sexta-feira, 30 de maio de 2008

Máquina do Tempo

Se você pudesse voltar no tempo e mudar algo na sua vida, o que você faria?

Imagine que um DeLorean envenenado, como aquele pilotado por Marty McFly, estivesse estacionado lá fora nesse exato momento. Tanque cheio, tudo funcionando (e sem o Biff para atrapalhar). Basta você chegar lá, digitar uma data no passado, acelerar até 88 milhas por hora e bum! Lá está você no passado, pronto para alterar o seu futuro.

O que você faria?

Esses dias me perguntaram isso. Como diriam no Rio Grande do Sul: bah, que perguntinha, hein?

O contexto da pergunta era profissional, então o manterei aqui.

Primeiro pensei que talvez escolheria fazer outra graduação que não Computação. A minha escolha no passado se deu muito à minha paixão por criar coisas, montar, desmontar, montar melhor (ou com menos peças, como queiram). E com o decorrer dos anos a gente percebe que aquele glamour do furor criativo não necessariamente está no dia-a-dia da profissão. Mas bolas, trocar de graduação significaria não conhecer alguns dos meus melhores amigos, não trabalhar em alguns dos melhores (e também em alguns dos piores!) ambientes profissionais que já encontrei na vida, provavelmente não vir a conhecer a minha esposa, enfim... Perdas incalculáveis. Ok, mantenhamos a graduação como foi então.

Pensei então em fazer algumas escolhas diferentes aos longo da carreira. Como por exemplo aceitar aquela oferta de emprego no Rio de Janeiro, abandonar o barco antes naquele projeto maldito onde fui o último a sair (e a apagar a luz), denunciar aquelas situações anti-éticas que presenciei, mentir sobre experiência naquela entrevista para aquela vaga fantástica. Droga, mas ainda assim cada uma dessas mudanças me faria definitivamente perder alguma experiência interessante que tive na sequência.

A verdade é que não sei se mudaria alguma coisa. Qualquer coisa. Complicado essa coisa de viagem no tempo influenciando o futuro. Viajar só para dar uma olhada, isso seria muito legal. Relembrar os momentos bons, as experiências que marcaram. Ou até mesmo rever os momentos ruins, e valorizar o fato de poder estar ali, olhando para tudo aquilo e seguindo em frente. Mas mudar alguma coisa? Não sei não.

Um professor meu na faculdade dizia que “escolher é perder” e que “quem escolhe, deixa”. Acho que ele se referia ao fato de que toda escolha consciente implica em pelo menos algumas opções, e o fato de se optar por uma das opções também significa necessariamente abrir mão das outras. Mas por outro lado, não existe nada mais fantástico do que a capacidade de escolha do ser humano. É o que nos difere de todo o resto. No último filme da trilogia Matrix, o agente Smith já cansado de briga pergunta a Neo porque ele insiste em continuar lutando uma batalha que claramente não tem outro final possível senão a derrota. A resposta de Neo?

- “Porque eu escolhi assim”.

Portanto, se você pensou no que faria com a máquina do tempo e chegou à conclusão de que teria uma lista de coisas para modificar no passado, pense melhor. Em todas as encruzilhadas, mesmo que seja a última alternativa, ainda restará a sua escolha. Se você se arrepende de muitas situações do passado, comece a pensar melhor no tipo de escolha que você está fazendo. Ou melhor, se você sequer está se dando o trabalho de fazê-las.

Quanto à máquina do tempo, ela não existe mesmo, então...

Reggie, the Engineer
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