

eBook Gratuito que compila os melhores textos de humor de Jack DelaVega

Guia Especial - Planejamento de Carreira

Tudo que você precisa saber para fazer um bom planejamento de carreira e atingir os seus objetivos pessoais e profissionais

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A Vida de Pablo - Capítulo 2

Capítulo anterior disponível em: http://www.tribodomouse.com.br/2007/09/vida-de-pablo-captulo-1.html

O dia já começou ruim para Pablo. Uma cochilada a mais na hora de levantar fez ele se atrasar. Tinha uma reunião às 8:00 da manhã com León, seu novo líder de projeto. Eram 8:05 e Pablo estava recém chegando de carro no estacionamento da Bogus.

“Qual parte de ‘8:00 na minha mesa’ você não entendeu?”, vociferou León ao encarar Pablo exatamente às 8:11 da manhã. “Puxa, muito prazer em conhecê-lo também”, pensou Pablo. Mas Pablo só pensava essas coisas, não era o tipo do cara que se metia em conflitos. Ele havia planejado essa primeira conversa com seu novo líder de projeto na noite anterior, então começou a colocar o plano em prática. A primeira parte da estratégia era falar sobre a sua experiência e pontos-fortes, para mostrar a León que podia ser um membro importante da equipe.

- “Bom León, como você sabe eu estou há um mês na Bogus, estava trabalhando com o Rick e sou especialista em...”
- “Não temos tempo para esse tipo de coisa, preciso lhe passar algumas tarefas que já deveriam estar prontas e tenho que entrar em uma reunião mais importante às 8:30”, atropelou León, abruptamente.

Pablo ficou ali parado, de boca entre-aberta, enquanto León falava e rabiscava anotações e diagramas em uma folha de papel. Pablo mirava León enquanto tentava raciocinar qual parte de sua estratégia havia dado errado. Será que ele não deveria entrar nesse tipo de assunto com León? Afinal ele não era seu gerente, era apenas seu novo líder de projeto. Ou será que León era mesmo aquele tipinho grosseiro, arrogante e ainda por cima incompetente e traíra (nossa, combinação bombástica!) que haviam lhe contado. Pablo, alimentando a sua frustração e massacrando a sua auto-estima, continuava refletindo: como é ruim quando você vem como um cachorrinho, demonstrando submissão e pedindo um afago e recebe um grito e um chute, ouvindo que outras coisas são ‘mais importantes’ do que as suas aspirações. Enquanto isso León agitava o seu corpo e não parava de rabiscar na sua frente. Pablo só enxergava aquele “blá, blá, blá” em câmera-lenta.

- “Entendeu?”, perguntou León.
-“Humm, ã, o quê? Ah... sim, claro”, balbuciou Pablo.
- “Perfeito, então me entregue isso aí na sexta-feira da outra semana. Ah, e não esquece de usar Ajax em todas as telas, nós precisamos disso”.

Pablo pegou as anotações e rumou para a sua mesa, cabisbaixo. Ok, a Bogus não era uma empresa grande, líder de mercado? Multi-nacional estrangeira, onde o trabalho intelectual é valorizado? Onde ele conseguiria alcançar suas aspirações de carreira? Business 2.0, 5 camisetas promocionais por ano, etc-e-tal? Não era por isso que ele tinha ido trabalhar lá? Afinal o salário nem era lá tudo isso. Sinceramente, baseado nessa primeira interação com o tal do León, pela maneira como o cara tratou ele, pela maneira como o projeto claramente estava sendo mal-conduzido, não parecia exatamente o cenário que estava se desenhando na frente dele. Ele olhou de novo as anotações em um pedaço rasgado de papel e lembrou das aulas da faculdade: “Planejamento é coisa séria, gente”.

Bom, mas fazer o quê? Começar uma batalha campal e tentar girar uma engrenagem que tem a inércia de mais de 30.000 funcionários no mundo todo? Certamente muitos já haviam se deparado com problemas semelhantes e não seria Pablo quem iria consertá-los. Resolveu focar-se nas suas tarefas, já passavam das 9:30 da manhã e ele teria menos de duas semanas para terminar aquilo tudo.

