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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Melhor de 2009


Pessoal:
Iniciamos hoje o nosso recesso de fim de ano, serão três semanas de merecidas férias para recarregar as baterias e voltar em 2010 com toda a força. Nesse período deixamos vocês com uma seleção dos melhores textos do ano, modéstia a parte, tem muita coisa boa na lista.


Melhores de 2009 - Jack: Gamão, Cinco Regras de Ouro na Carreira, Eu Aceito, Farol da Solidão, Pampeador: O Negociador.


Melhores de 2009 - Reggie: Mitos em Empreendedorismo: O Plano de NegóciosViva a Sua Carreira - E Tenha SucessoComo Criar um Ecossistema para Startups no BrasilQuem precisa de uma carreira?A Pergunta Que Todo Empreendedor Deve Se Fazer.





Melhores de 2009 - Zambol: Liderança, Exemplo e KempôNão Trabalhe InfiltradoEsforço, Fracasso, Sucesso e HockeyMe Aposentei e Nem ViA Superação do Vagabundo que Nunca Foi Vagabundo.





Mais uma vez agradecemos a todos pela audiência em 2010, e que o ano novo seja muito bom para todos nós. 


Um grande Abraço da Tribo (Jack, Reggie e Zambol)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Semana da Tribo - Fim do Ano


Pessoal:
Essa semana os três post abordaram reflexões sobre o novo ano. O Reggie fez uma retrospectiva da década e apresentou uma visão otimista para os anos que virão em: Que Venham os Anos 10. Jack apresentou algumas métricas a serem acompanhadas no próximo ano visando um futuro melhor em Métricas para o Ano Novo. E o Zambol fechou o ano com as Citações Valiosas de Fim de Ano, sua lista de pedidos ao Papai Noel para um 2010 melhor para todos nós.

Na próxima semana entramos em recesso de fim de ano, mas ainda reservamos algumas surpresas para vocês nesse período.

Um grande abraço e fiquem com a gente (Jack, Reggie e Zambol).

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Citações Valiosas de Fim de Ano

Orgulho e Vaidade:
Se papai-noel passasse na minha empresa e me dissesse que eu poderia pedir para mudar duas coisas no universo corporativo, iria pedir para acabar com o orgulho e a vaidade. Não há mais lugar para eles no ambiente de escritórios há muito tempo. Aliás, não há lugar para eles em lugar algum nessa vida. O ser-humano, por ser o único ser pensante no mundo, também é o único ser capaz de ter esses dois sentimentos - você nunca encontrará uma macaco orgulhoso por ter vencido o outro em uma corrida. O ser-humano pode até ter, pasmem, apenas vaidade sem ter orgulho, o que não faz sentido nenhum, como bem nos lembra Fernando Pessoa:
O orgulho é a consciência (certa ou errada) do nosso próprio mérito; a vaidade, a consciência (certa ou errada) da evidência de nosso próprio mérito para os outros. Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso; pode ser ambas as coisas, vaidoso e orgulhoso; pode ser - pois tal é a natureza humana - vaidoso sem ser orgulhoso. É difícil à primeira vista compreender como podemos ter consciência da evidência de nosso mérito para os outros, sem a consciência de nosso próprio mérito. Se a natureza humana fosse racional não haveria explicação alguma. Contudo, o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em ação.
Auto-Conhecimento / Auto-Engano:
Desejo que no ano de 2010 todos nós aumentemos nosso conhecimento sobre nós mesmos: sobre nossas qualidades, sobre nossos defeitos e sobre nossos próprios sentimentos. O primeiro passo para ser tornar uma pessoa melhor, dentro e fora da empresa, é reconhecer e se convencer de seus defeito e trabalhá-los, para que não atrapalhem ninguém; é conhecer suas qualidades, para passar adiante; e é principalmente conhecer os seus próprios sentimentos, que nos enganam e nos pregam peças diariamente.
A mentira mais freqüente é aquela que se conta para si mesmo; mentir para os outros é relativamente a exceção (Nietzsche)

Homens de natureza vivaz mentem só por um instante: logo em seguida eles mentem para si mesmo e ficam convencidos e se sentem honestos. (Nietzsche)

Alegria e Prazer no Trabalho:
Gostaria que todos no ano de 2010 dessem um passo em direção à satisfação plena, que não acontecerá nunca sem a satisfação no trabalho. Desejo que todos sejam felizes e não tenham seu trabalho diário como um fardo, pois o peso torna-se muito grande para se carregar. Tão grande que nos faz andar encurvado, olhando para o chão, sem a chance de olhar para frente, para o futuro.
Buscar trabalho pelo salário - nisso quase todos os homens dos países civilizados são iguais; para eles o trabalho é um meio, não um fim em si; e por isso são pouco refinados na escolha do trabalho, desde que proporcione uma boa renda. Mas existem seres raros, que preferem morrer a trabalhar sem ter prazer no trabalho: são aqueles seletivos, difíceis de satisfazer, aos quais não serve uma boa renda se o trabalho mesmo não for a maior de todas as rendas. A esta rara espécie de homens pertencem os artistas e os contemplativos de todo gênero, mas também os ambiciosos que passam a vida a caçar, em viagens, em atividades amorosas e aventuras. Todos estes querem o trabalho e a necessidade enquanto estejam associados ao prazer, e até o mais duro e difícil trabalho, se tiver de ser. De outro modo são de uma resoluta indolência, ainda que ela traga miséria, desonra, perigo para a saúde e a vida. Não é o tédio que eles tanto receiam, mas o trabalho sem prazer; necessitam mesmo de muito tédio para serem bem-sucedidos no seu trabalho (Nietzsche).

Considero feliz a pessoa que, quando o assunto em questão é o sucesso, olha para o seu trabalho em busca de resposta, e não para o mercado, para a opinião alheia ou para quem a financia (Emerson, 1860).

Tolerância:
Por fim, gostaria de pedir tolerância: no trânsito, com a esposa e, é claro, no trabalho - com seu chefe, com seus pares e com seus funcionários. O mundo é triste e amargo sem tolerância.
Digo em verdade que se todos os homens soubessem o que dizem uns dos outros, não haveria quatro amigos no mundo (Pascal, 1662).

O que é tolerância? Trata-se de uma prerrogativa da humanidade. Estamos todos imersos em erros e fraquezas: perdoemo-nos reciprocamente as nossas tolices, eis a primeira lei da natureza (Voltaire, 1764)

Um excelente 2010 para você, com muita saúde, paz, alegria, tolerância, prazer no trabalho, auto-conhecimento e, é claro, sem orgulho, vaidade ou auto-engano.

Sucesso para todos nós.

Dr. Zambol
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Métricas para o Ano Novo


Ano Novo é época de resoluções, todos fazemos isso. Como se, magicamente, ao pular as sete ondas no primeiro dia do ano algo em nós mudasse e nos tornássemos pessoas melhores e mais capazes. Mas, se o primeiro passo para a mudança é um plano concreto, o que falta para a maioria das pessoas são indicadores de que estamos no caminho certo. Como eu adoro métricas, pensei em algumas que podem nos ajudar a medir isso, são elas:

Telefonemas Agradáveis: Acredito que vale a pena medir o número de minutos que gastamos ao telefone em conversas agradáveis. Quem conseguir escrever um aplicativo de iPhone para isso certamente ficará rico. O fato é que tornamo-nos avessos a esse aparelho, que na maioria das vezes só traz más notícias. Criamos toques diferentes, aparelhos diferentes, só para separar as conversas boas das inconvenientes. Bom seria receber discriminado na fatura da operadora: Esse mês você falou 345 minutos, dos quais 257 foram de conversas agradáveis.

Obrigado/Desculpe: Quantas vezes você diz obrigado por dia? Não apenas por costume, ou pior, obrigação. O mundo é tão duro que um pouco de gentileza deveria ser algo natural. O que dizer então dos pedidos de desculpas? Ora, no esforço de nos tornarmos pessoas melhores vamos, inevitavelmente, cometer erros. Portanto, é inútil pensar em crescer sem efetivamente aprender a pedir perdão. Começar a contabilizar isso é um bom começo.

Risadas no Trabalho: Você já parou para contar o número de vezes que você ri ou mesmo gargalha durante o expediente? Não vale contar as risadas que você deu dos outros, só aquelas que você deu com os outros. Tem que descontar aquelas que você deu ao telefone com pessoas que não são do trabalho. Refiro-me às risadas com os colegas. Falo por experiência própria, se o seu número está próximo do zero, acho que é hora de procurar outro emprego.

