sexta-feira, 23 de maio de 2008

O Engodo

A empresa 'A' precisa que um novo sistema seja desenvolvido. Após meses de planejamento, discussões superficiais e politicagens, a empresa 'B' é contratada. A empresa 'A' não quer gastar muito dinheiro, embora o sistema a ser desenvolvido seja enorme. Também não quer perder muito tempo, afinal já gastou alguns bons meses só para escolher um fornecedor. A empresa 'B' oferece como alternativa a utilização de um modelo 'off-shore' na Índia, onde mais programadores podem ser contratados por um custo bem menor. A empresa 'A' aceita.

Alguns meses depois, é chegada a etapa de programação do sistema. A empresa 'B' pede um prazo de 4 semanas para preparar a equipe na Índia, transferir conhecimento, etc. A empresa 'A' não gosta, acha que isso deveria ter sido feito antes. E mais, 4 semanas é muito tempo para qualquer tipo de preparação. Exige que a preparação seja feita em 2 semanas, sem questionar o que exatamente envolve essa atividade. A empresa 'B' discute, mas no final, fazendo beicinho, aceita. Duas semanas.

Quase no final da segunda semana, a empresa 'B' alega que a preparação está atrasada. Por problemas de 'conectividade' (rede, satélite, o que seja), os programadores da Índia não conseguem acessar os softwares da matriz. Mais alguns dias serão necessários para resolver o problema. A empresa 'A' torce o nariz, mas não pode fazer nada.

Quase no final da terceira semana, os problemas ainda não foram solucionados. Os programadores da Índia agora têm acesso aos softwares da matriz, mas a performance das conexões é muito pobre, inviabilizando o trabalho remoto. Equipes estão tentando resolver o problema.

Ao final da quarta semana, os problemas de 'conectividade' são resolvidos. A empresa 'B' sinaliza que está apta a iniciar a etapa de programação. Depois de... 4 semanas. A empresa 'A' engole em seco e o baile prossegue.

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"No mundo, só existem os espertos porque existem os trouxas."
Anônimo


Reggie, the Engineer.
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