quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Matando Pavões for Dummies

Pavão parece ser um termo recorrente aqui na Tribo. Tudo iniciou com o Post "A Culpa é dos Pavões". Mais tarde, o já famoso pavão na empresa foi  citado em mais alguns posts. Entre eles, destaque para "Só Tem Animal Nessa Empresa" e "A Vida de Pablo".

Queria hoje abordar o assunto por um outro ângulo. Para quem não sabe, gosto bastante de genética. E um dos assuntos do livro Instinto Humano, que li esses tempos, discutia o caso dos pavões. Recomendo a leitura do livro. Ele me fez entender muito dos comportamentos - meus e de todos à minha volta - incluindo, é claro, dos meus funcionários. Certamente poderia estar presente na prateleira de livros não-ortodoxos da Tribo do Mouse, classificado como Gerenciamento de Pessoas e Desenvolvimento Pessoal.

Todos conhecem a história da seleção natural. A Girafa necessitava comer frutos. As com pescoço maior tinham mais chances, pois conseguiam encontrar mais frutos à sua disposição, sobrevivendo mesmo em tempos difíceis e conseguindo passar os seus genes adiante. O pescoço grande realmente lhe dava uma vantagem competitiva na luta pela sobrevivência.

O que nem todos conhecem é a teoria da seleção sexual. Ela é um caso específico de seleção natural, mas muitas vezes vai de encontro com a seleção do mais apto a sobrevivência. Os pavões são considerados um caso clássico de seleção sexual descontrolada.

No caso dos pavões, o macho com cauda maior e mais bela tem mais chances de "se promover" com a srta. Pavão. Ninguém sabe ao certo o que iniciou o processo, apenas sabe-se que as fêmeas de muitos animais são atraídas por machos que possuem maior concorrência. Portanto, uma das teorias é que as pavoas simplesmente começaram a descontroladamente querer pavões com rabos maiores e mais bonitos, provavelmente na carona de alguma que iniciou o processo. Isso fez com que só esses conseguissem se reproduzir, passando os genes do "rabo grande" e tornando o macho de cada geração com o rabo maior.

Entretanto, para a sobrevivência do pavão, o rabo grande é uma desgraça. Ele é mais lento, mais desajeitado e muito mais visível para os predadores. Devido a seleção sexual, ele tornou-se uma presa fácil. Mesmo assim, nesse caso, a seleção natural estrita (onde o mais forte é que passa os gens) foi derrotada pela seleção sexual.


É claro que isso me lembrou direto os pavões que encontramos todos os dias na empresa. Eles balançam seu rabo magnífico, e muitos gerentes e diretores se apaixonam por isso e os promovem. Entretanto, assim como ocorre na natureza, eles continuam sendo presas fáceis.

Se fizermos uma análise pelo lado do bando, sabemos que eles venceram na natureza porque, estatisticamente, a quantidade dos que conseguiam se reproduzir vencia os que eram devorados por predadores.

Mas se formos falar de um pavão específico, bastava um predador avistá-lo de longe para que fosse decretado o fim da vida dele. Mais lento e praticamente um placar luminoso escrito "me devore", devido ao grande rabo, não tinha como escapar.

O caso dos pavões nas empresas é igual: eles se dão bem devido à "seleção promocional descontrolada", fingindo qualidades que não possuem. A estratégia para combatê-los deve vir da genética: não tente acabar com o bando - você fracassará. Mire no que lhe atrapalha. Quando ele começar a correr, desajeitado e lento, não terá chance alguma contra você. Será desmascarado vergonhosamente.

A mesma coisa que lhe promoveu será aquilo que irá lhe matar.

Dr. Zambol
--