quarta-feira, 22 de abril de 2009

Susan Boyle

Se você não viveu no planeta terra na última semana, assista o vídeo ao lado antes de prosseguir, já são mais de 100 milhões de acessos no YouTube. Eu tenho que confessar que ele me pegou de calças curtas. Lembrei imediatamente de alguns pontos levantados no Blink, livro de cabeceira da Tribo, sobre como as aparências enganam.

De fato, fiz uma associação imediata com uma situação da minha vida profissional. Estava procurando uma pessoa para a posição de analista e entrevistei por telefone um candidato que morava em Pernambuco. O sujeito foi muito bem, tinha um background técnico relevante, falava inglês fluente e possuía experiência no tipo de projeto que eu estava contratando. Resumindo, depois de duas entrevistas tive certeza de que ele era a pessoa certa para o cargo. Fechamos a contratação pelo telefone mesmo. Mas, duas semanas depois quando ele se apresentou ao trabalho, eu tive uma surpresa. Ao conhecê-lo pessoalmente fiquei com uma impressão negativa. Era uma daquelas coisas que a gente não consegue explicar, mas tive uma certeza naquele momento: se eu tivesse feito a entrevista pessoalmente jamais teria contratado o sujeito. Para complicar a situação, logo depois disso fui transferido para os Estados Unidos, deixando o novo funcionário trabalhando para um colega.

A verdade é que aquela impressão nunca me saiu da cabeça e alguns meses depois eu tive a minha resposta. Estava auxiliando meu colega na revisão de desempenho das pessoas da equipe que deixei para ele no Brasil. Quando começamos a falar do funcionário em questão meu colega foi enfático:
- O cara é muito bom. É um excelente técnico, se comunica bem, tem experiência no negócio e um bom relacionamento com os colegas. Definitivamente, uma contratação acertada.

Fiquei perplexo. Logo eu, que costumava me vangloriar de possuir um sentido aguçado para entrevistas, que acreditava no meu "feeling" em relação aos candidatos. A verdade é que o meu primeiro julgamento estava correto, mas meus sentidos me enganaram. Alguma coisa em meu no meu subconsciente jogou contra o candidato e confesso que até hoje ainda não consegui descobrir o que foi.

Foi uma bela lição para mim. Bons gestores não podem se deixar levar pelas aparências. Imagine os talentos que você pode estar desperdiçando, consciente ou inconscientemente, apenas porque eles não se vestem como você, tem uma tatuagem ou piercing, pintam o cabelo de roxo e por aí vai. Imagine se não fosse dada a Susan Boyle a chance de cantar para essa platéia.
[]s
Jack DelaVega