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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Me Aposentei e Nem Vi

- O João é um bom companheiro, o João é um bom companheiro, o João é um bom companheiroooooo, ninguém pode negar, ninguém pode negar....

Todos estavam animados na festa de aposentadoria de João. O bolo grande, pago pelo diretor, era uma delícia. Os balões coloridos davam um tom de festa de aniversário de criança. Todo mundo estava se divertindo muito. Todo mundo, exceto João.

Não conseguia dissociar aposentadoria com análise de vida. Por um lado, tinha conseguido chegar à gerência do seu setor, o que poderia ser considerado uma conquista. Por outro lado, a empresa tinha mais de 4800 gerentes. Tudo bem, era uma multinacional gigante, mas isso não mudava o fato dele ser apenas 0,02% da força gerencial da empresa.

Havia conseguido construir uma excelente casa para morar em um bairro extremamente nobre, mas super-dimensionou sua necessidade e o preço pago pela sua "pequena mansão", como chamava, lhe havia custado 10 anos sem viajar e muitas dores de cabeça.

Pois falando em viagem, não teve tempo para conhecer diversos lugares que sempre sonhou. A Rússia, por exemplo, não teve tempo nem dinheiro para ir. Também não conheceu a aurora boreal, um sonho seu de criança. Muito menos havia visitado as pirâmides do Egito ou um vulcão em erupção.

Talvez tenha trabalhado em muitas coisas que não desejou e desejado muitas coisas pelas quais não trabalhou. Será então que o seu problema era falta de foco? Não conseguiu se concentrar em uma coisa específica e desperdiçado energia em muitas coisas pulverizadas?

João não conseguia achar respostas. Conhecia bem a teoria do caos, onde um bater de asas de uma borboleta pode causar um furacão no outro lado do planeta. Com base nisso, não tinha como saber se qualquer ação diferente que tivesse tomado teria sido pior ou melhor para sua vida.

Sabia apenas uma coisa: que estava com as mãos enrugadas e que o tempo havia passado muito rápido. Tão rápido que chegara ali sem perceber. Estava há 14 anos naquela empresa e em nenhum momento havia parado para tomar decisões de carreira como "devo estudar mais da área financeira para conseguir me candidatar a vaga de diretor financeiro" ou "farei um MBA e em dois anos saio da empresa através de um headhunter". Simplesmente foi levado pela maré, trabalhando mecanicamente dia após dia, durante esses 14 anos. Sim, talvez isso tenha feito o tempo passar rápido.

Olhando à sua volta, viu o número de amigos que possuía e lembrou do quão tranqüilo era o ambiente daquela empresa. Já havia se estressado, claro, mas era sempre um ambiente de ajuda e não de sacanagem. Provavelmente, era esse o motivo que lhe fez seguir a maré e não se preocupar tanto com um projeto estruturado de carreira.

João então se deu conta, talvez tardiamente, que muitas vezes é numa empresa com um bom ambiente de trabalho e que não exige o limite de performance de seus funcionário onde os maiores talentos são desperdiçados - seja pela falta de interesse em se arriscar a tentar um novo emprego, seja pela falta de preocupação com o futuro, seja pela comodidade de ficar onde se está, fazendo o que já se sabe fazer. É o chamado efeito funcionário-público: poucas preocupações geram pouco esforço em mudar que geram pouco estudo e planejamento de carreira. A rotina gera estagnação, que por sua vez gera preguiça de se reinventar, que por sua vez gera mais rotina.

Quando a festa acabou, João se despediu de todos, respirou fundo, abriu a porta e...

- João, esqueceu seu casaco na cadeira!

João voltou. Hoje, tinha que levar de volta aquele casaco empoeirado.

Dr. Zambol
--

Bordeaux 1996



No caminho para casa a angústia já apertava o peito de Marcos. Costumava dizer que o pior sentimento que se pode sentir por alguém é pena, pois, pena se sente quando nada pode ser feito, quando se está impotente. Hoje, sentia pena de si mesmo.

Entrou em casa silencioso. Deu um beijo na esposa mas não a encarou muito. A filha de três anos e meio brincava na sala:
- Oi Papai, brinca comigo?
- Oi filhota, agora não que o papai vai tomar um banho.
Beijou-a na testa e subiu para o quarto.

No caminho passou pela adega, que ficava embaixo da escada, e lembrou do seu troféu. O Bordeaux 96 estava lá, esperando, impaciente. Infelizmente, não seria hoje o dia dele. Marcos havia guardado aquele vinho para uma data muito especial, uma data que almejava há vários anos. No quarto ficou sentado por alguns minutos na cama sem saber o que fazer. Queria tomar um banho, apagar aquele dia com água quente. Mas para chegar ao chuveiro teria que passar pelo espelho do banheiro e não queria encarar o fracassado do outro lado.

Para alguém que planejou a vida profissional milimetricamente, Marcos era o que se podia chamar de um sujeito bem sucedido. Promoções e prestígio, tudo resultado de trabalho duro e abstinação. Nos últimos anos estava lutando pelo último degrau dessa escalada, a cadeira de presidente. O processo foi desgastante, mas será que poderia ser diferente? Há três anos havia sido informado que estava na lista dos cinco finalistas. Um ano depois, faltando mais dois ainda para a sucessão ocorrer, a lista se reduzia novamente, dessa vez para três nomes. E ele ainda estava no páreo. Cada um desses rounds era pautado por maiores desafios e superação. Nesse tempo foi expatriado para o Chile, responsável pela operação lá. Depois disso, de volta ao Brasil para coordenar uma nova divisão, tudo em um processo de avaliação constante, de deixar o Aprendiz no chinelo. No último ano restaram só dois, Marcos e seu concorrente.

E o veredito saiu hoje.

