sexta-feira, 5 de março de 2010

Tele-Amigo (Reedição)

Tem certas coisas que, honestamente, não consigo entender. Toda vez que alguém me fala da política de sua empresa em restringir acessos, sites ou coisas do gênero, faço a mesma pergunta sempre:

- Então eles não têm controles, é isso?
- Pelo contrário, eles restringem o acesso para mostrar que têm controle.
- Negativo! Se tivessem controle, iriam confiar nos funcionários, ter relatórios automáticos de discrepância e cobrar e exigir ações de determinadas pessoas quando saíssem da linha.

Você já viu alguma empresa que proíbe o uso do telefone fixo porque as pessoas podem ligar para o “Tele-Amigo”? Ou então o diretor de RH comentar que “percebeu que havia pessoas ligando para o Fale-Comigo-Pelada e decidiu então restringir o acesso a números desse tipo, tendo contratado uma consultoria que investigou quais os números mais discados desse gênero e proibiu todos”.

Obviamente não! E por uma razão óbvia. Quando se dá um telefone para uma pessoa, assume-se que ela é suficientemente inteligente e responsável para não ligar para o tele-amigo ou para o Fale-Comigo-Pelada (acho que vou patentear esse nome, ficou interessante).

Por que isso não é igual para outras tecnologias como celular, sites internet, e-mail pessoal e o Twitter? Meu ponto é: se confiamos no funcionário e o tratamos como adulto, não vejo problemas se ele tiver que acessar, por exemplo, o Orkut em um dia qualquer por alguns minutinhos. Talvez aqueles cinco minutos de acesso ao Orkut façam com que ele trabalhe mais feliz e produza muito mais. Se ele estiver se aproveitando da situação e estiver utilizando o site por muito tempo, não vou fechar o Orkut para a empresa inteira, mas simplesmente avisá-lo que não está produzindo o suficiente e, se for o caso, demiti-lo. Aliás, se existe uma lista de sites "proibidos", pode-se facilmente ter um relatório de acessos as esses sites e o número de minutos que cada funcionário passou nele. O relatório pode então ser enviado mensalmente para o funcionário e ao seu gerente. Quando há uma discrepância e o funcionário utilizou um determinado site muito acima da média, o e-mail vai já dizendo isso no início e com importância alta, para que essa discrepância seja facilmente identificada.

É claro que certos sites, como os de pornografia, podem ser exceção e serem trancados pelo simples fato de às vezes surgirem “do nada” quando se está navegando inocentemente num site de fraldas de bebê, por exemplo – e isso pode evitar situações constrangedoras. Fora isso, sinceramente não vejo porque proibir nada. Quer ler e-mail pessoal? Sem problemas, confiamos que você é adulto o suficiente para fazer uso racional disso, mas saiba que será penalizado, inclusive com a demissão, caso utilize de forma irresponsável o recurso.

Se for para desconfiar e tratá-lo como criança, não coloque nem telefone em sua mesa, pois uma pessoa pode, realmente, ficar o dia inteiro com o tele-amigo ou falando com a sua namoradinha nova o que, na verdade, é a mesma coisa que dizer que ele está sem fazer nada produtivo.

No final das contas queremos avaliar o funcionário pelo desempenho e não pelas horas-bunda (horas que ele passa sentado no serviço), correto? Ademais, se ele não fez nada de produtivo e o gerente não percebe...hmmmm, talvez haja mais pessoas não fazendo o seu serviço...

“Trate as pessoas como crianças que elas certamente agirão como crianças”

Dr. Zambol
--