quarta-feira, 23 de abril de 2008

Redação de Volta às Férias

Nome: Zambinho Stein
Matrícula 2934-5 – Colégio Municipal de Cacimbinha do Norte.

Minhas férias foram muito boas, professora. Eu queria que a gente tivesse aqui pelo menos 10% das coisas que eu vi nos países onde estive na Europa. Por que não temos um bom sistema de metrô? Ou porque então não podemos andar de noite sem ser assaltados e seqüestrados, professora?

Aqui vão os meus maiores aprendizados:

- Finalmente entendi porque alguns povos odeiam tanto outros. Não quero ser preconceituoso - sou italiano também - mas certamente prenderia todos os italianos que estavam na República Tcheca. Eles gritam, sujam as ruas, furam as filas, fazem baderna – é uma loucura. Será que é errado pensar em criar guetos de italinos?

- Aprendi que a segurança é a base da economia. Sem ela, as pessoas não abrem as lojas, fruteiras e bares de noite. Por conseqüência, as pessoas não consomem nada desse tipo e, quando saem de casa, se metem em Shoppings ou casas fechadas que lhe passem segurança. Além disso, melhorias da qualidade de vida, como aluguel de bicicletas públicas, típicas agora em diversos países da europa, torna-se impraticável. Elas iriam ser depredadas e roubadas. O turismo é também bastante afetado com a violência, o que faz com que haja menos pessoas consumindo e andando nas ruas e, por conseqüência, mais insegurança. É um ciclo vicioso. Meu pai me fala que quando ele ia para a faculdade, o trânsito era controlado pela Polícia Militar. Isso fazia com que durante o trajeto da casa dele até a faculdade, ele visse 6 a 7 brigadianos na rua. Quando isso foi substituído pelos guardas de trânsito, quando se vê alguém, só se vê pessoas interessadas em multar, sem poder de prisão ou de manter a ordem. A polícia é quase inexistente em termos de efetivo hoje. Por que nossos polítivos são tão burros, professora? Será que eles querem que a insegurança impere?

- Aprendi que nos outros países, os velhos não são obrigados a ficar em casa. Eles saem, almoçam em bares, vão a óperas e eventos, fazem turismo, e até andam de bicicleta. Meu pai me ensinou que no Brasil não é proibido os velhos saírem – eles só não saem porque não têm condições financeiras, transporte público descente, como um metrô com acesso facilitado, e segurança pública. Puxa, como não via velhos na rua, achava que era proibido.

- Aprendi que a estupidez foi globalizada. Vi gente estúpida em todos os países que fui. Muita gente não consegue nem somar direito, mesmo sendo caixa de um museu importante em Londres. Fiquei feliz, professora. Achei que era só aqui. Na verdade, os brasileiros são bem inteligentes na média, pois mesmo com educação fraca e sem apoio do governo, se saem melhores que muitas pessoas nas capitais do mundo.

- Aprendi que nosso passaporte é um lixo, professora. Talvez valha mais só do que o Iraquiano. A sorte foi que fui com meu pai, o Dr. Zambol, que já entrou nesses países outras vezes – o que facilita em muito o acesso, senão tenho certeza que ia ser confundido com um trombadinha internacional usufruindo dos lucros captados em ações de pickpocketing ou de um michê-mirim. O pior é que o número de brasileiros que vão para a Europa em busca de trabalho ilegal é enorme, e é isso que sela a nossa fama e mancha nosso passaporte. Sem segurança, educação e incentivos públicos, muitas pessoas estão fugindo do nosso país para tentar ter uma vida digna. Será que é culpa deles ou dos governantes do nosso país? Mas professora, são os argelinos que estão em toda a Europa vendendo roupas e bolsas falsificadas. Podemos incluir os argelinos no meu gueto, professora?

PS: por favor, não mostra pro meu pai essa redação. Ele continua me dizendo que é errado discriminar outros povos de forma generalizada e é por isso que discriminam a gente lá fora. Isso que nem falei dos indianos, professora, que invadiram Londres com sua língua estranha. Meu pai me disse que falam inglês. Será? Podemos incluir os indianos no meu gueto também?

Mestre Zambinho
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