Debaixo do chuveiro água fervia suas costas, mas podia ser mais quente. Queria cozinhar os pensamentos que o assolavam, queimar as palavras do chefe lhe dando a notícia:
- Marcos, sinto muito, mas você não foi o escolhido.
Por mais que confiasse no chefe, por mais que o respeitasse, isso era demais para ele. Simplesmente fechou os ouvidos para o resto da conversa. Amanhã ele e escutaria o feedback, mas hoje só queria esquecer. Quanto trabalho, quanto esforço, quanta vida em vão. Desceu as escadas pior do que subiu. Foi quando encontrou a esposa ao telefone, com as lágrimas escorrendo pelo rosto:
- A Paulinha acabou de falecer.

A amiguinha da sua filha de quatro anos lutava com uma leucemia a seis meses, apesar das perspectivas positivas o quadro regrediu drásticamente nos últimos dias e ela não resistiu. Marcos sentou atônito, olhou para filha brincando e com os olhos cheios d'água foi à adega e abriu o seu Bordeaux.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Não Boicote a Sua Vida Profissional


Roberto tem cada vez mais dificuldade para acordar e ir trabalhar. Chega sempre atrasado no escritório, todo santo dia. Tem estado descuidado em geral com sua vida profissional. Esquece de reuniões que deveria estar presente, atrasa suas tarefas mais do que o desejável, e a qualidade do seu trabalho é meramente aceitável. Está sempre no cafezinho e ultimamente suas conversas limitam-se quase que exclusivamente a críticas aos superiores e deboches de colegas.

Tenho certeza que muita gente se identifica com a história do Roberto. É comum em determinado momento da vida profissional as pessoas adotarem esse tipo de comportamento. Parece que a carreira de repente chegou em um beco sem-saída. As habilidades e talentos não parecem mais estar sendo requisitados, os colegas parecem atingir sempre mais, tudo parece muito chato. As pessoas então adotam um comportamento auto-destrutivo caracterizado por uma falta de engajamento com tudo que tem a ver com trabalho, desmotivação e baixo desempenho. É um boicote à vida profissional.

Se você encontra-se nesse momento, saiba que a saída depende apenas de você. Você tem apenas duas opções. Ou você continua no seu emprego atual e tenta melhorar as coisas, ou você parte de vez para uma mudança de carreira.

Se você decidir continuar onde você está, deve agir imediatamente. As pessoas normalmente esperam que as coisas aconteçam, e é justamente aí que começa o comportamento auto-destrutivo. O caminho a seguir é abrir o jogo e conversar com seu chefe. Faça o seu tema de casa e pense em diferentes possibilidades de mudança dentro da sua função (com alguma alteração de escopo), ou envolvendo uma mudança dentro do seu setor ou até mesmo dentro da sua organização. Descubra o que lhe motivaria e então converse com seu superior. Tenho certeza que esse tipo de atitude será vista com os melhores olhos, e você pode acabar na frente da lista caso alguma oportunidade surja no futuro próximo. É importante chegar preparado na conversa, assim você mostrará uma atitude positiva e pró-atividade. Muita gente evita esse tipo de conversa por meses a fio, e quando finalmente abre o jogo com o chefe, isso vem em forma de reclamação sem nenhuma sugestão de mudança. Nem preciso dizer qual é normalmente o resultado.

A outra opção, caso você não acredite que tem futuro onde está trabalhando atualmente, é deixar o emprego atual e partir para um movimento de carreira. Essa alternativa obviamente vai demandar mais planejamento, afinal envolve assumir mais riscos. Mas com certeza a recompensa em caso de sucesso será mais gratificante.

O importante é não se permitir boicotar a própria vida profissional. Acreditem, a situação do Roberto é mais comum do que se pensa. Não fique preso à esse beco sem-saída por meses à fio. A mudança (se vier) pode vir tarde demais.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Soberba - Reedição

Sala Vip do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Realmente, não estou acostumado com essa vida. Viajo sempre em classe econômica e com os tostões contados. Mas devido às milhas que ganhei em diversas viagens de negócio, comprei uma passagem na 1ª classe – eram só 25 mil milhas a mais e queria dar de presente a minha esposa.

Não sei porque essa vida de semi-luxo e aparência fascina tanta gente. O glamour e o status são às vezes levados ao extremo, sobrepujando valores básicos como integridade e honestidade. Uma pessoa na minha frente tem o prazer de contar em altos brados suas peripércias pelo mundo afora como investidor em países orientais para uma mulher que, por sua vez, relata quantas vezes deu a volta ao mundo. Um outro atende o celular e com uma arrogância profunda responde em voz alta: “Que nada, eu tô é na sala VIP aqui. Deus me livre aquela confusão”.

DelaVega já destacou, de uma forma muito inteligente, o quanto pode se ver de uma pessoa pela forma como ela trata um garçom. Soberba, para o dicionário Aurélio, significa “Orgulho excessivo, altivez, arrogância, presunção”. E se pensarmos calmamente no sentido de “soberba”, vamos ver exatamente isso: uma forma de detratar alguém (arrogância) em detrimento de status ou de qualquer outra vantagem (orgulho excessivo, presunção). Um amigo meu está praticamente quebrado devido à soberba. Comprou um carro mais caro do que podia, uma TV de plasma mais cara do que podia e pagou festas (principalmente a de casamento) muito mais caras do que podia. Mora em um apartamento alugado e está com o cheque cortado. Mas não conte a ninguém: pouca gente sabe disso. O que importa é ele ser dono de um carrão que dá inveja (ou ao menos é isso que ele imagina) aos seus amigos.

A soberba e a superioridade no mundo corporativo são um dos maiores males que um time pode possuir, pois negam todos os valores básicos de um time vencedor: integridade, colaboração, feedback e alinhamento de interesses.

