sexta-feira, 17 de abril de 2009

Identidade Revelada: Dr. Zambol

Acho que todos os que acompanham o blog já devem ter uma boa idéia de quem é o Dr. Zambol. Mas deixe-me revelar um pouco de sua essência, que talvez não seja do conhecimento geral.

Ele nasceu em Porto Alegre e já com apenas três anos apresentava sinais de gagueira, bastante fortes por sinal. Problemas como esse para crianças mudam-nas de forma perene, e não seria diferente com o Zambol. Na escola, principalmente até a sétima série, era um aluno extremamente tímido – praticamente não falava com ninguém e em sala de aula, quando requisitado a falar, era motivo de chacota.

- Gaguinho, Pork Pig...Gaguinho, Pork Pig...

Às vezes voltava para casa chorando, às vezes voltada apenas com raiva, mas nunca conformado. Suas notas na escola eram medíocres, passando “de raspão” em praticamente todas as matérias.

Quando seu pai, o Dr. Zambão, deu de presente aos três filhos um computador CP 200, descobriu que tinha facilidade para as áreas exatas, pois leu o manual e começou a programar antes de seus irmãos mais velhos. Com apenas 12 anos já programava em assembly.
Esse foi o incentivo que faltava para se dedicar ao Xadrez. Depois de pegar confiança ganhando algumas partidas do seu pai e de seus irmãos, que jogavam bem e competiam oficialmente nas respectivas categorias, entrou em alguns campeonatos e ficou muito bem colocado em campeonatos adultos oficiais.

Mas a paixão por computador sempre foi mais forte e tomou seu maior tempo. Na verdade, era o mais fácil, pois podia fazer tudo aquilo sem ter que falar muito com outras pessoas.

A virada veio devido a uma bendita greve durante o início da oitava série. Durante todo o mês que ficou em casa, percebeu que já havia deixado as pessoas “tomarem conta” e que agora a única solução era a revolução. Na volta das férias, estava decidido, “uma fratura exposta é muito menos doloroso que perder a dignidade”. Teria que estudar a fraqueza das pessoas que zombavam dele. Não poderia nunca mais baixar a guarda até o final da batalha. Definiu cada detalhe, cada passo que deveria fazer para o cheque-mate.

Lembro-me como se fosse hoje. Logo na volta às aulas, a professora fez uma pergunta e o Dr. Zambol levantou a mão para responder. A professora, espantada e ao mesmo tempo feliz por ver o Zambol querendo responder, coisa muito rara até então, solicitou com um sorriso que ele respondesse. Depois do início da frase gaguejada, o aluno ao lado começou a rir. Zambol se levatou, chutou a mesa do colega, que o fez cair no chão e em seguida chutou a cadeira contra o colega que já estava caído. Após o estrondo, fez o discurso que havia preparado para aquele colega específico, em frente à turma toda.

Depois de umas quatro ou cingo brigas, algumas nas quais levou a pior, o novo Zambol estava se formando. Mudou-se para o fundo da sala, era muito mais respeitado e, inesperadamente, suas notas o tornaram o melhor aluno da aula. Até cola começou a dar – e aos montes. Mas sempre mantinha a guarda alta. Parece incrível, mas a baixa auto-estima era o principal causador do baixo desempenho escolar.

E foi nesse contexto que o Dr. Zambol realmente se criou. A facilidade com os estudo foi aumentando a cada etapa de sua vida. Cursou Ciência da Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e na mesma universidade concluiu seu mestrado.

É claro que os fatos acima, isoladamente, não definem o Dr. Zambol, pois esse cresceu, aprendeu a baixar a guarda, evoluiu como pessoa, superou o trauma da gagueira, trabalhou como concursado no SERPRO durante 4 anos, foi consultor das Nações Unidas, gerente de uma software house em Santa Cruz, aprendeu que nem tudo é resolvido na hora que se deseja e aumentou sua inteligência emocional, sua pior deficiência no primeiro grau. De qualquer forma, os fatos acima ajudam a entender algumas de suas bases:

- Acredita no poder de superação do ser humando, em qualquer circunstância.

- Acredita que o aprendizado contínuo é a única forma de evoluir como pessoa e como profissional. Trocou a “guarda alta”, por esse valor.

- “Fazer o certo pelo certo” é o lema que tenta seguir. Se tiver que “ter uma fratura exposta” para tal, que assim seja. É claro que ainda peca muito nisso, pois não se considera evoluído o suficiente para conseguir isolar o certo de todos os outros fatores em alguns casos.

- Acredita que o emprego não pode ser de forma alguma um fardo. Se for, alguma coisa está errada e deve ser feita. Se “já tomaram conta”, não há outra solução a não ser a revolução. Isso pode significar apenas mudar o jeito de fazer uma reunião, criar uma nova estrutura de reporte, se inscrever num curso ou até mesmo procurar outro emprego.

A história do Dr. Zambol não pode ser dissociada da história de Ulisses Ponticelli Giorgi, gerente de uma grande empresa de computadores em Porto Alegre, que hoje dá graças a Deus que foi gago, por ter se separado do seu primeiro casamento e por ter tido que trabalhar 14 horas por dia quando era gerente em Santa Cruz. Não seria a pessoa que é sem essas experiências.

Muito prazer. Sou Ulisses Giorgi, criador do Dr. Zambol, casado com Ana Rigon, pai do Francesco (ainda na barriga da Ana, no oitavo mês de gestação) e dono do Aquiles, um maltês maluco de quatro anos de idade que tem que tomar Gardenal. Sou apaixonado pelo que faço: pela informática, pelo stress diário, pelos desafios da administração, pelo trabalho de equipe e pelas pessoas. Adoro tecnologia e sou um inconformado por natureza, buscando sempre algo novo e desafiador a ser feito, fato que me trouxe para a Tribo.

Espero que possa continuar escrevendo coisas úteis para vocês. Espero continuar aprendendo com seus comentários e sugestões. Sinto-me honrado de escrever para um público tão inteligente e seleto como os leitores da Tribo. Sinto-me mais honrado por compartilhar esse espaço com meus colegas Jack DelaVega e Reggie, The Engineer, duas pessoas inteligentes e extremamente éticas – duas pessoas especiais.

Ulisses Giorgi (Dr. Zambol)
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