Medos Vencidos: Como é bom olhar para trás, depois de um ano cheio de trabalho e realizações e dizer: Esse ano eu perdi o medo de... Contabilizar os medos enfrentados durante o ano é certamente uma boa métrica para avaliar nossa evolução como pessoas. Seja medo de falar em público, pular de pára-quedas ou simplesmente andar a cavalo(esse é um dos meus), um medo superado é um passo em direção a um futuro melhor.

Privação de Carinho: Você já chegou a contar quantos dias durante o ano deixou de acordar próximo a alguém que você gosta? Quantos dias gostaria de virar para o lado e dar um beijo na esposa, ou descer as escadas a abraçar os filhos logo depois de sair da cama? Honestamente, não sei se o resto faz sentido sem eles por perto e por mais conectado que o mundo esteja nada substitui o contato humano.

Existem inúmeras outras métricas que podemos medir nas nossas vidas. O fato é que muitas vezes definimos sucesso em função da realização financeira e deixamos de lado coisas que realmente fazem a diferença. Acredito que podemos fazer um 2010 melhor se simplesmente prestarmos atenção nessas outras métricas da vida.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Que Venham os Anos 10


Com o final de 2009 se aproximando, é chegada a hora de olhar para trás, refletir e planejar o próximo ciclo. Aqui na Tribo foi um ano bastante produtivo, com o ponto alto tendo sido o lançamento do nosso primeiro livro (aliás, ainda há tempo para presentear alguém nesse Natal.com o livro da Tribo). Mas também foi um ano em que consolidamos a nossa comunidade on-line, principalmente no Twitter e no Facebook, e onde resolvemos escrever com mais frequência sobre empreendedorismo, com feedback bastante positivo.

Nos aproximamos também do final da primeira década do século 21. Década que não vai deixar saudade em muita gente, tenho certeza. Um período em que vivenciamos guerras estúpidas e um aumento preocupante de intolerância entre os povos. Um período em que a tecnologia avançou de maneira ainda mais impressionante do que havíamos visto anteriormente. Mas uma década em que nem toda a tecnologia disponível foi capaz de nos livrar de uma crise econômica de proporções gigantescas, de pandemias exageradas pela mídia, de fome nos quatro cantos do planeta, e de uma sensação desagradável sobre o meio-ambiente que estamos deixando para os nossos filhos. Uma década de vários e grandes problemas.

Portanto, como o período é de reflexão, cabe pensarmos de maneira mais ampla do que normalmente focamos aqui na Tribo. Carreira, Empreendedorismo, Gestão, mas a que custo? Com que consequências? Uma boa hora para refletirmos sobre o papel que queremos desempenhar nessa história toda.

Que venham os anos 10. Porque os que passaram já vão tarde.

Um ótimo Natal e um 2010 de muitas realizações a todos.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Mamãe, Quero Ter Alto Desempenho - Reedição

Já falamos algumas vezes aqui de Talento x Esforço, geralmente fazendo referência ao Taffarel (o talentoso) a ao Mazaroppi (o esforçado).

No livro Talent is Overrated, de Geoff Colvin, já com tradução para o português sob o título de Desafiando o Talento, o autor exibe uma série de estudos com algumas conclusões bastante interessantes sobre o tema.

O primeiro paradigma que Geoff tenta quebrar é a associação de desempenho com talento. Um estudo de QI realizado com pessoas de alto desempenho mostrou que nesse grupo há pessoas brilhantes, mas também há muitas pessoas com o QI inclusive abaixo da média. Elas são excepcionais em seu ramo – sabem bastante a sua área e por isso conseguem um desempenho histórico tão alto, mas o QI não mede isso de forma alguma.

Diferente do QI, o que saltou aos olhos foi a memória. A maioria das pessoas de alto-desempenho apresenta uma memória muito grande, ajudando-os a reconhecer padrões que deram certo e padrões que fracassaram, auxiliando muito na decisão de qual caminho seguir. É claro que a memória não vem de graça: passaram anos lendo materiais e memorizando muitos dados essenciais para que hoje sejam tão bons no que fazem.

Para mim, que gosto bastante de música, essa noção já era bem clara. Mesmo tendo uma facilidade muito grande para matemática, e sendo o estudo da harmonia extremamente matemático (utilização de escalas pentatônicas, cromáticas, etc), até hoje sou um músico medíocre. As duas únicas músicas que escrevi são tão ruins que tive vergonha de torná-las públicas inclusive para minha esposa. Por quê? Simples. Sem prática, sem repetir exercícios inúmeras vezes, meus dedos, meu ouvido e muito menos meu cérebro não tem uma noção clara do que criar.

Mozart, mesmo tendo nascido com um dom muito grande para música, passou a infância treinando exaustivamente, repetindo milhares de vezes exercícios, sons e escalas. Caso tivesse se interessado por xadrez paralelamente na época, talvez hoje seu nome não seria associado com nada – nem a um músico famoso nem a um enxadrista bom. A chave do sucesso foi o foco que teve na música e, claro, uma boa memória que o fazia lembrar do que combina com o que e padrões que tinha ouvido que se encaixavam bem (afinal, temos apenas 12 notas). O mesmo pode-se dizer de Tiger Woods e Warren Buffet.

O segredo, além do foco e atenção dedicadas a essas atividades, seria o que Geoff chama de Prática Deliberada, que é um método estruturado e objetivo de treinamento. Imagine três círculos concêntricos. O círculo interno chama-se “zona de conforto”, o do meio “zona de aprendizagem” e o mais externo “zona do pânico”. O treinamento deve focar apenas na zona de aprendizagem – é só lá que você consegue melhorar. Exercitar a zona de conforto de nada adianta, pois você já faz bem aquilo. A zona do pânico é tão complexa para você que a aprendizagem é mínima, podendo ter efeitos até danosos.

Isso quer dizer que apenas repetir uma escala milhares de vezes não trará nenhum benefício se (1) você já souber bem aquela escala e (2) se você não souber por que eu está tocando aquilo. A cada repetição, se está na zona de aprendizagem, você irá analisar o que fez de errado e retroalimentar essa informação em sua próxima série de exercício, prestando atenção em cada detalhe.

Para ter sucesso no treinamento, você precisa:
  1. Saber aonde você quer chegar
  2. Praticar focado e utilizar a retroalimentação de suas observações (ou das de seu professor / mentor).
  3. Praticar no trabalho: prepare, avalie e se desenvolva. Use o ciclo PDCA.
  4. Aprofundar no conhecimento: leia sobre o assunto, seja o melhor que você consegue ser naquilo.
Por fim, o livro cita uma coisa muito interessante, dizendo que existem prodígios na música e na matemática, mas você nunca viu e provavelmente nunca verá um prodígio em física quântica e nuclear, simplesmente pelo fato de que uma criança não tem a capacidade de pensar naquilo e, por isso mesmo, não consegue praticar e por conseqüência não consegue nem entender aquilo direito, quem dirá dominar o assunto. Existem certas coisas que só com a idade são adquiridas. Gerência de pessoas, por ser um assunto completamente inexato e baseado em experiências, parece ser outro bom exemplo de uma coisa muito difícil de se encontrar prodígios...

Os ensinamentos do livro, em minha opinião, se aplicam diretamente ao nosso trabalho. Às vezes reclamamos que fomos mal avaliados, mas, no fundo, não fizemos nada de profundo para mudar a situação: não lemos sobre o assunto, não buscamos feedback e não praticamos com objetivo e foco para melhorar cada um dos tópicos identificados como oportunidades de melhoria – enfim, não nos esforçamos tanto quanto poderíamos.

Sem prática e trabalho duro, nem Mozart nem Tiger Woods seriam o que são.

Você não quer ser melhor que eles de graça, né?

Dr. Zambol
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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Novos Mercados, Velha Choradeira


Depois de dominar o jogo de memória da Mônica e montar todas casas possíveis no simulador da Barbie, minha filha falou decidida:
- Pai, eu quero um notebook de Natal.
Minutos antes eu estava todo orgulhoso elogiando os conhecimentos dela de informática, marchei. Detalhe, ela recém completou quatro anos. Mas esperto mesmo é o Gustavo, nosso vizinho de cinco, que é o melhor amigo da Carol. Ele andava indeciso sobre seu presente de Natal, dentre as opções estavam um Nintendo Wii, o novo Parque do HotWheels e um Óculos de visão noturna. Em minha opinião, um empate técnico entre o Wii e os óculos, mas bom, eu já tenho um Wii. Lá pelas tantas o Gustavo vira para os pais com a decisão tomada:
- Pai, Mãe, eu já sei! Vou querer só um presente nesse natal.
Surpresos os pais perguntaram o que seria o maravilhoso presente:
- Quero só um Cartão de Crédito, assim posso comprar tudo que eu quiser!
Esse guri vai longe. Por via das dúvidas, já avisei a Carol que assim que o Gustavo ganhar o cartão, ela que peça o Notebook para ele.