Tenho certeza que você já presenciou a soberba e a superioridade em algum nível na sua empresa. Basta pensar naquela vez que seu chefe disse que tinha que ser feito daquela forma e que não precisava explicar porquê. Ou talvez aquela vez que você foi pedir ajuda ao seu chefe e saiu com mais dúvidas, pois, além de não lhe dar nenhuma direção, questionou porque você estava fazendo aqueles questionamentos (ignorando que um dos maiores valores de uma organização são os questionamentos). Ou quem sabe aquela vez que um membro do seu time não quis nem saber de ouvir outras idéias, pois tinha a melhor solução possível (puxa, quem ele acha que é, Deus?).

Sinceramente, num mundo onde a colaboração básica esperada de um time ultrapassa as paredes da organização e cada vez mais se explora idéias de qualquer área e de qualquer pessoa no globo, a soberba não é só demodê, é algo simplesmente inconcebível.

Dr. Zambol
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Seguindo Regras 


Essa eu ouvi em uma das geniais palestras do TED. O sujeito levou o filho a um jogo de baseball e lá pelas tantas o menino pediu uma limonada. Na lanchonete o vendedor avisou que só tinha limonada "Buba". O desavisado pai comprou a tal limonada sem saber que "Buba" é um tipo de refresco que contém 5% de álcool. Um guarda que estava passando no estádio viu o menino tomando a limonada e chamou o 911. Resultado, foram todos parar no hospital, onde se constatou que o menino não tinha álcool no sangue. Porém, eles não puderam ir para casa, o menino foi encaminhado para um "Conselho Tutelar" pois não poderia ficar na presença de um pai que lhe permitisse consumir bebidas alcoólicas. Dois dias depois o menino foi liberado para voltar para casa, contanto, que o pai não morasse mais sob mesmo teto. O pai foi morar em um hotel onde ficou por mais duas semanas até que a questão foi resolvida em um tribunal e a família pôde se reunir novamente.

Quando entrevistados depois do fato todos os servidores públicos afirmaram que não concordavam com o que estavam fazendo, mas que tinham regras a cumprir. É difícil pensar em uma situação com essa acontecendo no Brasil, mas tendo morado nos Estados Unidos, entendo como uma coisa relativamente comum. Uma das melhores coisas de sem morar lá é o fato dos americanos seguirem regras claras. E uma das piores coisas de se morar nos Estados Unidos é o fato deles seguirem regras claras.

Durante meu tempo lá nunca me dei ao trabalho de tirar carteira de motorista. A polícia geralmente aceita o passaporte de estrangeiro quando você é parado, portanto isso nunca foi um problema. Exceto, para comprar bebidas alcoólicas. A estúpida lei do Texas exige um documento com foto emitido pelo próprio estado, vide Carteira de Motorista. Perdi a conta de quantas vezes tive que deixar uma garrafa de vinho no caixa do supermercado porque o atendente tapado, e algumas vezes o gerente tapado, insistiam em seguir a regra ao pé da letra e não aceitar o meu passaporte como comprovação de idade.

A situação inversa aconteceu na minha visita ao consulado brasileiro em Houston. Viajei uns trezentos quilômetros para registrar o meu filho brasileiro e fazer o passaporte dele. Chegando lá, apesar de ter marcado horário e do consulado estar praticamente vazio, tive que esperar meia hora para ser atendido, coisas de Brasil. Fiz o registro do menino, mas a surpresa veio na  hora do passaporte, palavras da agente consular:
- Normalmente a gente leva dez dias para entregar o passaporte, mas como o senhor veio de longe e está com o menino aqui, vou dar um jeitinho e entregar na hora mesmo.

Voltando a palestra do TED o apresentador conclui:
- De nada servem regras sem bom-senso, sem sabedoria.
Eu não posso concordar mais.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tribuna da Tribo - 20/10


Pessoal:
Esse é um programa especial, focado em Coaching. A Tribo conversou com a especialista no assunto Jaqueline Weigel, sênior coach pelo ICI (Integrated Coaching Institute), com Especialização em Gestão por Competências pela FGV-SP, que atua como facilitadora em programas de desenvolvimento de Capital Humano, processos de Mudança, Teambuilding e Clima Organizacional, em empresas como Johnson & Johnson, Bradesco, entre outras.

Foi uma conversa muito legal onde cobrimos tópicos como: benefícios do coaching, a quem se destina, ferramentas utilizadas, desafios que o coaching ajuda a superar e casos de sucesso. Mais informações sobre Coaching podem ser encontradas no blog da Jaqueline: http://raiaweigel.wordpress.com/.


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Além disso vamos sortear uma sessão grátis de Coaching com a nossa entrevistada. Para descobrir como concorrer, ouça o podCast até o final.

Um grande abraço da Tribo(Jack, Reggie e Zambol)

O que é um empreendedor?


Muita gente tem vontade de empreender, mas reluta em seguir esse caminho. Muitos acabam adiando  permanentemente a decisão por não ter certeza se têm o perfil certo para empreender. Mas afinal o que é um empreendedor? Não quero entrar no mérito de habilidades e talentos porque isso de certa forma nos distancia da imagem das pessoas. Prefiro uma descrição mais informal. Portanto, se fôssemos descrever um empreendedor, como seria essa descrição?

Há algum tmepo atrás, o pessoal do SeedCamp entrevistou vários nomes importantes da área para tentar buscar algumas respostas. Você se identifica com alguma das definições abaixo? Quem sabe esse não é o combustível que faltava para você tomar a decisão por tornar-se um empreendedor.


"O empreendedor é o pirata dos dias modernos. Você está lá, buscando o ouro. Você quer ganhar um bocado de dinheiro. Você também quer mudar o mundo, você quer notoriedade. Mas há uma motivação pelo lucro por trás de tudo. E você sabe que tem chances muito pequenas de sucesso. Mas sabe que se chegar lá, a vitória será grande."

Michael Arrington - TechCrunch


"Visão. Um empreendedor vê as coisas de maneira diferente. Mas mais do que isso, ele faz algo a respeito. Ele não apenas tem uma idéia. Ele tem a força, a coragem para de fato ir lá e transformá-la em realidade."

