domingo, 24 de abril de 2011

A Felicidade numa Casca de Noz

Nessa páscoa passei boa parte do meu tempo em uma casa onde 6 velhinhas - todas irmãs - vivem sob um mesmo teto no município de Sobradinho.

A alegria era contagiante. Todas aposentadas, falavam (sem parar) de histórias de suas vidas - trabalho, brigas diárias entre elas, casamentos, funerais e outras diversas peripécias que passaram ao longo de suas vidas.

Todas já estão aposentadas. A mais velha tem 85 anos e sente-se muito bem ainda. Reclama muito quando as irmãs deixam cair talheres no chão.

- Mas será que é sempre assim !? Não tem força nessa mão? Mas vá prestar atenção no que faz....

A mais nova, na flor dos seus 67 anos, despeja energia fazendo tortas, costurando e fazendo doações aos mais necessitados.

Durante a minha estada lá, dois outros irmãos - os únicos irmãos-homem vivos (a familia tinha ao todo 12 irmãos, que hoje conta com 10 vivos) apareceram por lá. Também eram velhos, um com 78 e o outro com 82. E como era marca daquela familia, também eram humildes, esbanjavam alegria e tinham uma infinidade de histórias bonitas para falar de seu passado.

Uma coisa todos tinham em comum: tinham passado bastante dificuldade. Algumas vezes tinham estado perto de passar fome, outras vezes tiveram que suportar um trabalho extremamente duro a ponto de adoecer devido a ele. Mas todos, sem nenhuma exceção, sabiam porque tinham passado por aquilo e haviam encarado o trabalho como temporário - uma forma de garantir o sustento quando não tivessem mais saco ou condições de trabalhar (para os outros).

Dizer se esse pensamento (trabalho deve ser encarado como temporário - uma forma de garantir o próprio sustento e o sustento de seus filhos e dependente quando você não quiser ou não conseguir mais trabalhar) é certo ou errado é uma questão filosófica que poderia ocupar um livro inteiro e mesmo assim não chegar a conclusão nenhuma. É certo que algumas pessoas - notadamente as que já podiam parar de trabalhar hoje por essa regra (multimilionários, por exemplo) - buscam no trabalho algumas outras coisas.

Seja como for, saí com alguns pensamentos que gostaria de compartilhar com vocês:


  1. A segunda parte do pensamento que resumi em negrito ("uma forma de garantir o próprio sustento e o sustendo de seus ...") pode (e deve) ser discutida, mas não há como discutir o estado temporal do trabalho, já que a própria vida tem um início e um fim;
  2. Encarar o trabalho dessa forma torna alguns obstáculos do dia-a-dia, mesmo que sejam duros, mais fáceis de serem encarados, pois atingir um objetivo nobre como esse (sustento futuro de seus dependentes) justificaria tropeços que temos que enfrentar em nossa vida corporativa.
  3. A grande maioria das pessoas esquece-se em muitos momentos o objetivo maior do porque está trabalhando - seja esse que citei ou não. Por isso mesmo, acaba se estressando por coisas pequenas e idiotas se comparadas com o grande objetivo final.
Se não ficou clara minha mensagem, deixe-me repetir sucintamente. Se você não tem certeza absoluta daquilo que almeja levantando-se todos os dias as 7 horas da manhã para só voltar as 18, 19 horas da tarde, tire o dia de folga amanhã. É INACEITÁVEL essa situação. Entenda o que você almeja com o seu trabalho. O que você espera construir para você, seus filhos ou a comunidade após sua terminar sua contribuição como mão-de-obra ativa? O que você almeja ter quando se aposentar?

Sabendo essa resposta, tenho certeza que seu trabalho diário será mais fácil. Ao menos mais fácil depois que você corrigir o rumo e apontar as velas para a direção correta. Objetivo de vida e felicidade andam juntos - não deixe a peteca cair por preguiça de gastar algumas horas nesse exercício.

Lembre-se: o maior agente de sua felicidade é você mesmo. Não reclame do azar ou do patrão chato que você teve que "arruinou sua carreira". Isso geralmente é apenas uma desculpa para justificar erros de planejamento em sua vida. Encare o objetivo de sua vida de frente, passando por cima de pedras pequenas, mesmo que machuquem um pouco o pé, e empurrando obstáculos maiores. Sua felicidade não tem preço.

Dr. Zambol
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