No domingo fui ao shopping em busca de um aparelho de Blue-Ray. Na primeira loja que entrei o preço estava R$100,00 acima do valor oferecido no site. Reclamei para o vendedor, que me respondeu com uma bela desculpa:- Pois é senhor, o site não tem os custos operacionais que nós temos, aluguel de espaço físico, vendedores... Terminou a ladainha, mas não me deu conversa. Na loja ao lado onde encontrei o mesmo cenário, preço mais alto do que no site, mas a resposta do vendedor foi diferente:
- Sem problema senhor, nós podemos fazer o mesmo preço da internet.

Essas duas situações, embora aparentemente desconectadas, ilustram um fenômeno relacionado. Novos nichos de consumo aparecem a cada dia, como por exemplo: crianças consumistas e conectadas. A demanda não está diminuindo, está migrando para novos consumidores, novos canais ou novos produtos. A diferença está na postura dos players, que podem se adaptar aos novos tempos ou ficar sentados reclamando.

A atitude do primeiro vendedor do meu exemplo lembra um pouco as gravadoras, que vivem chorando a perda de receita com os downloads de músicas. Esquecem que praticamente imprimem dinheiro vendendo direitos de músicas antigas como ringtones e trilhas de jogos como Guitar Heroes. Depois da indústria fonográfica, cinema e TV, a bola da vez agora parece ser a mídia impressa. Acho que toda a discussão entre o Murdoch e o Google é saudável, quem sabe daí  possa surgir um modelo viável de monetarização. Mas, honestamente, não acredito nos profetas do apocalipse que pregam o fim da mídia, fim do conteúdo pago, fim dos especialistas. Querem um exemplo? Comprei o último livro do Rubem Fonseca para ler nas férias, foi em papel, mas pagaria para ler ele no Kindle. E no fim de semana vou descer a serra em direção a Santa ouvindo o bom e velho rádio, inventado em 1896.


[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

E quando o líder erra? (Re-edição)


Este final de semana estive no sudoeste da Irlanda, mais precisamente no condado de Kerry - um lugar muito bonito, recomendo para qualquer um visitando esses lados. Estive lá fazendo um curso avançado de montanhismo, que entre outras coisas ensinava a navegar nas montanhas quando a visibilidade está prejudicada - por exemplo por causa de nuvens, tempestades (chuva ou neve) ou simplesmente porque está escuro. Uma coisa é você se locomover quando enxerga onde está indo, quando existem pontos de referência. Outra coisa bem diferente é quando não há distinção sobre o que está ao seu redor.

Passamos então a tarde de sábado treinando técnicas bastante simples, que envolvem basicamente o uso de uma bússola e um mapa. Qualquer escoteiro conhece essas técnicas, mas é outra coisa aplicar elas em uma região que você não conhece e com realmente pouca visibilidade. Ainda mais quando você tem um grupo dependendo de você. A verdadeira prova de fogo viria à noite - aí sim teríamos que aplicar o que havíamos aprendido.

Não há melhor lugar no mundo para um treinamento desse tipo. O tempo na Irlanda já é chuvoso, como muita gente sabe. Nas montanhas do condado de Kerry então, chove quase todos os dias do ano. Nesse sábado estava chovendo muito, nuvens baixas. Quando a noite caiu, era impossível enxergar um palmo à frente do nariz sem as lanternas. E mesmo com as lanternas, a sensação é de não ter noção nenhuma de para onde você está indo. Depois da "janta", os instrutores dividiram o grupo em duplas e cada dupla deveria liderar o restante do grupo até um determinado local especificado no mapa. Tudo que sabíamos era onde estávamos inicialmente e onde havíamos estacionado os carros. "Cabe a vocês nos tirarem dessa montanha em segurança", definiu um dos instrutores.

A primeira dupla de líderes seguiu então buscando uma junção em um riacho que descia de uma das montanhas. Um dos integrantes da dupla era um cara aparentemente com bastante experiência, então ele rapidamente fez os cálculos, definiu uma rota e pediu para que seguíssemos ele. Não era a rota que eu faria, mas resolvi não intervir - eu confiava que ele nos levaria até o nosso destino corretamente. Depois de 40 minutos zanzando na chuva e no escuro ao redor de um riacho, decidimos que aquela ali era a junção que estávamos procurando no mapa - embora eu tenha certeza que a maioria resolveu acatar a decisão mais por cansaço do que propriamente por convicção. Era chegada a vez da minha dupla então. Tínhamos que levar o grupo daquele ponto até um pequeno lago mais ou menos 2km à nossa direita, iniciando uma meia-volta que completaríamos (com sorte) em poucas horas até nossos aguardados carros.

A minha dupla era uma menina de 17 anos que não tinha noção do que tinha que fazer, e estava cansada demais para ajudar de alguma forma. Ela me pediu para fazer os cálculos, e eu prontamente atendi. Mas aí é aquela coisa. Como eu lidero um grupo de pessoas de um ponto ao outro quando não tenho certeza de onde estou e nem enxergo para onde quero ir? Parece uma situação familiar para você? De qualquer maneira, eu tinha que tentar - estava frio, chovia forte e todos estavam ansiosos para encerrarmos aquela brincadeira. Fiz os cálculos com base no que eu sabia, defini uma rota e compartilhei com o grupo. Ninguém deu uma palavra. Todos concordaram prontamente, o que me preocupou. Ninguém estava nem aí na verdade, estavam cansados, e o que eu decidisse seria a lei - o que é sempre muito ruim para um líder. Os instrutores apenas nos olhavam.

Seguimos em frente com nossas lanternas, buscando a direção que a bússola indicava. E depois de 20 minutos, 30 minutos, 40 minutos caminhando, nada do lago chegar. Estava claro que estávamos na rota errada. Resolvi parar e consultar o grupo, mas todos me encaravam com enorme cinismo. Ninguém mais fazia seus próprios cálculos e portanto não tinham informação para debater. Me olhavam como quem diz: "estamos perdidos e a culpa é sua". Eu tinha perdido a confiança do meu grupo. Eventualmente, depois de andar em volta por algum tempo, encontramos o tal do lago. Aparentemente havíamos nos desviado alguns graus para a direita, mas aquilo foi suficiente para nos distanciar completamente - no escuro o resultado é ainda pior. Mesmo depois de chegarmos aos tão aguardados carros, o grupo ainda me olhava cabreiro.

E aí, e quando o líder erra? O que você faz? Você fica cabreiro e cínico, fechando-se na sua concha, ou toma a iniciativa e tenta ajudar? É sempre mais fácil colocar a culpa no líder, certo? Pense sobre isso. Um dia irá acontecer com você.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Murdoch: Você Está Louco?

Murdoch, CEO da News Corporation (o segundo maior império da mídia mundial) e o 132o homem mais rico do mundo quer fechar a internet para o Google - bem, ao menos parte dela.

Se você não vem acompanhando o assunto, deixe-me fazer um rápido resumo. News Corporation, tem força. Muita força. Fazem parte do conglomerado o canal Fox, as operadores de TV por assinatura SKY e DirectTV, o jornal New York Post, o site de relacionamento My Space e o Dow Jones (editor do Wall Street Journal), entre outros. Murdoch é seu CEO e ultimamente vem acusando o Google e outros sites de busca de "roubar" informações e publicá-las de graça. Seu argumento é o seguinte: milhões de dólares são gastos diariamente para se conseguir gerar bom conteúdo. Sem pagar um tostão, o Google (usado como o grande inimigo por motivos óbvios) vai lá e distribui esse conteúdo de graça, ganhando bilhões de dólares em publicidade em cima do que não fez. Isso só faz com que o Google fique cada vez mais rico e a operação de geração de bom conteúdo se torne cada vez mais inviável. Murdoch quer dar um fim nesse caminho para o precipício antes que seja tarde demais.