Eis que Pablo sente uma presença atrás de si e não demora a ouvir a voz baforando o seu cangote: “Como estão as coisas? Algum progresso? Estás usando Ajax?”. Era León, mãos na cintura, em forma de açucareiro.

“Calma, isso tudo deve valer à pena... lembre-se das 5 camisetas promocionais por ano”, pensou Pablo consigo mesmo.

* Confira o penúltimo capítulo na próxima sexta-feira.

Reggie, the Engineer.
--

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A Vida de Pablo – Capítulo 1


Pablo era um cara legal. Não chamava muita atenção, era introvertido, mas um cara legal. Era um profissional da área de TI, havia se formado há alguns anos atrás. Na verdade bem poucos anos atrás, mas Pablo tinha entrado em umas de dizer que tinha mais anos de experiência do que realmente tinha. Mentira mesmo, não tem outra explicação. No currículo eram 3 anos a mais de experiência do que na realidade. E vinha fazendo aquilo há tanto tempo que tinha enganado até a si mesmo. Não tinha namorada, mas estava apaixonado pela Gloria. Bom, mas isto eu conto depois.

O Pablo estava completando um mês no novo emprego. Ninguém havia cumprimentado ele por isso naquele dia, mas também, ele mal conhecia 4 ou 5 colegas de trabalho àquela altura. Pablo estava trabalhando na Bogus, uma seguradora multinacional. Mais especificamente, ele havia sido contratado como programador de computadores sênior, embora achasse que tinha capacidade de sobra para ser líder de projeto. Naquele um mês de trabalho havia feito pouco mais do que realizar treinamentos obrigatórios e participar de reuniões em que o chamavam pelo nome errado.

Dá para imaginar como o emprego do Pablo era emocionante. A Bogus era uma empresa gigantesca, com mais de 30.000 funcionários no mundo inteiro. Tinha um setor de TI enorme também, embora não fosse muito valorizado dentro da empresa. Mas a empresa era grande e Pablo estava feliz, havia finalmente conseguido um emprego em uma organização de porte, depois de anos (OK, nem muitos anos assim) trabalhando para empresas pequenas. A Bogus era daquelas empresas que distribuem umas 5 camisetas promocionais por ano para os funcionários. Isso é coisa de empresa grande, sabe. Tão grande que de vez em quando tem que fazer campanha de marketing interno para os funcionários não esquecerem o nome da empresa. Assim era a Bogus. O Pablo mesmo já tinha ganhado uma camiseta em um mês de empresa. Nada mal para o guarda-roupa surrado de um pós-nerd.

Naquele dia, logo cedo, o gerente de Pablo chegou até a sua mesa. Rick era aparentemente um gerente legal, Pablo estava gostando de trabalhar com ele. “Pablo, podemos conversar um minuto?”. Foram para uma sala de reunião e Rick explicou a Pablo que algumas mudanças estavam acontecendo na empresa. Rick estava se desligando da Bogus e Pablo seria transferido para o setor de seguros de automóveis. Iria trabalhar com León a partir da próxima semana.

Pablo suou frio. Conhecia a reputação de León, uma figurinha carimbada no mercado. Havia ouvido todo tipo de comentários ruins a respeito dele. León era um dos funcionários mais experientes da empresa, e agora seria seu líder de projeto.

Ao voltar para a sua mesa, Pablo acessa seus e-mails e lê uma mensagem nova: “Preciso lhe passar umas tarefas atrasadas. Me encontre amanhã às 8:00 na minha mesa. Grato, León”.

Feliz primeiro mês de trabalho, Pablo.

* Continua na próxima sexta-feira.

