quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Sim, Mais um Teste da Capricho

Talvez um dos nossos posts mais populares de todos os tempos tenha sido o Teste de Personalidade da Capricho, onde o Reggie apresenta testes de personalidade utilizados pelas empresas durante os processos de seleção. Mais tarde, o próprio Reggie voltou ao tema em Outro Teste da Capricho. Como sou um adepto das trilogias, aceitei o desafio de escrever mais um teste da Capricho. Para não correr o risco de ser acusado de blogueiro oportunista, justifico esse post em função de uma startup que encontrei durante as férias. 

Signal Patterns oferece dois testes. O de personalidade leva 10 minutos para fazer e segue uma linha chamada Big Five (no meu entender de leigo, algo parecido com o MBTI), além de um teste de afinidade musical, que não vem ao caso comentar. Coloquei ao lado o gráfico do meu teste de personalidade. O site apresenta ainda funcionalidades de rede-sociais, permitindo comparar os seus resultados com amigos e também buscar pessoas com resultados similares. Fico pensando onde isso tudo vai chegar, provavelmente eles vão expandir para um serviço de matchmaker, como os sites de relacionamentos amorosos. Imagino algo como: "Encontre a empresa que combina com você" e vice-versa. Departamentos de RH poderão buscar em um gigantesco banco de dados pessoas com o perfil psicológico procurado. Candidatos serão capazes de se candidatar para vagas em empresas alinhadas com seu perfil. Um admirável mundo novo.

Minha posição quanto a essa questão é um pouco ambígua. Durante o meu último processo de recolocação fui submetido a um teste de personalidade pela consultoria que contratei. O argumento deles é de que precisavam me conhecer primeiro para depois buscarem empresas que se enquadrassem ao meu perfil. De fato, o processo todo funcionou muito bem. Me senti representado no resultado do teste, o que certamente ajudou para o sucesso da minha recolocação. 

Porém, também sinto um pouco de desconforto com as implicações de tal abordagem. Lembro do  filme GATTACA, que descreve um futuro próximo onde as pessoas são discriminadas por suas características genéticas. Uma pessoa com predisposição para problemas cardíacos era sumariamente rejeitada em profissões que exigissem algum esforço. Atletas descartados ou incentivados na carreira pelas mesmas razões. Meu receio é de que uma análise psicológica nos leve a um caminho similar.
Afinal, quem pode prever o sucesso de um profissional com base no mapeamento de apenas um conjunto de suas características. Pessoas são muito mais complexas do que um apanhando de dados e, por mais científico que seja o processo, é impossível prever com confiabilidade suas reações em um determinado ambiente. O sucesso de um relacionamento, seja ele pessoal ou profissional, depende de uma miríade de fatores, dentre os quais o perfil psicológico dos indivíduos envolvidos. Talvez eu esteja sendo ingênuo ou utópico, e o que é pior, certamente, essas características também fazem parte da minha personalidade.

[]s
Jack DelaVega