quinta-feira, 25 de março de 2010

Mercado de Trabalho: Encontrando seu Lugar ao Sol - Parte 2

Essa é a continuação da primeira parte do post "Mercado de Trabalho: Encontrando seu Lugar ao Sol", que começa com a definição de mercado de trabalho e a visão que o mercado tem de você. Friamente falando, o mercado vê você como um produto em uma prateleira cheia de outros produtos. Se você não se diferenciar de forma clara, se não deixar suas qualidades bastante evidentes, talvez você passe desapercebido.

O Brasil é um país imenso, em plena expansão. Em 2010, chegou aos 191 milhões de habitantes, a quinta maior população do mundo. A taxa de fecundidade (o número média de filhos por mulher) é de 1,89 - o que é menor que a taxa de reposição populacional, de 2,1 filhos por mulher (2 para repor os pais e 0,1 para compensar as mulheres que morrem antes de atingir a idade reprodutiva). Entretanto, como ainda temos muitas mulheres em plena idade reprodutiva, a população ainda deve subir nos próximos anos. As projeções falam que o Brasil deve chegar em 2050 com uma população de 259 milhões de pessoas. Como uma economia informal que pode chegar a 40%, e com a transformação cada vez maior de empregos informais em empregos formais, o PIB brasileiro tende a ter um aumento estratosférico, não só pelo crescimento do país, mas pela contabilização dos "novos" empregos que virão da economia informal.

Se não fui bem claro ainda, que fique o resumo aqui: você é apenas um no meio de um mar de pessoas. O mercado de trabalho não é injusto, ele é apenas prático - vai escolher os profissionais mais preparados para o processo de seleção, não necessariamente para o trabalho em si. Então, prepare-se! Mas como?

Jason Rich, autor do livro "Job Hunting for the Utterly Confused", dá uma dica essencial: "Para ter sucesso na busca de um bom emprego, se promova da mesma forma que uma empresa promove um produto". O primeiro passo para isso é exatamente definir sua paixão e suas meta-paixões, como já explicamos no post "Premissa para o Sucesso: Paixão pelo Trabalho".

Outra dica essencial é ser organizado. Vencer o mercado e encontrar o emprego que você quer pode tornar-se um trabalho longo e complexo. Para tanto, tenha um caderno ou alguma forma eletrônica de armazenar itens que lhe ajudarão nessa caminhada. Uma idéia de coisas importantes a serem mantidas vem do livro "Organize Your Job Serach", de Ronni Eisenberg. A lista proposta inclui itens como:

  1. Uma lista de tarefas a fazer que lhe ajudarão a conseguir o emprego que você deseja
  2. Uma seção com suas metas de carreira, documentando o que você gostaria de fazer para alcançá-los. Inclua na lista suas metas de longo-prazo
  3. Uma lista de todas as pessoas que podem ajudá-lo em sua campanha
  4. Empresas que provavelmente possuem o emprego que você procura
  5. Uma seção "Enviado para", com cópias de todas as cartas e currículos que você já enviou. Atrás de cada um deles, escreva impressões que você teve quando falou com pessoas daquela empresa ou quando foi entrevistado
Lembre-se sempre que seus sonhos não estão à venda. Como falamos anteriormente sobre paixão no serviço, o dinheiro não pode ser o motivo principal do seu emprego. A remuneração deve ser levada em conta, sem sombra de dúvida, mas nunca, nunca mesmo, ser o motivo principal de sua escolha ou você acabará frustrado pelo resto de sua vida. Oito a dez horas por dia infeliz é a receita de uma vida infeliz. Nenhum dinheiro no mundo paga isso.

Algumas dicas importantes dos passos seguintes são dadas por uma das maiores autoridades mundiais no campo de caça-talentos: Alan Schonberg, chairman da maior empresa em recrutamento de executivos do mundo, a Management Recruiters International, em seu livro "Headhunters Confidential!". As dicas a seguir valem ouro e vêm de alguém que fez isso sua vida inteira:

  • Rejeite qualquer pensamento de rejeição .O medo paralisa qualquer um. Na procura de um emprego, é comum ser rejeitado no processo por uma ou mais empresas e deve-se ter na cabeça que a rejeição é para aquele emprego naquele momento - apenas isso. A confiança é contagiosa e se você realmente acredita em si mesmo, os outros tendem a acreditar muito mais facilmente em você. Henry Ford demitiu Lee Iacoca porque não gostava dele. Mesmo devastado, ele persistiu e fez a Chrysler a potência que é hoje.
  • Um escoteiro está sempre preparado. Você também deve estar preparado para transformar sua entrevista em uma proposta de emprego. Faça seu tema de casa. A primeira pergunta pode ser "O que você sabe da nossa empresa?". Estude a empresa, sua cultura, seus valores e suas metas principais. Você deve saber muito bem porque você seria um bem valioso para a empresa e porque você tem interesse na posição. Se a posição for executiva, tente também descobrir quem lhe entrevistará e faça uma pesquisa sobre a pessoa também.
  • O currículo. Currículos são usados para desqualificar um candidato. Um excelente currículo não lhe garantirá emprego, mas um currículo medíocre lhe garantirá exclusão do processo antes mesmo de ser entrevistado.
  • O headhunter é seu amigo. Novamente, aqui a dica vale mais para cargos gerenciais, mas o uso de headhunter no início de carreira, se possível, também lhe garantirá muitos frutos. O headhunter tem mais contatos que você imagina. Além disso, pode lhe dar dicas preciosas para o cargo em questão e advogará a seu favor. Tente desenvolver um relacionamento com um headhunter antes de necessitar de um emprego.
  • A Entrevista. A entrevista não é o elemento principal. Ela é tudo. Esteja preparado para ela. É a única forma de você se diferenciar dos milhares de outros "shampoos" que estão na prateleira. Trataremos da entrevista separadamente, em um post específico do assunto.
Se você "vencer" o mercado de trabalho, as entrevistas se transformarão em uma proposta de trabalho. Quando chegar esse momento, tenha muita paciência. Resista a tentação de dizer "Sim, eu aceito!" instantâneamente sem pensar. Esta é a hora de você negociar os termos de sua contratação. Agora, quem está com a vantagem é você. Faça mais perguntas sobre sua nova posição, da remuneração, dos benefícios e do bônus. Lembre-se que quanto mais experiente você é, mais especializados são seus skills, e maiores são as chances do seu salário possível ter uma boa banda de negociação. Não se preocupe em pedir um tempo para decidir. Não será isso que fará você perder o emprego. Nesse tempo, não apenas avalie a remuneração. Eis algumas perguntas que faço sempre que me encontro nessa situação:
  1. Esse emprego me deixará feliz?
  2. Quantos outros onde estou com processo de seleção em andamento podem ser melhores que esse para a minha carreira?
  3. A empresa tem os mesmo valores que eu? Eu me encaixarei na cultura da empresa?
  4. Quais os principais riscos envolvidos em eu não aceitar esse emprego se ele realmente não for exatamente o que eu quero? Quanto tempo consigo me manter bem e continuar procurando um emprego que me satisfaça completamente?
  5. As pessoas que me entrevistaram e as outras que conheci pareciam amigáveis?
  6. Esse emprego tornará minha vida melhor?
  7. Quão rápido eu consigo crescer na empresa agora que sei a posição que estão me oferecendo e com mais detalhes sobre o emprego?
Se está com dúvidas sobre o salário, vá para a Internet e faça algumas pesquisas básicas. Diversos sites publicam a faixa salarial - é um meio seguro de você saber se a remuneração é justa em relação ao mercado.

Em decidindo aceitar a proposta, peça tudo por escrito, em um formulário assinado e saia para celebrar sua conquista. E não subestime sua vitória. Em um país de 191 milhões de habitantes, ser escolhido em um emprego que você quer e que lhe satisfaça, vale ouro.

Lembram do meu shampoo? A embalagem era bonita, o preço era bom, mas o produto não muito. Só depois de umas 4 ou 5 idas ao super-mercado que acabei escolhendo o shampoo que uso até hoje. E olha que não sou nada exigente com o produto (quem me conhece sabe que sou quase careca).

O mesmo vale para você: ser escolhido é apenas o primeiro passo. Você deve continuamente estudar e melhorar em sua carreira. De nada adianta um planejamento e um esforço grandes para entrar na empresa e achar que a missão está completa. Isso logo fará você se tornar pior que um candidato externo - sinal que a você para a empresa vale menos e ganha mais, ou seja, é completamente dispensável. Mas o avanço e evolução em sua carreira será mais natural que você imagina se você escolheu o que realmente ama fazer.

Dr. Zambol
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