segunda-feira, 13 de julho de 2009

Há limites para a diversidade no ambiente de trabalho?

Há um tempo atrás eu estava lendo um artigo sobre uma situação que aconteceu no Texas, nos Estados Unidos. Poucos dias antes do Memorial Day Weekend, uma funcionária de um hospital resolveu pendurar uma bandeira americana perto da sua mesa de trabalho. Qual não foi sua surpresa quando seu supervisor lhe procurou no dia seguinte pedindo para que retirasse a bandeira da parede. O argumento é que um outro funcionário - não-americano - havia reclamado sobre a bandeira, entendendo que aquela manifestação era ofensiva (esse funcionário sentava-se ao lado da senhora que pendurou a bandeira na parede). Na época o supervisor afirmou que não importava que apenas uma pessoa havia se sentido incomodada com a tal bandeira. Se uma pessoa está incomodada, significa que a bandeira deveria ser retirada.

Me fez lembrar de outra situação que aconteceu recentemente. A maioria deve se lembrar de como a Seleção Brasileira ganhou a última Copa das Confederações de virada sobre os Estados Unidos, grande jogo aquele. O que poucos ficaram sabendo é que a FIFA repreendeu a CBF dias depois sobre como os jogadores brasileiros haviam se portado após a conquista. Para quem não lembra, os jogadores fizeram uma roda de oração no meio do gramado, e depois vários foram filmados (o Lúcio inclusive ao levantar a taça) com camisetas contendo dizeres religiosos no estilo "Jesus Me Ama". O argumento da FIFA é que o futebol deve ser encarado como uma festa universal e qualquer manifestação de cunho religioso pode ser vista como ofensiva por determinados grupos. O mesmo raciocínio já havia sido utilizado pela FIFA para repreender jogadores muçulmanos que haviam comemorado gols com orações a Meca.

Ainda semana passada, um rapaz que trabalha no meu escritório abordou a mim e a outros colegas meus na hora do almoço, e entre outros assuntos mencionou que iria se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo. Esse rapaz é assumidamente homossexual, e não tenho nenhum problema com isso. Mas digamos que ele nos forneceu "mais detalhes" do que precisávamos naquele momento, e eu me senti totalmente desorientado naquela conversa - o que se responde em uma situação dessas, anyway?

Muito tem se falado sobre diversidade no ambiente de trabalho. E eu tenho que confessar que nunca, em muitos anos de experiência em ambientes de escritório bastante diversificados, eu presenciei ou fiquei sabendo que determinada pessoa havia passado por uma situação constrangedora por sua raça, opção sexual, nacionalidade, ou o que seja. Particularmente acho que estamos muito melhor no ambiente de trabalho do que na sociedade em si com relação a aceitar e promover a diversidade. Mas há que se ter cuidado para não virar o fio da navalha, por que se eu não puder mais pendurar a bandeira do meu país, fazer a oração que mais me convir, ou se eu tiver que escutar sobre a cirurgia que cada um vai fazer, daqui a pouco vai ficar um saco trabalhar no escritório.

No momento em que eu não puder escrever um post sobre esse assunto a título da diversidade é porque alguma coisa estará cheirando mal.

Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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