David Rajan - Oracle



"São pessoas tentando encontrar um lugar para elas no mundo. E construir uma empresa é construir esse lugar. E eles então habitam esse lugar. E comandam ele, e tentam fazê-lo crescer. Algumas vezes eles têm sucesso, outras vezes eles fracassam. Empreendedores são pessoas com um tremendo desejo por fazer a diferença."


Martin Varsavsky - Fon


"Um empreendedor é uma pessoa que tem uma visão de algo que poderia ser diferente. E também tem a paixão para perseguir essa visão. É uma pessoa que não dorme bem à noite, conformado com o status quo, caso exista uma maneira melhor de se fazer alguma coisa."

Sean Park - 6th Paradigm


"Existe muita besteira escrita sobre o que uma pessoa deve fazer para tornar-se um empreendedor. Existe uma coisa que uma pessoa deve fazer para tornar-se um empreendedor: seguir em frente. Se você não seguir em frente, se não persistir, não chegará a lugar algum. O maior obstáculo que as pessoas enfrentam é na verdade dar o primeiro passo e seguir em frente. Se você não fizer isso, nunca saberá se irá fracassar ou não."

Matthias Mitschke - Stardoll


Segue abaixo o vídeo completo do pessoal do SeedCamp sobre o que é um empreendedor, com as descrições acima e algumas outras (em inglês).



Caso você não consiga visualizar o vídeo acima, clique aqui.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Não Entendi Porque Não Entendeste

"A vida imita a arte". Quando li essa frase famosa há alguns dias atrás, me lembrei que o ambiente corporativo imita a vida. Ou será que a vida imita o ambiente corporativo? As duas sentenças convergem, mas certamente o ambiente corporativo é uma arte, então talvez a última frase seja mais apropriada. Ou não?

Meu assunto de hoje é relativo à facilidade de se perder no ambiente corporativo, que de tão grande é a diversidade, muitas vezes parece um zoológico.
"Dê descarga, principalmente depois das 6 horas da noite", estampado em um banheiro de uma instituição pública altamente conceituada do estado.
A frase "Não é necessário afinar esse instrumento", estampada em letras garrafais no manual do meu piano eletrônico Yamaha CVP-405, é uma pequena mostra disso. Quem, em nome de Deus, iria chamar um afinador de pianos para afinar um piano eletrônico? E creia, para que essa frase tenha sido explicitamente colocada ali, certamente muitas pessoas devem ter tentado.
"Não passe roupas no corpo", escrito na embalagem de um ferro de passar Rowenta
O que parece extremamente óbvio para você, certamente não será para alguém. O balanço do que deve-se deixar explícito e a velocidade de ir direto ao que importa é muito complexo. Deixar tudo explícito fará com que seu dia não renda nada. Falar somente o que precisa ser feito objetivamente pode fazer com que a pessoas ajam com a informação que têm e retornem um resultado completamente torto - talvez um piano eletrônico afinado...
"Não use quando estiver dormindo", impresso num secador de cabelos da Sears
"Instruções: abra o saquinho, coma os amendoins", escrito num saquinho de amendoins da America Airlines
A solução para isso é mais complexa do que parece. Falta de informação pode gerar não só falta de contexto, mas desculpa para erros e falhas. Em um projeto grande, uma das formas mais comuns e mais falhas para resolver a situação é envolver todo mundo em todas as coisas. A idéia até pode ser boa, mas o resultado é geralmente catastrófico, afetando o foco do time inteiro.
"Antes de entrar no elevador, certifique-se que o mesmo está parado neste andar". Essa é uma das frases que mais me intriga. Virou até lei! Mas se a pessoa não vai conseguir ver um elevador de diversos metros cúbicos, será que verá uma placa escrita em fonte 10?
A solução mais apropriada que já vi até hoje para acelerar as coisas e garantir que todos tenham o contexto correto vem dos métodos ágeis. A idéia é realizar uma ou mais killer sessions, onde o escopo é apresentado desde o início, com simulações (caso seja necessário) até que todos estejam com o mesmo contexto em mente. A partir de então, na fase de execução, há uma reunião diária, de uns 15 minutos, com os membros do time de pé, onde falam o que fez no último dia, o que fará até a próxima reunião e o que bloqueia o seu desenvolvimento. Qualquer entendimento errado é facilmente sanado e não perde-se mais do que um dia de trabalho.
"Não tente parar a serra com as mãos ou genitais", no manual de uma moto-serra sueca.
"Perigoso se ingerido", na etiqueta de um anzol.
Uma coisa é certa: você encontrará muitas pessoas que lhe provarão que a regra de ouro para que qualquer projeto com mais do que duas pessoas é contextualização, saber onde se quer chegar e auto-motivação. As frases expostas no decorrer desse post são todas reais. Não consigo imaginar uma pessoa que consiga fazer uma estupidez que vá contra as frases ali expostas. Entretanto, se estão lá, alguém ou não fez porque não quis ou simplesmente porque não conseguiu entender.
"Remova a criança antes de dobrar", escrito em um carrinho de bebês.
Nesse caso, infelizmente, o mundo corporativo imita a vida. O líder de qualquer organização é aquele que se faz entender, que os outros querem seguir. Geralmente isso ocorre porque acreditam nele, porque lhe entendem...

A diferença entre apertar o botão desliga e parar a moto-serra com os genitais é enorme. A diferença entre o sucesso e o fracasso de um projeto, é mínima.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sam e Condado

Me surpreende que O Senhor dos Anéis, uma das obras primas da mitologia Nerd, ainda não tenha sido citado por aqui. Em uma das minhas cenas preferidas, na Sociedade no Anel, Sam, o fiel escudeiro de Frodo, menciona:
- Esse é o mais longe que eu já fui do Condado.
Naquele exato momento ele tem certeza de que se der mais um passo, se afastar-se por mais um metro que seja do Condado, sua vida será alterada para sempre, o que de fato se confirma no resto da trama. É fascinante analisar o "efeito borboleta" que determinadas decisões têm no rumo de nossas vidas e eu poderia escrever vários posts ou até mesmo um livro a respeito desse assunto, mas esse não é o meu tema de hoje.

