sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Queda da Democracia (ou Por que não fazer diferente?)

Essa fase de escrever livro é muito interessante. Faz a gente pesquisar um bocado, ler, re-ler, refletir, pensar no futuro. Outro dia estava revisando as minhas anotações dos livros que leio e achei uma muito interessante, não sei como não tinha falado sobre ela ainda.

O "post-it" estava colado no livro "Você Está Louco!", do Ricardo Semler (excelente por sinal). Ele dizia:

"A queda da democracia".

Já fazia sentido em 2006, quando livro foi lançado, e faz muito mais sentido ainda hoje, quando o mundo parece estar em uma espiral negativa nos mais variados aspectos (econômico, ambiental, político, etc).

O ponto que o Semler levanta é o seguinte: com a globalização e o foco cada vez maior em crescimento, as empresas gigantescas têm importância maior do que a de muitos países. Se fosse produzida uma lista única dos 100 mais do globo (em receita) contendo empresas e países, 61 componentes seriam empresas e apenas 39 seriam países. Levando-se em conta o fato de que as empresas não são instituições democráticas, poderia-se afirmar que a democracia está na verdade diminuindo.

Tem mais. Vejamos se alguns dos itens abaixo lhe é familiar dentro da sua organização:

  • Planejamentos qüinqüenais;
  • Líderes apontados, nunca escolhidos pelos subordinados;
  • Ausência de processos democráticos para tomada de decisões;
  • Monitoramento dos indivíduos (ponto, filtro de Internet, etc);
  • Abismo entre cúpula e linha de frente (Blackberries, bônus, viagens de 1a classe, etc);

Tudo muito normal certo? Bom, então seja bem-vindo à um ambiente praticante dos mais básicos princípios comunistas.

A analogia é um pouco forçada, mas nos remete talvez ao momento que vivemos. Um momento em que devemos questionar por quê as coisas não são feitas de maneira diferente. Faz sentido um país como o Brasil ser potencialmente auto-suficiente em petróleo e ainda assim ter que importar uma enorme quantidade do exterior? Faz sentido os governos de países europeus pagarem para produtores de leite pararem a produção quando milhões de pessoas morrem de fome nos 4 cantos do planeta? Faz sentido tanto foco em crescimento quando os recursos são cada vez mais escassos? Faz sentido passarmos 1/3 do nosso dia dentro da empresa e não termos acesso a processos mais democráticos? Por que não fazer diferente?

O quê, vocês vêm perguntar para mim?

Reggie, the Engineer.
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