segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 4


Esse é o quarto e último post de uma série que escrevi sobre empreendedorismo. Trata-se de um guia prático que eu preparei a partir das minhas experiências e do vasto material que se encontra disponível na Internet hoje em dia. São anotações e observações que eu reuni durante algum tempo para mim mesmo, mas compartilho aqui com vocês porque acho que pode ajudar mais pessoas a alcançarem o sonho de ter o seu próprio negócio. O guia completo você encontra aqui.

Guia Prático de Empreendedorismo - Parte 4
Em Busca do Sucesso

Bom, eu guardei para esse último capítulo do guia um conjunto de pequenas dicas em torno do tema empreendedorismo que eu venho coletando ao longo dos anos. São dicas que eu acredito serem importantes para ajudar o empreendedor a ter sucesso na sua jornada, o que quer que isso signifique para cada empreendedor individualmente.

  • Defina o seu estilo de empreendedor - Existe um bocado de material na Web hoje em dia fornecendo dicas para empreendedores. Mas a verdade é que o contexto de cada empreendedor é único, e portanto ele deve criar o seu próprio conjunto de dicas, de princípios em que ele acredita, de estratégias com as quais ele concorda. Eu por exemplo gosto de seguir o pessoal do Saia do Lugar, mas também mantenho a minha própria lista de dicas com base nos caras que eu admiro, como o Jason Fried e o David H. Hansson da 37signals, Seth Godin, Aaron Patzer, Eric Ries, entre outros. Isso sempre ajuda a manter uma perspectiva para quando você enfrentar um grande problema como empreendedor, simplesmente por exemplo perguntando-se "o que o Jason Fried faria nesse caso?".

  • Tenha uma gaveta com idéias - Acho que foi o que Jack que me contou que uma vez o Woodie Allen falou em uma entrevista que ele mantém uma gaveta cheia de idéias. Cada vez que ele tem uma idéia sobre um filme, ele anota em um papel e joga dentro de uma gaveta. Quando ele quer fazer um filme, ele simplesmente abre a gaveta e analisa o que está lá dentro. Eu faço isso a algum tempo (OK, eu não uso uma gaveta, mas o OneNote) e realmente funciona. A última que eu anotei foi a seguinte: "Windows 7 tem API nativa para localização geográfica". Foi uma coisa que li outro dia, me interessou, e embora eu não tenha nenhuma aplicação imediata para essa idéia, tenho certeza que quando eu precisar pensar em um novo empreendimento, em um novo produto / serviço, ou qualquer outra coisa parecida, essas idéias vão me ajudar. Com o tempo você percebe que você começa a pré-classificar essas idéias (como se houvessem diferentes gavetas), ou seja, você anota a idéia e coloca ela junto com outras idéias sobre "sustentabilidade", ou "mídias-sociais", ou algo do tipo. Naturalmente você cria os seus próprios centros de interesse e quando você precisar terá um bocado de material para criar algo inovador.

  • KISS (Keep-it-simple-Stupid) - Essa aqui é muito velha, mas eu sou um fiel seguidor. Como eu falei no primeiro ponto, tudo depende do que você acredita. A simplicidade é um dos pilares do estilo de empreendedorismo em que eu acredito, é uma das minhas filosofias. Cabe a você decidir se acredita nisso também, ou não. A verdade é que existem um sem-número de problemas extremamente simples lá fora, esperando para serem resolvidos. E problemas simples normalmente têm soluções simples. Muitos empreendedores no entanto sonham construir o próximo Twitter, ou o próximo Google Wave, ou qualquer outra solução über-cool para um problema que nem existe ainda. Tudo bem , é questão de escolha. Notem: em geral é bem mais complicado trabalhar com o mercado consumidor do que com, digamos, o mercado empresarial. Mais ainda: em geral vai ser mais fácil trabalhar com um produto ou serviço que tem como público-alvo pequenas empresas do que um outro direcionado a grandes corporações. A escolha de onde mirar é sua. Muitos dirão que isso é pensar pequeno, que ninguém fica milionário pensando assim. Mas a verdade é que se você cobra, digamos, R$ 40 pela assinatura mensal de um determinado serviço, tudo o que você precisa para ser dono de um negócio milionário são 2.000 clientes. Dois mil. Não dois milhões. Dois mil. Você sabe quantas pequenas empresas existem no Brasil? Não parece mais tão difícil assim, parece? KISS.

