sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pobre Menino Rico

Se você estava na Terra nos últimos dias já sabe que Michael Jackson morreu (a foto ao lado é uma projeção do jornal inglês Daily Mail de como seria o rosto do astro com 50 anos de idade se não tivesse feito pláticas). Sétimo filho dos nove do casal Joseph e Katherine Jackson, iniciou na carreira de dançarino e cantor com apenas cinco anos de idade. Aos onze já era profissional: integrante e principal compositor dos Jackson Five.

Não sou fã dele, mas admiro muito sua música e sua criação. No álbum Off The Wall, criou um novo conceito, misturando Disco e Black Music. Esse novo paradigma musical abriu espaço para o rock pop como conhecemos hoje. Mesmo para quem não gosta da música dele, provavelmente reconhece a genialidade e a criatividade de Michael Jackson.

O problema da trajetória de Michael foi ele próprio. Perdeu-se em excentricidades, amplificou medos e histórias do passado e nunca conseguiu crescer. Por que uma mente genial, capaz de quebrar paradigmas musicais e criar um novo conceito de linguagem corporal (quem não se lembra de seus passos para trás?) pode ser tão burro na vida pessoal?

Se pararmos para pensar, isso não é incomum em pessoas que têm tempo e condições de sobra para criá-las. Você consegue imaginar um operário que não fala com pessoas vestidas de marrom? Ou que exige que saia sempre pela mesma porta que entrou? Pois bem, essas duas coisas ocorrem com Roberto Carlos, “diagnosticado” com TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Posso até imaginar o diálogo entre o operário e o mestre de obras:

- Chefe, entrei pela porta principal, não posso ir para o andar superior se não liberarem a mesma porta. Tenho que sair sempre pela mesma porta que entrei.
- Que merda é essa Josefino? Tá de sacanagem comigo? Fumou as meias? Eu quero a parede do quinto andar rebocada até às 18 horas. E não tem como liberar aquela porta porque ela foi consertada hoje. Vai ficar dois dias fechada! Ah, e fala depois com o Jorge que ele está com os ticket-refeição dessa semana.
- Não posso chefe. Ele veio de marrom hoje.
- Hein!? Minha vó também está de marrom hoje. O que tem isso a ver com falar com ele?
- Não consigo falar com pessoas usando a cor marrom.
- Tá Josefino, se tu não sair da minha frente em 10 segundos, tu vai sair é pela janela. Estás demitido.

Entenderam onde eu quero chegar? Ou ele se cura sozinho, na marra, ou vai morrer de fome. No fim, o instinto de sobrevivência acaba falando mais alto e ele “se cura” do “TOC” (psicólogos, desculpem as aspas, eu acredito sim que existam pessoas com TOC, só não acredito em 90% dos diagnósticos).

Como esse não é um blog sobre psicologia e nem sobre Complexo de Édipo (o que menos queremos é mexer com a mãe dos outros), o que quero chamar a atenção aqui é que, em menor escala, acabamos criando hábitos ruins que nos prejudicam em nosso emprego. Às vezes, isso é refletido apenas em um mau-humor perene porque tudo o que ocorre de ruim você acredita estar no meio. É claro que ninguém gosta de falar com pessoas de mau-humor – e isso pode lhe afastar de grandes oportunidades.

Outras vezes, isso pode ser refletido em um pessimismo, onde a pessoa acha que as outras pessoas estão sempre querendo tirar vantagem dela e roubar suas idéias. Com isso, deixa de compartilhar idéias e informações importantes que poderiam, com a ajuda e o feedback de algumas pessoas-chave, se transformarem em grande projetos, acarretando inclusive em promoção para si mesmo.

Seja onde for que isso leve, o talento é muitas vezes tolhido por motivos e medos que certamente não deveriam estar presentes. Michael Jackson teve um sucesso arrebatador, mas poderia ter feito muito mais com o talento que tinha.

Não deixe seu talento ser tolhido por medos e inseguranças bestas. Compartilhe suas idéias: seja expansivo, se exponha. Para quem não é um gênio como Michael era na música, talvez seja a diferença entre o sucesso e o fracasso. Afinal, ninguém vai colocá-lo numa vitrine se você não fizer sua parte.

Não morra sozinho, deformado e burro em sua empresa como Michael Jackson fez em sua vida.

Dr. Zambol
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