quinta-feira, 17 de julho de 2008

Tribo Responde: Pergunta de SGP

Hoje estamos inaugurando nossa seção Tribo Responde, onde tentaremos, todas as quintas-feira, responder a uma pergunta selecionada entre as enviadas para pergunte@tribodomouse.com.br.

Se sua pergunta não foi selecionada essa semana, fique tranquilo, ela está em nosso banco de dados e poderá ser selecionada nas semanas seguintes.

Abaixo, segue a pergunta selecionada dessa semana, seguida da resposta. Obrigado a todos que enviaram suas perguntas.


PERGUNTA DO LEITOR


Boa tarde a todos. Sou um leitor da Tribo do Mouse, apresentada por um amigo meu daqui da empresa onde trabalho - uma fabrica de software.

Ha dois anos a nossa antiga empresa foi adquirida por uma das maiores fabricas de software do nosso Brasil, que por sinal é agora multi-nacional, estamos presente no Mexico, Argentina e Chile.

Durante o ano em que fomos 'adquiridos' outras empresas de segmentos diferentes também o foram.

O que nos surpreendeu foi o processo de transição realizado por ela (a Corporação), ficando bem aquém do que esperavamos, visto a imagem que tínhamos dela e do marketing que utilizam hoje. As pessoas, nesse processo, foram as mais esquecidas. Vale lembrar que em nosso segmento a principal matéria-prima dos produtos vendidos é o conhecimento dos profissionais que nela trabalham.

Hoje o discurso diplomático/político de diretores e gerentes não 'colam' mais ... comprar máquinas de café e falar que estão preocupados com os funcionários é um método de políticos de 30 anos atras.

Então a pergunta é: 'Até
quando as grandes organizações pensarão que temos 4 anos de idade ?'

Grande abraço.
SGP (nome mantido sob sigilo)


RESPOSTA DA TRIBO


Caro SGP, sua pergunta fez com que gerássemos uma discussão interna na Tribo sobre o tópico. Realmente é um tópico muito interessante para ser debatido. Minha resposta abaixo contém contribuições de Jack e Reggie.

No meu texto Quem Não Faz é Burro, trato exatamente do assunto de que não existe empresa boa ou má. Existe sim é empresa inteligente e burra. E inteligência aqui é manter os seus funcionários felizes, motivados, informados e querendo fazer mais pela empresa. Ora, o maior bem que uma empresa possui é seus funcionários – é o ouro da era moderna. Valorizar as pessoas é valorizar a própria empresa. Isso não é opcional para empresa alguma. Esse ponto é pacífico. Não fazer isso é declarar a falência a longo ou até médio e curto prazo.

Mas gostaria de lembrá-lo que situações de aquisição e fusão são exceções – e dessa forma é que são tratadas. Basta lembrar do que ocorre quando da descompressão da cabine de um avião. Você lembra as instruções que as aeromoças insistentemente passam aos passageiros? Antes coloque a sua máscara, depois dê auxílio para outros. Mesmo se for uma criança de 2 anos indefesa ao seu lado, não tente ajudá-la antes, pois você pode perder a consciência no meio do processo, fazendo com que você prejudique você mesmo e a pessoa ao lado (não conseguindo mais ajudá-la).

Uma situação de aquisição é semelhante. As pessoas de nível mais alto (vice-presidentes, diretores e gerentes – necessariamente nessa ordem), estão colocando as máscaras em si, encontrando o seu lugar nessa nova organização, para então conseguir ajudar as pessoas abaixo dela. Realmente, se ela não conseguir encontrar uma posição para ela, talvez não consiga ajudar sua equipe em nada. Portanto, podemos até discutir as formas como se deve fazer isso, mas realmente não faz sentido tentar colocar a máscara nas outras pessoas antes.

Mas não pense que estou defendendo essa atitude imprudentemente. Meu ponto acima nos leva a uma de duas conseqüências: ou o avião baixa de altitude para não ter tantos problemas com a descompressão e faz a turbulência parar ou ele cai e explode. Ou seja, a turbulência tem que parar um dia ou o avião em breve não vai mais existir, matando ainda todos dentro. E quanto antes a turbulência parar, melhor.

No meu texto Ao Fim da Bolha de Burrice, confirmo que a instabilidade duradoura distrói qualquer possibilidade de manter o funcionário concentrado e fazendo um bom trabalho. O tempo que uma pessoa aguenta nessa situação varia muito. Pessoas nervosas e mais imediatistas são as que tendem a explodir mais rápido - acabam saindo da empresa ou não realizando mais seu trabalho direito, tamanha a tensão e o nervosismo. Outras, mais calmas e otimistas, conseguem aguentar mais tempo – e às vezes colhem ótimos frutos dessa espera. Mas seja quem for, será afetado na turbulência. E é simplesmente inviável estar numa situação dessas por muito tempo. Então, a empresa deve fazer um plano de ação rápido e efetivo para finalizar toda a nova organização e deixar todos seguros novamente.

Entendo a sua indignação SGP, mas tente entender o processo de exceção e veja se realmente vale a pena esperar. Como disse acima, às vezes a espera traz bons frutos. Outras vezes, uma fase longa dessas é realmente o indicativo de uma má gestão, que pode só piorar as coisas com o tempo.

Mais importante de tudo, ache a sua máscara e coloque logo no rosto. Se sentir que não tem solução, pule do avião. Nessas horas, manter-se atualizado e com as habilidades que o mercado está pedindo, faz toda a diferença - será o seu pára-quedas.

Obrigado pela sua excelente pergunta e continue conosco!

Dr. Zambol
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A seção Tribo Responde seleciona perguntas enviadas para pergunte@tribodomouse.com.br. Envie já a sua!

Leia Mais:
- Texto de Jack: É Preciso Acreditar
- Texto de Reggie: A Queda da Democracia (ou Por que não fazer diferente?)
- Texto de Reggie: Dilbert e a Mudança