quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Novos Mercados, Velha Choradeira


Depois de dominar o jogo de memória da Mônica e montar todas casas possíveis no simulador da Barbie, minha filha falou decidida:
- Pai, eu quero um notebook de Natal.
Minutos antes eu estava todo orgulhoso elogiando os conhecimentos dela de informática, marchei. Detalhe, ela recém completou quatro anos. Mas esperto mesmo é o Gustavo, nosso vizinho de cinco, que é o melhor amigo da Carol. Ele andava indeciso sobre seu presente de Natal, dentre as opções estavam um Nintendo Wii, o novo Parque do HotWheels e um Óculos de visão noturna. Em minha opinião, um empate técnico entre o Wii e os óculos, mas bom, eu já tenho um Wii. Lá pelas tantas o Gustavo vira para os pais com a decisão tomada:
- Pai, Mãe, eu já sei! Vou querer só um presente nesse natal.
Surpresos os pais perguntaram o que seria o maravilhoso presente:
- Quero só um Cartão de Crédito, assim posso comprar tudo que eu quiser!
Esse guri vai longe. Por via das dúvidas, já avisei a Carol que assim que o Gustavo ganhar o cartão, ela que peça o Notebook para ele.

No domingo fui ao shopping em busca de um aparelho de Blue-Ray. Na primeira loja que entrei o preço estava R$100,00 acima do valor oferecido no site. Reclamei para o vendedor, que me respondeu com uma bela desculpa:- Pois é senhor, o site não tem os custos operacionais que nós temos, aluguel de espaço físico, vendedores... Terminou a ladainha, mas não me deu conversa. Na loja ao lado onde encontrei o mesmo cenário, preço mais alto do que no site, mas a resposta do vendedor foi diferente:
- Sem problema senhor, nós podemos fazer o mesmo preço da internet.

Essas duas situações, embora aparentemente desconectadas, ilustram um fenômeno relacionado. Novos nichos de consumo aparecem a cada dia, como por exemplo: crianças consumistas e conectadas. A demanda não está diminuindo, está migrando para novos consumidores, novos canais ou novos produtos. A diferença está na postura dos players, que podem se adaptar aos novos tempos ou ficar sentados reclamando.

A atitude do primeiro vendedor do meu exemplo lembra um pouco as gravadoras, que vivem chorando a perda de receita com os downloads de músicas. Esquecem que praticamente imprimem dinheiro vendendo direitos de músicas antigas como ringtones e trilhas de jogos como Guitar Heroes. Depois da indústria fonográfica, cinema e TV, a bola da vez agora parece ser a mídia impressa. Acho que toda a discussão entre o Murdoch e o Google é saudável, quem sabe daí  possa surgir um modelo viável de monetarização. Mas, honestamente, não acredito nos profetas do apocalipse que pregam o fim da mídia, fim do conteúdo pago, fim dos especialistas. Querem um exemplo? Comprei o último livro do Rubem Fonseca para ler nas férias, foi em papel, mas pagaria para ler ele no Kindle. E no fim de semana vou descer a serra em direção a Santa ouvindo o bom e velho rádio, inventado em 1896.


[]s
Jack DelaVega