Meu ponto é que a decisão de Sam de ir adiante, de abraçar o inesperado e assumir riscos impensáveis ao dar um simples passo a frente, é apresentada inúmeras vezes em nossa vida e pode ser o fator determinante para uma carreira de sucesso. Assumindo que no competitivo mercado de trabalho grande parte dos fatores que diferenciam os profissionais são equivalentes, o que realmente importa para uma carreira de sucesso? Se todos os candidatos possuem experiência profissional, qualificações técnicas e educacionais, idiomas, inteligência emocional, o que efetivamente faz a diferença?

A maneira com a qual você define os seus limites e a sua disposição para assumir riscos em função deles. Simples assim.

A definição de limites pessoais está relacionada ao preço que você está disposto a pagar por suas escolhas. Exemplo: Eu quero ser um piloto de fórmula 1, mas não quero deixar de morar em Bagé. Complicado. São limites que uma vez impostos reduzem enormemente o seu horizonte de carreira. Ah, como seria bom se minha namorada aceitasse morar em São Paulo, assim eu poderia tentar uma vaga no Google. São as legítimas "bengalas" que utilizamos para justificar nossas escolhas, principalmente as que não temos como defender.

Com relação a assumir riscos a verdade é a mesma. Não existe frase mais verdadeira do que: "Maior o risco, maior o prêmio". Os saltos de carreira só ocorrem assim. Trocar de emprego, assumir uma nova função, mudar de área, propor uma idéia diferente, são apenas exemplos encontrados na grande maioria das carreiras de sucesso. Profissionais vencedores aceitam e assumem os riscos como uma constante no processo de crescimento.

É claro que não existe certo para todos e cada um possui sua própria ambição, mas é muito importante convivermos bem com nossas escolhas. Entenda bem essas regras antes de olhar para o lado e dizer:
- Ah, o fulano teve sorte, ele estava na hora certa no lugar certo.
Apesar de reconfortante, isso raramente é verdade.

[]s
Jack DelaVega

Tribuna da Tribo - 14/10

Assuntos do PodCast dessa Semana: Nobel do Obama, Acordo de Busca do Twitter, Review do Livro Free: O Futuro dos Preços, Premio NetFlix.


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um abraço Jack, Reggie e Zambol.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Viva a Sua Carreira - E Tenha Sucesso (Re-edição)


O ano de 1953 é um conhecido marco na história do montanhismo. Foi naquele ano que Charles Houston liderou a expedição americana em busca do topo do K2, até então intocado (o K2 é a segunda maior montanha do mundo, com 8.611 metros de altura). Houston era um dos grandes alpinistas da época, fera mesmo. Havia tentado alcançar o topo da "montanha selvagem" anteriormente em 1938, sem sucesso. Agora, Houston voltava com força total e a ajuda de outros célebres alpinistas como Art Gilkey e Pete Schoening. O objetivo era claro, o grupo era o melhor possível, o topo parecia ao alcance.

Mas o K2 não é conhecido como a "montanha selvagem" por pouca coisa. A mais ou menos 7.800 metros de altura, a expedição deparou-se com uma tempestade terrível. Ventos fortíssimos e uma pesada nevasca tornaram qualquer deslocamento (para baixo ou para cima) praticamente impossível. O grupo sabia que era extremamente perigoso ficar naquela altura por muito tempo, mas todos estavam divididos entre os perigos da montanha e a ambição pelo topo. Armaram acampamento e sentaram-se dentro das barracas para esperar a tempestade passar. E ali, naquele lugar inóspito, a montanha prendeu aqueles 7 alpinistas por 10 dias. Dez longos dias.

Infelizmente, o que todo grupo de alpinistas nessa condição mais teme aconteceu. Art Gilkey desenvolveu tromboflebite (um tipo de trombose nas pernas, comum em altas altitudes) e não podia mais se mover sem ajuda. Um grupo de alpinistas com um integrante que não consegue se locomover sozinho torna-se um alvo fácil para uma montanha como o K2. Depois daqueles 10 dias de tempestade, todos sabiam que o topo não seria mais alcançado. Descer era a única opção. Mas agora tinham que decidir entre deixar Gilkey para trás e tentar a descida em segurança, ou carregá-lo e arriscar a vida de todos no grupo. Uma decisão fácil para alpinistas como aqueles.

Amarraram Gilkey em uma maca improvisada e iniciaram a descida em meio à tempestade. A dificuldade era monumental. O frio, a neve, o vento e a alta dificuldade da montanha somavam-se ao fato de estarem carregando uma maca com um alpinista de 80kg. Tomavam todas as precauções, e por isso a descida era lenta. O progresso era frustrante, praticamente imperceptível. Após descer umas poucas centenas de metros, a tempestade piorou. Todos já estavam esgotados. Sabiam que tinham que parar e esperar a tempestade diminuir, ninguém conseguiria sobreviver continuando naquela situação. Içaram então a maca de Gilkey sobre algumas pedras e amarraram-na a presilhas na montanha. Pete Schoening ficou para trás cuidando de Gilkey enquanto Houston e os outros 4 desceram para armar um acampamento básico em um parapeito da montanha alguns metros abaixo.

Foi então que o pior aconteceu.

