quinta-feira, 12 de abril de 2007

Boa noite e Boa Sorte

Hoje à noite tenho a maior instalação de software da minha vida. Estou um pouco nervoso, isso é normal. Acredito que um friozinho no estômago até ajuda numa hora dessas, é um sinal de que estamos desafiando algum dos nossos limites. Ao longo do dia recebi inúmeras mensagens de “Boa Sorte”, algumas de coração, outras com um pouco de ironia, algumas como quem saúda um homem face a um duelo de vida ou morte. Hoje sou o “Joao do Santo Cristo”.

Mas o que me incomoda nessa história toda é o fato de eu realmente precisar de sorte. Eu e todos que trabalham com desenvolvimento de software, a torcida do flamengo inteira. Gostaria de entrar em campo, pelo menos uma vez, sem depender da sorte. Impossível! Com software, impossível!

Por mais que eu defenda a nossa profissão como Engenharia, uma ciência exata, ano após ano me convenço que o que fazemos é essencialmente um esforço colaborativo e criativo, como a elaboração de um filme. Ainda que em ambas as atividades seja fundamental o uso da técnica, ela não garante o sucesso do empreendimento. Vide as maravilhas da computação gráfica nas produções de hoje em dia, se por um lado são capazes de reduzir o tempo de produção, não vemos uma diminuição de custos da mesma ordem, pelo contrário o custo médio de produção tem tipicamente aumentado. E pior, não estamos fazendo filmes melhores que a cinqüenta anos atrás. Não importa a técnica empregada ainda não é possível prever se um determinado filme será um blockbuster ou um fracasso retumbante de bilheteria.

O mesmo vale para software. O que nos resta então, para mitigar os riscos de nossos projetos, senão seguir as mesmas práticas de Hollywood? Temos que investir nas pessoas. Bons atores reduzem o risco de um filme embarcar na bilheteria. Eliminam? Certamente não, mas seguramente reduzem. A regra se aplica para diretores, portanto um time de bons desenvolvedores e um gerente de projetos experiente e capacitado é o mínimo que podemos fazer para reduzir os riscos em de um projeto de software. Mas bom, antes de tudo, temos que conhecer os nossos expectadores, não faz sentido produzir dramas para um público ávido por comédias, ainda mais sabendo que nossos usuários já estão cansados de ambos os gêneros.

[]s
Jack DelaVega