A ideia então do velho lobo, que pode ser tudo exceto burro, é fechar o conteúdo, tornando-o pago. Mas para não perder os leitores on-line, ciente que a grande maioria dos jovens classe A e B atualmente se atualiza em sites de relacionamento e afins, faria um acordo de exclusividade de compartilhamento de conteúdo com o Bing, o site de busca da Microsoft, que pagaria por isso mas também conseguiria dinheiro por ter notícias com bom conteúdo e ambos ganhariam com isso.

Quando li essa loucura tive a reação que talvez você esteja tendo agora: "Isso é ridículo. Não se consegue parar a Internet. Se ele acha isso injusto, então que invente um meio de ser lucrativo nesse novo mundo, utilizando os cliques que vêm do Google e de outros sites para ganhar dinheiro e remunerar seus excelentes repórteres e jornalistas".

Mas decidi realizar um estudo mais aprofundado sobre a ideia dele em alguns sites (tudo on-line, é claro) e finalmente achei uma entrevista dele muito interessante no YouTube (novamente, on-line e de graça).

Alguns argumentos que usa são fracos, mas alguns pontos de Murdoch são inegavelmente verdadeiros e lógicos. A base da teoria dele é que seja qual for a quantia de cliques que ele consiga reverter em dinheiro não será suficiente para gerar um conteúdo de qualidade, principalmente em escala global. Crescer então seria impossível. E é com base nessa presunção que ele quer fazer isso.

Ora, por um lado, tenho um forte sentimento de que ele está nadando contra a maré e deveria se atualizar. Por outro lado, tenho a sensação que o que ele quer no fim das contas é um quinhão maior do que o Google paga pelo conteúdo que sua própria empresa gera. Para a gente aqui da Tribo que já usou o Google tanto como ferramenta de trazer pessoas para o site (pagando publicidade) como para ganhar dinheiro com o clique em publicidade em nosso site, fica claro que a balança é completamente desproporcional. Cada clique que leva alguém ao nosso site tem que ser pago por muitos outros cliques para outros sites.

Embora ainda não concordando com o magnata da mídia, fiquei em dúvida. Será que tendo o pensamento "para frente" não estaria simplesmente ignorando um novo modelo de negócios que remunera melhor o conteúdo on-line e que ainda poderia dar início ao fim do monopólio que hoje o Google possui relativo à informação? Todo o monopólio, por melhor que seja gerenciado, é horrível para o mercado livre e o capitalismo. A ausência de concorrentes a altura mais cedo ou mais tarde dá à empresa o direito de ter ganhos abusivos e quem perde é sempre o mercado sem si.

O que sei é que o simples fato da ideia de Murdoch ter causado uma grande comoção em torno do assunto é um sinal que a crucificação dele não é algo tão direto e simples.

Há muitas empresas que possuem em seu framework de avaliação um item específico para ideias não-populares, bonificando aquela pessoa que não tem medo de criar e expressar ações não-populares, ou seja, ações que à primeira-vista são consideradas idiotas pelo simples fato de não serem o padrão, o normal. E a razão dessas empresas possuírem isso é simples: se ninguém pensar fora da caixa, a empresa não sai do status-quo e estará fadada a morrer. Ter a coragem de expressar a ideia não-popular realmente deve ser recompensada. Mas mais recompensado ainda deve ser a pessoa que ouve com cuidado a ideia não-popular e não a descarta antes de uma análise criteriosa. Ricardo Semler tem um programa "Você está Louco" só para incentivar pensamentos fora da caixa. Trata-se de uma reunião que só aceita ideias tão fora do comum que causem uma reação do tipo "Cara, tu tá louco!?". Segundo ele, realmente a maioria das ideias são apenas loucuras sem sentido. Mas algumas poucas já foram pensamentos excelentes que se transformaram em lucrativas açoes fora-da-caixa.

Quando alguém da sua empresa sugerir uma ideia louca, lembre-se disso. Pode ser uma completa asneira. Mas também pode ser um Murdoch, que, no mínimo, deve lhe fazer pensar, analisar e lhe dar o benefício da dúvida.

Vida longa ao Murdoch.

Dr. Zambol

A Tribo dos... Vampiros


Não tem como negar, eles estão por todo o lado. Os pôsteres e outdoors de Edward do Crepúsculo ou do Vampiro Bill de True Blood são a afirmação de que os sugadores de sangue voltaram com tudo. Nada de corpos bronzeados, pele pálida é a nova moda do verão de 2010. E esse fato tem impacto direto no mundo do trabalho. De acordo com o Gartner Group em 2014 a população de vampiros responderá por 3,5% do PIP produzido no mundo, não é pouco para quem só trabalha a noite. 

Pois bem, meu texto de hoje é direcionado a você, jovem vampiro em início de carreira, ainda indeciso sobre o que fazer da vida e que está buscando o seu lugar ao sol, ou melhor à sombra. Se para os lobisomens o mercado não é lá essas coisas, uma vez que as poucas profissões oferecidas são como guia de cegos e farejador da polícia, para os vampiros o quadro é muito mais atraente. No passado, as opções de carreira para um bom vampiro restringiam-se a advogado, político ou fiscal da receita federal, mas hoje em dia as coisas mudaram. Internet e trabalho remoto facilitaram as coisas, abrindo um leque de possibilidades tais como as abaixo descritas:

- Analista de Suporte Off-Shore: Cada vez mais o Brasil se consolida como destino de empresas multinacionais para desenvolvimento e suporte de sistemas. O problema é que muitas dessas operações trabalham com países que tem fusos horários distantes do nosso como China, Japão e Austrália. É um verdadeiro desafio encontrar gente capacitada disposta a virar noite, mas isso não é problema para os mortos-vivos. E, convenhamos, o pessoal de TI já tem a pele tão branca por natureza que vai ser difícil diferenciar uns dos outros.

- Vendedor: Talvez um dos poderes mais interessantes dos vampiros seja a hipnose. Normalmente, vampiros conseguem hipnotizar a maioria das pessoas, com exceção daquelas que mais querem, como as mocinhas ou os namorados das mesmas. Agora imagine essa qualidade utilizada para vender. Precisa de alguém para desencalhar aquele DVD do Sidney Magal ao Vivo? Isso não é problema, esses sujeitos são capazes de vender vestidinhos "Modelito Geisy" até para a sua avó.

- Operador de Call-CenterEsse é certamente um dos profissionais mais odiados do mundo do trabalho. Muitas pessoas de fato preferem encarar um vampiro do que ligar para o 0800 do seu cartão de crédito. Agora, imagine juntar as duas coisas. Vampiros, uma raça acostumada a milênios de ódio e incompreensão da humanidade, tiram de letra a xingação dos clientes de call-centers, afinal, eles sempre mantém o sangue-frio.

- Moto-boy: Tudo bem, não é o melhor emprego do mundo, mas paga as contas. Assumindo que todo o vampiro voa ou pelo menos se desloca tão rápido quando The Flash, essa é uma opção natural. Imagine um serviço de delivery noturno operado por desmortos. O slogan seria algo assim: Sua pizza entregue em menos de 15 minutos ou o dinheiro de volta (obs: Não servimos sabores alho e óleo).

Concordo que ainda existe muito preconceito, confesso, por exemplo, que não contrataria um vampiro para baby-sitter. Outras profissões como barbeiro ou pedicure também são consideradas de risco para as criaturas da noite, mas o cenário é extremamente positivo. Conhecendo o nosso governo, não se surpreenda se logo, logo for criado um sistema de quotas para profissionais hematófagos com foto-sensibilidade.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Pergunta Que Todo Empreendedor Deve Se Fazer


Na última quinta-feira eu estive em Londres participando do Business Startup 2009, uma feira sobre empreendedorismo. A agenda era bastante cheia, muita gente interessante para conversar. Mas desde o momento em que me registrei eu sabia que havia um evento em particular em que eu precisava estar presente: a palestra de Doug Richard. Eu sabia que tiraria alguma lição da palestra dele, por mais curta que fôsse.

Doug Richard não é muito conhecido no Brasil, mas no Reino Unido ele é o cara. Ele ficou famoso por essas bandas por participar de um programa de TV campeão de audiência na BBC chamado "Dragons' Den" (ou "Cova dos Dragões"). No programa, empreendedores inscritos e selecionados previamente têm alguns minutos para apresentar seus empreendimentos a um painel de investidores. Os investidores então questionam o empreendedor nos mais variados aspectos do negócio e decidem eventualmente se estão interessados em investir ou não. O programa é famoso porque é muito bom. Os empreededores selecionados em geral apresentam idéias muito interessantes, mas os investidores dão um show à parte. São todos grandes empreendedores, com larga experiência no mundo dos negócios, e com uma habilidade única de identificar pontos positivos e negativos nos empreendedimentos com base em não mais do que alguns minutos. Pois bem, Doug Richard participou das duas primeiras séries do programa, e marcou o seu nome no painel de investidores por seu perfil de negociação agressivo e por sua capacidade de identificar falhas cruciais em idéias aparentemente geniais.