Reggie, the Engineer.
--

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O Sucesso do Fracassado

Mário tem um pequeno problema nas mãos – seus dedos não se formaram como deveriam. Sua mão esquerda tem dois dedos e sua mão direita, nenhum. Isso o impede de fazer muitas coisas. Mesmo tomar um café quente pode ser um problema se não estiver perto de sua caneca térmica, que o permite segurar com as duas mãos tranquilamente. Obviamente teve muita dificuldade na adolescência, sendo excluído do grupinho dos “legais”. Hoje vive bem. Possui um emprego de supervisor de um grande atacado e, depois de alguns relacionamentos frustrados, vive uma vida tranqüila e feliz. Não ganha o salário dos seus sonhos, mas está em paz consigo mesmo e vive muito bem, obrigado.

Régis nasceu com uma doença rara. Suas duas pernas são paralisadas e atrofiam mais e mais a cada dia. Ele sabe que um dia terá que amputa-las. Teve muita dificuldade quando adolescente, principalmente com as meninas, que tinham vergonha de ficar com ele. Mas isso desenvolveu em Régis uma inteligência emocional altíssima. Só de olhar para a pessoa ele sabe quem é boa índole e quem não é. Por essa mesma razão hoje é casado com Paula, uma mulher sensacional. É contador em uma multinacional, com um salário que lhe permite todo ano fazer o que mais gosta – passar todo o mês de fevereiro com sua esposa em Santa Catarina. Como não pode ter filhos, está pensando em adotar um menino pobre no próximo ano.

Alexandre nasceu com 4 quilos – um lindo garoto. Seus pais, de classe-média baixa, lhe ensinaram desde pequeno que com esforço se consegue tudo. Sempre fez bastante sucesso com as meninas, chegando a ter três namoradas ao mesmo tempo. E sempre trabalhou muito. Começou como estagiário em uma grande empresa de ferramentas. No turno da noite, o emprego de garçom lhe garantia o sustento necessário. Logo foi subindo de cargo na empresa de ferramentas a ponto de conseguir, depois de cinco anos, largar seu emprego de garçom à noite. Mas o turno da noite não ficou livre não. Aficcionado pelo sucesso, trabalhava de 12 a 14 horas por dia. Talvez por isso mesmo, a empresa lhe tenha dado o cargo de gerente de área – um cargo nunca nem imaginado para alguém oriundo de uma família tão humilde.

Um dia, em uma visita à filial de Florianópolis, passando pela praia da Daniela, Alexandre vê seu amigo de escola, Mário. Eles haviam estudado juntos o primeiro grau. Atreveu-se a parar.

- Mário, é você? Lembra de mim? Do colégio Ceará?

- Mas é claro. Você continua igual! Como estão as coisas? Esse é o meu amigo, o Régis. Na verdade estou veraneando na casa dele.

- Sente-se aí, fala Régis a Alexandre, apontando para uma cadeira vazia ao lado. Relaxe um pouco!

E pela primeira vez, em anos, Alexandre, sentindo-se acolhido e, claro, depois de algumas cervejas, começa a falar da sua trajetória e de quanto sentia falta de sair com amigos, de ter uma pessoa a quem se apoiar. Mário e Régis também compartilharam suas histórias de vida. Quando viram, a conversa tinha entrado noite adentro.

- Puxa, vocês dois têm problemas que poderiam impedi-los facilmente de ser feliz. Mas não, estão aí, vivendo a vida do jeito que ela deve ser vivida...

- Aí que você se engana, falou calmamente Régis. Eu e o Mário nascemos assim. Não temos como esconder os nossos problemas e tivemos que enfrentá-los. Os problemas mais difíceis da vida são aqueles que não vemos. Ou pior, que não queremos ver. A vida deve ser encarada como uma aventura. E certamente o emprego é um dos diversos meios para que isso ocorra. Só um meio.

Eu tenho orgulho de ter Régis e o Mário em meu círculo de amizades. Além de enfrentarem os problemas que possuem com grande destreza, são pessoas excelentes. Naquele dia, sem nem saberem disso, mudaram completamente a vida de Alexandre, que saiu daquela casa com um objetivo: sentir-se gente, como há tempos não se sentia.