Um dos alpinistas escorregou e rolou montanha abaixo, levando consigo seu colega de corda (nessas ocasiões é comum os alpinistas amarrarem-se em pares por segurança). Para piorar, a corda dos dois alpinistas que caíram estava entrelaçada com as dos outros dois pares, incluindo Houston e Schoening. Dessa forma, um a um os alpinistas foram sendo puxados e arrastados montanha abaixo, sem que tivessem tempo para reagir. Pete Schoening, por ter ficado para trás, teve um segundo a mais de tempo de reação, e ao ver o que acontecia com seus colegas mais abaixo, operou uma rápida manobra de âncora de segurança usando seu Piolet. Incrivelmente, os alpinistas tiveram sua queda interrompida, praticamente à beira de um imenso precipício. Lentamente, um a um começou a se recuperar do choque e dos ferimentos causados pela queda. Houston iniciou a subida auxiliando os outros companheiros, alguns dos quais bastante abalados. Após quase uma hora, estavam de volta junto a Schoening. Voltaram suas atenções para a montagem do acampamento novamente, e após muito custo, finalmente colocaram de pé duas barracas. Era incrível, mas Schoening havia segurado 5 alpinistas com sua manobra, e agora eles estavam novamente reunidos. Estavam salvos.

Dois dos alpinistas então subiram até onde haviam deixado a maca de Gilkey, de modo a trazê-lo para as barracas. Após alguns minutos chegaram ao local onde o haviam amarrado. E para a triste surpresa de todos, não havia sinal de Gilkey, de sua maca, de nada. Nunca ficaram sabendo o que houve, se uma avalanche o levou, se as amarras se soltaram, se ele quis aliviar o esforço de seus colegas. Gilkey havia sumido para sempre.

Outro dia publicamos aqui na Tribo um vídeo onde eu falei de dicas de planejamento de carreira. E me perguntaram o que fazer quando aquilo que planejamos para a nossa carreira não acontece. Eu cheguei a mencionar no vídeo, mas provavelmente não fui tão enfático: planejar a carreira não necessariamente implica que aquilo que planejamos efetivamente aconteça. Aliás, deixa eu pensar, acho que quase nunca acontece como planejado. Humm, não, deixe-me refazer a frase: nunca acontece como planejado. E quer saber? Isso nunca fez a menor diferença, pelo menos para mim.

Para quem planeja a sua carreira, muitas coisas acontecem razoavelmente dentro do planejado. Mas nunca exatamente. Nunca no momento que esperávamos, nunca exatamente como havíamos imaginado. Algumas vezes é frustrante, com certeza. Mas certamente é recompensador quando aquela oportunidade para a qual nos preparamos bate à nossa porta antes mesmo do esperado. A questão é que planejar a carreira é fundamental, mas viver a carreira é muito mais importante. É isso que vai fazer com que nosso objetivos se ajustem, nossas experiências nos engrandeçam, e os próximos passos passem a fazer mais sentido. Assim o plano se ajusta, em um ciclo contínuo. O sucesso da carreira não se mede contra o que foi planejado.

Naquele verão de 1953, Houston e seus companheiros não atingiram os seus planos iniciais. Uma tragédia estava no caminho deles. Mas nem por isso eles se arrependeram de ter passado por aquela experiência. Aquela expedição mudou a vida deles para sempre, de uma maneira que não podemos ousar julgar. Da mesma forma, quando se trata da sua carreira, não meça o sucesso contra aquilo que você planejou. Avalie sim o que você aprendeu com o que você experimentou.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Entre no Futuro ou Saia Logo do Mercado

Essa semana fiz um curso de Oracle BPEL. A turma tinha 14 pessoas, de vários lugares do mundo. O idioma oficial era obviamente o inglês.

Fiz o curso da minha casa, sendo que todos os outros participantes também estavam remotos, inclusive o professor. Entretanto, a facilidade e a interação entre professor/aluno e aluno/aluno não sofreu praticamente nenhum prejuízo.

Já havia lido algumas vezes sobre o assunto: sobre a mudança que nos espera na educação. Mas senti-la na carne foi bastante diferente. A tecnologia usada pela Oracle não é nada do outro mundo. Eu já havia utilizado todas elas de forma isolada – talvez você também tenha usada a maioria: apresentação de slides remota, compartilhamento da maquina para que os outros vejam a tela e o desktop dessa pessoa, maquina virtual, conference call e sala de aula virtual. Mas essa foi a grande jogada do curso: a parafernária era praticamente integrada, sendo vista como uma coisa única. Por exemplo, o próprio software de sala de aula virtual (que permite que as pessoas levantem a mão, respondam perguntas simples sem falar e o uso de quadro branco) era o responsável por mostrar os slides e compartilhar o desktop de qualquer pessoa. Aliado a isso, todos os exercícios eram realizados em maquinas virtuais pré-configuradas para as lições. Adicione o ingrediente de uma conference call com altíssima qualidade – que permitia que mais do que uma pessoa falasse ao mesmo tempo sem perder o que elas estavam falando. É claro que o professor deu uma boa mão, sabendo utilizar todos os recursos de uma forma bastante interativa e participativa, como o quadro branco e o processo de votação.

Fora uma pessoa, que acabou se encrencando com o uso integrado dessa tecnologia, todo o restante da turma talvez tenha tido um aproveitamento maior do que se fosse numa sala de aula física. E meu ponto hoje é exatamente esse: o mundo não vai esperar que você fique pronto para a utilização desses recursos. Ou você aprende ou estará fadado a ser aquelas pessoas de idade que vemos hoje com dificuldade de utilizar e-mail e internet – simplesmente não é mais aceitável.

Esteja pronto também para as novas relações no trabalho provenientes desse “novo mundo”. Trabalho remoto já é uma realidade hoje em dia e tornar-se-á uma tendência. Entretanto, isso significa que a auto-motivacão e a performance focada em resultado e não em horas-bunda (o número de horas que você passa no serviço) são os pré-requisitos dessa tendência, além é claro de uma desenvoltura com tecnologias para fazer o diferencial entre o medíocre e o mediano e o ótimo.

O curso de Oracle BPEL, mesmo com toda a tecnologia disponível poderia ter sido um desastre se o professor não estivesse auto-motivado e não soubesse engajar a turma para que utilizassem sem medo todos os recursos disponíveis. Aliás, o instrutor fez questão de destacar que estava no Texas para uma consultoria, mas que não morava lá e nem tinha nenhuma base de operação naquele lugar.

