quarta-feira, 8 de julho de 2009

Os Donos do Mundo

Estava parado no semáforo quando uma camionete último tipo, uma Cherokee ou algo parecido, entrou na traseira do meu carro. Era a noite do lançamento do nosso livro em Curitiba e eu estava atrasado indo pegar o Zambol e o Reggie no Hotel. Desci do carro apressado, reclamando, mas a mocinha no volante reclamava mais ainda. Como se tivesse razão. Lá pelas tantas ela começou a gritar alterada:
- Não te preocupa que eu vou pagar essa porcaria do teu carro. Graças a Deus dinheiro não é problema para mim! Está aqui o número do meu celular, pode ligar a cobrar para não gastar os teus créditos!
Já indignado, retruquei:
- Nosso país está assim por causa de gente como você!
E recebi a seguinte resposta:
- Então te muda do país!

No último fim de semana fui com a família e alguns amigos à uma Pizzaria aqui perto de casa. A única mesa disponível era ao lado de um grupo que parecia muito animado. Mas foi só sentar à mesa que percebemos que era animação em excesso. Como bom descendente de italianos eu tenho ótima tolerância a barulhos à mesa, mas aquilo já era demais. Eles literalmente gritavam o tempo inteiro. Fiquei sabendo que uma das mulheres havia casado de branco e de todos os detalhes indiscretos da noite de núpcias. O casal da mesa ao lado pediu para embrulhar a pizza pois não conseguiam comer naquela zoeira. Foi quando o namorado da minha cunhada pediu,  educadamente, ao pessoal da mesa para baixar um pouco o volume. A reação foi um misto de xingamentos e indignação. Começaram a falar mais alto ainda, alegando que tinham o direito de falar como quisessem pois estavam pagando. Quando reclamamos para o gerente ele concordou resignado:
- Peço desculpas a você, mas tem gente que não respeita os outros mesmo. Eles estão incomodando o garçom e o resto das mesas a noite inteira. Mas pode deixar que a sobremesa é por minha conta.
Porém, o clima do jantar já estava arruinado e acabei terminando a minha pizza em casa por conta do bando de babacas.

Nas últimas semanas temos acompanhado a inundação de denúncias contra o senado e a defesa patética do Senador José Sarney por parte do PT e da base aliada. Uma frase que chamou atenção na mídia foi o comentário do presidente Lula sobre Sarney, foram essas as palavras do presidente:
"Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum."

É uma afirmação que indigna qualquer brasileiro, pois, de acordo com nosso Presidente, Sarney não é um "qualquer" e merece tratamento especial, da lei, da mídia, do povo, e por aí vai. Aposto que os meus amigos da Pizzaria e a mocinha que bateu no meu carro concordam comigo nesse ponto, é realmente um absurdo o tratamento preferencial oferecido aos parlamentares do nosso país. Mas me pergunto, o que eles fariam se estivessem na situação de Sarney? Repito novamente a frase clássica do economista Eduardo Giannetti: "O Brasileiro sempre acha que o Brasileiro é o outro".
Infelizmente, temos os políticos que merecemos.

[]s
Jack DelaVega