Ninguém sabia qual o tema da palestra de Doug, e ele rapidamente esclareceu que estava ali para divulgar sua iniciativa de educação de empreendedores chamada "School for Startups". Ele mencionou que o mercado estava pedindo uma alternativa mais consistente para formação de empreendedores, fugindo da abordagem orientada a planos-de-negócios que se encontrava em todos os lugares (lhe soa familiar?). Ele então apresentou a sua idéia de formação, baseada em 20 perguntas que todo empreendedor deve fazer sobre o seu negócio antes de seguir em frente. Ele disse que falaria apenas sobre a 1a pergunta durante a palestra, porque segundo ele seria a pergunta mais importante e a que mais os empreendedores falham em responder ao iniciar um negócio.

A primeira pergunta que todo empreendedor deve se fazer segundo Doug Richard seria:

"Eu estou construindo algo que as pessoas precisam / querem?"

Pode parecer uma pergunta óbvia, mas ela separa claramente a noção de uma boa idéia (que muito frequentemente confunde a cabeça do empreendedor) com uma idéia que efetivamente tem mercado. Ele ilustrou a importância da pergunta com um caso que aconteceu no próprio "Dragons' Den". Um empreendedor surgiu em frente ao painel com um produto realmente inovador: um cobertor que não adquire odor. Ele explicou a ciência e a química por trás do produto e apresentou um negócio que tentaria comercializar o tal cobertor para donos de animais, principalmente cachorros. Qual dono de cachorro afinal não tem o tal "paninho" do fiel companheiro que está sempre cheirando mal? Porém, Doug entendeu que o que cheirava mal era outra coisa naquela história e começou então a questionar o empreendedor:

- Quais os seus competidores? - questionou Doug Richard.
- Não existem. Ninguém domina essa tecnologia, é totalmente inovadora. Estou em um mercado ainda intocado - respondeu o empreendedor confiante.
- Pois eu lhe digo que tenho um competidor seu lá em casa. Sou dono de um Labrador que toda semana fica fedendo, aquele maldito. Minha mulher fica louca. E sabe o que faço? Coloco o cobertor dele na máquina de lavar, jogo ele e meus dois filhos para dentro do banheiro dos fundos, e no final do processo eu tenho um cobertor cheiroso, um cachorro cheiroso e duas crianças imundas. Dura mais ou menos uma semana. E funciona para mim. Qual o problema você vê nisso?
- Você está fazendo piada do meu produto. Meu cobertor simplesmente não adquire cheiro portanto você não precisa lavar ele nunca - respondeu o empreendedor meio indignado.
- Mas meu cachorro continua fedorento e isso você não pode mudar. Não acredito que as pessoas queiram ou precisem do seu produto.
- Bom, eu tenho um bocado de gente que ficou boquiaberta com o meu produto.
- Quem? - indagou Doug incisivamente.
- Meus amigos e meus familiares que acompanharam o desenvolvimento do cobertor.
- Claro, eles nunca lhe diriam que não é uma idéia boa. Você conhece a chamada síndrome do bebê feio? Se você vê um bebê feio nunca dirá que é feio. Essas pessoas não tiveram coragem de lhe dizer que seu produto não tem utilidade nenhuma. Eu não tenho nenhuma relação com você e por isso posso lhe dar o feedback mais isento: ninguém precisa do seu produto e portanto eu não estou interessado em investir.

Realmente Doug Richard havia acertado o alvo em cheio. Às vezes o empreendedor fica cego com uma grande idéia que cai no seu colo. Principalmente porque se é uma boa idéia todos ao seu redor vão lhe dar um feedback parecido. Mas é importante separar uma grande idéia de uma idéia que tem mercado, e por isso é tão importante o empreendedor estar em contato com o seu público-alvo. Muitas vezes aquela grande idéia simplesmente não é o que o mercado está pedindo.

Infelizmente Doug não compartilhou as outras 19 perguntas que todo empreendedor deve se fazer. Elas fazem parte do curso dele que obviamente é pago, e bem pago. Mas voltei para casa satisfeito. Se eu como empreendedor passar da primeira pergunta de Doug Richard, já terei andado um longo caminho.

Reggie, the Engineer.
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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Semana da Tribo - 27/11

Pessoal:
A semana foi agitada aqui na Tribo, confira um resumo do que rolou:

- Segunda: Parte Final do Guia Prático de Empreendedorismo do Reggie, simplesmente obrigatório.
- Terça: Conclusão do Podcast Especial sobre Empreendedorismo com as feras Luiz Gheller e Henrique Vedana
- Quarta: Mais uma do Pampeador de Projetos, um Gerente de Projetos como você nunca viu igual, falando de escopo e negociação em projetos.
- Quinta: Zambol conta a história comovente do sujeito que ficou "trancado por dentro". Uma lição sobre Destino, Inconformismo e Superação.

Um grande Abraço (Jack, Reggie e Zambol)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Destino às Vezes é Apenas uma Palavra Usada como Desculpa

Jean-Dominique, em seus ávidos 43 anos, editor de uma grande revista de moda, na volta para casa passa mal e desmaia. A ambulância é chamada, que o leva para o hospital. Vítima de um grave AVC, entra em coma. Vinte dias mais tarde ele acorda, e descobre incrédulo que está com a raríssima síndrome de locked-in. A síndrome de locked-in é uma das coisas mais horripilantes na área da medicina: o paciente encontra-se plenamente consciente, com total capacidade mental, mas não consegue mexer nenhum músculo fora os olhos. A síndrome tem esse nome porque a pessoa está presa dentro do próprio corpo - não consegue se mexer, não consegue se comunicar, não consegue nada. Apenas consegue piscar os olhos. É muito pior que a tetraplegia.

Essa história é real. Ela ocorreu com Jean-Dominique Bauby, editor da revista Elle.Eu li essa história há muitos anos atrás, na revista Seleções, na sessão de livros. Essa semana, com a intenção de comprar o livro do assunto, pesquisei na internet e me lembrei de alguns detalhes do que havia lido. A história é simplesmente fascinante.

Como desgraça pouca é bobagem, Jean-Dominique em pouco tempo desenvolve um problema no olho direito e perde-o. Portanto, se antes possuía dois olhos para realizar uma comunicação primitiva com o mundo exterior através de piscadelas, agora só possui o olho esquerdo.

Decidido em continuar a achar um sentido para sua vida, com a ajuda de uma fonoaudióloga, que recita as letras do alfabeto francês na ordem que mais ocorrem e espera a piscadela dele indicando que aquela é a letra que ele quer utilizar, Jean-Dominique escreve um livro inteiro, publicado no Brasil com o nome de O Escafandro e a Borboleta, contando a experiência de se manter encarcerado dentro de seu próprio corpo.

Existem várias lições que podemos tirar da história de Jean-Dominique. Mas destaco duas que têm tudo a ver com o ambiente corporativo.

A primeira é a mais batida: persistência e perseverança diante de dificuldades hercúleas. Mesmo batida, é vendo casos como o de Jean-Dominique que nos damos conta o quanto às vezes nos deixamos vencer por problemas relativamente simples. O segredo é mais do que claro: achar a motivação para superar o problema a ser enfrentado. No caso de Jean-Dominique, a superação da situação que se encontrava foi motivada pela chance de contar ao mundo o que uma pessoa sente ao ficar encarcerado em seu próprio corpo; pela chance de se comunicar com o mundo inteiro mesmo tendo grandes dificuldades de se comunicar com a sua esposa ao seu lado. É esse tipo de atitude que diferencia os vencedores das pessoas comuns. No livro Outliers, de Malcolm Gladwell, o autor faz uma relação bastante interessante do quanto as pessoas que vencem na vida demoram na média duas a três vezes mais para desistir de um problema do que uma pessoa comum. A explicação é mais do que lógica: no processo de insistir na solução do problema, você não apenas estimula o cérebro e cria novas conexões, mas também aprende exponencialmente muito mais do que quem desiste no início dos problemas.