São esses provavelmente os profissionais do futuro.

Dr. Zambol
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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Políticas, Ah... Políticas


Eduardo era um sujeito organizado, daqueles que gostava da mesa limpa para trabalhar. Isso o ajudava a produzir, mesa limpa, cabeça limpa. Quanto mais espaço livre melhor. Foi pensando nisso que decidiu aparafusar o telefone na parede, afim de liberar mais espaço na mesa. Abriu uma OS, a famosa ordem de serviço, e aguardou o contato. Uma semana depois seu telefone tocava:
- Sr. Eduardo?
- Ele mesmo.
- Estou aqui com uma OS para aparafusarmos o seu telefone na parede, procede?
O sujeito tinha uma voz grave e pronunciava OS com certa reverência, como se fosse um documento secreto, protegido pela CIA ou algo do gênero.
- Procede, é isso mesmo.
- Lamento Sr. Eduardo, mas vamos ter que negar a sua OS.
- Como assim? Por quê?
- Pois é Sr. Eduardo, isso foge a nossa política corporativa, que não permite aparafusamento de telefones em paredes.
Eduardo estava perplexo.
- Política? Temos uma política específica para isso?
- Pois é Sr., como eu disse antes, aparafusamento de telefones não é compliant com a política, especialmente tratando-se de paredes de alvenaria.
Eduardo não conseguiu se controlar:
- Que política idiota!!
- Entenda Sr., já imaginou se cada um quisesse colocar o telefone onde bem entender? Que loucura seria essa empresa? São justamente regras como essas que nos diferenciam dos bárbaros!
- Pudera estarmos perdendo mercado, uma empresa que se preocupa com isso certamente está focando nas coisas erradas.
E desligou.
No outro dia trouxe uma chave de fendas de casa e aparafusou sozinho o telefone na parede da baia. Ficou imaginando quanto tempo a "Polícia Organizacional" levaria para identificar o delito e qual seria a pena para tamanha transgressão corporativa. Seria obrigado a tomar cafezinho frio pelos próximos três meses? Pior, participar das reuniões de revisão de status com o notebook desligado?

Meses depois, já havia até esquecido do incidente anterior. Foi quando almoçava na baia para adiantar o trabalho que derrubou refrigerante no head-set. A solução passava novamente por uma fatídica OS. Dias depois seu telefone tocou novamente e a mesma voz grave falou:
- Sr. Eduardo, temos aqui uma OS para substituição do seu head-set.
- Exato, o meu não está funcionando mais.
- Perfeito Senhor, mas o Sr. pode me informar o que causou o problema?
Eduardo hesitou, mas decidiu pela verdade.
- Eu deixei cair refrigerante sobre ele.
- Entendo Sr., infelizmente vou ter que negar a sua OS.
- Ah, você deve estar brincando comigo. Por qual razão?
- A política Sr., nossa política não permite a imersão de head-sets em meio líquido. O Senhor deveria saber disso, está no nosso manual do funcionário.
- Mas como? Eu passo quatro horas do meu dia no telefone, vou ficar com uma Lesão por Esforço Repetitivo desse jeito. E tudo porque eu estava almoçando na minha baia, trabalhando para a empresa.
- Almoço na baia Senhor?
- Sim, qual o problema com isso?
- A política Senhor, a política não permite...

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Mitos em Empreendedorismo: O Foco


Estou me mudando para um novo apartamento nos próximos dias e essa situação toda me deixa muito desconfortável. Eu não consigo me manter muito tempo atento à uma tarefa que não gosto de executar, e mudança é algo que definitivamente não está na minha lista de hobbies. Tirar coisas do lugar, encaixotar, etiquetar, é tudo muito chato. Ontem por exemplo me foi incumbida a tarefa de encaixotar os objetos da estante da TV da sala. Comecei bem com os livros e enfeites, tudo certo até aí. Passei para os CDs e os DVDs e confesso que já me distraí um pouco. Quando cheguei no PlayStation já não sabia mais o que estava fazendo e só voltei ao normal quando minha esposa gritou para eu parar de jogar Madagascar.

Me lembrei então de umas histórias que eu havia escutado na semana passada, sobre empresas que hoje atuam em uma área um tanto quanto diversa daquela que inicialmente haviam planejado (quando eram start-ups). E enquanto tentava me concentrar em terminar logo de encaixotar aquelas coisas, pensei em escrever sobre foco, mais um dos mitos em empreendedorismo.

Muito se fala sobre foco no mundo dos negócios. Foco em um determinado mercado, foco em uma determinada solução, foco em uma determinada estratégia. E realmente é algo importantíssimo porque se você não tem foco você normalmente despende recursos valiosos em iniciativas sem sinergia entre si, o que é um desperdício. Mas dependendo do estágio em que um negócio se encontra, pode fazer muito mais sentido relaxar o foco em termos de mercado, solução ou estratégia, em detrimento de outras coisas. É o caso de uma empresa nascente, ou uma start-up.

Senão, vejamos. Em 1979, um jovem empreendedor de Seattle fundou uma empresa que se propunha a comercializar um interpretador da linguagem BASIC. Alguns anos mais tarde ele acabou mudando a direção da empresa e entrou no mercado de sistemas operacionais. Seu nome era Bill Gates e a empresa, a Microsoft. Em 1998 quatro empreendedores na Califórnia resolveram iniciar uma empresa para prover uma solução de "dinheiro eletrônico" para PDAs (especificamente Palm Pilots na época). Parece interessante não? Não deu exatamente certo e em 2000, após juntar-se com outra jovem companhia surgia o PayPal, posteriormente adquirido pelo eBay. De maneira similar, em 2002 um grupo de rapazes juntou-se em Vancouver e criou uma empresa para desenvolver um jogo de RPG multiplayer online. Não deu muito certo, mas as ferramentas de manipulação de imagens criadas acabaram dando origem ao Flickr, mais tarde adquirido pelo Yahoo!.