  • Você só valoriza aquilo que mede - Essa eu aprendi em uma empresa em que trabalhei. Se você diz que valoriza seus clientes e não tem boas métricas a respeito deles, então é mentira. Se você tem um blog e não sabe quantos leitores tem, então não passa de um hobbie. Se você está preocupado em oferecer um serviço de qualidade, então saiba exatamente o que seus clientes pensam sobre ele. Enfim, a importância de qualquer coisa no seu empreendimento está diretamente ligada aos números que você tem sobre o assunto. Seja obcecado por números. Tenha eles na cabeça e você saberá para onde você está indo.

  • Fale sobre o que você faz - Aqui na Tribo a gente comenta muito a questão dos pavões e tal, mas a verdade é que você tem que falar sobre as suas qualidades, do contrário ninguém fica sabendo. Com um empreendedor, o objetivo é um pouco diferente. O caráter social da Internet atual permite que o José, micro-empreendedor, possa ser tão ou mais "famoso" do que o João, mega-empresário, simplesmente pelo fato de usar efetivamente os canais existentes. Isso faz uma enorme diferença, afinal, quem, ou qual empresa / produto / serviço, os consumidores irão escolher? Hoje em dia, muitos empreendimentos são conhecidos muito mais por causa de seus empreendedores do que qualquer outra coisa. Eu não consigo evitar mencionar o caso do Loic LeMeur, um francês radicado no Vale do Silício, e dono da Seesmic. Quem era a Seesmic há três anos atrás? Ninguém se lembra, e eu posso dizer para vocês que não era nada parecido com o que é hoje (tinha outra estratégia e outros produtos). Mas Loic, através de seu blog, marcou seu nome como "grande empreendedor de Internet", a tal ponto que qualquer coisa que ele tentasse vender teria mercado. Ele tem seguidores, ele conseguiu formar a "Tribo" que o Seth Godin fala, e hoje o Seesmic é um dos principais clientes de Twitter no mercado. Faça o mesmo, escreva sobre o que você faz, sobre o que você acredita. Mostre a sua paixão por seus produtos. Compartilhe suas idéias, suas experiências. Tudo o que você oferecer aos outros trará algum benefício em contrapartida. Outra perspectiva interessante nessa dica é o elemento imprensa. Nós utilizamos muito pouco a imprensa com o objetivo de divulgar iniciativas empreendedoras no Brasil, e isso é algo que podemos consertar. A imprensa é um elemento importantíssimo para a existência de um real ecossistema para empreendedorismo. Felizmente (novamente por causa da Internet) temos um monte de gente boa querendo falar sobre isso (Startupi, ReadWriteWeb Brasil, ResultsOn), então mexa-se e use esses canais.
Enfim, obviamente existe um número infinito de obstáculos que um empreendedor brasileiro enfrenta durante a sua caminhada (ou maratona como falei anteriormente). Não há como cobrir todos eles, não há faculdade, não há curso que o faça. Como o Gheller comparou no nosso podcast especial sobre empreendedorismo, é igual a namorar, você só aprende fazendo, e principalmente errando.

O importante é não ter medo de errar, de falhar. Não ter medo das críticas. Não ter medo de ser tachado de louco ou megalomaníaco. No momento em que você pensar que pode investir seu tempo e dinheiro em um negócio, fracassar, e ainda assim sentir-se bem consigo mesmo, você está pronto para empreender.

Se eu consegui motivar uma pessoa que seja com esse guia, me dou por satisfeito.

Eu estou interessado em saber a sua opinião sobre o valor desse guia prático de empreendedorismo. Use a nossa seção de comentários abaixo, é fácil, não requer registro e você ainda pode usar sua conta de Twitter ou Facebook.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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