sexta-feira, 24 de abril de 2009

Se Arrependimento Matasse.... E Mata!

Maximus estava na primeira fila. Suas mãos tremiam. Não conseguia esconder o suor e o medo. Gostaria muito de acreditar piamente em seu chefe, que dizia que essa era a batalha de sua vida – que o mundo não seria o mesmo se essa batalha fosse perdida.

Ele estava na primeira linha do exército romano, em uma legião formada por 4.800 soldados. À sua frente encontrava-se o grande exército macedônio, que teria que enfrentar logo após a voz de comando.

Maximus havia entrado no exército porque lá poderia receber um soldo e seria respeitado. Além do mais, poderia se aposentar depois de 25 anos de serviço e teria uma boa chance de ganhar um pequeno pedaço de terra que era prometido pelo imperador aos soldados mais pobres.

Ele era humilde, mas de forma alguma ingênuo. Sabia que a chance de sobreviver estando na primeira fila contra um exército de proporções semelhantes eram muito baixas. Mesmo se acertasse a espada no primeiro e matasse mais quatro ou cinco, teria ainda tantas pessoas para matar antes de acabar a guerra que praticamente tornava a tarefa de manter-se vivo em uma batalha hercúlea. Guerreiro experiente, já havia conhecido vários bons combatentes de primeira linha que haviam morrido.

Sempre deixou-se levar pela maré, e agora estava em dúvida. Por que havia escolhido aquela profissão? Afinal, não via sua esposa e filho há 18 meses. Na verdade, os via muito pouco. Agora, sentia falta deles - falta de abraçar sua esposa, de beijar seu filho.

Tinha tido a chance de ser ajudante em uma plantação de trigo. Ganharia bem menos, talvez fosse menos respeitado, mas teria ficado junto com sua esposa e teria tido bem mais tempo para criar seu filho. Ademais, sempre se interessou por plantas e gostava de trabalhar com terra.

Mas por que então teria escolhido aquela profissão? "Ah", lembrou-se, "devido ao soldo e ao respeito".

Ouviu então a ordem de atacar. Encheu os pulmões com todo o ar que possuía e gritou o mais forte que podia. Era assim que as batalhas começavam - assustavam o inimigo. Encheu-se de ódio, pois assim teria mais chances de sobreviver, e começou a correr, tentando não pensar no arrependimento por ter entrado para aquela profissão. Qualquer desatenção seria o seu fim.

Como estava chegando mais perto do inimigo, empunhou sua espada e a colocou em posição de ataque. Percebeu que havia sombras no céu, e isso geralmente era um mau sinal. Olhou para cima e percebeu que eram centenas de flechas que haviam sido lançadas. Levantou seu escudo, a fim de se proteger, mas uma flecha passa pelo lado e acerta seu pescoço. Assim que cai, é pisoteado selvagemente pelos próprios companheiros romanos, que não podiam parar. Era a regra.

Maximus morreu ali, sem nem ter a chance de lutar. Atingido e pisoteado, morreu pensando na vida que poderia ter tido, na felicidade que sempre sonhou, arrependido por ter escolhido sua profissão pelos motivos errados, arrependido de não ter abraçado mais seu filho. Morreu infeliz.

E você, já sabe se está na profissão e posição certa ou terá que esperar a hora da morte para descobrir?

Dr. Zambol

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