Dr. Zambol
--

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Pizzaria São Carlos

A empresa ficava em uma cidadezinha ao lado de Porto Alegre, mas nem por isso o lugar deixava de ser um fim de mundo. Com exceção de três churrascarias, das quais uma era humanamente impraticável, eram raras as opções de alimentação.

Não que isso seja um grande problema para quem trabalha com TI. Ao longo dos anos, como bons ratos de laboratórios, fomos submetidos a extensos períodos de privação de sono e alimento. Aprendemos a sobreviver em um ambiente inóspito, com ar condicionados beirando o zero ou acima dos quarenta graus quando deixam de funcionar, efetivamente sem exposição nenhuma à luz solar. Nos tornamos as baratas do mundo corporativo. Fazemos parte do ecossistema, sobrevivemos sem que ninguém deseje a nossa companhia, temos certamente um propósito no grande plano do criador, ainda que ninguém saiba qual é.

Mas o fato é que naquela noite estávamos fazendo mais um serão para consertar os problemas do sistema. Lá pelas dez da noite a fome bateu. A geladeira da cozinha, na área de convivência, tinha apenas um ímã: "Pizzaria São Carlos".

Eram pequenas as chances de que ainda estivesse aberta e funcionando a essa hora, mas mesmo assim arriscamos a ligação. Por incrível que pareça estavam atendendo. Após cinco minutos de discussões acaloradas a respeito dos sabores (acabamos desistindo da metade de Champignon por que eles queriam cobrar mais três reais), fechamos com uma Calabresa e outra Quatro Queijos.

Quarenta e cinco minutos depois chegavam as pizzas, antes tarde do que nunca. Nada espetacular, mas um verdadeiro banquete para a fome que estávamos.

Foi então que já com a barriga cheia me peguei a olhar para o slogan da caixa da pizza:

"A Melhor Pizza do Bairro"

Devia ter batido uma foto, porque as pessoas não acreditam quando conto essa história. Fiquei imaginando quantas pizzarias existiam naquele bairro, lá onde Judas perdeu as botas. Sou a última pessoa para questionar ambições pessoais, e esse é um tópico recorrente nos nossos posts, afinal realização pessoal não vem necessariamente de um bom emprego, dinheiro ou status. Mas me chama atenção um sujeito que definiu a missão de sua empresa de uma maneira que fica difícil não ser o número 1.

[]s
Jack DelaVega
(Um dos três melhores autores de posts da Tribo do Mouse)

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Teste de Personalidade da Capricho?

“Pessoal, semana que vem faremos uma dinâmica de grupo com vocês. Trata-se de um teste de personalidade e precisaremos que vocês reservem 2,5 horas da próxima quinta-feira para isso”. Que alegria, mais uma daquelas idéias brilhantes do departamento de RH que vai fazer basicamente eu sair mais tarde na próxima quita-feira, já que vou perder duas horas e meia do meu tempo. Nao seria a primeira nem a última vez.

Grande engano dessa vez. Vez que outra o RH acerta.

À parte: critico consistentemente alguns dos departamentos de RH com os quais já trabalhei porque acredito que eles falham em prestar alguns dos serviços mais importantes aos funcionários. Mas particularmente gosto muito dessa área, acho que ela pode e deve ser um diferencial competitivo nos dias de hoje. Basta que se dê conta de que seu trabalho não pode ser apenas contratar e treinar, mas na verdade ser um facilitador para que as pessoas atinjam o máximo de seus potenciais dentro da organização. Um dia eu ainda assumo esse departamento.

