quarta-feira, 21 de maio de 2008

Série "Tá, e Agora?": Virei Gerente

Esses dias tivemos nossa primeira sessão experimental de coaching da Tribo do Mouse. O processo consiste no seguinte: se você precisa de um coaching, porque você teria que se restringir a fazê-lo presencialmente? E porque apenas com uma pessoa, se você pode fazer com três pessoas que podem lhe dar uma visão muito mais ampla e uma experiência muito mais heterogênea?


Pois bem, o que estamos testando é o coaching remoto - uma idéia não tão incomum fora do país. Você pode escolher se quer um mini-coaching, para resolver um problema específico, ao qual será cobrado somente por uma ou duas sessões, ou se deseja um coaching comum, com reuniões recorrentes.

Tenho que confessar uma coisa: a sessão experimental simplesmente mexeu comigo. Seria impossível eu sozinho ter feito os comentários e as sugestões que dei. E tenho certeza que Jack e Reggie se sentem assim também. A união das experiências técnicas e gerencias somadas em empresas nacionais e internacionais dos integrantes da Tribo foi muito mais valiosa do que esperava. Era como se estivéssemos agindo como uma pessoa com 200 anos de idade com uma experiência empresarial de quase 60 anos. A união dos três membros mostrou-se infinitamente mais valiosa do que, por exemplo, uma reunião com cada membro da Tribo isoladamente.

Aliás, se estiver interessado, você pode enviar um e-mail para contato@tribodomouse.com.br. Estamos selecionando candidatos com o perfil adequado, que permita que utilizemos ao máximo nossa experiência. Nesse início, estaremos premiando os selecionados com preços especiais.

Mas o que venho falar hoje é a que isso tudo me levou. O coaching em questão foi com um gerente-sênior de uma companhia bastante conceituada, que por razões óbvias de privacidade, não posso revelar nem seu nome, nem empresa nem a razão do coaching. Mas o que importa para esse post é que a cada vez que falo com uma pessoa de uma companhia diferente, seja para coaching, reunião de negócios ou um simples cafezinho, a regra se confirma: mudam as pessoas, muda o CNPJ, muda a filosofia, mas os problemas enfrentado são exatamente os mesmos.

E isso tudo levou-me à minha primeira experiência gerencial. Gostaria de naquela hora ter um guia "Tá, e agora? Virei Gerente". Eu estava simplesmente perdido. Sempre fui um técnico e, de uma hora para outra, tinha uma equipe de 30 pessoas para cuidar em uma pequena companhia no interior do estado do Rio Grande do Sul.

Gostaria de destacar, rapidamente, algumas lições que aprendi a duras penas ao longo desses ano e que tenho certeza que o Dr. Zambol daquela época adoraria ouvir para não cair nos problemas e armadilhas que caiu.


  • No início, comece com 90% ouvidos e 10% boca. Lembre-se que você é "o novo" ali. Entenda o seu novo espaço com as pessoas que estão ali há mais tempo do que você. De forma alguma saia "organizando a casa" de cara.
  • Faça uma reunião individual com todos os componentes do seu time. Procure ser aberto nas reuniões individuais e entender o sentimento de cada um e o que cada um acha que pode ser melhorado. Ciúme e inveja não são tão incomuns quanto você pensa. É só se colocar no lugar de seus funcionários. O que você acharia se seu novo chefe, que tem 3 coordenadores, incluindo você, chamasse sempre apenas um para almoçar e para o cafezinho?
  • Confiança não se ganha de uma hora para outra. Demora - algumas vezes muito. A paciência conta muito nesse momento. Você tem que mostrar resultados, apoio à equipe e estratégia acertada algumas vezes para conseguir a confiança de seu time. Isso não significa de forma alguma ser bonzinho. Já fiquei muito feliz quando meu chefe demitiu um colega meu que não fazia nada e, por isso mesmo, atrasava sempre o projeto.
  • Celebre pequenos sucessos. Sim, pequenos. Ao menos no início, toda pequena vitória do time, principalmente relacionada a uma nova direção que você definiu, deve ser comemorada e ressaltada. Mas não banalize. Comemore o "extra-mile" da uma pessoa ou de um grupo de pessoas, não situações comuns.
  • Não se livre da pessoa-problema de cara - mesmo que todos os outros falem mal dela na primeira reunião individual. Forme uma opinião própria a respeito dela antes. Em Santa Cruz, reverti um caso em que a "pessoa problema", que 90% das pessoas reclamaram, foi convidada, uns anos mais tarde, a se tornar sócio da empresa, tamanha foi a sua mudança de atitude e de performance depois de ser colocada no local certo e, claro, depois da pessoa que dissiminava o ódio ser demitida (ela era a pessoa-problema oculta).
  • Crie espírito de equipe. Infelizmente não há fórmula para isso, mudando muito a maneira de se criar sinergia em um time. Mas posso dizer que (1) feedback constante, (2) instruções específicas do que precisa ser feito e de qual a missão, (3) bom exemplo e (4) transparência são as bases para isso.
  • Deixe claro as regras de início, principalmente as de disciplina. O horário é flexível? O que significa isso para você? Porque discussões são benéficas mas existe um limite bem claro entre discordar com a idéia e desrespeitar a idéia do colega? Essas e outras respostas farão com que ninguém se sinta surpreso ou injustiçado na hora que quebrar uma regra e tiver que arcar com as conseqüências. Além do mais, pelo amor de Deus, não seja um gerente de 120 anos de idade. Se Joãozinho usou muito o messenger, tire a Internet só do Joãozinho, não do time inteiro. Você é gerente do time, não a tia-avó caduca deles. Ninguém quer ser tratado como criança...
  • Ok, essa é velha, mas vou falar de uma forma diferente. Aprenda a delegar a tarefa que você mais gosta de fazer. Nunca delegue apenas as tarefas chatas. Se possível, compre um livro de SCRUM e entenda o que é empowerment e aplique-a dentro do seu time. É a melhor forma de delegação que já vi em minha vida - e funciona!
  • Contrate pessoas que gostem daquilo que fazem. Na verdade, que amam aquilo que fazem. Isso é possível principalmente se sua companhia paga o valor de marcado ou um pouco acima dele. Aliás, se esse for seu caso, renove uns 5-10% do seu time a cada ano.
  • Respeite a velocidade e a inteligência de cada um. A teoria das múltiplas inteligencias é verdadeira. Zezinho pode ser um idiota em uma área e um gênio em outra. Se eu fosse taxista, estaria falido - não sei dar a volta na quadra sem me perder. Além disso, tenha consciência que as pessoas são motivadas por natureza. Ache a motivação de cada um. Essa é bem difícil, eu sei. A cada dia me surpreendo com decisões que tomei errado em relação a isso e tenho que corrigir. Talvez um dia eu aprenda. É a vida...

Estas são só alguma dicas que me vieram à cabeça. Espero que lhe sirvam para alguma coisa.

Dr. Zambol
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