quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Premissa Para o Sucesso: Paixão pelo Trabalho

A escolha de um emprego é coisa séria. Muito séria. Já cansamos de falar aqui na Tribo do Mouse: você passa mais de 8 horas por dia envolvido com o emprego - isso é muito mais tempo que você terá com a sua esposa, filhos e tempo de lazer. Não há possibilidade nem remota de ter sucesso na vida sem gostar do que se faz. Se essa premissa não for clara para você, você precisa rever seus conceitos urgentemente.

Mark Albion, autor do livro "Making a Life, Making a Living", realizou uma pesquisa com 1.500 profissionais como MBA nas melhores escolas americanas durante 20 anos. Ele conseguiu os dividir em dois grupos bastante distintos:

  1. Os que haviam escolhido seu emprego primordialmente devido ao salário que iriam ganhar
  2. Os que haviam escolhido seu emprego primordialmente porque tinham paixão por aquela área - o ganho financeiro para esse segundo grupo era secundário.
83% das pessoas estavam no primeiro grupo, o que é de se esperar em um mundo consumista que exige que você ganhe direito para pagar suas contas e suas necessidades. Mas o interessante da pesquisa é que dessas 1.500 pessoas, 101 tornaram-se milionárias. Desses 101, 100 eram do segundo grupo e apenas 1 pessoa estava no primeiro grupo - que tinha escolhido o emprego não pelo que gostava de fazer, mas pelos ganhos financeiros.

Em si o dado não assusta. Sabemos que quem faz o que gosta, pensa no trabalho muito mais freqüentemente (porque aquilo lhe dá prazer) e com isso consegue se desenvolver muito mais rápido que os outros; consegue trabalhar muito mais horas sem considerar aquilo um fardo, e, mais importante de tudo, tem uma vida mais feliz, que retro-alimenta todos os outros fatores e o faz crescer muito mais rapidamente que pessoas infelizes.

Se é tão fácil entender isso, porque ainda não temos isso claro na cabeça das pessoas? A resposta está no próprio estilo de vida dos dias de hoje: o imediatismo, que faz com que pensemos muito mais no curto prazo do que no longo prazo. Quem inicia um emprego, quer dinheiro ou para comprar um carro ou para fazer aquela viagem para a Europa que ainda não fez ou para qualquer coisa parecida. A idéia de pegar um emprego que pague mais no início, mesmo que não goste muito daquela profissão, é bastante tentadora, mas a longo prazo, como bem nos mostra a pesquisa, é um péssimo negócio.

Mas e se você já está empregado e não está satisfeito com o seu trabalho? Isso significa que não há mais volta? De forma alguma! A empresa influencia muito na forma como você alimenta sua paixão. Ela pode estar sendo a pedra no seu sapato, mesmo você estando em uma área que adora. Nesse caso, o problema pode ser tão simples como trocar de empresa, mantendo-se na mesma área. São muito raros os casos que, para se conseguir felicidade no trabalho, se necessita trocar completamente de área, pois uma área de conhecimento (informática, auditoria, contabilidade, advogacia, engenharia, etc) possui tantas possibilidades que geralmente você só precisa encontrar o que lhe motiva dentro de sua área de conhecimento, e é aí que entra o conceito de meta-paixão, apresentado no livro "Passion at Work", de Lawler Kang.

O método consiste em responder e entender os cinco Ps para conseguir o máximo da sua vida:
  1. Paixão: qual a sua missão?
  2. Proficiência: o que você faz melhor?
  3. Prioridades: o que´é mais importante para sua vida?
  4. Plano: como você conquista o mercado?
  5. Prove: como você financia seu plano?
O primeiro P, de Paixão, é o mais importante, por ser a base para todo o resto. Se você responder mal ou "se enganar", por exemplo fazendo a paixão dos outros ou da moda a sua escolha, ela desvirtuará todos os outros passos.

Para isso, você deve tentar encontrar aquilo que você faria mesmo se não ganhasse nada, ou se até tivesse que pagar para fazer. Ou seja, aquilo que independentemente de dinheiro, você ama fazer. Se perguntar para algumas pessoas mais jovens o que é paixão, poderá obter respostas como "Paixão é o que dá ritmo à vida, é que nos mantém vivos".

Definir suas paixões possibilitará a você descobrir e articular sua missão: porque você veio ao mundo, o real objetivo do primeiro "P". As meta-paixões suportarão sua missão. Elas definem a razão porque é tão mais natural para você fazer as coisas daquele jeito; porque você adora fazer as coisas que faz. Diferentemente dos interesses, que tendem a mudar com o tempo e a idade, as meta-paixões permanecem relativamente constantes. Um exemplo de meta-paixão é "sentir-se desafiado". Essa meta-paixão pode fazer você se sentir muito bem jogando xadrez ou sendo um engenheiro que controla sistemas de produção complexos. Um outro exemplo de meta-paixão é "fazer os outros se sentir bem". Nesse caso, um emprego de chef de cozinha ou de advogado (dependendo da área de atuação) podem ser boas pedidas para você.

Os outros 4 Ps também devem ser encontrados para que você consiga entender o que lhe fará feliz, onde quer chegar e como chegar lá. E como bem nos lembra Lawler, o processo de construção dos 5 Ps é um processo iterativo, ou seja, você não fará isso uma só vez e pronto. Você terá que retornar aos 5 Ps diversas vezes à medida que você progredir na carreira ou que a situação mudar.

Depois de encontrar sua paixão e definir sua missão e suas meta-paixões, está na hora de descobrir suas proficiências - as coisas que você é bom desde que nasceu, sem precisar fazer nenhum esforço. Faça uma lista das coisas que você é bom e das coisas que você não gosta, como lidar com processos buracráticos ou metódicos.

No terceiro "P", de prioridades, sua tarefa é listar suas prioridades atuais - o que você acha mais importante atingir ou ter hoje. Lembre-se que suas prioridades mudam e devem mudar com o tempo. Por isso mesmo, coloque a lista em um lugar visível, que você possa acessá-la constantemente.

No quarto "P", de plano, você já descobriu sua missão, já conhece suas meta-paixões, já sabe as áreas que você é realmente bom e suas prioridades. Agora, você está pronto para "se vender" ao mercado, mostrando porque você tem um produto único e interessante. Aqui a parte financeira e tática devem ficar claras. Sim, você deve trabalhar onde tem paixão, mas na hora de criar um plano, ignorar a parte financeira seria incoerência.

Por último, o "P" de prove é exatamente sair à rua para executar o plano, seja fazendo entrevistas, seja encontrando investidores interessados em seu plano de negócio.

Que fique claro que estamos falando aqui de paixão pelo que se faz. Isso não significa - e nem pode significar - definir uma única opção: eu quero salvar vidas no Timor Leste. Suas meta-paixões, proficiência e prioridades podem e devem lhe levar a uma grande gama de opções. A partir daí, você deve fazer uma relação com o mercado e ver daquelas opções, qual você terá mais chance de sucesso, respondendo perguntas como "existe demanda para essa opção?", "o mercado está ou tende a ficar aquecido nessa área?".

Espero que tenha ficado claro que a paixão no trabalho é tudo. Há mais de 2.500 anos atrás, Confúcio já falava: "Encontre um trabalho que ame, e você nunca trabalhará um dia em sua vida", e é a mais pura verdade até hoje...

Dr. Zambol
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