Mas voltando à dinâmica de grupo. Tratava-se da aplicação do MBTI ou Myers-Briggs Type Indicator / Indicador de Personalidade Myers-Briggs (mais detalhes em http://en.wikipedia.org/wiki/Myers-Briggs). Esse método consiste em um questionário e um conjunto de atividades em grupo. O resultado final é o posicionamento das pessoas em 16 quadrantes de personalidade, que são na verdade as possibilidades de combinação de 4 dicotomias de personalidade:

Introversão x Extroversão
Sentidos x Intuição
Pensamento x Sentimento
Julgamento x Percepção

O objetivo da dinâmica é melhorar o auto-conhecimento das pessoas acerca da sua personalidade, analisando as diversas nuances de cada indivíduo e como cada um sente-se mais ou menos confortável em diferentes situações. Mas o mais interessante são as discussões geradas na dinâmica. Vira praticamente uma sessão de terapia de casais. É muito interessante perceber como a personalidade das pessoas impacta o resultado do trabalho em equipe. Um time com pessoas muito inclinadas para o lado da intuição e do sentimento terá idéias fantásticas, mas um pouco de dificuldade de implementá-las. Já um time com muitos extrovertidos e pensadores pode não conseguir gerar inovação.

Apesar de tratar-se de um método um tanto criticado por psicólogos, acho que seria fundamental por exemplo que um gerente de pessoas tivesse um mapa da personalidade de sua equipe de trabalho. Isso o ajudaria a formar times mais “azeitados”, ajudaria a lidar melhor com as expectativas e frustrações das pessoas e também melhoraria a sua capacidade de avaliação e desenvolvimento do time.

Enfim, fica a dica. A propósito: embora a ferramenta perca muito do seu potencial sem a dinâmica, existem vários sites que aplicam o teste on-line, como este http://www.humanmetrics.com/cgi-win/JTypes2.asp. Descubra mais sobre você mesmo. Sempre vale à pena.

Reggie, the Engineer.
--

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Só tem animal nessa empresa!!

Faz algum tempo escrevi um post sobre promoção pessoal, e como isso é visto muitas vezes com conotação negativa dentro das organizações, normalmente por culpa dos "pavões". O post acabou no nosso livro. Devido aos comentários dos leitores, resolvi preparar um post sobre os diversos animais que encontramos dentro das empresas. Caso vocês percebam algum animal faltando nessa lista, não hesitem em adicioná-los nos comentários.

  • Tatu - Ok, esse e fácil. Conheço muitos na área de TI. O tatu curte ficar na toca. Passa sem ser percebido a maior parte do tempo, mesmo que faça um bom trabalho. É introspectivo, não gosta de falar muito e por isso normalmente acaba sendo passado para trás por outros bixos mais espertos. Raramente chega a chefe de algo.

  • Macaco - O macaco é um sujeito esperto pra caramba, mas faz tanta palhaçada que normalmente acaba trocando os pés pelas mãos. Ele quer se enturmar, quer fazer amigos, na verdade quer ser chefe. Mas normalmente acaba sendo o próprio culpado por não conseguir chegar lá. Os macacos têm idéias fora do comum, são flexíveis e normalmente agregam bastante ao projeto. Mas não reúna muitos macacos em uma equipe só, eles tendem a se amotinar e fazer um barulho enorme.

  • Rato - Eca, rato é nojento. O rato é conhecido por se alimentar do lixo alheio. Ou seja, é aquele tipo de pessoa que guarda de maneira calculista tudo o que falam para ele, sempre de olho em defeitos dos colegas que possam ser usados em seu benefício no futuro. Ele gosta principalmente de sacanear tatus. Muito cuidado se você perceber um rato chefe de departamento. São a pior espécie.

  • Pavão - O pavão tem penas bonitas, mas um pé ridículo de feio. Os pavões são assim, passam muito pouco tempo dentro da empresa efetivamente trabalhando, gerando valor. O que realmente lhes interessa é garantir uma boa imagem. Para isso eles têm um look legal, falam bem, "trovam" um bocado, mas sempre que apertados para realmente mostrar conteúdo acabam por arranjar um outro compromisso e sumir.

