quinta-feira, 26 de abril de 2007

Aprendendo 2 vezes

Recentemente me vi na situação de ter que ensinar noções básicas de programação para um grupo de pessoas totalmente leigas em computação. Era um mini-curso sem muitas pretensões. Eu e o grupo havíamos concordado que em 8 horas-aula seria humanamente impossível ensinar a qualquer um a difícil profissão de desenvolvedor de software. Mas combinamos que iríamos tentar.

Na primeira aula, 4 alunos. Calados, céticos, eram como cobras prontas para dar o bote. Aos poucos tentei seduzí-los e, sempre usando de muita honestidade, mostrei que mesmo as coisas mais difíceis são possíves quando se tem um sonho. Acho que na prática foi isso mesmo que tentei fazer: fomentar o sonho de tornar-se um programador dentro de cada um deles. O final da primeira aula foi sensacional pra mim. É sempre uma sensação gratificante ver as pessoas sorrirem após uma explicação ou concordarem com a cabeça após um exemplo. A palavra aluno tem em sua origem um significado que não gosto muito: aquele que não tem luz. Já tive vários alunos imensamente 'iluminados' e aprendi bastante com eles. Mas tenho que confessar que o maior prazer em dar aula está na sensação que às vezes temos de realmente estar iluminando as pessoas.

Na segunda aula, 10 alunos. Aqueles 4 da primeira aula convidaram conhecidos e fizeram boas recomendações. Mais explicações, exemplos, exercícios e novos mundos desvendados. Ao final da aula, abraços, agradecimentos e muita emoção.

Já tenho alguma experiência como professor, mas com certeza esse foi o momento mais marcante pelo qual já passei. Percebi que aquelas pessoas que menos esperam (e que na verdade mais necessitam) dessa tal 'luz' são as que tornam o nosso trabalho mais gratificante. Um pequeno gesto, uma pequena atenção faz uma enorme diferença na vida delas, e nos faz sentir importantes, nos dá um sentido.

Meu pai já dizia que é possível aprender duas vezes, basta ensinar. Acho sinceramente que se você quer dar um sentido extra à sua carreira, procure sempre ensinar o que sabe. Sem interesses, sem segundas intenções. O resultado, eu garanto, vale à pena.

Reggie, the Engineer.
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