A segunda lição foi não aceitar o encarceramento, prisão, ostracismo ou seja lá que nome você queira dar. É muito comum nos pegarmos reclamando de nosso emprego: "não tem mais como aguentar mais isso - é uma empresa ridícula" ou "eles nos tratam como palhaços!". Se você realmente pensa desse modo, adivinhe!? Você tem duas pernas e um cérebro plenamento funcional. Então pare de reclamar e mude logo de emprego! Mas tenha certeza que você se sente realmente assim e não é apenas uma reação exagerada, o que também é muito comum.

Seja como for, o que não é aceitável é estar infeliz onde se trabalha. O trabalho não foi feito para ser um fardo. Passamos mais tempo no trabalho do que em qualquer outra atividade da vida. Portanto, ser infeliz no trabalho significa necessariamente ser infeliz na vida. Não deixe isso acontecer. Batemos sempre nessa tecla aqui na Tribo do Mouse . E continuaremos batendo porque parece que o óbvio continua sendo visto apenas como um sonho, um ideal: "felicidade no trabalho".

Jean-Dominique realmente não aceitou a situação. Tentou se livrar de todas as formas de sua prisão, fazendo o máximo de coisas que lembrassem uma vida normal. Quando chegou ao seu limite de tentativas e viu que não teria jeito, decidiu "sair do seu emprego", pois aquilo já não lhe bastava. Infelizmente para ele, "sair do emprego" significava morrer. Mas decisão difícil era fichinha para ele. Pela leitura do livro,vê-se que, embora não completamente convencido, a decisão de desistir foi consciente - e morrer foi o seu prêmio.

Você que está agora no seu trabalho lendo esse post, lembre-se que para você mudar os rumos das coisas em sua vida felizmente não implica em desistir da vida. Basta uma pitada de entendimento do que se realmente quer do futuro, outra pitada de entendimento do que lhe faz feliz e uma grande porção de coragem e amor-próprio. Ninguém vai tomar essa decisão por você. Se realmente você está infeliz ou em algum lugar que não condiz com seus planos de futuro, monte agora mesmo um plano para sair dessa prisão que você mesmo se meteu e execute o primeiro passo nessa semana.

E faça logo antes que a vida decida por você que é tarde demais.

Dr. Zambol
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Pampeador, o Negociador

O Gerente de Projeto entrou esbaforido na sala do Diretor:
- Seu Nestor, o fornecedor avisou que não vai entregar o resto do projeto.
- O que? Por que isso agora?
- Ele disse que o escopo já mudou tanto que ele não tem mais como arcar com os custos sem repassar para a gente. Falou que sem negociação não mexe mais um dedo.
- Só faltava essa, o prazo estourando e o sujeito me vem com uma dessas. Não tem jeito, manda chamar o Erci.
O Gerente titubeou, como se estivesse ouvido o nome errado, resolveu confirmar.
- O senhor está falando do Erci, Erci? O...
Seu Nestor falou sério, quase solene:
- Ele mesmo, manda chamar o Pampeador de Projetos, só ele pode nos ajudar agora.

Pouco tempo depois, ouviram um barulho estranho no estacionamento, uma discussão se formava. Foram ver, era o Pampeador montado no seu cavalo, argumentando com o segurança:
- Mas vivente, tu não vai deixar eu amarrar o Gan-thê (cavalo nomeado em homenagem ao famoso gráfico) junto ali das motoca?
Depois da intervenção do seu Nestor a situação foi resolvida e o Gan-thê "estacionado" confortavelmente junto das motos. Quando chegaram na sala, lá estavam o fornecedor e o Gerente de Projetos em uma discussão pra lá de acalorada. Antes de se colocar a par do assunto o Pampeador tirou a térmica de água quente e a cuia com o chimarrão da mochila, e disse:
- Nada melhor para resolver um conflito que uma boa roda de mate.
Depois de se inteirar ele virou para o Gerente de Projetos, passou a cuia e começou:
- Me diz uma coisa tchê, tu gosta de churrasco?
- Claro, acho que todo mundo gosta de churrasco. Tirando os vegetarianos, mas essa turma é complicada mesmo, melhor não comentar.
- Então vou explicar pra ti nos termos do churrasco. Tu me pede para fazer um churrasco, o que eu preciso saber?
- Quantas pessoas.
- Claro, óbvio, eu tenho que comprar a carne, ou melhor, mandar carnear um boi. Todo mundo sabe que é diferente fazer um churrasco para cinco bugres do que fazer para vinte, ou para cem.
O Pampeador continuou:
- O que mais eu preciso? Preciso saber do teu orçamento, tem churrasco para todo o tipo de guaica, desde a velha costela, passando pelo Vazio, Maminha, até a Picanha. Agora, imagina se tu pede para o vivente um churrasco de costela para quatro pessoas e no meio do caminho reclama que não tem picanha para os outros oito que chegaram? Complicado. Como é que o índio vai conseguir te atender assim?
Salomônico, ele prosseguiu a explicação:
- Agora, do outro lado, se a carne queima a culpa é de quem? Sempre do assador, quem mandou ele tirar o olho do fogo. Portanto, a pergunta aqui é: Chegou mais gente para o churrasco ou a carne que queimou?
Fornecedor e Gerente de Projeto se olharam e concordaram com a cabeça:
- Pois é Pampeador, agora pensando bem, acho que foi um pouco dos dois.
E deliberou:
- Se foi assim mesmo os dois tem que dividir o prejuízo.
O Diretor interveio:
- Mas Pampeador, isso só resolve o problema em parte, o lançamento do produto é em duas semanas, agora não vai dar tempo para terminar tudo.
O Pampeador concluiu com um sorriso:
- Não vai ter carne pra todo mundo, manda avisar a jararaca da tua sogra para ela não vir pro churrasco e não trazer as irmãs. 
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Outras do Pampeador:
- A Volta do Pampeador de Projetos
- A Lenda do Pampeador de Projetos

[]s
Jack DelaVega



terça-feira, 24 de novembro de 2009

Tribuna da Tribo - Empreendedorismo Parte 2


Essa é a continuação do programa especial focado em Empreendedorismo, quando conversamos com dois jovens empreendedores, Luiz Gheller e Henrique Vedana. Abaixo você confere os assuntos dessa parte final e um pouco da biografia dos entrevistados:

Assuntos da Parte 2: Ecossistema para Empreendedorismo no Brasil: The Hub, Incubadoras. Lições aprendidas e erros a serem evitados. Plano de Negócios: Mitos e Verdades. Comentários Finais


Link para a primeira parte do programa.


Mini-Bio dos Participantes:
Luiz Felipe Gheller é Mestre em Sistemas de Informação pela UFRGS, abriu sua empresa, a Squid, logo que saiu da faculdade. A empresa ganhou até prêmio da Câmara Americana de Comércio do RS, mas ainda assim quebrou, e por muito tempo ficou sendo um empreendedor de meio-período, atuando como analista de sistemas em paralelo. Em 2006, casou e foi para Barcelona, onde foi analista na Everis e posteriormente diretor de operações do Infojobs Brasil, portal de empregos que pertence ao grupo espanhol Anuntis. Voltou ao Brasil para fundar o Vakinha.com.br.


Henrique Vedana já morou na Europa, América do Norte e Ásia. Estudante de Computação, fez uma mudança de carreira para gestão de empresas, trabalhou por dois anos na gestão de uma ONG em São Paulo, seguido de trabalho como consultor no ABN AMRO Bank na Holanda. Nos últimos três anos, como parte dos estudos em empreendedorismo na escola de negócios Kaospilots, na Dinamarca, se envolveu em trabalhos relacionados ao desenvolvimento comunitário, juventude, educação e energias renováveis. Retornou ao Brasil em Agosto, a frente de uma start-up para Internet. Seu plano de negócios foi vencedor de uma competição global promovida pela Fundação Artemisia agora em Outubro.


Envie sua crítica, sugestão de tópico ou comentário para contato@tribodomouse.com.br
um abraço Jack, Reggie e Zambol.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 4


Esse é o quarto e último post de uma série que escrevi sobre empreendedorismo. Trata-se de um guia prático que eu preparei a partir das minhas experiências e do vasto material que se encontra disponível na Internet hoje em dia. São anotações e observações que eu reuni durante algum tempo para mim mesmo, mas compartilho aqui com vocês porque acho que pode ajudar mais pessoas a alcançarem o sonho de ter o seu próprio negócio. O guia completo você encontra aqui.

Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 4
Em Busca do Sucesso

Bom, eu guardei para esse último capítulo do guia um conjunto de pequenas dicas em torno do tema empreendedorismo que eu venho coletando ao longo dos anos. São dicas que eu acredito serem importantes para ajudar o empreendedor a ter sucesso na sua jornada, o que quer que isso signifique para cada empreendedor individualmente.

  • Defina o seu estilo de empreendedor - Existe um bocado de material na Web hoje em dia fornecendo dicas para empreendedores. Mas a verdade é que o contexto de cada empreendedor é único, e portanto ele deve criar o seu próprio conjunto de dicas, de princípios em que ele acredita, de estratégias com as quais ele concorda. Eu por exemplo gosto de seguir o pessoal do Saia do Lugar, mas também mantenho a minha própria lista de dicas com base nos caras que eu admiro, como o Jason Fried e o David H. Hansson da 37signals, Seth Godin, Aaron Patzer, Eric Ries, entre outros. Isso sempre ajuda a manter uma perspectiva para quando você enfrentar um grande problema como empreendedor, simplesmente por exemplo perguntando-se "o que o Jason Fried faria nesse caso?".

  • Tenha uma gaveta com idéias - Acho que foi o que Jack que me contou que uma vez o Woodie Allen falou em uma entrevista que ele mantém uma gaveta cheia de idéias. Cada vez que ele tem uma idéia sobre um filme, ele anota em um papel e joga dentro de uma gaveta. Quando ele quer fazer um filme, ele simplesmente abre a gaveta e analisa o que está lá dentro. Eu faço isso a algum tempo (OK, eu não uso uma gaveta, mas o OneNote) e realmente funciona. A última que eu anotei foi a seguinte: "Windows 7 tem API nativa para localização geográfica". Foi uma coisa que li outro dia, me interessou, e embora eu não tenha nenhuma aplicação imediata para essa idéia, tenho certeza que quando eu precisar pensar em um novo empreendimento, em um novo produto / serviço, ou qualquer outra coisa parecida, essas idéias vão me ajudar. Com o tempo você percebe que você começa a pré-classificar essas idéias (como se houvessem diferentes gavetas), ou seja, você anota a idéia e coloca ela junto com outras idéias sobre "sustentabilidade", ou "mídias-sociais", ou algo do tipo. Naturalmente você cria os seus próprios centros de interesse e quando você precisar terá um bocado de material para criar algo inovador.

  • KISS (Keep-it-simple-Stupid) - Essa aqui é muito velha, mas eu sou um fiel seguidor. Como eu falei no primeiro ponto, tudo depende do que você acredita. A simplicidade é um dos pilares do estilo de empreendedorismo em que eu acredito, é uma das minhas filosofias. Cabe a você decidir se acredita nisso também, ou não. A verdade é que existem um sem-número de problemas extremamente simples lá fora, esperando para serem resolvidos. E problemas simples normalmente têm soluções simples. Muitos empreendedores no entanto sonham construir o próximo Twitter, ou o próximo Google Wave, ou qualquer outra solução über-cool para um problema que nem existe ainda. Tudo bem , é questão de escolha. Notem: em geral é bem mais complicado trabalhar com o mercado consumidor do que com, digamos, o mercado empresarial. Mais ainda: em geral vai ser mais fácil trabalhar com um produto ou serviço que tem como público-alvo pequenas empresas do que um outro direcionado a grandes corporações. A escolha de onde mirar é sua. Muitos dirão que isso é pensar pequeno, que ninguém fica milionário pensando assim. Mas a verdade é que se você cobra, digamos, R$ 40 pela assinatura mensal de um determinado serviço, tudo o que você precisa para ser dono de um negócio milionário são 2.000 clientes. Dois mil. Não dois milhões. Dois mil. Você sabe quantas pequenas empresas existem no Brasil? Não parece mais tão difícil assim, parece? KISS.

  • Você só valoriza aquilo que mede - Essa eu aprendi em uma empresa em que trabalhei. Se você diz que valoriza seus clientes e não tem boas métricas a respeito deles, então é mentira. Se você tem um blog e não sabe quantos leitores tem, então não passa de um hobbie. Se você está preocupado em oferecer um serviço de qualidade, então saiba exatamente o que seus clientes pensam sobre ele. Enfim, a importância de qualquer coisa no seu empreendimento está diretamente ligada aos números que você tem sobre o assunto. Seja obcecado por números. Tenha eles na cabeça e você saberá para onde você está indo.

  • Fale sobre o que você faz - Aqui na Tribo a gente comenta muito a questão dos pavões e tal, mas a verdade é que você tem que falar sobre as suas qualidades, do contrário ninguém fica sabendo. Com um empreendedor, o objetivo é um pouco diferente. O caráter social da Internet atual permite que o José, micro-empreendedor, possa ser tão ou mais "famoso" do que o João, mega-empresário, simplesmente pelo fato de usar efetivamente os canais existentes. Isso faz uma enorme diferença, afinal, quem, ou qual empresa / produto / serviço, os consumidores irão escolher? Hoje em dia, muitos empreendimentos são conhecidos muito mais por causa de seus empreendedores do que qualquer outra coisa. Eu não consigo evitar mencionar o caso do Loic LeMeur, um francês radicado no Vale do Silício, e dono da Seesmic. Quem era a Seesmic há três anos atrás? Ninguém se lembra, e eu posso dizer para vocês que não era nada parecido com o que é hoje (tinha outra estratégia e outros produtos). Mas Loic, através de seu blog, marcou seu nome como "grande empreendedor de Internet", a tal ponto que qualquer coisa que ele tentasse vender teria mercado. Ele tem seguidores, ele conseguiu formar a "Tribo" que o Seth Godin fala, e hoje o Seesmic é um dos principais clientes de Twitter no mercado. Faça o mesmo, escreva sobre o que você faz, sobre o que você acredita. Mostre a sua paixão por seus produtos. Compartilhe suas idéias, suas experiências. Tudo o que você oferecer aos outros trará algum benefício em contrapartida. Outra perspectiva interessante nessa dica é o elemento imprensa. Nós utilizamos muito pouco a imprensa com o objetivo de divulgar iniciativas empreendedoras no Brasil, e isso é algo que podemos consertar. A imprensa é um elemento importantíssimo para a existência de um real ecossistema para empreendedorismo. Felizmente (novamente por causa da Internet) temos um monte de gente boa querendo falar sobre isso (Startupi, ReadWriteWeb Brasil, ResultsOn), então mexa-se e use esses canais.
Enfim, obviamente existe um número infinito de obstáculos que um empreendedor brasileiro enfrenta durante a sua caminhada (ou maratona como falei anteriormente). Não há como cobrir todos eles, não há faculdade, não há curso que o faça. Como o Gheller comparou no nosso podcast especial sobre empreendedorismo, é igual a namorar, você só aprende fazendo, e principalmente errando.

O importante é não ter medo de errar, de falhar. Não ter medo das críticas. Não ter medo de ser tachado de louco ou megalomaníaco. No momento em que você pensar que pode investir seu tempo e dinheiro em um negócio, fracassar, e ainda assim sentir-se bem consigo mesmo, você está pronto para empreender.

Se eu consegui motivar uma pessoa que seja com esse guia, me dou por satisfeito.

Eu estou interessado em saber a sua opinião sobre o valor desse guia prático de empreendedorismo. Use a nossa seção de comentários abaixo, é fácil, não requer registro e você ainda pode usar sua conta de Twitter ou Facebook.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Apertar o Gatilho Dura Bem Menos Que Um Segundo... - Reedição

Muito interessante o texto do Jack sobre o mau-humor. Muito bem escrito, me fez lembrar de uma discussão interessante que tive com uma psicóloga há alguns anos atrás sobre mau-humor versus falta de paciência.

A psicóloga defendia que as duas não devem ser confundidas, pois uma é mais ligada a uma questão temporal (estou com mau-humor agora), com conseqüências muito parecidas com as destacadas no texto do DelaVega. A outra é mais ligada a uma situação crônica (faz algum tempo que não tenho paciência para nada), que pode evoluir a quadros patológicos graves. Aliás, nunca vi uma classe profissional que goste tanto da palavra "patológico" como os psicólogos. Tenho a sensação que eles desejam usar até onde ela não se encaixa: "Hmmm, que almoço patológico esse"; "Não sei Sr. Mecânico, o motor falha toda hora, acho que é patológico". Mas enfim, não é esse o foco do texto hoje.