  • Toupeira - Que bixo burro. Ninguém sabe como ela consegue sobreviver fazendo tanta besteira, mas ela continua lá, todo bom ecossistema tem uma toupeira ou assemelhado. Muitas toupeiras, quando estão velhinhas, acabam sendo promovidas, talvez pela idade, talvez por inércia. Meus pêsames se você tem um chefe toupeira. A parte mais engraçada é quando falamos algo pra esse bixo e ele fica lá com aqueles olhos esbugalhados tentando entender o que realmente quizemos dizer.

  • Gavião - O gavião é um bixo perigosíssimo. Ele fica voando lá no alto, distante, mas desce até o nível dos tatus, ratos e toupeiras para destroçar uma vítima em segundos. Um gavião economiza energia, não desce da colina por qualquer coisa. Mas quando desce sempre vira documentário do National Geographic. Muitos chefes seniors tornam-se gaviões (ou seria o contrário?), então cuidado com eles.

  • Cavalo - Coitados dos cavalos. Olhando assim só para o animal, se percebe uma criatura forte, cheia de potencialidades, com uma beleza raramente discutível. Mas quando ele entra no contexto do trabalho, é só chicotada e carregamento de carga. Conheci muitos amigos cavalos que certamente tinham potencial para tornarem-se um Corcel Negro. Poderiam guiar outros animais a um lugar melhor. Mas no trabalho muitas vezes têm medo de animais menores e acabam correndo na mesma direção que os demais. Pior: por causa da frustração, chegam em casa e dão patada em quem aparecer pela frente.

E aí, já escolheu o seu?

Reggie, the Engineer.
--

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Não Puxa Não...

Você conhece o mito dos cavalos alados de Platão? Ele conta que a alma do homem conduz dois cavalos alados. O primeiro representa o espiritual, a harmonia, o melhor de nós. É um cavalo excelente. O outro, mais indócil, representa nossas emoções e paixões – tudo o que há de conflito dentro de nós.

Conta Platão que no início de tudo, antes de iniciarmos nossa vida nesse mundo, nos encontrávamos todos em fila a espera para subir. Pois então chega o momento, e todos começamos a subir. Na frente de cada fila (são 11 filas) vão os Deuses. Eles manejam magnificamente os dois cavalos e seguem sem nenhuma dificuldade. Atrás, o homem vai subindo lentamente, tropeçando no controle de seus dois cavalos. O cavalo que representa o bom, o belo, nos ajuda, e sempre puxa-nos para cima. O problema é o nosso cavalo arisco, que tem tendências a descer, pois dentro dele estão todos os nossos conflitos.

Todos querem subir, pois no fim há um buraco onde se sai e se pode ver as estrelas, a verdadeira beleza, os verdadeiros princípios, o mundo que dá origem a esse mundo de formas. Mas chega um momento que o homem tropeça e cai, puxado por seu cavalo arisco, fazendo com que voltemos a nascer.

O homem que conseguiu levar seus cavalos mais alto, ao menos conseguiu olhar o que acontece de cima, conseguiu ver mais alto, e essa imagem ficou gravada para sempre. A imagem desse mundo de beleza impacta a alma que ali esteve presente, para sempre.

Termina então o mito dizendo que devemos, como um de nossos maiores objetivos, fazer crescer as asas de nosso cavalo indócil, domá-lo completamente – ter controle total sobre ele.

Por que me lembrei desse mito hoje? Porque tenho visto que o trabalho muitas vezes torna nosso cavalo ainda mais arisco. Faz-nos esquecer do que somos feitos, para que viemos.

Talvez o problema seja a competição acirrada que lá exista. Ou talvez seja porque o trabalho mexe com nossa estima. Ou, quem sabe, simplesmente seja porque a pressão nos faça criar soluções unicamente voltadas ao lucro e a operação e nos esqueçamos do humano. Não sei.

Já disse algumas vezes nesse blog, mas queria repetir. Não há empresa sem pessoas. Essa frase, por si só, deveria colocar as pessoas em primeiro lugar. Mas mesmo que saibamos disso não conseguimos fazer essa conexão tão simples de A --> B. E aí começamos a perder nossos valores, nossas virtudes. Começamos a competir sem nem saber onde queremos chegar. Isso me assusta muito. Já vi isso acontecer mais vezes do que gostaria.

