quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Mudança de Estação


Durante o meu processo de entrevistas para deixar a empresa recebi a mesma pergunta várias vezes:
- Mas como tu te sentes deixando uma empresa multi-nacional de renome para trabalhar em uma empresa menor?

Minha resposta foi sempre a mesma, quem me conhece sabe que não sou de me apegar a títulos, cargos ou status. O importante para mim sempre foi fazer parte de um projeto que eu acredite em uma posição na qual seja capaz de contribuir, da melhor maneira possível, para os resultados da empresa. Mas, passados quase dois anos dessa troca, de uma grande empresa, uma multi-nacional gigantesca, para uma nacional de médio porte, ainda recebo questionamentos semelhantes:
- Tu não te arrependeu da tua decisão? Não sente saudades?

São duas perguntas distintas, com duas respostas distintas.
Não, não me arrependi. Uma das coisas mais importantes para mim, pessoal e profissionalmente é continuar aprendendo e a mudança forçou o meu desenvolvimento em áreas que eu jamais imaginei trabalhar. Uma empresa menor é mais rápida, as decisões são tomadas em um piscar de olhos e projetos implantados em semanas. Hoje me sinto mais empreendedor na minha função e isso me traz muita realização.

A resposta para a segunda pergunta é sim, claro que sim. Passei praticamente dez anos de minha vida em uma empresa fantástica. Arrisco a dizer que foi lá onde defini o meu perfil profissional. Aprendi muito, muito mesmo. Fiz amigos, com os quais até hoje compartilho outros projetos, vide a Tribo do Mouse. É impossível não ter saudades de todo esse tempo bom vivido lá.

O texto dessa semana do Reggie me tocou, mais do que por sermos amigos, pelo fato de termos vivido experiências semelhantes. Nunca é fácil deixar a empresa que se trabalha, independente das razões do ocorrido. O ser humano não lida bem com a mudança, faz parte da nossa natureza. Simplesmente porque mudança implica no fim de algo, e não gostamos que as coisas acabem. Fiquei pensando no que dizer para ele no dia de hoje, e lembrei que já disse. O trecho abaixo é de um texto publicado no aniversário de um ano da Tribo e fala da minha primeira impressão a respeito dele:

" O cara era tímido, tinha tatuagens e cavanhaque. A primeira coisa que se passou na minha cabeça foi:
- Quem diabos usa cavanhaque nos dias de hoje?
Mas será que todos os caras de TI não são assim? Eu, por exemplo, sou tímido pra caramba, só que finjo bem. Quanto as tatuagens, eu normalmente não teria reparado, não fosse o comentário do meu chefe alguns dias antes.
- Ele é um cara bem quieto, que tem umas tatuagens e usa uns anéis estranhos. Mas tenho certeza que tu vai gostar dele.
Ele estava certo, pelo menos em relação a segunda parte.
Nesse caso em particular não era uma contratação, porque o cara estava sendo transferido de uma outra área. Ou seja, eu não tinha a opção de recusá-lo.
O sujeito não demonstrava a que veio. Parecia ser inteligente, parecia entender do que falava, mas mais do que tudo, parecia não demonstrar o quanto sabia. Não demorou muito para eu descobrir que ele era sim, muito mais do que aparentava. "


Reggie, sorte e sucesso na sua nova jornada.


[]s
Jack DelaVega