Embora possa até concordar com ela em termos de diferenciação (temporal x crônico), para mim, as duas coisas podem levar exatamente ao mesmo fim, que, dependendo do caso, pode ser catastrófico. Portanto, os mesmos cuidados devem ser tomados nas duas situações.

Deixe-me explicar. A questão toda baseia-se no passar uma determinada linha ou não. Se você me xinga e eu lhe aponto uma arma, nada aconteceu: tive apenas uma reação desproporcional que pode ser remediada facilmente. Agora, se eu for mais ao extremo ainda e, como reação ao seu xingamento, além de apontar a arma, atirar em você, nunca mais terá volta. Aquele centésimo de segundo que separa o apontar a arma do dispará-la muda completamente uma vida (na verdade ao menos duas vidas nesse exemplo). E se uma pessoa descontrolada já teve a reação de apontar uma arma devido a um simples xigamento, talvez cometa a burrice de ir mais longe e pressionar o gatilho, mesmo sem razão alguma.

Um conto apócrifo, muito bonito, conta que pai e filho estavam em um banco em frente a residência onde o pai morava. O pai, já com 80 anos, se encontrava um pouco senil. O filho, com seus 50, tentava ler um romance. O pai, após ouvir um som estranho, indaga:

- O que foi isso, filho?
- É só um pássaro pai, responde o filho, percebendo que um pássaro com um canto não muito comum estava nas redondezas.

Passam-se alguns segundos e o pai pergunta novamente:
- O que é isso, filho?
- Pai, já lhe falei, é só um pássaro!

Mais alguns segundos se passam e o pai volta-se novamente para o filho:
- Mais o que é isso filho?

Completamente irritado por não conseguir ler nenhuma linha do seu romance, o filho dirigi-se ao pai aos berros, já completamente fora de si:
- PAI, JÁ FALEI QUE É UM PÁSSARO. PÁ-SSÁ-RO. ENTENDA! PÁ-SSA-RO! QUE MERDA!

O velho levanta da cadeira lentamente e vai em direção a sua casa, desolado. O filho, ciente que passou a linha, fica chateado, não sabe bem o que fazer. Um minuto se passa e o pai volta, senta-se ao lado do filho e lhe entrega um caderno velho aberto em uma determinada página e pede para que o filho leia. Este, sem entender muito, começa a ler em voz alta:

"Hoje estou no parque com meu filho que acaba de fazer aniversário de 4 anos Ele me perguntou 21 vezes 'o que é aquilo', apontando para um pássaro que estava perto de nós. Nas 21 vezes respondi com paciência e bom-humor o que era e como ele se movimentava. A cada vez que respondia, abraçava meu filho e dizia que o amava muito. Foi um lindo final de dia, pois aprendi muito sobre paciência e bom-humor."

O filho, após ler a passagem, com lágrimas nos olhos, olha para seu pai, buscando perdão.

No escritório, uma única pisada na bola, um único estouro, pode significar a ruína de uma grande história de sucesso. E ninguém vai querer saber se é mau-humor, falta de paciência ou TPM, pois simplesmente isso não importa. O que importa é que há uma corpo estendido no chão; se você berrou com os colegas e perdeu o controle, o gatilho foi pressionado e o estrago está feito.

O escritório é um ambiente de competição, de troca de idéias e de stress, mas nunca, nunca de desrespeito. Aquele centésimo de segundo que separa o apontar a arma do dispará-la pode salvar uma carreira.

O mais seguro, é nem andar armado no escritório...

Dr. Zambol
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Farol da Solidão


- Acorda para cuspir!
Era assim que o meu pai me tirava da cama quando eu ainda era pequeno. Confesso que ainda hoje não entendo bem essa expressão. Naqueles dias lentos de verão levantava-mos às cinco da manhã para ir pescar. Era o melhor programa do mundo para um garoto de doze anos. Mas, ainda que houvesse se tornado rotina esse tipo de passeio, aquele seria um dia especial. Depois de um rápido café da manhã, partiríamos de Quintão, um balneário da classe média(baixa) do Rio Grande do Sul, em direção ao Farol da Solidão.

O Farol, situado a sessenta quilômetros de Quintão, era uma espécie de santuário secreto da pesca, um lugar onde os papa-terras ofereciam-se aos anzóis da mesma maneira que os salmões aos ursos, durante a migração rio acima. O trajeto só podia ser feito pela beira da praia, um verdadeiro desafio para a Belina de meu pai, que certamente não fora projetada para esse tipo de terreno. A vantagem disso era curtir o sol nascendo ao mar à medida que nos aproximávamos mais e mais do nosso destino.

Depois de quase uma hora o Farol finalmente surgia impávido, como o único ponto de referência de uma região desolada. Para minha tristeza, passamos dele sem mesmo parar. Meu pai agora reduzia a velocidade procurando os "buracos", prática que ele me explicava como a seriedade de um mestre Zen:
- Júnior, o segredo é encontrar o buraco certo, o local onde os papa-terras costumam ficar, entre o banco de areia e a segunda arrebentação. Aí é só jogar o anzol.

Um ensinamento que certamente poderia ser levado para o resto da minha vida: "O sucesso depende de se encontrar o buraco certo".

Finalmente satisfeito, ele parou o carro. Descarregamos e montamos os caniços. Um balde cheio de mariscos, recolhidos na tarde anterior, garantia que não faltariam iscas. Com pouco vento e mar claro, coisa raríssima no litoral gaúcho, aquele era mesmo um dia perfeito. Não tardou os papa-terras começarem a beliscar os anzóis com profusão nunca vista. Chegávamos a tirar de dois, até três peixes por arremesso, em um ritmo de fazer inveja a pescadores profissionais. Seguimos assim até perto do meio dia, quando o sol começou a castigar. Resumo do dia: eu havia pego sessenta e cinco papa-terras e a conta de meu pai beirava os cem. Exaustos  e com a sensação do dever cumprido, retornamos para casa.

Frequentemente, lembro-me daquele dia, de como tudo funcionou como devia funcionar, mas o fato é que depois dele eu perdi o gosto pela pesca. No início pensei que fora o início da adolescência e a descoberta pelo sexo oposto, mas não, em meu coração fiquei com a sensação de que jamais conseguiria superar aquele dia perfeito. É esse objetivo que persigo incansavelmente na minha vida profissional, encontrar um dia perfeito. Mas sempre torcendo para que ele nunca aconteça.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Tribuna da Tribo - Especial Empreendedorismo Parte 1


O programa dessa semana é um especial focado em Empreendedorismo. Conversamos com dois jovens empreendedores, Luiz Gheller e Henrique Vedana. A conversa foi tão boa que tivemos que quebrar o programa em dois blocos que serão publicados em dias distintos. Abaixo você confere a primeira parte seguida de um pouco da biografia das feras:

Assuntos da Parte 1: Existe um perfil de Empreendedor? Talento nato ou adquirido? O que os motivou a seguir o caminho do Empreendedorismo? Processo de criação, da idéia ao empreendimento. Supervalorização das idéias. Empresas Disruptivas. O que é empreender no Brasil?


Mini-Bio dos Participantes:
Luiz Felipe Gheller é Mestre em Sistemas de Informação pela UFRGS, abriu sua empresa, a Squid, logo que saiu da faculdade. A empresa ganhou até prêmio da Câmara Americana de Comércio do RS, mas ainda assim quebrou, e por muito tempo ficou sendo um empreendedor de meio-período, atuando como analista de sistemas em paralelo. Em 2006, casou e foi para Barcelona, onde foi analista na Everis e posteriormente diretor de operações do Infojobs Brasil, portal de empregos que pertence ao grupo espanhol Anuntis. Voltou ao Brasil para fundar o Vakinha.com.br.


Henrique Vedana já morou na Europa, América do Norte e Ásia. Estudante de Computação, fez uma mudança de carreira para gestão de empresas, trabalhou por dois anos na gestão de uma ONG em São Paulo, seguido de trabalho como consultor no ABN AMRO Bank na Holanda. Nos últimos três anos, como parte dos estudos em empreendedorismo na escola de negócios Kaospilots, na Dinamarca, se envolveu em trabalhos relacionados ao desenvolvimento comunitário, juventude, educação e energias renováveis. Retornou ao Brasil em Agosto, a frente de uma start-up para Internet. Seu plano de negócios foi vencedor de uma competição global promovida pela Fundação Artemisia agora em Outubro.


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um abraço Jack, Reggie e Zambol.