O que fazer? Não basta seguir a regra “Não faça aos outros o que você não gostaria que fizesse com você”. As pessoas têm valores muito diferentes. Você precisa não fazer nada de mal para as outras pessoas. E é aí que está a grande dificuldade. Você tem que se colocar no lugar da outra pessoa, ter empatia, e entender o que é bom para ela naquele momento (muitas vezes a própria pessoa não sabe o que é bom para ela).

Se você sentir seu cavalo arisco lhe puxando mais para baixo, não esqueça que você já está na Terra. Se continuar sendo puxado para baixo, talvez logo encontre o Luís Ciffer, retratado por Jack no post anterior.

Dr. Zambol.
--



segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Anjo Caído

Você conhece a história, certamente uma das mais famosas da mitologia Cristã.
Lúcifer, insatisfeito com a atenção dada por Deus aos humanos resolve se rebelar contra o criador, acaba perdendo a guerra, caindo na terra e iniciando o que hoje conhecemos como inferno. No entanto, quando analisado pela ótica atual, Lúcifer talvez seja um dos personagens mais injustiçados da história, provavelmente alguém que teve os fatos distorcidos pelo lado vencedor.

Imagino que a versão atualizada seria algo mais ou menos assim:

Em vez de um arcanjo hoje ele é um Gerente, ou mesmo um Gerente Sênior de uma grande empresa, o que combinar melhor com a história. Luís Ciffer* começa a ficar insatisfeito com as decisões tomadas pelos seus superiores. Mas Luís é um bom funcionário, leva suas preocupações para a alta gerência de maneira construtiva, eles prometem analisar, o tempo passa mas nada acontece. Então começam contratar pessoas sem qualificação para o trabalho, a coisa pesa mais ainda para Luís porque seu time agora tem que fazer seu próprio trabalho e ainda corrigir os erros dos outros. A situação chega a um ponto insuportável para Luís. Como iniciar uma rebelião não algo aceitável nos dias de hoje, vamos cortar essa parte. Mas o que Luís faz é pedir demissão, decide que não vai mais compactuar com o sistema, que não vale a pena, afinal deve haver um lugar melhor lá fora. Seu plano é trabalhar para a concorrência.

É aí que a história fica interessante, porque tardiamente ele se dá conta que não existe concorrência, um dos problemas de se trabalhar para um monopólio. A alternativa então? Começar a sua própria empresa. O seu diferencial são os valores da companhia, sua empresa é fundada em princípios conectados com a natureza humana, vendendo exatamente o que queremos comprar. Além do mais, Luís é um sujeito carismático, conversa daqui, conversa dali, consegue levar mais alguns insatisfeitos para trabalhar com ele. E rapidamente a sua companhia se torna um sucesso. Com o tempo, a competição com sua empresa anterior se torna acirrada. Ainda que não concorram no mesmo mercado, competem pelos mesmos profissionais. Seus adversários começam então uma campanha de difamação, espalham que ele tem problemas com autoridade, que tem um ego maior do que o mundo, coisas do gênero. Mas aí já é tarde demais.

Pegaram o quadro?

Na minha visão, o inferno hoje em dia seria algo como o Google, crescendo a uma média de 500% ao ano, só que com menos computadores. Ainda que o pessoal do Google tenha sido muito melhor sucedido no seu Marketing. Luís seria alguém genial porém polêmico, a indústria de TI tem vários exemplos de personalidades como essa, Steven Jobs, Bill Gates, Larry Ellison, escolha o seu.

E no final das contas o empreendedorismo de Luís pode ser resumido em uma frase, de sua própria autoria: "É Melhor Reinar no Inferno do que servir no Céu".

As vezes me pego pensando nela.

*trocadilho roubado do filme Coração Satânico
[]s
Jack DelaVega