terça-feira, 17 de abril de 2007

Esse tal de Corporate Game - Parte 1

Quem acompanha esse blog a mais tempo sabe que uma das coisas que mais me tira do sério é o tal do Corporate Game. Já havia pensado em escrever sobre esse tema anteriormente, mas não havia encontrado o formato. Resolvi quebrar o assunto em capítulos. Vamos ver se funciona.
Como bom engenheiro, adoro começar pelas definições. Você já parou pra pensar no que é afinal esse tal de "Jogo Corporativo"? Por que é um jogo? E por que muitos dizem que se não aprendermos a jogá-lo ficaremos sempre à margem das organizações?

Bom, em primeiro lugar chamam de jogo porque ele tem regras. Na minha opinião, as semelhanças param por aí. Porque um jogo tem que ter um objetivo. E para mim não existe o menor sentido em jogar o Corporate Game. Ele é mais uma daquelas sabedorias populares (uma lida de Freakonomics ajuda a entender a idéia aqui) que vai passando de geração de empregados para geração de empregados, quando na verdade não existe fundamento nenhum por trás. Alguém poderá dizer: ah, o objetivo de jogar o Corporate Game é ter sucesso dentro da organização. Imensa besteira. Incomensurável idiotice. Como podemos generalizar sucesso? O que é sucesso para a minha carreira pode ser totalmente diferente do que para os outros. Vejo muita gente comentar: aquele cara chegou até aquele cargo porque sabe jogar o Corporate Game. OK, mas isso é ter sucesso? Se você anda admirando esse tipo de gente dentro das organizações, sugiro rever urgentemente o seu planejamento de carreira e de vida. É apenas a minha opinião, mas eu normalmente tenho asco desse tipo de gente.

Mas voltemos às regras. Ainda que falte um sentido mais nobre ao jogo, vamos aos princípios básicos. Parecem ser inúmeras as ramificações e adaptações das regras, mas tentei reduzí-las ao máximo aqui. Por favor postem as customizações que possam existir dentro das suas empresas nos comentários desse post.

Regra 1 - Você não pode ser o que você é, tem que ser também o que os outros esperam de você

Regra 2 - Você não pode dizer o que você pensa, mas também o que cabe

Regra 3 - Você não pode fazer as coisas do jeito que você gosta, mas também do jeito que os outros lhe pedem

Para mim essas são as três regras básicas do tal Corporate Game, ou como eu prefiro chamar, da hipocrisia generalizada que existe nas organizações. Ao longo da minha experiência, já me peguei inúmeras vezes praticando algumas dessas regras. Normalmente fico muito chateado, porque elas vão de encontro a alguns valores que tenho. O que acabo percebendo é que em inúmeras situações da minha vida sou autêntico, digo o que penso, etc. Mas dentro do dia-a-dia de trabalho, já me flagrei várias vezes interpretando essa espécie de dublê de mim mesmo.

Tenho certeza que acontece com vocês também. Por que a realidade é assim? Por que temos de ser um dublê dentro das organizações? Existe algo errado com isso? Uma organização teria mais sucesso caso promovesse uma cultura anti-hipocrisia?

Não percam os próximos capítulos.

Reggie, the Engineer.
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