Meu ponto é que nenhuma das empresas ou - o que é mais importante - nenhum dos empreendedores acima sabiam onde exatamente queriam chegar quando começaram. Em teoria eles não tiveram grande foco em determinado mercado, solução ou estratégia. E não há problema algum com isso - pelo contrário, são todos hoje milionários. Para uma start-up, foco não é importante. Ou dito de maneira diferente, o foco deve estar em outros aspectos.

Principalmente em se tratando de indústrias de base tecnológica, onde a inovação é constante, o empreendedor não pode achar que consegue prever o futuro. Por isso também critico a ênfase em planos de negócio para start-ups. Uma start-up começa sempre com uma boa idéia, mas essa idéia deve ser experimentada e validada no mercado. E se o empreendedor descobrir que o cliente deseja algo um pouco diferente, ele deve ser flexível o suficiente para aplicar as mudanças de direção adequadas ao negócio. Vejam bem, tudo aqui é muito relativo. Usei a palavra "adequadas" porque também acredito que o empreendedor não deve sair fazendo 100% do que os clientes pedem. Ele sequer sabe se aqueles clientes são os "seus" clientes?

Por essa razão eu gosto da abordagem do Eric Ries. Ele defende que um empreendedor deve ter foco sim. Mas foco em processo. Ele afirma ter encontrado uma espécie de fórmula para que um empreendimento aumente suas chances de sucesso, e tudo está baseado em um bom processo de desenvolvimento de produto aliado a um processo de "desenvolvimento de clientes". A idéia básica é que o empreendedor deve concentrar-se em disponibilizar versões simples de seu produto ou serviço para experimentação, o mais rápido possível. Com base no feedback dos clientes ele deve rapidamente aplicar as mudanças adequadas, no espírito das metodologias ágeis. Quanto mais rápido o empreendedor conseguir executar esse ciclo, e quanto mais eficiente ele for em aprender com os clientes sobre o seu negócio, maiores as chances de sucesso. Nada de foco no mercado A ou na solução X.

Confesso que essa abordagem me soa muito bem. Acho que eu ficaria tão concentrado nesse ciclo de melhoria produto-cliente que nem daria tempo para uma rodada de PlayStation.

Reggie, the Engineer (João Reginatto)
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Tribuna da Tribo - 05/10

Assuntos do PodCast dessa Semana: Trabalho na Comunidade Européia (Volta da Xenofobia), Review do livro Tribes, Empreendedorismo no Brasil.


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um abraço Jack, Reggie e Zambol.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Quer uma idéia para uma startup?


Muita gente tem uma vontade imensa de empreender, mas reclamam não ter idéia do que fazer. Tem gente que acha que uma idéia para uma startup tem que ser algo genial, a famosa idéia de 1 milhão de dólares. E o nosso instinto nos diz que algo tão valioso como uma idéia para uma startup não deve ser algo que está disponível por aí para qualquer um pensar.

Na verdade não é nada disso, mas enfim, isso é conversa para um outro post. Vou tentar ajudar, dentro do possível, e jogar alguma luz para oportunidades de negócio que "deveriam" estar caindo de maduras.

Ultimamente quando se fala em novos empreendimentos na área de tecnologia, quase tudo o que se ouve tem a ver com a Internet. Mais ainda, tudo tem a ver com redes sociais, Web 2.0, Twitter, etc. Não nego que seja uma área bacana, que realmente pode estar sedimentando a fundação para a maneira como iremos nos comunicar e colaborar nos próximos anos. E é normal que muita gente se interesse em empreendimentos nesse nicho, afinal quem está no meio de tecnologia hoje em dia está sendo bombardeado por inovações e ferramentas diferentes em questão de horas. E voltando à questão das idéias, é assim que elas surgem. Normalmente temos idéias de negócios relacionadas ao contexto em que estamos inseridos.

Mas nós estamos aqui para mudar o mundo ou para conversar?

Quero chamar a atenção para uma área em que existem grandes oportunidades, e na qual precisamos desesperadamente de mais empreendimentos: clima.

Mesmo com a crise econômica mundial, analistas do HSBC estimam que o mercado de negócios relacionados ao clima, tal como produção de energia renovável, cresceu 75% em 2008 chegando a $530 bilhões. Os analistas estimam que esse mercado chegará facilmente a $2 trilhões antes de 2020. Nada mal para uma indústria relativamente recente.

Se você não tem acompanhado as notícias, saiba que em Dezembro desse ano acontecerá em Copenhagen uma conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas que promete dar o que falar. Simplesmente não há mais espaço para manobra, ou as políticas são definidas agora ou será tarde demais. Se tudo der certo, espera-se uma série de acordos que resultarão em medidas nas maiores economias mundiais (o Brasil incluído) para, entre outras coisas, incentivar a "indústria do clima". Certamente existirá um espaço tremendo para pequenas e médias empresas provendo desde serviços de consultoria até tecnologias simples para aumentar a eficiência no consumo de energia.

No Brasil, o The Hub São Paulo tem tocado uma iniciativa de ecossistema para empreendimentos mais ou menos nessa área, chamada Start-up Lab. Infelizmente os resultados ainda não tem sido amplamente divulgados, mas sempre é um primeiro passo.

E você, o que vai fazer a respeito?

Como para ter uma idéia para um empreendimento você, além de estar familiarizado com o contexto, tem que ter contatos na área, eu dou mais uma ajuda e apresento um cara genial para vocês. Trata-se do meu amigo e ex-sócio Henrique Vedana. Anotem esse nome. Esse cara é fera e se você está interessado em tocar um empreendimento nessa área, trata-se de um contato obrigatório.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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PS. E dá-lhe RIO 2016!!